2 de outubro de 2013

VITÓRIA RUGBY APOSTA NA FORMAÇÃO PARA CRESCER EM SETÚBAL

Começando a ser jogado nos princípios dos anos 90, o rugby na cidade de Setúbal apenas em 2000 se associou ao Vitória Futebol Clube, de que hoje é uma secção.

Sentindo algumas dificuldades pela atracção que os grandes clubes de Lisboa exercem sobre os seus jovens jogadores, o Vitória Rugby vai criando as suas escolas e garantindo, através da formação, a sustentabilidade das suas equipas.

Declaradamente na luta pela manutenção na 1ª Divisão, o Vitória apostou na época 2012-13 em conseguir um lugar entre as equipas finalistas da prova, como forma de garantir antecipadamente aquela manutenção, o que foi atingido com a obtenção da quarta posição na classificação final.

João Viegas é um dos mais antigos jogadores da equipa e é ele que nos conta um pouco da história da equipa setubalense.

Mão de Mestre: Quem é o João Viegas no rugby e fora dele? 
João Viegas: O João Viegas no rugby faz parte do plantel Sénior do Vitória Futebol Clube e contribui para a Secção de Rugby do Vitória Futebol Clube.
Fora do rugby é um tipo normal com a felicidade de ter muitos amigos do rugby, o que torna um pouco difícil dissociar o João Viegas do rugby, do João Viegas fora dele.
De certo que muitos se identificam com o que escrevi. 


MdM: Onde nasceste e cresceste e como se deu o primeiro contacto com o rugby?
J.V.: Nasci e cresci em Setúbal, apesar de ser atleta do Vitória Futebol Clube desde os 8 anos, o contacto com o Rugby só se deu quando tinha 18 anos, as pessoas responsáveis pelo primeiro contacto e que mais me influenciaram no inicio foram o João Sanches, João Terlim e Mauro Quintino.
O primeiro treino de rugby 15 foi num campo pelado, o campo da Cova da Canastra e o meu primeiro jogo foi contra a Agrária em Coimbra.
Não me lembro do resultado, mas para mim foi um jogo épico debaixo de uma chuvada imensa.
No fim do jogo um dos melhores pilares que vi jogar na primeira divisão, o José Oliveira, mandou um comentário tipo “puto novo, jogaste bem” e foi aí que o bicho mordeu.


MdM: O que fizeste no rugby na época que terminou, e o que vais fazer na próxima?
J.V.: O meu principal objectivo no Rugby é contribuir para a Equipa, essa é a minha premissa hoje e amanha.
A Equipa sempre primeiro que os objectivos pessoais.
Não sou um jogador egoísta, vou trabalhar dentro das minhas possibilidades para ser mais uma opção para o treinador.
É esse o meu objectivo para a próxima época. 


MdM: Como surge o rugby no Vitória e quando?
J.V.: O rugby no Vitória surge como consequência de um “projecto espontâneo de rugby em Setúbal”. 
Em 93/94 um grupo de estudantes do IPS, Instituto Politécnico de Setúbal, organiza- se e começa a competir com uma equipa de rugby de 7 no campeonato universitário de Lisboa, efectuando treinos em jardins públicos. 
A partir daí o grupo restrito iniciou um processo de amadurecimento deste “projecto de rugby de Setúbal” aumentando o número de praticantes e assumindo a prática do rugby de 15.
Ao longo deste percurso foi-se vinculando com várias instituições e clubes que foram o Scalipus-Pitbull e Vitória Futebol Clube – Rugby.
A ligação ao Vitória em 2000, o início de escalões de formação em 2005, a subida à 1.ª divisão em 2008, o vice campeonato nacional da 1.ª divisão em 2009 e a criação da equipa feminina em 2010, talvez sejam os marcos e datas dignos de realce que em grande medida foram atingidos à custa de um grupo de trabalho reduzido, que dedicou tudo ao Rugby e pelo que sem eles não estaríamos com as condições que temos agora.
Um dos desafios a que nos temos proposto consiste em definir e
funcionar segundo uma estratégia de desenvolvimento mais objectiva, focando sempre essa estratégia no futuro da formação. 


MdM: Qual foi a actividade que o clube teve nos escalões de formação (até aos sub-14) e de pré- competição (sub-16 e sub-18) na época 2012-13, e quem foram os treinadores destes escalões?
J.V.: Os escalões sub-8, sub-10 e sub-12, do ponto de vista do treino funcionaram como um só e tiverem como treinador o atleta sénior José Tabanez. Em termos gerais e de um modo que gostaríamos que tivesse sido mais assíduo, participaram na generalidade dos convívios promovidos pela ARS, bem como outros torneios tais como o Lisbon Youth Festival.
O escalão de sub-14 foi treinado pelo atleta sénior Tiago Silvério e participou na generalidade das competições previstas pela ARS na vertente de 7’s. 
Do mesmo modo também competiu em outros torneios como o Lisbon Youth Festival.
Não obstante os nossos esforços em sentido oposto, os escalões de sub-16 e sub-18 constituíram uma equipa só treinada por quatro elementos: Pedro Fontes, Pedro Bastos, Bruno Pato e Renato Marçalo, consequência de um número significativo de atletas sub-18 de primeiro e segundo ano terem abandonado o nosso clube para irem jogar noutros de Lisboa. 
Este facto desestabilizou significativamente a equipa sub-1818 e foi necessária esta fusão, sacrificando-se a competição do escalão de sub-16 por razões de subsistência elementar. 

MdM: Que acções estão previstas para alargar o recrutamento nas camadas jovens?
J.V.: Nesta matéria e pelo terceiro ano consecutivo, vamos continuar a implementação de um projecto de desenvolvimento desportivo que define um conjunto de iniciativas segundo diferentes fases e que não será detalhado nesta entrevista.
Todavia a generalidade das actividades passa por participar em convívios públicos promovidos pelas juntas de freguesia do nosso município e principalmente a de S. Julião, nossa freguesia, em dias significativos (ex.: 25 de Abril, dia do Bocage, etc) com actividades de exibição e divulgação de informação relevante.
É grande a lista de escolas públicas que foram visitadas por elementos da nossa organização promovendo iniciativas do mesmo tipo: durante os intervalos, períodos de férias e em alguns casos em períodos lectivos. 
Até que se atinjam o número de atletas pretendido nos diferentes escalões e pelo menos nos próximos três anos, estaremos focados em manter estes procedimentos. 
Estas abordagens têm sido feitas e continuarão a ser, de modo relativamente diferente entre as escolas públicas e as privadas, sendo que no segundo caso e no curto prazo serão implementadas parcerias e colaborações menos formais.
Do mesmo modo, temos marcado presença em eventos ligados à vida setubalense e a datas importantes para os nossos parceiros institucionais e clube, onde nos representamos das mais variadas formas: delegações da secção em jantares do VFC, participação em celebrações do clube, demonstrações no estádio do Bonfim no intervalo de jogos de futebol, venda de merchandising e divulgação em quermesses e festas de verão, organização do Tróia Beach Rugby, divulgação nos nossos meios de comunicação, facebook da secção e do clube e media da região (ex. Setúbal TV, jornal Setubalense, etc.). 


MdM: Existe alguma parceria com escolas/estabelecimentos de ensino da região?
J.V.: Tacitamente existem e são na generalidade força da ligação com ex atletas que laboram nesses estabelecimentos (este assunto foi mencionado de forma ligeira na resposta à questão anterior). 
Contudo e devido a ainda não estarem formalizadas não as mencionaremos. 
Mas para já são cinco e visam a captação de atletas de todas as idades para todos os escalões da formação, mas acima de tudo aproximar a nossa estrutura de valores ao ensino destes indivíduos e aos seus pais de modo a fidelizá-los com o rugby e idealmente com o nosso projecto. 

MdM: Onde decorrem os treinos e os jogos das camadas jovens?
J.V.: Os locais de treino da formação estão dispersos pela cidade: os escalões sub-8/sub-10 num dos colégios com quem formalizaremos protocolo este ano e num campo de treinos do Vitória no Estádio do Bonfim; o escalão de sub-12/sub-14 em campo municipal no centro da cidade (Bairro do Liceu) de acordo com protocolo estabelecido com o Município de Setúbal e com a Escola de Futebol Feminino de Setúbal, (EFFS) e os escalões de pré-competição e competição (sub-16/sub-18 e seniores masculinos e femininos) na Pista Municipal de Atletismo de acordo com outro protocolo estabelecido com o Município de Setúbal.

MdM: Para a época 2013-14 quais os principais objectivos desportivos nos escalões de formação?
J.V.: Até aos escalões de sub-12/sub-14 será a captação de atletas e fidelização dos seus pais com o projecto, a par de continuar a melhoria das equipas técnicas e da gestão dos escalões: nas burocracias com a ARS, economato, logística variada e comunicação com os pais.
No que aos escalões sub-16/sub-18 concerne, também se pretende o referido no anterior parágrafo, bem como de forma mais objectiva aumentar o número de sub-16 e aumentar as garantias de que o maior número possível de atletas sub-18 de segundo ano estará apto para integrar o plantel sénior na época seguinte.
No escalão sub-18 é importante revalidar a classificação obtida na época transacta entre os melhores quatro do campeonato nacional B. 


MdM: No escalão sénior, o clube participou do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, mas tendo sido apurado para a fase final, acabou por não conseguir pontuar nesta fase contra nenhum dos seus adversários.
Quem foram os responsáveis pela equipa, que lições têm sido tiradas da actividade sénior e como vai ser o futuro?
Ainda quanto aos seniores, sabendo que o Vitória foi a equipa da 1ª Divisão que
apresentou menos jogadores registados na FPR (31), entre todas as que participaram da prova, quais são os objectivos da equipa para 2013-14, agora que se deu o alargamento da Divisão para 10 equipas?
J.V.: O número, perfil e competência das pessoas envolvidas neste projecto ainda não nos permite uma organização em que todos os escalões tenham mais que uma pessoa dedicada à direcção desportiva e técnica. 
Na época transacta o treinador principal e o responsável pela equipa sénior foi o prof. Pedro Gonçalves.
Relativamente à classificação no top 4 da 1.ª divisão, entendemos que foi uma consequência merecida de um planeamento da época e gestão da equipa muito focado na manutenção nesta divisão o mais rapidamente possível e com o mínimo de riscos. 
A melhor forma de o fazer é sem dúvida a classificação para a final four e foi o que aconteceu.
O facto de plantel ser curto condicionou a equipa na fase final do campeonato incluindo a final four. 
Neste desporto de “combate colectivo” o banco é fundamental e na maior parte dos casos era reduzido.
Ainda assim entendemos que foi uma época muito eficiente em toda a linha e beneficiámos de um treinador de capacidade superior, peça fundamental para a manutenção destes objectivos.
É importante que o projecto seja atractivo o suficiente para os atletas mais velhos continuarem a investir nele a partir das suas vidas profissionais e sociais (familiares) e se mantenham envolvidos e acima de tudo que o produto da formação recicle da melhor forma o escalão sénior.
A localização de Setúbal apenas a 50 km de Lisboa e a pressão que os nossos melhores atletas sub-21 sofrem para jogar na Divisão de Honra constrange a sua integração e fidelização à equipa sénior e como consequência, a reciclagem da mesma.
Lamentavelmente ainda não há massa crítica para o lançamento de uma equipa sub-21.
O alargamento da primeira divisão com as equipas em causa (manutenção da Escola Agrária e promoção do S. Miguel) na nossa opinião melhora o campeonato em vários aspectos e contribuirá para a melhoria competitiva. 
Várias destas 10 equipas poderão classificar-se no top 5 e a equipa despromovida também poderá ser uma de muitas.

MdM: Como é financiada a actividade desportiva do clube? Qual o papel da autarquia neste aspecto?
J.V.: A secção de Rugby é uma de muitas secções de um clube centenário de futebol, com muita tradição e da 1.ª divisão portuguesa. 
Pela natureza destas duas modalidades (futebol e rugby), muitas das vezes ambas carecem dos mesmos recursos da cidade e do próprio clube, o que acabou por exigir muito das relações entre Rugby e VFC instituição.
Este tem sido um aspecto no qual se tem trabalhado muito e que continuará a ser objecto da mesma atenção. 
Digamos que ainda há um grande potencial a explorar em termos das sinergias que poderão ser criadas inclusivamente com outras modalidades para além do futebol, com efeitos na melhoria: da logística de transportes, na contratação de seguros, na aquisição de equipamentos desportivos, na relação com o município, etc…
A actividade desportiva da secção tem estado suportada nas mensalidades e anuidades dos atletas que se conseguem cobrar, em receitas extraordinárias provenientes da organização e participação em eventos e no subsídio do município para a instituição VFC para ser distribuído pelas diferentes modalidades, que como nós, fazem parte da instituição Vitória Futebol Clube. Muito embora se mantenham esforços nesse sentido, desde 2010/2011 que a secção não beneficia de patrocínios em dinheiro. 


MdM: Qual o papel das empresas da região?
J.V.: Lamentavelmente o Rugby não tem conseguido cativar apoio de patrocinadores. 
Constatamos que o apoio financeiro a uma modalidade como o Rugby na região de Setúbal não se tem enquadrado nas estratégias de mecenato destas mesmas empresas.
Contudo o apoio em géneros destinado a eventos (águas, t-shirts, mesas e cadeiras, etc, para festas e alguns torneios particulares) tem sido disponibilizado algumas vezes. 


MdM: Quem vão ser os treinadores do clube para a próxima época?
J.V.: Sub-8/sub-10: Rita Piteira e David Rodrigues; 
Sub-12/sub-14: Pedro Fontes e Vasco Durão; 
Sub-16/sub-18: Tiago Silvério e Renato Marçalo;
Séniores Masculinos: Pedro Bastos e José Guerreiro.

MdM: Quem quiser jogar rugby no Vitória FC o que deve fazer?
J.V.: Deve contactar-nos através da nossa página no Facebook, ou através do telemóvel 910631424.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas têm de trabalhar muito, este fim-de-semana levaram 28-19 do Belas uma equipa de uma divisão a baixo...