14 de abril de 2013

QUANDO OS MELHORES SE SUPERIORIZAM, NADA HÁ A LAMENTAR *

RUGBY EM PORTUGAL
As muito acentuadas diferenças registadas nos quatro encontros deste fim-de-semana nos play-offs da DH, tal como o algodão, não enganam nem deixam margem para dúvidas. 

A justiça prevaleceu e todas as equipas estão onde merecem estar e os desfechos refletem o que se passou, não só nos 80 minutos de cada jogo, mas também ao longo da temporada. 

Agronomia e Direito seguem (bem) para as meias-finais, Técnico e Cascais entraram (justamente) de férias e o CRAV-Benfica vai mesmo juntar, num jogo carregado de emoção e dramatismo, as duas equipas mais fracas que vão discutir entre si a permanência.

AGRONOMIA 37-13 CDUP
Em dia de grande festa de rugby na Tapada – só foi pena que muitos miúdos (e  paizinhos…) atravessassem calmamente o terreno encostados à linha lateral e alguns mesmo entrassem no relvado enquanto o jogo decorria, pondo a sua integridade em perigo… – Agronomia demonstrou a sua maior experiência – para lá do 'pequeno pormenor' da visível superior compleição física da sua avançada, que tantos estragos fez ao longo da partida –, e com nova exibição pragmática e eficaz, cedo cavou distâncias perante uma equipa do CDUP entusiástica e com grande margem de crescimento, mas tão verdinha como o equipamento que envergava.
E nas duas primeiras vezes que os agrónomos foram à área adversária, saíram de lá com pontos. Primeiro numa penalidade de Duarte Cardoso Pinto e depois (8') num ensaio do ponta Diogo Coelho, a concluir lance iniciado num imparável 'comboio' conduzido pela avançada da casa que fez em picadinho o pack do CDUP.
Os jovens portuenses tiveram sempre grande dificuldade em ultrapassar a linha de vantagem nas pouquíssimas bolas que tiveram à sua mercê. E, pressionados, parece-nos terem, em duas ocasiões, optado mal em preferir chutar para a touche pontapés que um chutador como Rodrigo Figueiredo, poderia ter convertido e aproximando as equipas em termos de resultado.   
O CDUP ainda reduziria por Gonçalo Marques, na perseguição de um seu
pontapé a seguir (10-5), mas foi sol de pouca dura, pois os agrónomos voltaram a tomar contra das operações. Pontapé de Cardoso Pinto e um ensaio, em cima do intervalo, de Manuel Murteira, na sequência de novo 'comboio' semi-rápido após touche e de um passe delicioso de Cardoso Pinto, todo no ar – e quando o CDUP jogava com 14 por exclusão de Martim Ávila –, colocavam o resultado em 20-5 ao intervalo.
No 2.º tempo Agronomia continuou sempre por cima do jogo, com a avançada sempre dominadora, arrasando a oposição e aplanando terreno para os três-quartos brilharem ao sol. E mais três ensaios por homens das linhas atrasadas (de novo pelo ultra-rápido Murteira e ainda pelos entrados Bernardo Campelo e Manuel Dentinho), materializaram a evidente supremacia do quinze da Tapada, que nem o ensaio tardio de Martim Ávila atenuaria, para um resultado final gordo, de 37-13.

DIREITO 44-8 ACADÉMICA
Sem borbulhas a vitória de Direito … e com sabor a vingançazinha servida quente, sob uma temperatura primaveril e logo uma semana depois da surpresa do passado sábado, quando os advogados, depois de estarem a vencer por 26-3 ao intervalo se deixaram ultrapassar (38-33) por uma Académica revigorada na 2.ª parte pelos muitos brindes recebidos. Desta feita a diferença entre as duas equipas foi evidente e nem o mais fanático adepto dos ‘pretos’ poderá contestar a justiça do triunfo de Direito que não deixou lugar a quaisquer dúvidas: a melhor equipa segue para meias-finais e a derrotada terá que se contentar com o jogo de atribuição do 5.º e 6.º lugares, dentro de duas semanas, contra o CDUP.
Desde o início se notou a determinação de Direito em mandar na partida e terminar de vez com a série de três desaires caseiros sucessivos frente aos homens de Coimbra. Com uma avançada mais impetuosa a ganhar a batalha no solo e a conquistar terreno, o n.º 9 Pedro Leal (autor de 22 pontos fruto de quatro conversões, três penalidades e um ensaio) a dinamizar o jogo coletivo, criando sempre grandes dificuldades à defesa coimbrã que nunca adivinhava o que iria sair daquele ‘pequenino frasco de veneno’ (chutava a preceito ganhando metros e metros? furava? pedia apoio da 3.ª linha? abria a bola? oh, que dor de cabeça…) e um Adérito Esteves endiabrado e para o qual os adversários nunca encontraram conveniente antídoto (três ou quatro à sua volta e ninguém lhe sacava a oval das mãos) –, a equipa da casa ao intervalo já vencia por 23-3, através de dois ensaios convertidos (Luís Sousa e Leal, este no derradeiro lance da 1.ª parte) e três penalidades.
O único contratempo para a equipa da casa – e que pode trazer péssimas consequências para o que resta da época – surgiria aos 26’ quando uma placagem tardia, que originou a terceira penalidade de Leal, sobre o infatigável n.º 8 Vasco Fragoso Mendes o obrigou a abandonar, muito queixoso do ombro.
Mas os fantasmas que ainda poderiam existir, tendo na memória a reviravolta registada no 2.º tempo do último sábado, depressa se desvaneceriam quando logo aos 47’, António Aguilar perfurou como quis a defesa contrária, alargando a diferença para inalcançáveis 30-3.
As exclusões temporárias do 2.º centro Miguel Portela (que aos 39 anos ainda aguentou, e sem mácula, uma hora de jogo!) e do 2.ª linha João Travassos, deixando momentaneamente a Académica a jogar contra 13, permitiram finalmente soltar o ponta Eduardo Salgado para o único ensaio dos ‘pretos’ (30-8).
E isso faz-nos voltar ao minuto 40 do 1.º tempo, para destacar o fenomenal lance do ponta do outro lado, Sérgio Franco, cuja incrível capacidade de explosão, única no rugby nacional – não por acaso é um dos três melhores marcadores de ensaios da DH, com 15 – o fez passar num 'débordement' de velocidade supersónica por dois defesas adversários e só a eficaz cobertura de um terceiro evitou aquele que seria um ensaio sensacional. Pena foi que a bola não lhe chegasse às mãos mais vezes. Os amantes do rugby agradeceriam.    
Mas o estouro físico do quinze de Coimbra já era por demais evidente e dois ensaios tardios, num excesso de velocidade que já ninguém dos visitantes poderia acompanhar, de novo por Aguilar e ainda Luís Salema, selariam os finais 44-8.

TÉCNICO 64-5 BENFICA
Nas Olaias, num jogo à prova de bala – a FPR obrigou a equipa da casa a ter polícia para garantir a segurança dos jogadores encarnados, na sequência dos incidentes ali ocorridos há três semanas –, o Técnico venceu o Benfica, por 64-5, entrando de imediato de férias e enviando a equipa de José Mendes Silva para a dramática partida da manutenção.
Perante 13 polícias – eram quase mais que o número de espetadores nas bancadas! – que devem ter passado a tarde mais pacata das suas carreiras (e se calhar não ficaram muito fãs da modalidade…), os visitantes até chegaram a estar na frente, quando aos 9', os dois mais veteranos jogadores encarnados combinarem na perfeição, com uma bela solicitação ao pé de Filipe Grenho a encontrar o n.º 8 Bruno Teodoro, para os 5-3. Mas o maior arcaboiço, poder físico e categoria dos engenheiros, em especial do excelente abertura Kane Hancy, um autêntico diabo à solta, acabaria por ditar lei aos 18' quando o defesa Duarte Marques – irrepreensível com os pés, só falhou uma das 10 tentativas aos postes e foi autor de 24 pontos – arrancou para o primeiro ensaio do quinze da casa.
E no espaço de 12 minutos, perante uma defesa de papel, o Técnico construiria o resultado, precavendo-se de surpresas com quatro ensaios de rajada (bis de Kane Hancy e do centro Gonçalo Faustino), em lances demasiado facilitados, para 36-5 ao intervalo.
A 2.ª parte continuou em sentido único e os engenheiros conseguiriam outros quatro ensaios, para um total de nove, exatamente a média de ensaios consentidos pelo Benfica nesta época, que já vai em 166 nos 19 jogos realizados.

CASCAIS 30-0 CRAV 
Na Guia o Cascais entrou de rompante, cedo arrumou a questão sem deixar os minhotos fazerem o seu jogo e ao intervalo já tinha no bolso a vitória – e também o bilhete para férias -, com três ensaios (Rodrigo Ribeiro, João Pedro Cabaço e João Bernardo Afonso) e claros 25-0. O 2.º tempo foi mais equilibrado, mas o triunfo nunca esteve em perigo e o quarto ensaio (pelo 3.ª linha e melhor marcador da equipa, Francisco Sousa, o seu sétimo na prova) ditaria o resultado final de 30-0, atestando a diferença entre os dois quinzes. Para os homens da Linha a época (sendo novos primodivisionários, até foi positiva...) acabou, enquanto o CRAV ainda tem que disputar mais um jogo, daqui a duas semanas, nuns sofridos 80 minutos com o Benfica para ver quem se mantém entre os grandes.


No próximo fim-de-semana disputam-se as duas meias-finais: CDUL-Agronomia (EUL, sábado, 15.00), repetição da final do campeonato passado (e já agora, das finais da Supertaça e ainda da Taça de Portugal deste ano...) e Belenenses-Direito (Restelo, domingo, 15.30), que darão a conhecer os adversários da grande final de dia 27.         

Na luta pela manutenção, Benfica (derrotado nas Olaias, por 64-5) e CR Arcos de Valdevez (perdeu na Guia, com o Cascais, por 30-0) vão disputar, merecidamente, o jogo da salvação.

Veja o quadro:


*Texto: António Henriques

1 comentário:

Anónimo disse...

haverá algum post acerca do campeonato de sub21? este está-se a revelar interessante e ja na proxima semana haverão duas meias finais muito escaldantes!