13 de fevereiro de 2014

UM NOVO SISTEMA COM PROMOÇÃO/REBAIXAMENTO NO SEIS NAÇÕES? *

* Paul Tait
A Escócia mostrou pouco ou até nada de qualidade nas primeiras duas rodadas do Seis Nações.
A selecção perdeu contra Irlanda e Inglaterra sem brilhar e não conseguiu marcar um único ensaio.
Depois de perder o primeiro jogo, contra a Irlanda, o ex-capitão da Irlanda Keith Wood sugeriu que o rugby precisa de mudanças.

Wood argumentou que a Geórgia merece a oportunidade de disputar jogos contra os membros do Seis Nações.
As políticas atuais não permitir ao vencedor do Europeu das Nações jogar no Seis Nações mas o último colocado sempre será rebaixado da Divisão 1A para a Divisão 1B.
No caso actual Bélgica, Espanha e Portugal estão em perigo de cair e um dos três vai descer de Divisão.

Sem oportunidades de subir, países como a Geórgia e a Roménia estão encalhados no ENC.
Atualmente a Geórgia é o país europeu mais forte fora do Seis Nações e nunca recebeu um jogo internacional contra qualquer um dos seis membros sem risco de ser rebaixado.
Geórgia está no décimo oitavo posto do ranking internacional, três lugares por baixo da Itália e está praticamente confirmada como finalista do mundial de rugby de 2015.

A Geórgia estreou-se no mundial de 2003 com uma derrota notável de 84-6 contra Inglaterra mas quando as equipas se enfrentaram novamente em 2011 o jogo foi totalmente diferente com a Inglaterra vencendo por 41-10.
No mesmo torneio a Geórgia derrotou a Roménia e não concedeu um único ensaio contra a Escócia, que venceu por 15-6.

A Geórgia também deu trabalho para outras equipas notáveis incluindo Irlanda e Argentina.
No segundo tempo a Geórgia estava vencendo a Irlanda no jogo em Bordeaux em 2007 e esteve perto de marcar um ensaio no fim da partida. 
No mesmo torneio a Geórgia derrotou a Namíbia por 30-0 e contra a Argentina em 2011 os europeus estavam vencendo no fim do primeiro tempo, mas no fim perderam por 25-7.

Os Campeonatos do Mundo são a única oportunidade para os Lelos e na opinião do Keith Wood isto não pode continuar e a Geórgia deverá jogar todos os anos, em Novembro, contra membros do Seis Nações. 
Poderia ser o começo de uma estrutura nova com um caminho para ter acesso ao Seis Nações. 
Se tivesse uma sistema similar ou igual ao Europeu das Nações, o vencedor da Divisão 1A jogaria no Seis Nações e o último colocado do Seis Nações ia cair todos os anos para a Divisão 1A do ENC. 
Se existisse uma sistema assim no ano passado, a França estaria atualmente no ENC.

Uma justificação para este raciocínio é que existem equipas no Seis Nações que não estão produzindo uma qualidade elevada de rugby. 
Se a Escócia tivesse com a possibilidade de ser rebaixada, os seus jogos contra a Irlanda e a Inglaterra poderiam ter sido diferentes e o País de Gales poderia ter jogado de uma forma significativamente diferente contra a Irlanda. 
Saber que a selecção tem que jogar bem ou enfrentar as consequências, obrigaria a uma abordagem totalmente diferente.

O sistema exigiria mudanças no Seis Nações nomeadamente no método que atribui dois pontos para uma vitória e um para um empate mas sem pontos de bonificação. 
Se existissem pontos de bonificação como tem no Campeonato Mundo, Rugby Championship, Super Rugby, Heineken Cup e FIRA, a Inglaterra e a Itália teriam recebido um ponto cada na primeira rodada do Seis Nações deste ano.

Wood mostrou que a sistema está falhando sob o ponto de vista desportivo porque não há oportunidades para selecções como Geórgia. 
Wood lembra que a Itália teve oportunidades para enfrentar as equipas do Cinco Nações no, atualmente, denomindao Autumn Internationals. 
A Geórgia, pelo seu lado, não tem. 

De facto o jogo de Irlanda-Geórgia que está confirmado para Novembro de 2014 será o primeira para a Geórgia e Wood gostaria que os Lelos tivessem dois por ano. 
A Geórgia demonstrou o seu potencial em casa. 
No ano passado a Geórgia derrotou o Canadá e a Samoa. 
Um ano antes a Samoa tinha derrotado o País de Gales em Cardiff e a Escócia perdeu na cidade de Aberdeen contra Tonga. 
Mesmo com a Geórgia tendo tido jogos em casa contra equipas do Tier Two, nenhum membro do Seis Nações lá jogou ainda.

Wood e Andy Nicol também argumentam que a opinião da Nova Zelândia que os All Blacks não têm que jogar rugby internacional nas Ilhas do Pacífico está errado. 
Um elemento anónimo da NZRU deixou claro que a Nova Zelândia está totalmente correta por não jogar partidas na Fiji, Samoa ou Tonga. 

Esta política resultou em que a Nova Zelândia tenha jogado um total de zero encontros internacionais nas Ilhas do Pacífico na história, mesmo que o jogo que abriu o Mundial de 2011 tenha sido o All Blacks-Tonga. 
Os All Blacks jogaram em Tokyo em 2013 e é bem provável que a equipa jogue contra os Estados Unidos em Chicago ainda este ano.


14 comentários:

Anónimo disse...

Julgo que a Geórgia está em 16o do ranking mundial á frente da Roménia e USA e, de facto, 3 lugares abaixo que a Itália.

Great Duke disse...

Isso seria justo mas parece-me impossível pois será bloqueado por qq um dos participantes do VI Nations em razão da sua própria protecção, a começar pela Escócia sempre na liderança do conservadorismo...

Miguel disse...

Infelizemente nao ha hipoteses alguma de ver a Georgia jogar nas seis nacoes num futuro proximo... Razao, porque as nacoes acima nao querem ver a sua aparente supremacia posta em causa.... Hoje a falar com um amigo Escoces sobre a desgraca do Rugby aqui, ele disse que o problema e que ha estrangulacao do rugby.... Para haver progresso e necessario haver mais gente a jogar, e para isso e necessario dar oportunidade a equipas (como a Georgia) de jogar contra os melhores..... Mas, tambem disse no final, que para isso acontecer a mentalidade tem que mudar, e ver o jogo de rugby como um vector de propaganda, e nao como um aspecto social....
Miguel Barbosa

Anónimo disse...

A História e Tradição tambem contam. Alguem admite que em vez de um Irlanda- Gales ou de um Escócia- Inglaterra se jogue um Irlanda -Geórgia ou Escócia- Geórgia? O torneio das 5(6) Nações vale pela história, pela tradição, pela rivalidade dos participantes, pela cultura do jogo, pela participação dos adeptos e por muitos outros aspectos que o afastam de um outro qualquer torneio. Mantenham-no assim e abram as portas a um Europeu de 4 em 4 anos como se faz no jogo da bola redonda, e aí sim coloque-se a Geórgia, Roménia, Russia, Portugal, Espanha e Bélgica a jogarem com 4 omeUnions, frança e Itália. Esta ânsia de tudo mudar por vezes leva a maus resultados!A

Anónimo disse...

Caro anónimo das 16h20m


Tem toda a razão. Não interessa se a Escócia está a jogar bem ou mal, não interessa para nada se aquelas selecções jogam bem ou mal, porque a tradição, a alegria, o ritual, o peso daqueles jogos supera tudo o resto. Quem já viu pelo menos um jogo do torneio das Seis Nações, sabe do que falo.
Não toquem no que está bem. Não toquem no que rende comercialmente e em divulgação deste desporto.

Vivi muitos anos na Africa do Sul e os jogos dos Seis Nações lá fazem meia Africa do Sul parar.

Em termos de divulgação da modalidade e em termos comerciais um jogo do Seis ações tem um valor enorme.

Existe um problema de não ventilação de não oxigenação no rugby, isso é verdade mas a solução não é estoirar com o que está bem mas melhorar o que está mal e aqui a solução de um Europeu de quatro em quatro anos e que poderia definir as equipas europeias presentes no mundial, essa é a solução.

que se reformule as devisões inferiores e as transformem em poules de apuramento para o Europeu e depois que se dê a hipótese a qualquer selecção que consiga o apuramento de jogar contras as do seis nações.

O Rugby tem particularidades que mais nenhum outro tem e que devem ser mantidas porque fazem parte da sua história, por Exemplo a Digressão dos British and Irish Lions ao Hemisfério Sul deve ser a digressão que provoca mais atenção de toda imprensa e cujos jogos são seguidos por mais espectadores, esta digressão deve ser dos espectaculos desportivos mais mediáticos do mudo e no entanto não conta para competição nenhuma. Que tal acabar com esta digressão e aproveitar estes períodos para obrigar a Nova Zelandia e Austrália com as equipas do Pacifico?!! faz sentido?! nenhum.

Não toquem no que está bem. Mil vezes mais um Escócia vs Gales ma jogado do que um Georgia vs Itália excelentemente jogado.

Luís Canongia Costa disse...

Vamos supor que havia subida e descida no 6 Nações. 2013 a França fica em último. A França desce para o ENC. O valor comercial do 6 Nações desce em flecha. É o 6 Nações que suporta (a par do Mundial, se não der prejuízo) do rugby mundial. Portugal, Geórgia, Roménia, etc.. vêm a sua verba da IRB descer abruptamente (assim como as de topo, diga-se, inclusive a Argentina).

O rugby mundial perde valor, as federações perdem meios.

A realidade é que o progresso do rugby union depende de um 6 Nações que permita arrecadar verbas milionárias.

Não matem a galinha dos ovos de ouro.

Anónimo disse...

Se, em minha opinião, não se deve mexer nas 6N, atenção que as tradições mudam. Começou como 4 Nações, passou a 5 e agora 6!
Quanto a haver um europeu de 4 em 4 anos, em minha opinião, iria desvalorizar as 6N.

Anónimo disse...

Retirar qualquer equipa do Reino Unido, ou mesmo a França do Torneio das 6 Nações, seria matar a galinha dos ovos de ouro, por outro lado, são esses jogos que nos permitem continuar a manter o verdadeiro espirito do RUGBY. Gostemos ou não dos britânicos, desportivamente eles são um exemplo a seguir. Só acompanhando ao vivo um qualquer dos jogos de Rugby das 6 Nações, se pode compreender como eles são importantes para mostrarem ao mundo como o RUGBY de XV é um desporto diferente

Anónimo disse...

O 6N nunca terá relegação-despromoção por diversos motivos que acho que não vale a pena enumerar.

Mesmo um playoff entre o wooden spoon e o vencedor do ENC nunca acontecerá.

Também não haverá mais nenhum alargamento do 6N (falta de datas e diversas questões financeiras).

Dito isto, deve-se acrescentar que o 6N é organizado pelas federações dos países participantes e não pelo IRB. Os lucros vão para essas seis nações e não para o IRB.

Para países como Portugal é indiferente (a não ser de forma muito, mas mesmo muito, indirecta) que o 6N dê mais ou menos dinheiro.

Os países do ENC, em vez de pensarem em participar no 6N, deveriam ter uma estratégia conjugada, de preferência contando tb com alguns países não europeus, para que a distribuição das verbas da IRB mudasse mais do que já mudou.

Isto passaria por novas competições internacionais.

Falemos da Escócia. Muita gente em Portugal não sabe que na Escócia só existem duas (sim, duas!) equipas profissionais. Já existiram três, mas uma acabou por falta de verbas (já veremos de quem...) e não existe qq projecto de a fazer renascer.

E não são equipas de clubes - apesar da tradição râguebista escocesa ser quase toda baseada em clubes.

Como é que essas duas equipas sobrevivem? Muito público, sponsors, transmissões televisivas? O tanas. Tudo isso conta, mas tudo isso somado não chega!

Sobrevivem - é o termo - graças aos subsídios que recebem da federação escocesa e a federação tem esse dinheiro porque recebe balúrdios da IRB.

Lamento desapontar os "tradicionalistas", mas no rugby profissional escocês tudo é artificial (e podemos discutir os casos galês e irlandês que muitos iriam ter grandes surpresas).

Dei o exemplo da Escócia para mostrar que no rugby, via IRB, se passa algo que não se passa em mais nenhum desporto colectivo
praticado num número significativo de países.

O meu ponto é este: os países dos chamados tiers 2 e 3 deveriam ter uma estratégia conjunta que nada tem a haver com promoções - relegações ou alargamentos do 6N.


Anónimo disse...

Assinado,
Pedro S. Martins

Great_duke disse...

Tudo o que disseram é verdade, mas o mérito desportivo deveria estar à frente de tudo o mais. É como o sistema do calendário do CM. Todo o sistema está feito para beneficiar sempre os mesmos.

Estou de acordo que as tradições têm muito peso, mas há injustiças que não podem continuar.

E também acho que as tradições não podem justificar tudo, daí a importância dos 7s na globalização do rugby. Doutra forma, o rugby (de XV) continuará a ser uma modalidade de alguns países somente.

Mas também acredito que depende do tier 2 criar as condições para a mudança, nomeadamente criando competicoes atractivas e financeiramente viáveis.

Miguel de Castro disse...

Faca-se o mesmo entao na 4 Nacoes a ver se a Argentina concorda em ceder o seu lugar pelo qual tanto lutou admnistrativamente e nao so ate conseguir, a uma das nacoes do Pacifico! Quem me diz a isso Sr. Tait?
A bem do desporto se pensa assim nao deveria o texto ser para ambas as competicoes fechadas?

Manuel Cabral disse...

Miguel de Castro
Tens estado desatento aos textos de Paul Tait, mas eu como responsável pela edição do Mão de Mestre tenho que te dizer o seguinte.
O teu comentário dá a entender que Paul critica o sistema na Europa, mas esquece o que se passa no hemisfério sul.
Nada menos verdadeiro, e quem costuma ler os artigos de Paul Tait - concordando ou não com os seus pontos de vista - sabe bem que ele tem sido um dos mais sérios críticos do posicionamento, por exemplo, da Nova Zelândia e da Austrália, que se recusam, a jogar, fora do Mundial, com as equipas das Ilhas do Pacífico, e tem defendido a inclusão das equipas do Pacífico e do Japão no conjunto das competições internacionais da região.
E tem sido também um dos mais fortes defensores do alargamento do Super Rugby, incluindo a Argentina no grupo, e esteve na primeira linha de defesa da inclusão da mesma Argentina no Tri-Nations (agora o Four Nations)
Por outro lado, se alguma voz se levanta nos midia internacionais contra a completa hegemonia dos "oito grandes" no que diz respeito à organização dos Mundiais, e luta diariamente pelo reconhecimento dos restantes países como "parceiros iguais" no mundo do rugby, esse alguém é Paul Tait.
De tal forma que a Associação Pan-americana de Jornalistas de Rugby incluiu o seu nome na lista final de três nomes que disputaram o Prémio dos Jornalistas da região para 2013.
Portanto Miguel de Castro, podes não concordar com Paul Tait, mas creio que não é razoável insinuar, sequer, que ele critica a organização do rugby na Europa, e deixa para lá os males do rugby no hemisfério sul, ou no seio dos oito grandes...

Manuel Cabral disse...

Miguel de Castro
Tens estado desatento aos textos de Paul Tait, mas eu como responsável pela edição do Mão de Mestre tenho que te dizer o seguinte.
O teu comentário dá a entender que Paul critica o sistema na Europa, mas esquece o que se passa no hemisfério sul.
Nada menos verdadeiro, e quem costuma ler os artigos de Paul Tait - concordando ou não com os seus pontos de vista - sabe bem que ele tem sido um dos mais sérios críticos do posicionamento, por exemplo, da Nova Zelândia e da Austrália, que se recusam, a jogar, fora do Mundial, com as equipas das Ilhas do Pacífico, e tem defendido a inclusão das equipas do Pacífico e do Japão no conjunto das competições internacionais da região.
E tem sido também um dos mais fortes defensores do alargamento do Super Rugby, incluindo a Argentina no grupo, e esteve na primeira linha de defesa da inclusão da mesma Argentina no Tri-Nations (agora o Four Nations)
Por outro lado, se alguma voz se levanta nos midia internacionais contra a completa hegemonia dos "oito grandes" no que diz respeito à organização dos Mundiais, e luta diariamente pelo reconhecimento dos restantes países como "parceiros iguais" no mundo do rugby, esse alguém é Paul Tait.
De tal forma que a Associação Pan-americana de Jornalistas de Rugby incluiu o seu nome na lista final de três nomes que disputaram o Prémio dos Jornalistas da região para 2013.
Portanto Miguel de Castro, podes não concordar com Paul Tait, mas creio que não é razoável insinuar, sequer, que ele critica a organização do rugby na Europa, e deixa para lá os males do rugby no hemisfério sul, ou no seio dos oito grandes...