Um sofrido triunfo sobre Agronomia (32-27), que incluiu o aproveitamento exemplar de dois brindes, garantiu aos campeões nacionais a sua segunda presença na final do campeonato, onde terá pela frente um calejado Direito que chega à parte decisiva da época em bom plano e que no Restelo, venceu e convenceu (19-5) azuis confusos e que se exibiram de forma demasiado pobre.
Fruto do domínio inicial exercido e dos quatro ensaios marcados pouco depois da meia-hora, poucos no EU Lisboa suspeitariam que fosse tão cheio de obstáculos o caminho dos campeões nacionais rumo à final do Jamor.
E o audível suspiro de alívio dos adeptos universitários no final do encontro é um óbvio cumprimento à heróica exibição agrónoma que, com uma 2.ª parte de grande coragem e bravura, assustou, e de que maneira!, o CDUL, merecendo sair da prova de cabeça bem erguida.
Chapeau para a Tapada!
Os campeões impuseram de início um ritmo elevado e logo no minuto inicial marcaram num lance demasiado rápido para a defesa da Tapada.
Ruck bem limpo, Pinto de Magalhães tira a bola rapidamente dali e passes tensos fazem a oval chegar como um raio ao ponta Gonçalo Foro para o seu sétimo ensaio na prova.
Tudo ainda mais rápido do que demora a descrever a jogada.
Curiosamente, nos primeiros 20 minutos, quando Agronomia foi à área de 22 contrária saiu com pontos, graças a duas penalidades de Duarte Cardoso Pinto, mas sempre que o CDUL, num imparável rolo compressor abria rapidamente a bola até à ponta era um vê-se-te-avias na defesa visitante.
E aos 13 e 23 minutos, em lances quase a papel químico – avançada poderosa a ganhar terreno, bola rápida a sair dos rucks, passes bem medidos para a esquerda do ataque e toque de meta no mesmo canto de terreno – João Lino e Carl Murray faziam ensaios, para 20-6.
O quinze da Tapada só criava alguns problemas por intermédio do centro Guilherme Covas, que atacava os intervalos com grande sageza e como enguia escorregadia, ganhava metros e metros com a bola nas mãos fintando tudo o que lhe aparecia pela frente.
Pena que poucas vezes fosse bem acompanhado…
Até que aos 31' o 2.ª linha Daniel Faleafa lesionou-se (rotura), sendo obrigado a abandonar o terreno, o que iria trazer consequências nefastas para o CDUL, pois a partir daqui o combate de avançadas começou a pender para Agronomia. Exceto nos alinhamentos, onde os homens da Tapada estiveram… rasteirinhos.
Um brinde do defesa Pedro Lorena, ao largar uma bola fácil captada por Nuno Penha e Costa, originaria o quarto ensaio do CDUL aos 33' – feito inédito nesta época, já que Agronomia nunca concedera mais que três numa partida –, para folgados 27-6.
Mas até ao intervalo e com alma até Almeida, o quinze da Tapada tomou conta do jogo através da avançada, empurrada pela fantástica atuação dos enormes Marthinus Hoffman (vindo de lesão e algumas vezes assistido, esteve ainda assim mesmo abaixo do que já lhe vimos fazer esta época) e do batalhador n.º 8 António Duarte, o melhor em campo.
E com o CDUL todo em cima da linha de área durante largos minutos, conseguiria em esforço e poder fazer dois ensaios por Hoffman (mas Afonso Nogueira só concederia o segundo...), para os 27-13 no descanso.
O 2.º tempo foi quase todo dominado pelos visitantes, apesar do CDUL marcar primeiro, aos 48', quando Penha e Costa aproveitou novo brinde – o sistema bar aberto continuava a funcionar pelas banda da Tapada… –, interceptando passe de Lourenço Kadosh, para 32-13.
Mas a partir daí Agronomia acampou no meio-campo rival – e quando o tonguiano Seti Filo saiu por lesão, ainda mais se acentuaria o défice físico do pack universitário, que sem os seus dois armários estrangeiros começou a abanar por todos os lados – e com ensaios de António Duarte e Cardoso Pinto (este, que começou a abrir o livro, marcou num fabuloso lance, com um pontapé curtinho por cima da defesa contrária seguido de fantástico mergulho), reduziu para 32-27 a sete minutos do final.
E se o centro suplente Bernardo Campelo, em dois lances em que, com belas linhas de corrida, passou por uma miríade de adversários, tem transmitido a bola em condições, uma incrível cambalhota poderia mesmo ter acontecido...
Só aos 76' o CDUL voltaria a pisar a área contrária e ao conseguir manter, com classe, Agronomia afastada da sua área, viu correr o tempo e carimbava segunda presença consecutiva no Jamor.
Mas a suada vitória (de Pirro, se perdeu Seti e Faleafa…) deverá fazer pensar os seus responsáveis.
Até por que do outro lado estará o mais matreiro e experiente dos adversários: Direito, que ao vencer o Belenenses, no Restelo, por 19-5, se qualificou para a sua sexta final do campeonato.
Mas ao contrário da equilibrada meia-final do EU Lisboa, este foi um embate claramente dominado pelos advogados, que provaram ter muito mais conjunto que o quinze azul, merecendo por inteiro o acesso à final.
Sem discussão, os advogados dominaram por completo as mêlées (até ganharam algumas de introdução contrária!) e, mais importante, foram claros vencedores da batalha no fulcral eixo 8-9-10, com Vasco Uva, Pedro Leal e Gonçalo Malheiro sempre melhores que João Barreto, Jaime Freire e Manuel Costa.
A muita festa e o ambiente entusiástico nas bancadas não contagiaram os chutadores das duas equipas, que começaram por desperdiçar as primeiras três tentativas aos postes.
Mas a claque de Monsanto cedo pôde festejar, pois num curto quarto de hora a sua equipa resolvia o encontro.
Aos 24’ e após duas tentativas falhadas, Pedro Leal à terceira acertou, após uma falta mal assinalada.
Sete minutos depois faria os 6-0 e a jogar com um homem a mais (amarelo a Duarte Moreira), Direito marcaria o seu único ensaio ao minuto 38.
Grande lance de ‘Pipoca’, que ultrapassou quatro adversários com duas fabulosas trocas de pés, o apoio a surgir e três passes bem medidos a porem a defesa azul em fanicos, até a bola chegar a Luís Sousa (que começou a asa mas passou para a 2.ª linha com a saída de Eduardo Acosta aos 25’) a só ter que se baixar para marcar o ensaio que Leal converteria (13-0).
Tendo o fundamental Diogo Mateus ausente (com ele a equipa cresce 200 por cento) e com o par de médios sem conseguir pôr a máquina azul a carburar – e neste particular o banco também não ajudou, pois cedo se percebeu que David Mateus tinha que entrar em jogo para qualquer posição (só o fez a meio do 2.º tempo, para ponta) e que se exigia a troca de médio de formação, pois Diogo Miranda teria dado outro andamento ao jogo – o Belenenses só por uma vez (!) foi à área de 22 contrária.
Para lá das enormes dificuldades em conquistar terreno, pois os seus chutadores, nervosos, por quatro vezes não conseguiram que a bola, pontapeada de uma penalidade, saísse do terreno.
Para lá das enormes dificuldades em conquistar terreno, pois os seus chutadores, nervosos, por quatro vezes não conseguiram que a bola, pontapeada de uma penalidade, saísse do terreno.
Ao contrário dos advogados, que nunca se mostraram nervosos, foram sempre consistentes a defender (belas exibições de Vasco Uva, Alvim e até o entrado Salvador Palha) e à beira do intervalo, uma grande perfuração do centro José Vareta quase fazia o segundo ensaio de Direito, que foi para intervalo na frente, por folgados 13-0.
A 2.ª parte só poderia ser diferente, com os azuis, muito pressionados pelo seu público, mais ao ataque perante advogados a denotarem algum défice físico.
Mas a forma incrível como desperdiçaram, aos 46’ e 71’, dois lances de flagrante superioridade numérica nos três-quartos – circulação tão lenta da oval transformou uma situação de 4 para 1 numa de 2 para 2 que se perderia quando jogavam contra 14 por amarelo a Adérito Esteves, e na outra, com Sebastião Cunha a deixar-se morrer com a bola nas mãos tendo três companheiros isolados ao lado… – castigou merecidamente uma equipa demasiado confusa e que jogou de forma desgarrada, apostando que as arrancadas de Hugo Valente e Sebastião Cunha ou os belos up and unders de Pedro Silva lhes fizesse cair um ensaio no regaço…
O desnorte da equipa da casa foi então bem visível, com Manuel Costa a falhar de forma incrível uma penalidade frontal aos postes (tremia tanto que até na bancada se ouviam os dentes a bater…), e depois Hugo Valente discute uma falta assinalada por Pedro Fonseca e vê amarelo – na sequência da qual Pedro Leal faz os 16-0.
Aos 72’ o Belém conseguiu o seu ensaio de honra, por intermédio do pilar Luís Silva que, colado à linha, concluiu falta jogada rapidamente à mão.
E o jogo terminaria com Direito em cima da área azul e Pedro Leal a converter nova penalidade (foi autor de 14 pontos em pontapés, acertando cinco das oito tentativas aos postes que dispôs), selando os finais e merecidos 19-5.
E assim pela primeira vez, CDUL e Direito vão-se defrontar numa final do Nacional, sábado no Jamor.
Os universitários, atuais campeões, procuram o seu 19.º título, enquanto para os advogados a vitória dar-lhes-á o seu 9.º troféu nacional.
*Texto: António Henriques
Fotos: Rugby Photo Store/António Simões dos Santos, Pedro Leal
20 comentários:
se ha coisa que o malheiro nao foi, foi fulcral vencedor de nada! foi claramente o pior elemento do direito em campo... n devemos ter visto o mesmo jogo!
Bronca na 1/2 final Belenenses /Direito jogador Palha mal inscrito pode suscitar perca do jogo para o Direito, A FPR apenas deliberou na 5º feira dia 18/4 a possiblidade excepcional contraria a anterior deliberação de só ser possivel inscrver 1ºs linhas de que era possivel inscrever qualquer jogador para qualquer posiçaõ abrindo desta forma escandalosa a possibilidade de o jogador de Direito que estva a jogar em Espanha e apenas se insvreveu na 3º feira 16/4 de poder jogar ao abrigo de umaq deliberação que saiu apenas com data de 18/4, mesmo que o Belenenses não pretenda protestar o jogo o comité de provas da Fpr tem que tomar uma posição
JOGADOR DE Direito Palha inscrito por favorecimento da Fpr ao abrigo de um despacho de 18/4 2 dias antes das 1/2 finais escandaloso
Comité de provas da FPR têm de tomar uma posiçaõ jogador de Direito Palha inscrito com deliberação feita á pressa datada do dia 18/4
Não tenham dúvidas, tudo o que é azul "morre" frente do Direito. A Taça está de volta a Monsanto!!!
A FPR no seu melhor!!!
Altera regulamentos na véspera das meias finais. Está de facto entregue a um bando de batoteiros.
o que interessa e a data em que a inscricao deu antrada na FPR se deu dentro do prazo legal e a FPR apenas a validou passados dois dias por uma qq deliberacao isso ja nao sei mas que entrando foi validada isso nao restao duvidas
Está consumada a final desejada pela fPR pricipalmente no que toca ao Direito
então que dizer do sporting que inscreveu 9 ou 10 jogadores entre janeiro e março deste ano
Sim, Direito levado ao colo pela FPR bla, bla, bla... Todos os anos a mesma conversa, este Direito não vale nada, aposto o que quiserem que o Belém ganha, já estão todos velhos e acabados... A verdade é que o Direito lá está e por mérito próprio, o resto é conversa
Anonimo das 22 de Abril de 2013 à0 16:55, se esta fosse a final desejada pela FPR (aka Cabé) estava lá de certeza a Agro
grande jogo do Salema!
Força Dierito
ARTº.52 TRANSFERENCIAS
1. Por transferência entende-se qualquer alteração de Clube pelo qual o
jogador se inscreve.
2. Os jogadores sem contrato profissional podem, livremente, inscrever-se
por qualquer Clube até 31 de Dezembro, desde que cumpridas as normas e
procedimentos do Regulamento de Indemnização por Transferências.
3 – Com excepção das transferências temporárias adiante regulamentadas, as transferências de jogadores, no decorrer de cada época em que já se tenham inscrito por um qualquer clube nacional ou estrangeiro, só poderá ocorrer:
- até 31 de Dezembro para os escalões Sénior, Sub-21, Sub-18 e Sub-16, quer masculino quer feminino.
- em qualquer altura época para todos os outros escalões.
Nestes casos o Clube nacional pelo qual o jogador esteve originalmente inscrito terá que solicitar, junto da FPR, a anulação da respectiva inscrição.
No caso de transferências de clubes estrangeiros será indispensável o documento IRB Clearance.
Aditamento ao presente regulamento por decisão da Direção FPR aprovada em reunião de Direcção de 15 de Novembro de 2012 "No caso de jogadores nacionais que, durante o ano lectivo em curso, estejam a frequentar cursos em escolas estrangeiras ao abrigo de
programas de intercâmbio (como p.ex. Erasmus, SOCRATAS ou outros) é permitido a inscrição em qualquer altura da época, sendo indispensável que apresentem, além dos procedimentos genéricos do RG Competições uma declaração da escola que frequentavam indicando o período (data inicial e data final) em que nela estiveram inscritas
Isto é verdade?
E afinal o jogador estava a jogar em Espanha noutro Clube?
Estava ao abrigo de algum programa de intercâmbio?
Está abrangido por que norma do RGC que permite a inscrição?
A ser verdade, é claramente uma situação a ser rapidamente sclarecida, antes da final de sábado próximo.
BRONCA NA MEIA FINAL: Diogo Mateus estava no banco usando joelheira de ferros o que é claramente uma violação dos regulamentos!!
Direito volta a ter lugar na final....
O Rugby joga-se e ganha-se em campo meus amigos. Deixem se de historias e de filmes, o Palha nao deu vitoria ao Direitos meus amigos. Eu sou um ex- jogador e eternamente adepto do cdul. A final será super difícil porque o direito parece agora na fase final com as garras do passado. Por isso deixam nos aproveitar de um belo final que será com certeza e por favor parem de fazer filmes. Abraços
Boa meia final. Duas equipas motivadas e com planos de jogo diferentes. O Direito pareceu apostar mais no jogo das melees para retirar mobilidade ao Belenenses e conseguiu. O Belenenses poucas vezes conseguiu soltar os 3/4 porque os centros do DIreito defenderam bem. O Aderito foi muito influente porque as suas intervenções para além de eficazes na conquista de bolas de recomeço puxam pelo resto da equipa. O Mateus lesionado fez muita falta ao Belém. Parabéns às duas equipas.
"O rugby é um jogo invulgar, o carácter derrota o talento em qualquer momento." Andries Strauss, capitão dos Shouthern Kings depois do jogo contra os Brumbies no Super 15.
Jogo ganho contra as expectativas pelos Knights com um drop no fim do jogo.
Cá no burgo talento não falta quanto a carácter basta olhar para o topo da pirâmide e estamos conversados
Segundo fontes azuis, o Belenenses apresentou um protesto pela inscrição fora de prazo do jogador do Direito.
O que vai acontecer não se sabe, mas isto começar a ficar igual ao futebol, seja nos casos, nos esquemas, nos comportamentos dos adeptos, dirigentes, nos regulamentos alterados à medida. Enfim, tudo aquilo que distinguia o rugby esta paulatinamente a desaparecer. Como alguem escreveu aqui no MdM, quando no topo da pirâmide acontece o que acontece, tudo o resto são reflexos.
1.- Não sei se quem está no topo da pirâmide tem caracter ou não.
2.- Não sei se isto está a ficar igual ao Futebol.
3.- Não sei se existem esquemas.
4.- Não sei se existem regulamentos alterados à medida.
Não sou adepto nem do Belenenses nem do Direito, joguei no Técnico e só sou adepto do bom Rugby. Fui ver a meia-final em causa e o Belenenses perdeu porque jogou pior mas de uma forma que não deixa duvidas, jogou sempre temeroso do Direito, aliás os próprios jogadores do Belenenses o admitem e dizem que o jogo lhes correu mal. Foi por causa do jogador mal inscrito que eles perderam o jogo? claro que não perderam porque jogaram pior.
Quanto à alteração dos regulamentos a meio, isso acontece porque os clubes querem que isso aconteça por isso não se queixem, se não concordam convoquem uma assembleia geral e promovem a proibição de alteração dos regulamentos quando a prova está a decorrer.
Agora não me lixem, estão na final as duas equipas que provaram merecer lá estar.
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