22 de fevereiro de 2015

TÉCNICO DE SERVIÇOS MÍNIMOS PASSA NO RESTELO *

* António Henriques
A 16.ª jornada da DH não trouxe surpresas nem alterações no topo da tabela já que, para lá das folgas do líder CDUL e do 3.º classificado Cascais, registaram-se triunfos dilatados dos outros três melhores classificados: Direito, Técnico e Agronomia.

A jornada foi ainda marcada pela subida do CDUP ao 6.º lugar fruto da sua vitória em Montemor, com os portuenses a disporem agora de mais quatro pontos que a Académica e seis que o Belenenses numa luta a três sobre a derradeira posição que vai discutir o título na fase seguinte.

ACADÉMICA 13-41* DIREITO (1-7)
No muito ventoso Sérgio Conceição assistiu-se a uma partida feia e confusa, sem motivos para qualquer aplauso, disputada em ritmo de slow dos anos 70, com os jogadores sempre muito parados e em que cada lance no ‘breakdown’ demorava eternidades para a oval sair de anárquicos aglomerados.
Sem os seus cinco internacionais dos sevens nem o capitão Vasco Uva, um muito ‘verdinho’ Direito
Foto: Nanã Soares
marcou logo de início (António Ferrador), mas depressa os advogados alinharam no ritmo lento imposto pelos pretos – que continuam com enormes dificuldades para montar um quinze credível e agora até perderam o seu melhor marcador, Manuel Pinto dos Santos (50 pontos), por motivos profissionais – onde regressou o n.º 9 Manuel Queirós vindo do programa Erasmus e que aos 35’ e 40’ reduzia, com duas penalidades, para 7-6 ao intervalo.
A 2.ª parte começou com as mesmas características, mas aos 53’ um contra-ataque iniciado num ‘turn-over’ libertou, à ponta, a enguia elétrica João Vaz Antunes que não se fez rogado e faria o primeiro dos seus dois ensaio do jogo (6-12).
A Académica demonstrava pouca calma e experiência para capitalizar jogadas de ensaio construídas na área contrária, mas aos 62’ o pequeno Queirós furou um alinhamento a 15 metros da linha de ensaio (os desconcentrados avançados de Direito estavam a pensar mais precisamente em quê?) e só parou no toque de meta que virava o resultado (13-12).
Mas o mexido Queirós sairia logo a seguir e quando aos 68’ Manuel Vilela (um dos nossos heróicos Lobos em Tblissi há 8 dias) ludibriou e perfurou a defesa dos pretos de alto a baixo, fazendo o 3.º ensaio para a equipa de Monsanto (e aleijar-se-ia na queda, sendo obrigado a sair), a Académica caiu na vertical dando um estrondo ainda mais alto que o som da velha ‘cabra’ da universidade coimbrã.
E perante a notória quebra anímica e física dos homens da casa, Direito não foi de modas, acelerou um pouco mais… e no curto espaço de 12’ faria de rajada mais 4 ensaios (!), por intermédio de Vaz Antunes (atingiu os 11 na prova, sendo o 2.º melhor marcador), Ferrador, Sebastião Dias e João Travassos, para um resultado gordo e algo enganador para o que se passou ao longo dos 80’ mas que marca bem a distância que actualmente separa as duas equipas.
AGRONOMIA *43-3 CRAV (7-0)
Mesmo sem quatro peças importantes no seu xadrez – os primeiras-linhas Francisco Domingues, Marthinus Hoffman e José Leal da Costa e ainda o rápido Manuel Murteira – o jovem quinze da Tapada não teve quaisquer problemas para levar de vencida a equipa que viajou desde Arcos de Valdevez com apenas 17 jogadores no boletim de jogo (!). Com 3 ensaios até ao intervalo (19-0), os agrónomos cedo chegaram ao ponto de bónus na 2.ª parte, conseguindo um total de 7 ensaios, um deles de autoria do asa internacional António Duarte, a melhor forma de assinalar o seu 200.º jogo por Agronomia.
RC MONTEMOR 16-25 CDUP (2-4)
Numa partida mal jogada e prejudicada pelo muito vento que se fazia sentir, a única coisa boa que aconteceu ao CDUP nesta deslocação ao Alentejo foi mesmo o triunfo sem direito a bónus, já que a exibição produzida não foi de molde a deixar felizes os seus responsáveis. Perante uma equipa galvanizada pelo apoio do público e que abriu o marcador logo aos 2’ de jogo (5-0), os portuenses tiveram grandes dificuldades para materializar a sua maior qualidade, atá porque estiveram mal nos alinhamentos e viveram uma tarde muito complicada nas mêlées.
Num jogo recheado de volte-faces, o CDUP passou aos 4’ para a frente num ensaio de Vasco Baptista (5-7), voltaria a conceder nova vantagem para o RC Montemor (10-7), mas ensaios de Vasco Marques e Carlos Sottomayor levariam as equipas para os balneários com 20-16 favoráveis aos visitantes.
A 2.ª parte foi ainda pior jogada e igualmente mal dirigida por um árbitro espanhol – essa de proibir os treinadores das duas equipas de estarem sentados nos bancos de suplentes e depois de grande insistência lá ter autorizado a sua presença mas logo avisando que ao mínimo protesto, ou até um simples levantar do banco, daria origem a cartão vermelho, não lembra ao diabo… – com as duas equipas a não conseguirem criar perigo ou sequer marcar pontos até ao derradeiro lance do encontro quando um ensaio de José Maria Silva para os portuenses (que tiveram dois jogadores excluídos por amarelos no 2.º período) retirou aquele que seria o justo ponto de bónus defensivo à brava equipa da casa.

BELENENSES 6-25* TÉCNICO (0-4)
A fechar a ronda no Restelo, um Técnico em serviços mínimos derrotou um muito frágil Belenenses, mas só aos 71’ conseguiu o seu principal objetivo: levar os 5 pontos para as Olaias. Os azuis apresentaram-se ainda mais fragilizados do que vem sendo habitual – faltaram o 3.º melhor marcador da DH, Manuel Costa (arreliadora e impeditiva gastroenterite), o capitão Diogo Miranda (lesionado nos sevens) e ainda Sebastião Cunha, que tão bem tinha estado na último jogo – obrigando dois dos três treinadores da equipa, João Uva e Raul Maximiano, a alinharem ao lado dos seus comandados.
Foto: Filipe Monte Fotografia
Os engenheiros, que têm também no abertura neozelandês Kane Hancy o seu treinador-jogador, entraram a mandar no jogo, acamparam no meio-campo contrário e só dali sairiam, perto dos 21’ e quando já venciam por 15-0. Logo aos 7’, amarelo ao centro internacional azul Duarte Moreira mostrado por Paulo Duarte (não percebemos a razão…) e da falta, Duarte Marques inaugurava o marcador (0-3). Aos 12’ uma bela arrancada do ponta António Marques seria por ele desperdiçada, num lance de 2-para-1 já na área de 22 adversária, num disparatado passe para o seu irmão Duarte quando já se comemorava o ensaio visitante. Que não demoraria a chegar, pois 3’ depois nova cavalgada de António Marques seria desta vez bem concluída debaixo dos postes pelo asa Sam Henwood, esperto a ler a movimentação do seu n.º 14 (0-10).
Sem abrandar o ritmo, os engenheiros abafavam uma equipa azul sem reação e pouco depois fariam o segundo ensaio pelo formação André Aquino.
Mas tanta facilidade inicial – então as mêlées foram sempre uma tortura para os azuis! – acabaria por redundar numa série de desacertos, desconcentrações e facilitismos por parte da equipa das Olaias, apesar do esforço do seu n.º 10 e ‘playmaker’ Hancy, um eficaz brinca-na-areia que respira rugby por todos os poros mas que nem sempre é compreendido pelos companheiros, e da ação do n.º 7 Sam Henwood, outro kiwi que sabe ocupar todos os terrenos de jogo, quer nas fases atacantes quer defensivamente.
E assim o Belenenses passou a respirar melhor e perto do intervalo esteve por largos períodos em cima da área de ensaio contrária (o pilar Bruno Rocha até viu amarelo por falta a impedir ensaio), mas pese embora o esforço do excelente e poderoso n.º 8 Tomás Sequeira, o jogo foi para o descanso com 15-0 para os visitantes.
Na 2.ª parte a partida foi mais equilibrada, com os azuis a reagirem (tenuemente…) e os engenheiros sem mostrarem pressa para conseguirem os dois ensaios que lhe faltavam para o bónus. Mas depois de Pedro Rocha e Melo ter feito o 3-15, o Técnico com um homem a mais por amarelo a João Uva, lá acelerou um pouquinho o jogo e em 9’ alcançaria finalmente os seus propósitos, com novo ensaio de Sam Henwood (líder dos marcadores da DH, agora com 12 ensaios) após arrasadora mêlée a 5 metros e depois num belo contra-ataque de Duarte Marques, concluindo uma exibição apenas q.b. e que, apesar de tudo, aproxima a equipa do 3.º lugar ainda pertença do Cascais com 5 pontos de vantagem.

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