14 de janeiro de 2016

O RUGBY NACIONAL FICA MAIS POBRE

Desapareceu um dos nomes grandes do rugby nacional, fundador e antigo presidente do Grupo Desportivo de Direito, um dos responsáveis pela transformação do clube numa das principais referências da modalidade em Portugal.

Fernando Rui Mascarenhas Apolonia Pinto Fernandes tinha fortes convicções políticas, mas nunca deixou que elas afectassem as suas decisões, nem permitiu, no âmbito dos cargos que desempenhou no rugby português, que outros o fizessem.

Jogador de grande dureza - de que resultaram, entre outras, uma perna partida e uma orelha reduzida... - Rui Fernandes conduziu o Grupo Desportivo de Direito de forma muito equilibrada, soube aglutinar pessoas de diferentes correntes políticas, e lançar as bases para o desenvolvimento do clube.

Também na presidência da Assembleia Geral da FPR - na altura chamava-se Congresso - Pinto Fernandes teve sempre uma actuação ponderada e de cujo equilíbrio resultou uma vida tranquila no rugby nacional nos anos em que esteve à frente do seu orgão máximo, após 1974.
Tive o privilégio de manter com ele uma amizade que se prolongou por mais de 45 anos, pincelada por tantas histórias que fazem parte do imaginário do GDD - umas que podem ser contadas, outras nem tanto - todas resultado de uma vivência de mútuo respeito e consideração, em especial da minha parte, que era ainda um garoto quando Rui Fernandes tomou as rédeas do clube.

Foi com ele que o GDD teve a sua primeira sede, na Rua do Salitre, foi com ele que os escalões mais
novos receberam um impulso decisivo, foi com ele que se deram os primeiros passos para o clube ter um campo próprio.

Foi com ele que o GDD fez as suas primeiras digressões, a França e a Inglaterra.

E foi com ele como presidente que o GDD venceu o seu primeiro troféu nacional de seniores - a Taça de Portugal de 1976.

Discutimos todos os problemas do rugby do Direito no seu escritório da Rosa Araújo, transportámos equipas e equipamentos na sua carrinha Volvo - e até nessa carrinha fui buscar uma feijoada que tínhamos mandado fazer no Barreiro para uma festa qualquer! - passámos noites a imaginar o futuro do rugby regando nossos pensamentos com um entusiasmo que era uma das suas facetas mais destacadas...

Rui Fernandes era o último dos fundadores do GDD ainda vivo, e representava quase sozinho toda uma geração onde recordo nomes como Américo Caetano Nunes, Manuel Figueiredo, António Carqueijeiro, Dias da Cunha, José Silva e Sousa, Élio Simonetti, José Maria e Miguel Caetano, António Preto, entre um sem número de outros pioneiros.

Visitei o Rui Fernandes numa das minhas últimas idas a Lisboa, e ficou a certeza de uma amizade que nem o tempo, nem as distâncias fizeram desaparecer.

Até já Rui. Um dia destes vou ter contigo para bebermos uns gin tónicos. Os teus sem limão, claro!

A missa de sétimo dia terá lugar no próximo dia 19 (terça feira) às 18.30 h na Igreja Paroquial de S. Mamede.

À família enlutada, em especial a sua esposa, seus filhos e netos, deixo aqui a manifestação do meu pesar.

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