29 de abril de 2014

‘REVOLUCIONÁRIO’ CDUL FAZ GOLPE DE ESTADO NA TABELA *

* António Henriques
Em Dia da Liberdade, quatro ensaios do capitão Gonçalo Foro – 40 anos depois eis outro ‘Capitão de Abril’ a protagonizar um ‘golpe de Estado’ na ordem estabelecida das coisas... – ajudaram o CDUL a derrubar o líder Técnico, por 41-15, interrompendo a série de 13 vitórias consecutivas dos engenheiros, que não sofriam uma derrota há mais de seis meses e meio. 

Ou seja, naquele que foi o seu segundo jogo mais a sério na prova, depois do embate na Tapada à 15.ª jornada, a equipa das Olaias, que na 1.ª volta defrontara os principais rivais desfalcados dos seus internacionais, baqueou com estrondo, concedendo sete ensaios contra apenas dois marcados. 

E já sábado recebe a visita de Direito, correndo o risco de se quedar no 3.º lugar final após tantas semanas a morar no topo...
E enquanto os advogados não precisaram de suar para vencer em Arcos de Valdevez, o triunfo do CDUP sem direito a bónus, pode ter fechado a porta do play-off do título aos portuenses. 
Até por que o pontinho conseguido pelo Cascais, no Restelo, pode valer ouro. 
Ou não, se a equipa de Joaquim Ferreira emendar a mão frente ao CRAV no sábado ou a Académica, batida concludentemente na Tapada, fizer uma gracinha e derrotar os azuis na última jornada.

Resumidamente, para lá do mais que certo Agronomia (4.º)-Belenenses (5.º), tudo o restante na tabela será apenas definido no próximo, e derradeiro, fim-de semana desta fase regular.

Convenhamos que melhor, e mais emocionante, seria difícil de pedir...

CDUL 41-15 TÉCNICO (7-2)
O CDUL não encontrou melhor forma de sarar as feridas trazidas da final da Taça de Portugal, do que trucidar os lideres da classificação com sete ensaios – um terço dos 22 que os homens das Olaias tinham consentido nas anteriores 16 jornadas!
A partida do EU Lisboa teve duas metades bem distintas. 
Na primeira, enquanto teve pernas e Sean Reidy em campo, o Técnico conseguiu mandar no jogo e até vencia ao intervalo (10-7). 
Mas com a saída por lesão, nos ligamentos do joelho, do n.º 8 neozelandês, no derradeiro lance da 1.ª parte, a quebra anímica e física dos engenheiros foi de tal forma estrondosa que se deve ter ouvido no Rossio – e sobrepondo-se aos discursos da praxe do 25 de Abril.
O CDUL soube explorar o desnorte adversário e reentrando mais motivado e aumentando o ritmo de uma forma que o rival nunca soube contrariar ou sequer acompanhar, construiou um resultado desnivelado, contando com a especial participação do capitão Gonçalo Foro, autor de um poker de ensaios, que aumentam para 9 os conseguidos na prova.
O Técnico entrou melhor, com a sua mêlée a dominar (ganhou duas ou três penalidades por falta da 1.ª linha contrária – onde dois internacionais portugueses estavam sentados no banco...), o médio de abertura Kane Hancy a mexer os cordelinhos do jogo, e mesmo sem deslumbrar, limitando-se a seguir, certinho, os princípios básicos do jogo, ocupou por largos períodos o meio-campo universitário.
Reidy abriu o ativo aos 10’ numa penalidade (3-0) e só a meio da 1.ª parte o quinze da casa – talvez surpreendido pela atitude de conquista do adversário – acordou, muito por força das iniciativas do capitão Gonçalo Foro (que a meio do 1.º tempo, numa interrupção e encostado à lateral, até aproveitou para falar ao telefone com alguém – adivinhamos que tenha sido com o técnico Damien Steele, que via o jogo da bancada, certamente incomodado com o que assistia, e não com a namorada a pedir-lhe para passar pelo supermercado para comprar morangos...), espreguiçou o seu jogo e começou a construir lances com mais fases. 
Mas estes eram invariavelmente perdidos no solo, onde os engenheiros se mostravam peritos a roubar bolas. 
E para piorar as coisas, aos 29’, um mau passe do formação do CDUL seria aproveitado pelo asa Niels Egelmeer, mais lesto a pontapear a oval perdida no chão e perseguindo-a, a marcar entre postes para os 10-0.
Até que aos 39’, num lance de contra-ataque puro – bafejado por um ressalto de pura sorte mas ferido de morte por um adiantado não descortinado pelo árbitro Afonso Nogueira (nem pelo seu auxiliar a pouca distância da jogada...) – Nuno Penha e Costa, encostado à linha lateral, reduzia para 10-7 ao intervalo.
Já sem o valioso Reidy e perante um CDUL que reentrou a pleno gás, o Técnico teria um início de 2.ª parte pouco menos que horrível, concedendo três ensaios, todos de marca Foro, num curto espaço de 9 minutos, vendo-se a perder, num ápice, por 10-24!
Logo no 1.º minuto, num belo ‘up and under’ de Pedro Cabral que ele próprio, corajoso, captaria dando ao seu capitão, liberto de qualquer oposição; depois com Tomaz Appleton a pedir marco na sua área de 22, serpenteando ao longo de 60 metros por tudo quanto de azul-e branco que se passeava no relvado até transmitir a, acertaram, Foro; e finalmente, num lance bem construído com várias fases e que rasgou de alto a baixo a defesa contrária.
Logo a seguir, um amarelo a Carl Murray (sapatada intencional na bola) permitiu ao Técnico, com um homem a mais por 10 minutos, respirar melhor e instalar-se na área de 22 rival. 
E depois de um passe extra-longo de Hancy, Duarte Marques fez um ensaio estranhamente não concedido por Afonso Nogueira. 
Mas logo a seguir, novo passe teleguiado do abertura neozelandês permitiria ao ponta Luís Castro reduzir para 24-15, num ensaio que retirava o essencial ponto de bónus ao CDUL.
Mas os universitários sentiam que a tarde era sua, e aumentando o ritmo de jogo perante engenheiros já tremendamente desgastados – e já sem o formação Luís Madaleno também abandonando lesionado – a equipa da casa cedo recuperaria o bónus conseguindo, nos derradeiros 10 minutos, mais três ensaios (um de Foro para completar o seu poker, Carl Murray e Tomás Noronha), para os definitivos 41-15.
E com o Técnico a perceber, da pior forma para si, o que é isso de andar a jogar para o título nacional, a luta pelo acesso às meias-finais ficava relançada.

BELENENSES 29-23 CASCAIS (5-3)
O jogo no Restelo entre uma equipa da casa mais forte, mas sem nada a ganhar nesta fase regular e com diversos jogadores na retranca pela eventual chamada às duas etapas finais do circuito mundial de sevens da IRB, e outra com limitações, sem banco, mas motivada pela possível presença no play-off do título, proporcionou um resultado equilibrado e que deu à equipa da Linha um importante ponto de bónus defensivo, que lhe permitiu consolidar a 6.ª posição.
A sete minutos do intervalo os azuis, autores de quatro ensaios, venciam por concludentes 24-3. 
E perante o soninho que se instalava nas hostes da casa, de repente a avançada cascalense começou a impor-se e de uma assentada surgiriam dois ensaios (um de penalidade) para 24-15 no descanso.
No 2.º tempo o Dramático ainda assustou mais os anfitriões, ao aproximar-se por perigosos 24-23 (ensaio do excelente pilar Mário Zaballos, um dos melhores jogadores na sua posição de momento em Portugal) mas o quinto ensaio azul, de autoria de Manuel Sepúlveda, aos 66’, arrumaria, em definitivo, a questão.

CRAV 12-64 DIREITO (2-10)
Vitória fácil e sem espinhas dos advogados que, qual rolo compressor, com os 10 ensaios conseguidos no Minho, atingiram os 90 na DH (mesmo assim, menos cinco que a máquina concretizadora do CDUL..). 
E com o triunfo bonificado apanharam o Técnico no topo da classificação.
O encontro entre as duas equipas, sábado, nas Olaias – onde os advogados irão alinhar desfalcados de peças importantes chamadas aos sevens – vai fazer faísca...
Entretanto e para que fique gravado, os marcadores dos 10 ensaios de Direito foram Francisco Bruno, EDiogo Coutinho, Adérito Esteves e António Ferrador, cada um com um por sua conta, e João Silva, Luis Portela e João Ventosa, com dois cada um.
Gonçalo Malheiro (6) e João Silva (1) completaram o resultado com sete transformações.

AGRONOMIA 41-5 ACADÉMICA (5-1)
Triunfo fácil de Agronomia perante uma frágil Académica, numa 1.ª parte má de mais para ser verdade do quinze da Tapada, cheia de erros e só com um ensaio marcado pelo abertura Onofre, para 10-0 ao intervalo.
Murray Cox deve ter puxado as orelhas aos seus jogadores, pois o 2.º tempo já foi diferente, com outro ritmo e um grande caudal ofensivo por parte da equipa da casa, que destruiu a débil oposição preta. 
O talonador Marthinus Hoffman – invariavelmente o melhor jogador de verde-e-branco nesta época – marcou logo aos 47’ e ainda faria mais outro (é o 2.º melhor marcador e já leva 14 ensaios na prova!). Francisco Mira (desta vez na sua habitual posição de centro) e de novo Onofre, fariam os restantes toques de meta.
Quanto à equipa de Coimbra, terá agora que apostar todas as fichas no jogo decisivo em casa frente ao Belenenses. 
Terá jogo para tanto?
CDUP 37-22 MONTEMOR (5-3)
Obcecados por garantir o fundamental ponto de bónus atacante, os jovens jogadores do CDUP perderam clarividência e quase se esqueciam do essencial: vencer o jogo. 
Perante condições muito difíceis em Lousada (chuva e vento para todos os gostos), a equipa da casa encontrou problemas diante de um quinze bem mais pesado, adepto de fechar o jogo mas que sabe encadear movimentos e que, apesar de estar sempre por baixo, lá foi conseguindo levar a água ao seu moinho. 
Os alentejanos – que tiveram nos portuenses o seu melhor freguês, pois no conjunto dos dois duelos fizeram-lhes oito ensaios – mantiveram-se sempre dentro do resultado e depressa Joaquim Ferreira percebeu que não era dia para cavar uma distância suficiente que permitisse somar bónus: 4-2 em ensaios, depois 4-3 e só por fim os finais 5-3. 
E bem pode agradecer ao seu melhor marcador, Rodrigo Figueiredo, pois dos 15 pontos de diferença, ele foi responsável por… 17: um ensaio, duas penalidades e três transformações.

4 comentários:

Anónimo disse...

Um reparo: porque não é a informação relativa aos vários desafios mais completa? Por exemplo, quem marcou o ensaio da Académica? Caramba, dão a informação toda de uns e nada de outros. Até parece que os jogos não são realizados com duas equipas. E não, para que conste não sou da Académica, mas gosto de me sentir informado.

Manuel Cabral disse...

Quem faz os comentários dos jogos, habitualmente apenas vê um ou dois jogos, não sendo possível ver todos eles.
Assim, e para efeitos de estatística (que inclui saber quem marca os pontos) ficamos dependendo das informações dos clubes, que nem sempre nos chegam em tempo útil.
Por exemplo, em relação à jornada do fim de semana ainda apenas recebemos as informações fornecidas pelo Direito e pelo Técnico.

Se não forem os clubes a fornecer estas informações, elas nunca serão do conhecimento público, já que a própria FPR que tem um espaço programado para a divulgar, não o faz.

Por isso, umas vezes conseguimos dar a informação de uns, de outras vezes de outros...
A propósito, os interessados podem consultar todos os Boletins de Jogo organizados pelo Mão de Mestre clicando na etiqueta BOLETINS neste link: http://www.clubesdh.maodemestre.com/

Anónimo disse...

Obrigado pela informação. Fiquei esclarecido.

Manuel Cabral disse...

Não resisto a contar-vos um episódio elucidativo do nível de certos "comentaristas" que infectam as páginas que colocamos à disposição dos nossos leitores.

Tenho estado a trabalhar, e nessas alturas comentário que chegue, leio e decido de imediato o seu destino: ou rejeito ou publico.

Acontece que me levantei por cerca de meia hora e quando regressei tinha dois comentários - que não irei publicar - sendo que o primeiro atirava para o ar um boato, eventualmente calunioso, e o comentário seguinte, enviado um minuto após o primeiro, mostrava-se intrigado com a afirmação do primeiro e pedia mais informações...

Valha-nos a Madre Teresa de Calcutá que era uma mulher paciente e piedosa!