13 de abril de 2014

AS CONTAS DA FPR E A ASSEMBLEIA GERAL ATRASADA

Começou mal a história da apresentação do relatório e contas do exercício de 2013, com a impossibilidade de realização da Assembleia Geral dentro dos prazos legais, dado que à primeira convocatória nunca se juntaram os respectivos documentos.

Claro que a culpa não foi do executivo, como é habitual, e desta vez foi o Revisor Oficial de Contas o culpado.

Mas a reunião magna do rugby nacional lá foi marcada para a próxima terça feira, dia 15 de Abril, e os documentos que estarão em análise foram também enviados aos clubes e delegados, como manda a Estatuto federativo, embora, tudo esteja a acontecer com 15 dias de atraso.

Tivemos acesso ao documento e depois de o lermos atentamente ficam-nos algumas dúvidas que não sabemos se algum dia serão esclarecidas, pelo que resolvemos falar delas publicamente.

DESFALQUE NA FPR
Já é do domínio público que a FPR terá sido vítima de um desfalque perpetrado ao longo de mais de uma década, num valor de centenas de milhares de euros.
Falou nisso o Presidente por várias vezes, em reuniões diversas, fala nisso claramente o Técnico em documento recentemente publicado no seu site, e parece que são feitas algumas afirmações veladas sobre a matéria no Relatório, quando se fala de despesas imprevistas e “desconhecidas“, ou de despesas indevidamente não contabilizadas em exercícios anteriores – algumas absolutamente desconhecidas.
Mas de concreto, nada.
Ou seja, se houve ou se desconfia que tenha havido um desfalque, um furto, uma burla, onde está a respectiva queixa às autoridades? Porque o rugby tem Leis próprias, mas as Leis do Estado sobrepõem-se a elas...
E se houve desfalque ou furto ou burla, onde está isso reflectido nas contas? Porque se foi detectado, se estava escondido, não seria tempo de tudo aparecer à tona de água?
Ou vamos continuar na política da insinuação, do boato, para justificar não se sabe bem o quê?
Acusa-se nos bastidores este ou aquele, fazem-se insinuações, mas a questão resume-se apenas a isto:

Houve ou desconfia-se que tenha havido furto ou desfalque?
Foi feita uma participação da ocorrência às autoridades?
Onde está escondida, em termos de Contas, a verba que se diz ter sido desviada?

Porque, quer Relatório, quer Contas, devem reflectir o que realmente se passa, e é claro que termos como despesas desconhecidas não têm cabimento num relatório, em especial quando não existe delas contrapartida nas Contas...
Não existe essa coisa de despesas desconhecidas.
Ou há despesa, e ela tem que estar claramente expressa nas Contas, ou então não há e nem se deve falar nela...
A propósito, as queixas sobre este tipo de crimes têm prazo para apresentação. Será que se deixou extinguir o prazo??

DESPESAS COM LUSITANOS XV
Quando, no início da época surgiu a participação de uma equipa portuguesa na Amlin Challenge Cup, os clubes quiseram e o Presidente declarou formalmente, que as despesas decorrentes da participação da equipa nessa competição, não significariam um acréscimo de custos para a FPR, já que todas elas seriam cobertas com receitas propositadamente conseguidas para o efeito.
O Relatório e Contas mostra-nos que os custos com a equipa portuguesa relativos à participação na Amlin Cup foram no valor total de 28.869,83, o que leva a alguns juízos não muito abonatórios.
Se a despesa com esta equipa é apenas de 29 mil euros, e se a IRB deu um patrocínio de 25 mil euros para o efeito, porque será que os espanhóis desistiram de participar na competição alegando que as despesas com uma equipa sua, reunida de forma semelhante, seria 10 vezes superior?
Só pode ser porque os espanhóis são uns tolos que não sabem fazer contas...
Ou então as despesas efectivas dos Lusitanos XV não foram as que se indicam, e parte delas estará incluída nas verbas atribuídas à Selecção Nacional, como por exemplo despesas com enquadramento técnico, encargos com jogadores e despesas com treinos.
Visto por outro lado temos que - perante os números fornecidos pelo Relatório e Contas - a Selecção Nacional de XV custou aos cofres federativos qualquer coisa como 332 mil euros contabilizados como Alta Competição - Selecção XV, e mais cerca de 132 mil de custos com enquadramento técnico, num valor total de 464 mil euros. (Todos estes valores se encontram no Balancete do ano, que faz parte do Relatório e Contas).
Ora como a nossa Selecção realizou em 2013 nove jogos (cinco do Europeu, um com os England Students e três na janela de Novembro), cada jogo custou aos cofres da FPR cerca de 51 mil euros, apenas quase o dobro do custo atribuído aos quatro jogos disputados pelos Lusitanos no mesmo ano - deve haver aqui qualquer coisa escondida, talvez seja a isto que o Relatório se refere quando fala de despesas desconhecidas, ou indevidamente não classificadas...

EVOLUÇÃO DAS DESPESAS DESDE 2008
Não vamos comentar os quadros que se apresentam, pois eles são absolutamente claros.
Vamos apenas relembrar algumas das linhas do programa de candidatura de Amado da Silva apresentado em finais de 2011, sem as comentarmos também, pois a limpidez da mensagem é pura como um diamante, não sem antes reproduzir uma declaração formal do Presidente da Direcção da FPR, constante dno preâmbulo do Relatório e Contas que se vai apreciar:

Agora, se pretende repor a verdade e a transparência há tantos anos arredadas, na nossa Federação. 
(in Relatório e Contas 2013)
Infelizmente o esconde esconde de questões graves e importantes como o burla, desfalque, furto (chamem-lhe como quiserem) que terá ocorrido, e a camuflagem óbvia das despesas com os Lusitanos, desmentem esta declaração de princípio e alertam mesmo para outras eventuais omissões, inverdades e falta de transparência...

Vamos então às tais declarações feitas em campanha eleitoral, mas sobre as quais o seu autor responde, podendo mesmo, ao abrigo dos Estatutos da FPR, vir a ser afastado das suas funções através da apresentação de uma moção de censura, que pode ser apresentada com fundamento no não cumprimento culposo e reiterado dos princípios básicos do seu programa eleitoral.

DECLARAÇÕES DO PROGRAMA DE CANDIDATURA DE 2011

Manter-se-á uma política de descentralização com um evidente maior apoio regional, aos Clubes e Escolas, reforçando o quadro técnico e alterando a filosofia de abordagem que terá que ser mais efectiva e permanente.

Foi assinado um contrato com uma outra empresa que, sem custos, vai editar uma Revista mensal, da responsabilidade editorial da F.P.R.

A criação de um clube V.I.P. está também nos nossos propósitos, havendo já a potencial adesão de nove empresas nacionais com as quais pensamos poder estabelecer uma relação contratual até ao fim do ano.

Depois de se ter iniciado, e dado cumprimento, às anteriores promessas eleitorais, também nesta matéria, a competição regional e inter-regional, continuará a merecer a maior atenção.

Até agora, “desenvolvimento” estava ligado fundamentalmente aos escalões de formação, isto é, aos jovens atá aos catorze anos. E às raparigas...
No meu entender desenvolvimento é muito mais do que isso. É mais abrangente. Não se pode limitar a qualquer escalão etário. Arbitragem, dirigismo, formação, competição, onde quer que se inicie ou “desenvolva”, contribuirá, seguramente, para o DESENVOLVIMENTO do rugby.
Está por isso definida uma estratégia de futuro. Uma estratégia na qual todos nos teremos que empenhar seriamente e do sucesso da qual dependerá o sucesso do rugby nacional

A captação e formação de jogadores, árbitros, treinadores e dirigentes será a grande preocupação.

As escolas serão o alvo privilegiado das nossas acções. É urgente dar continuidade e consistência ao projecto Nestum. É muito importante ter trinta ou quarenta mil jovens a praticar rugby nas escolas, mas é absolutamente indispensávelque essa acção fantástica seja mais efectiva, mais permanente e, sobretudo, que dê origem à formação de novos clubes ou ao reforço dos já existentes.

E como é à luz dos seus programas que os executivos devem ser avaliados, não podemos deixar de reproduzir o peça fundamental da candidatura de Amado da Silva ao seu segundo mandato, que completou agora dois anos, e que tem que ser analisado em conjunto com o que aconteceu no seu primeiro mandato, intercalar, de dois anos também.
Ela aqui fica, para que não caia no esquecimento, numa altura em que o discurso mudou, e afinal isto não era um objectivo, era apenas uma frase motivadora...

Em termos de rugby de quinze, e dos seniores, a meta situa-se, na classificação entre os três primeiros, no Torneio Europeu das Nações, na manutenção entre os vinte primeiros no ranking mundial e na presença na IRB Nations Cup ou competição similar.
O apuramento para o Mundial de Inglaterra é o maior objectivo. Não poderemos voltar a falhar.


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GRÁFICOS E QUADROS COMPARATIVOS 2008-2013



(ENQT+AC+ADMGR+ANQAD) = Enquadramento Técnico, Alta Competição (sem enquadramento), Custos administrativos (sem enquadramento) e Enquadramento Administrativo
(PRO+COMP+ARB+DES+FOR) = Promoção, Competições, Arbitragem, Desenvolvimento e Formação

S3 = S2 menos as despesas com a organização do Algarve Sevens (2012), com o Europeu de Sub-19 (2012 e 2013) e com a Amlin Cup (2013)



7 comentários:

Anónimo disse...

E arenovação do contrato do Pico até 2016 havendo eleições em 2016, só se foi prémio de permanência.
E os gastos do cartões crédito.
E as viagens a França em Agosto com o Rugby Francês de férias.
E o número de elementos nas comitivas.
E a ida da SN a Marcoussy porque o número de luso franceses justificava os treinos serem emParis.
Azar que os lf não foram
libertados pelos clubes.
E os dinheiros da IRB para o desenvolvimento desviados para as SN´s.
E a mudança do controle contabilistico para dentro da FPR.
E os avais pessoais em nome da FPR.
E o verdadeiro custo de um Presidente remunerado.
E....................
Tenham medo, tenham muito medo.....
E......... etc....

Anónimo disse...

E a entrevista ontem ao Record, 6 clubes na DH.

Anónimo disse...

Queixa ao ministério público já!

Anónimo disse...

Só para ingénuos se apresenta estas contas como se fossem reais , as contas da FPR são todos marteladas à décadas , não foi este o primeiro e veremos se será o último , porque tudo o que se passou contou com a aprovação dos clubes que sabiam que era tudo uma aldrabice , só não viu quem não queria , agora ninguém sabe de nada .

Anónimo disse...

Anónimo das 22:38,

Se é como diz, por que é que os clubes pactuaram com o que chama de aldrabice? O que ganharam com isso?

Anónimo disse...

Não comparo com a situação portuguesa, mas para quem discute o futuro do râguebi em Portugal é importante saber que a FER estoirou completamente.

http://www.ferugby.es/component/k2/item/620-comunicado-de-prensa-federación-española-de-rugby


Por la presente se comunica que D. Javier González Cancho ha presentado su dimisión como Presidente de la Federación Española de Rugby. La incorrecta gestión y control del gasto en 2013, así como el incumplimiento del Plan de Viabilidad acordado con el Consejo Superior de Deportes, han provocado en el ejercicio un déficit presupuestario considerable, que ponía en cuestión la viabilidad de la federación. Tras una dura valoración de las circunstancias, D. Javier González Cancho ha considerado que su dimisión es obligada para encontrar las soluciones oportunas a la situación creada.


A partir de ahora la Federación Española de Rugby iniciará los trámites de un nuevo proceso electoral y pasará a ser dirigida por una Comisión Gestora que será el órgano encargado de administrar y gestionar la federación durante el proceso electoral, no pudiendo realizar más que actos ordinarios de mera administración y gestión, así como cuantos fueren necesarios para garantizar el ordenado desenvolvimiento del proceso electoral, de acuerdo con lo que se establece en la normativa reguladora de los procesos electorales.

La dimisión de D. Javier González Cancho conlleva la disolución de la totalidad de la Junta Directiva que, previamente, se reunirá de forma urgente para convocar elecciones y -acto seguido- se reunirá la Comisión Delegada para elegir a la Comisión Gestora. A su vez, el equipo de trabajo de la Federación pone su cargo a disposición del órgano competente.

El Consejo Superior de Deportes (CSD), la Federación Internacional de Rugby Amateur (FIRA-AER) y la International Rugby Board (IRB) han sido informadas de la situación y han manifestado que el apoyo de estas instituciones a la Federación implicará un minucioso control financiero que garantice el futuro del rugby español.

Anónimo disse...

Diziemos mal dos espanhois, mas lá ainda tem gente com vergonha na cara