26 de julho de 2013

SAMOUQUENSE CRIA BASES PARA O FUTURO DO RUGBY NA REGIÃO

A Associação Desportiva Samouquense surgiu associada ao rugby há dois anos, e logo se lançou na disputa do Campeonato Nacional da 2ª Divisão.

Mas rapidamente mudou o seu foco e hoje tem como principal objectivo o desenvolvimento do rugby nos escalões jovens, para, a partir daí, criar condições para o aparecimento de uma equipa de seniores sustentada em jogadores nascidos e criados nas escolas do clube.

Um projecto a ter em conta quando se fala do rugby na margem sul do Tejo, numa zona em crescimento demográfico com a necessidade de expansão da grande cidade.

Lénia Pinto é a responsável pelo rugby na ADS, e a julgar pela entrevista que nos dá, a modalidade está muito bem entregue nas suas mãos.

Mão de Mestre: Quem é a Lénia Pinto no rugby e fora dele?
Lénia Pinto: Não sou propriamente alguém no rugby, pois nunca joguei e estou nesta aventura há apenas dois anos. 
Todos os dias são dias de aprendizagem para mim, inclusive estou em formação no Grau 2 de treinadores. 
Aceitei este desafio, porque não só me apaixonei pela essência do que representa o rugby mas essencialmente o contacto com as crianças/jovens para mim é fascinante. 
Sou assim, a responsável pela modalidade na ADS. 
Do pouco tempo que me resta fora do rugby, sou Designer Gráfica. Contrariamente ao habitual não sou de desporto e sim de comunicação.

MdM: Onde nasceste e cresceste e como se deu o primeiro contacto com o rugby?
L.P.: Sou nascida e criada na vila de Alcochete, onde o rugby não tem raízes. 
Em tempos um grupo de amigos e familiares tentaram fundar um clube de rugby cá, mas sem sucesso. 
A vontade era muita, mas faltou a experiência e os apoios, camarários essencialmente, uma vez que não existem instalações desportivas no concelho.
Um dos meus irmãos, o Gustavo, que actualmente joga no Sporting, foi quem me trouxe para este projecto do ADS, anteriormente já acompanhava os convívios de rugby juvenil através dos meus irmãos mais novos, Manel e João Maria, que jogam no Belenenses.

L.P.: O que fizeste no rugby na época que terminou, e o que vais fazer na próxima?
L.P.: Na primeira época de actividade (2011/2012) tivemos 50 jogadores seniores e outros 50 nas camadas jovens. 
Com a saída do mentor do projecto e com o fim da equipa sénior, decidimos apenas ter os escalões de formação, dos Sub-8 aos Sub-14, contabilizando 40 jogadores na época de 2012/2013, para crescermos assim de forma sustentada. 
O principal objectivo para a próxima época será entrar em competição com uma equipa de Sub-16 e obviamente manter os restantes escalões, aumentando o número de jogadores, bem como que o número de treinadores e dirigentes.

MdM: Como surge o rugby na ADS e quando?
L.P.: A ADS Rugby surgiu há dois anos, através do Paulo Murinello que veio residir para Alcochete. 
Ele mantinha este sonho de um dia ter um projecto seu, implementar a prática desportiva do rugby na zona e paralelamente promover a integração social. 
Ao fim de um ano, ele abandonou o clube para seguir para outras paragens (Sporting) e como não sou de derrotas, juntamente com alguns pais agarrei no projecto. 
Não podia permitir que algo que tinha acabado de nascer pode-se morrer de forma tão precoce.

MdM: Qual foi a actividade que o clube teve nos escalões de formação (até aos sub-14) e de pré-competição (sub-16 e sub-18) na época 2012-13?
L.P.: Nos escalões de formação estivemos sempre em crescendo, surgindo até aos últimos dias de treino novos jogadores. 
Participamos em todos os convívios juvenis, de Évora a Cascais passando pelas Caldas e Lisboa.

MdM: Quem foram os seus treinadores?
L.P.: Antes de responder gostaria de agradecer publicamente a todos os treinadores da ADS, não somos remunerados e a minha gratidão é total para com eles, pois mostraram uma grande solidariedade para com o clube.
Sub-8 e Sub-10 - Lénia Pinto e Miguel Garcia
Sub-12 e Sub-14 - Rui Matias e Octávio Alvarez


MdM: Que ações estão previstas para alargar o recrutamento nas camadas jovens? Existe alguma parceria com escolas/estabelecimentos de ensino da região?
L.P.:Na passada época através da FAPEECA (Federação das Associações de Pais e Encarregados de Educação do Concelho de Alcochete) realizamos acções de divulgação do rugby junto das escolas do 1º ciclo do concelho, abrangendo 650 alunos das seis escolas. 
Foi uma parceria com o apoio da ARS, onde munimos as escolas de algum material. 
Realizámos ainda um convívio juvenil, em conjunto com a Câmara Municipal de Alcochete, em que participaram todas as escolas de 1º ciclo. 
Também participámos num evento no Montijo, organizado pela Câmara Municipal e pela Escola Profissional do Montijo através das AECS. 
Temos ainda uma parceria com o Colégio das Descobertas no Montijo, através do nosso ex treinador, Ivo Quendera.
O nosso objectivo futuro será manter estas sinergias e partir para as escolas do 2º ciclo, bem como alargar o nosso raio de acção no concelho do Montijo. 
Para isso temos prevista uma campanha de comunicação que envolverá outdoors, outros materiais publicitários e vários open days. 
Sempre trabalhando em conjunto com outras associações promovendo a troca de esforços.

MdM: Onde decorrem os treinos e os jogos das camadas jovens?
L.P.; Treinamos no Complexo Desportivo do Samouco (Alcochete), único campo pertencente à autarquia e que tem a particularidade de ser pelado. 
Sabemos que é um enorme contra junto dos encarregados de educação, ao que tentamos tornar este ponto fraco em forte. 
Pois quando se treina em condições adversas dá-se mais valor aos aspectos essenciais e permite-nos trabalhar a essência do jogador de rugby: a combatividade, a coragem, a superação, a dedicação e o sacrifício. 
Tal como o nosso totem, o Stalion.
Quando necessitamos de jogar temos de alugar campo, como a maioria dos clubes. 
Como foi o caso do nosso primeiro convívio juvenil, graças ao apoio da MONDO, alugamos a Academia do Sporting para a sua realização.

MdM: No escalão senior, o clube participou no campeonato Nacional da 2ª Divisão em 2011-12, mas suspendeu essa participação no ano passado. O que se passou? Quando pensam voltar a ter equipa senior e a participar nas competições oficiais?
L.P.: Como disse anteriormente, o mentor do projecto avançou para algo mais aliciante, na sua perspectiva, e com ele levou alguns jogadores importantes, cerca de 11. 
Era uma equipa jovem em que a sua maioria nunca tinha tido contacto com o rugby que ao ficarem sem os jogadores mais influentes decidiram não continuar a jogar. 
Na nossa perspectiva essa é ainda uma meta a médio/longo prazo, pois julgamos que a nossa estrutura deverá estar primeiro bem cimentada nos escalões de formação, posteriormente nos escalões de pré competição e só mais tarde seniores. 
Não pretendemos dar um passo maior que a perna, sem antes haver um clube organizado e com gente para ajudar, especialmente nesse escalão que necessita de um acompanhamento diferente.

MdM: Como é financiada a actividade desportiva do clube? Qual o papel da autarquia neste aspecto?
L.P.: O rugby subsiste das mensalidades pagas pelos jogadores. 
Sendo que a autarquia tem um papel nulo junto de nós, em todos os aspectos: financeiro e logístico. 
E infelizmente não existe qualquer tipo de abertura para apoiar o projecto. 
Recebemos ainda, de forma pontual, algum apoio do clube, já que funcionamos como secção e de forma autónoma.

MdM: Qual o papel das empresas da região?
L.P.: Alcochete não é propriamente um centro empresarial ou industrial, o
que nos dificulta na procura de patrocínios. Juntando a grave crise que o país atravessa, o cenário piora. 
O que nos faz procurar um patrocínio a nível logístico e não monetário. A MONDO Portugal, tem sido um parceiro chave nesse aspecto, tal como o El Corte Inglês, que esteve presente com esse tipo de apoio no nosso convívio, ambas sediadas no concelho. 
Outros pequenos empresários também nos ajudaram nestes últimos dois anos como a A.H.F. e o Alcach Bar. 
Exemplo de tudo isto é a nossa máquina de formação ordenada, oferecida por um serralheiro de Alcochete.

MdM: Para a época 2013-14 quais os principais objectivos desportivos nos escalões de formação?
L.P.: O nosso objectivo é claro, aumentar o número de jogadores e estar presente em todos os convívios em que seremos convidados. 
Não esquecendo a equipa de Sub-14, que deverá estar presente em sevens ou em 13.

MdM: E nos escalões dos sub-16 e sub-18?
L.P.: Esse vai ser o nosso grande desafio, vamos regressar com o escalão de Sub-16, que tinha sido desactivado juntamente com os seniores na época passada.

MdM: Quem vão ser os treinadores do clube para a próxima época?
L.P.: Nestes últimos dois anos formamos quatro treinadores, esperando este ano formar mais alguns. 
Assim esta será a nossa equipa:
Sub-8 - Hugo Lopes
Sub-10 - Lénia Pinto
Sub-12 e Sub-14 - Rui Matias
Sub-16 - Octávio Alvarez e Lino Guerreiro


MdM: Quem quiser jogar rugby na ADS o que deve fazer?
L.P.: Basta aparecer num dos nossos treinos e levar consigo muita vontade para jogar rugby.
Os nossos treinos irão recomeçar a 10 de Setembro, serão às terças e quintas-feiras das 19h às 20h30, no Campo do Samouco. 
Ou então contactar-nos através de uma destas formas: e-mail geralrugby.ads@gmail.com, facebook.com/ADS.RUGBY, ou telemóvel 919675514.

MdM: Queres deixar alguma mensagem para outros clubes do nível do vosso?
L.P.: Sim, gostaria de deixar uma palavra a todos os projectos semelhantes que enfrentam as mesmas dificuldades que nós.
Nos dias de menor alento, lembrem-se, todos começaram assim, pequenos. 
E a maior gratificação que teremos será um dia, aqueles que hoje treinam em situações adversas, perceberem o quanto foram importantes para o desenvolvimento do projecto.

3 comentários:

Anónimo disse...

Forca Samouco! Em 2 anos na divisão de honra!

Olafreskinho disse...

Dispensamos comentários sarcásticos, porque só assim o entendo quando refiro que não é essa a nossa intenção. Formar homens acima de tudo, formar jogadores será apenas um bónus. Ao contrário de alguns.

Rui disse...

Sr. Anónimo, se fosse cuidar do seu circo de palhaços seria melhor.