12 de julho de 2013

1000º JOGO ENTRE MULHERES PÕE FRENTE E FRENTE AS BLACK FERNS E A INGLATERRA

Quando em 1982, no âmbito das comemorações dos 50 anos da Federação Holandesa de Rugby (NRB), a França foi convidada para defrontar a Holanda num jogo internacional de rugby de XV feminino, dava-se o primeiro passo numa caminhada que atinge o seu jogo número 1000, amanhã, quando as Black Ferns defrontarem a Inglaterra, no Eden Park.

Foram 31 anos para atingir este marco, e este é o momento ideal para olhar para trás e fazer o balanço do que se passou.

É extraordinário comparar o jogo 999 com este de sábado e verificar que, se em Auckland estarão frente a frente as duas melhores equipas do Mundo, que pertencem ao restrito número das oito grandes nações do rugby mundial, naquele outro jogo realizado em Praga, estiveram em campo as jovens equipas femininas da Suiça e da República Checa.

Aliás esta tem sido uma constante através dos tempos, já que, com excepção da França, foi fora daquele círculo restrito que o rugby feminino se desenvolveu.

Quando em 1982 a França recebeu o convite da Holanda, já se disputavam competições femininas entre as francesas há quase duas décadas, mas aquela foi a primeira ocasião para se formar uma seleção nacional - com o óbvio torcer de nariz dos patrões da federação Francesa, que não autorizaram que a equipa apresentasse ao peito o galo símbolo dos gauleses, e nos primeiros anos as demoiselles jogaram apenas com uma camisola branca, ou - imagine-se! - com uma rosa sobre o coração!

O jogo disputou-se no campo da Universidade de Utrecht - que hoje se encontra debaixo de uma autoestrada... - e a França venceu por 4-0, fruto de um único ensaio, mas o jogo foi um sucesso tão grande, que ficou imediatamente combinada a desforra para daí a 12 meses, e durante os seguintes seis anos as duas equipas encontraram-se todos os anos.

Foi preciso esperar até 1984 para que surgisse outra seleção nacional feminina,
e mais uma vez com origem num país fora dos oito grandes, cabendo à Suécia a sua apresentação, a que se seguiu a Itália em 1984 e um XV da Grá-Bretanha em 1986 - somente no ano seguinte o País de Gales e a Inglaterra se viriam a apresentar isoladamente - e para que o ímpeto das senhoras ultrapassasse as fronteiras do continente europeu, foi preciso esperar até 1989 quando Canadá e Estados Unidos se defrontaram pela primeira vez.

O crescimento do rugby feminino, apesar de organizado fora da tutela da IRB, foi imparável, e em 1990, escassos três anos após o primeiro Mundial de rugby masculino, em Gales, teve lugar o primeiro Mundial feminino de rugby.

E foi preciso esperar pelo terceiro Mundial feminino para que a IRB desse a sua benção ao evento e tomasse as rédeas da sua organização.

Depois foram 12 longos anos para se atingir a marca dos 100 jogos, em 1994, e mais quatro para se disputar o 200º encontro, mas hoje disputam-se cerca de 50 jogos internacionais por ano, apesar da concorrência que os Sevens trouxeram após 2009 com a sua introdução nos Jogos Olímpicos.

55 equipas nacionais e três supra-nacionais (World XV, Great Britain XV e Caribbean XV) já disputaram jogos internacionais, e entre elas há oito - Inglaterra, França, Escócia, Gales, Irlanda, Itália, Holanda e Espanha - que já ultrapassaram a marca dos 100 jogos (A Inglaterra vai disputar amanhã o seu jogo nº 199).

Escusado será dizer que as duas equipas que se vão defrontar em Auckland são aquelas que mais sucessos conseguiram reunir, mas estão tão próximas uma da outra (a Inglaterra venceu 86,87% dos seus encontros e a Nova Zelândia 86,72%) que o resultado deste 1000º desafio vai determinar quem ficará com a melhor média, ocupando assim o primeiro lugar de um ranking virtual entre as mulheres.

A diferença para a terceira e quarta classificadas deste ranking - França e Estados Unidos - é enorme mas o mais significativo é que nenhum dos outros oito grandes países conseguiu entrar no Top-10 feminino, com o Cazaquistão, o Japão e a Holanda na quinta, sexta e sétima posições, com 50% de vitórias, e os restantes lugares a serem ocupados pela Rússia, Espanha e Hong Kong.

Portugal disputou um jogo feminino, em 1995 contra a Alemanha, no dia 15 de
Maio, mas os 50-0 com que as germânicas venceram as Lusitanas parece ter desanimado a Federação Portuguesa de Rugby, que desde essa altura não mais meteu ombros a repetir a tarefa.

Por curiosidade, registe que o encontro 998, disputado no início deste mês, colocou frente a frente as equipas femininas do Uganda e do Quénia, e que nas últimas semanas se realizaram jogos internacionais entre oito seleções nacionais de quatro diferentes continentes, sendo neste contexto que se deve olhar para o último e para o próximo jogo entre as mulheres, que envolvem equipas tão distintas como a República Checa e a Suiça, a Inglaterra ou a Nova Zelândia, todas unidas pelo mesmo entusiasmo e ambição.

A propósito de rugby feminino, e no contexto do rugby português, aconselhamos a leitura de um artigo escrito por Pedro Sousa Ribeiro, publicado na sua página do Facebook, em que o vice presidente da FPR faz uma análise pessoal sobre a situação actual em Portugal.

Texto baseado em artigo publicado por John Birch em http://scrumqueens.com
Foto: http://scrumhalfconnection.com/www.allblacks.com

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