13 de outubro de 2013

FRANCISCO SERRA, UM PERCURSO DE 21 ANOS ENTRE A LOUSÃ, COIMBRA E LISBOA

Francisco Poiares Serra, serrano da Lousã, jogador de Agronomia, foi na época passada o melhor marcador da Divisão de Honra, envergando a camisola da Académica de Coimbra.

Depois de 12 anos no Rugby Clube da Lousã e oito com os pretos, Serra chega à Tapada com tudo em aberto na sua carreira como jogador de rugby.

Na passada semana, Francisco marcou os primeiros pontos pelo seu novo clube, e fica a promessa de muito trabalho, muito treino, para chegar mais longe!

Mão de Mestre: Começaste a jogar rugby na tua terra natal, a Lousã, mudando
depois para a Académica de Coimbra, e agora estás em Lisboa, envergando a camisola de Agronomia.
Conta-nos como tudo começou e em que ano, e quando mudaste da Lousã para Coimbra.
Francisco Poiares Serra: Sim é verdade, comecei a jogar na Lousã com cerca de seis anos, no ano de 1992. 
Lembro-me de começar a jogar por influência dos meus tios que na altura eram jogadores da Rugby Clube da Lousã. 
Fiz toda a minha formação no RCL e em 2004/2005 fui jogar para a AAC.

MdM: Quais são as maiores recordações que guardas do Rugby Club da Lousã?
F.P.S.: Tenho óptimas recordações dos tempos em que representei o Rugby Club da Lousã, mas as recordações mais marcantes são sem duvida as digressões que as camadas de formação do clube faziam a França para participar no torneio de Prades, nas quais tive o prazer de estar presente em três.

MdM: Que idade tinhas quando mudaste para a Académica de Coimbra e porque decidiste mudar?
F.P.S.: Tinha 18 anos, decidi mudar porque estava a estudar na Universidade de Coimbra e também porque tinha ambições maiores a nível desportivo.

MdM: Quantos anos jogaste na Académica, e qual a melhor recordação de todos esses anos?
F.P.S.: Estive 8 anos na AAC, foram anos fantásticos. 
Tenho várias recordações muito boas, é impossível destacar uma. 
O espírito da Malta é algo difícil de igualar. 

MdM: De todos os anos que já levas a jogar rugby, qual foi o momento mais difícil, a pior recordação?
F.P.S.: Ao longo destes anos o momento mais difícil foi quando, na época de 2011/2012, tive duas lesões graves que me obrigaram a parar quase a totalidade da época e também ter perdido a final da taça de Portugal desse ano, curiosamente para Agronomia, o meu actual clube.

MdM: Foste o melhor marcador da Divisão de Honra na época passada com um total de 238 pontos, deixando na segunda posição o teu companheiro de hoje, o
Duarte Cardoso Pinto, depois de em 2011-12 teres estado parado muito tempo e teres reaparecido apenas na fase final, e marcando então 63 pontos, ficando logo atrás de Pedro Cabral, que marcou 82.
Qual o treino que tu fazes para ter a pontaria afinada?
F.P.S.: Tento treinar o máximo possível esse aspecto do meu jogo, porque sei que o treino e a concentração são essenciais. 
Normalmente tento treinar duas vezes por semana cerca de 20 minutos os pontapés colocados aos postes.

MdM: Este ano mudaste de cidade e de clube. Porque decidiste mudar para Lisboa, e porque escolheste Agronomia?
F.P.S.: Esta mudança deveu-se em grande parte a motivos profissionais, pois terminei o meu curso e tive a oportunidade de estagiar em Lisboa. 
A escolha foi fácil, Agronomia é um clube de prestigio do rugby nacional que está sempre envolvido na luta pelo titulo nacional, é sempre um honra poder representar um clube como Agronomia.

MdM: No final de semana passado, estreaste-te a marcar por Agronomia. Numa equipa que tem outros chutadores, nomeadamente o Duarte Cardoso Pinto e o Manuel Murteira, como vai ser a tua vida? 
Achas que vais conquistar a preferência do treinador e do capitão de equipa como o principal chutador da equipa?
F.P.S.: Penso que o facto de termos chutadores de grande qualidade na equipa é óptimo. 
Aumenta as opções dos treinadores, e faz com que a competitividade aumente o que é sempre um factor positivo para a equipa. 
Quanto a conquistar ou não a preferência do treinador e capitão, treinarei para isso, mas sei que se tal não acontecer essa função irá certamente estar muito bem entregue a qualquer um dos outros chutadores da equipa.

MdM: Estás com 27 anos, foste internacional sevens por sete vezes, entre Junho de 2009 e 2010, e foste campeão do mundo universitário em Julho de 2010, mas depois disso nunca mais regressaste à selecção.
Pensas que ainda tens possibilidade de regressar à selecção, que a mudança para Lisboa te pode ajudar a um eventual regresso?
F.P.S.: Neste momento penso que não. 
Apesar de gostar bastante do jogo de sevens, o meu foco é apenas no XV.

MdM: Foste também internacional XV em cinco ocasiões entre Novembro de 2009 e Junho de 2011.
Sentes que ainda tens lugar no grupo de trabalho da selecção nacional de XV?
F.P.S.: Como qualquer jogador que já foi internacional, treino e jogo sempre com a ambição de uma possível chamada. 
Penso que se conseguir estar ao meu melhor nível posso ambicionar uma chamada à selecção.

MdM: Muito se tem falado sobre o facto dos jogadores de fora de Lisboa serem prejudicados no seu acesso à selecção nacional, por contraste com os jogadores de Lisboa.
Sentiste-te prejudicado de alguma forma por jogares em Coimbra? Acreditas que a mudança para Lisboa vai ser sentida nesse aspecto?
F.P.S.: A disponibilidade de treino de um jogador que viva em Coimbra ou no Porto é sempre menor, no aspecto em que tem que se deslocar, em algumas ocasiões, três vezes por semana a Lisboa. 
Mas penso que para além disso não existe qualquer factor discriminatório em relação a um jogador ser ou não de Lisboa. 
Quando existem jogadores de qualidade quer seja em Coimbra ou Porto, essa qualidade tem sido reconhecida pelas equipas técnicas nacionais. 
Prova disso são as chamadas de jogadores quer do Cdup quer da AAC. 
O facto de me encontrar neste momento em Lisboa é claramente um ponto a favor tal como referi, mas apenas em termos de disponibilidade de treino.

MdM: Chegar de novo a uma das mais importantes equipas nacionais como é? Sentiste alguma dificuldade de adaptação? Existem muitas diferenças entre um clube como a Académica e Agronomia?
F.P.S.: É sempre bom chegar a uma equipa como Agronomia, onde existe qualidade no treino e competitividade. 
Não senti nenhuma dificuldade de adaptação, fui extremamente bem recebido. 
Até ao momento não notei grandes diferenças entre os clubes. 
O facto de serem emblemas com tradição no rugby português faz com que haja bastantes semelhanças na dinâmica dos clubes.

MdM: E Lisboa? Muito diferente de Coimbra e da Lousã? O que faz um beirão na capital, quando não está a trabalhar nem a jogar rugby?
F.P.S.: Muito diferente. As diferenças são muitas mesmo. 
No pouco tempo que tenho livre tenho tenho tentado divertir-me e conhecer melhor a cidade, estou a gostar bastante.

Fotos: JFernandes, Fernando Nanã Soares, António Lamas

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