2 de fevereiro de 2015

DOIS PRIMEIROS GANHAM DE AFLITOS E BELÉM, EUREKA!, VENCE EM CASA *

*António Henriques
A 15.ª jornada da DH, que antecede duas semanas de paragem devido à presença da seleção nacional na Taça Europeia das Nações, não trouxe alterações no topo da tabela já que os quatro primeiros registaram triunfos. Mas nunca, como neste sábado, os dois primeiros tinham tido tanta dificuldade para vencer, já que ambos somaram apenas mais 5 pontos que os adversários.

A jornada que viu o resultado mais desnivelado da temporada – conseguido pelo Técnico diante do RC Montemor (91-0), engenheiros que já detinham o melhor registo (98-16 ao CRAV), sendo a única equipa que conseguiu obter 15 ou mais ensaios num jogo nesta edição, e logo por duas vezes! – foi ainda marcada pelo primeiro triunfo caseiro do Belenenses, que lhe permitiu ascender ao 8.º lugar. E está agora a apenas 2 pontos de distância de Académica e CDUP, naquela que parece ir ser uma luta a três pelo acesso ao play-off.

DIREITO 15-12 AGRONOMIA (2-2)
O clássico de Monsanto foi emotivo e discutido mesmo até ao fim, mas na maior parte do tempo foi mal jogado, em especial pelo deplorável jogo ao pé dos chutadores das duas equipas, que nunca mostraram saber como controlar as operações quando se tem um forte vento pelas costas com era o caso. Direito – que alinhou sem os seus 5 internacionais na seleção de sevens – entrou melhor, a favor do forte vento, e aos 10‘ já vencia por 10-0, com uma penalidade de João Silva e um ensaio do rápido João Vaz Antunes a concluir o único lance à mão com princípio-meio-e-fim conduzido pelos advogados nos primeiros 40 minutos.
Contudo, através do seu claro predomínio na batalha de avançados, a partir daí Agronomia tomou conta por completo das operações, empurrando o jogo decisivamente para o meio-campo contrário. Mas todo esse domínio apenas resultaria num único ensaio, aos 25’, de autoria do talonador Marthinus Hoffman à saída de um maul (10-5).
E a equipa da Tapada bem se pode queixar dela própria de não ter ido para os balneários na frente, pois o abertura Jack Harris desperdiçou 8 pontos (2 fáceis penalidades e a conversão do ensaio) e o defesa Neil Manley estragou, com péssima opção (pedia-se chutar raso e não o disparatado pontapé alto que lhe saiu…) um contra-ataque de 2-para-1 aos 32’.
No 2.º tempo a equipa visitante voltou a ocupar maioritariamente terrenos mais próximos da área adversária, mas o seu médio de abertura Harris mostrou não ter experiência, categoria, engenho nem arte para controlar e mandar no jogo – ai que saudades de Duarte Cardoso Pinto, com ele na equipa a vitória estava no papo! –, e isso seria fatídico para os agrónomos, que insistiam sem grande benefício no jogo fechado pelo pack, nunca conseguindo meter verdadeiramente em jogo as suas boas linhas atrasadas.
E aos 58’ num rápido contra-ataque do ’pepe-rápido’ Vaz Antunes surgiria mesmo – e contra a corrente de jogo, como soe dizer-se, o que quer que isso seja ou valha – o 2.º ensaio de Direito, marcado por João Morais Leitão, lesto a surgir no apoio (15-5). Agronomia voltou então a empurrar o quinze adversário para a sua área, Hoffmann faria aos 63’ e de novo em maul, o seu segundo ensaio da tarde, mas logo a seguir veria um amarelo por placagem alta penalizando a sua equipa por 10’.
Agronomia voltou a carregar e até esteve perto de conseguir a reviravolta em cima dos 80’. Mas as duras placagens, bem como as impetuosas arrancadas de Luís Portela (bela jogatana!) e de Vasco Uva iam aliviando a pressão, alimentando a alma e injetando moral aos advogados, que defendendo com muita garra, por vezes mesmo em cima da sua linha de ensaio, conservaram a vantagem, sorrindo no final com o mais suado triunfo da temporada.

BELENENSES 48-22 CRAV (7-3)
E finalmente, à sexta tentativa, o Belenenses alcançou o seu primeiro triunfo da época em casa, surpreendentemente robusto diante de um CRAV a quem tinha vencido na 1.ª volta com muito maior dificuldade (14-3). Com esta vitória a equipa do Restelo ultrapassou a equipa de Arcos de Valdevez na 8.ª posição e colocou-se a curtos 2 pontos dos lugares de acesso ao play-off do título. A luta com Académica e CDUP promete!
Os azuis, onde pela 1.ª vez na temporada alinhou o 3.ª linha internacional Sebastião Cunha – que, em forma já apreciável, assinalou o seu regresso à competição com um ensaio – garantiram o triunfo logo na 1.ª parte atingindo o intervalo na frente por 36-10. Entrando autoritários e a mandar no jogo, subjugaram de imediato os minhotos graças ao labor e domínio exercido pela avançada, onde o trio da 3.ª linha formado por Sebastião, o treinador-jogador João Uva (autor de um ensaio e que na 2.ª parte passaria para três-quartos centro, ao lado de Duarte Moreira ) e Tomás Sequeira (também marcou por uma vez e continua a impressionar quem o vê jogar, permitindo-nos questionar se a equipa técnica nacional anda distraída…) fez a despesa do jogo, perante um conjunto de jogadores que, levantando-se às 6 da manhã para uma longa viagem, se mostraram fatigados e muito pouco frescos.
Com o levantar de pé dos azuis e uma boa reação forasteira – estes ‘jaunards’ de Arcos de Valdevez sabem jogar râguebi, podem estar certos e o seu centro argentino Juan Pablo Joya é, tal como o nome, precioso, como se viu num ensaio obtido de 70 metros… – a 2.ª parte já foi muito mais equilibrada (12-12 nos últimos 40’), mas a equipa da casa manteve sempre o adversário a distância confortável, conseguindo valioso ponto de bónus atacante.
Destaque ainda para os 28 pontos conseguidos pelo defesa Manuel Costa (3 ensaios, 5 conversões uma penalidade), que o catapultam para o 3.º lugar entre os melhores marcadores da DH.

ACADÉMICA 15-45 CASCAIS (2-6)
O Cascais foi ao Sérgio Conceição mostrar de forma concludente que tem uma equipa sólida e confiante , que já não treme quaisquer que sejam as circunstâncias e possuidora do ‘killer instinct’ que define os quinzes adultos. Apesar de jogar com o vento pelas costas, a jovem e muito debilitada por ausências equipa de Coimbra fez 2 ensaios (Francisco Pinto e António Salgueiro) e ainda equilibrou até ao intervalo, quando perdia por apenas 2 pontos (15-17) perante visitantes demasiado ansiosos, com pouco tino e sem saberem qual a melhor forma de jogar a favor da ventania.
João Bettencourt deve ter dado uns bons gritos no balneário, pois a sua equipa regressou transfigurada para a 2.ª parte, onde a equipa da Linha justificou por inteiro o 3.º lugar que ocupa. Toda a equipa teve mais cabeça, conseguindo por fim controlar o jogo e com o superior poder físico dos seus jogadores que, agora sim, eram muito mais rápidos a cair sobre a bola, desataram a construir sequências com muitas fases desbaratando a defesa dos pretos e conseguindo alcançar outros 4 ensaios todos convertidos para um resultado parcial de 28-0 nos derradeiros 40 minutos. Destaque especial para o 3.ª linha Salvador Vassalo que, só à sua conta, fez metade dos seis ensaios do Cascais.

TÉCNICO 91-0 RC MONTEMOR (15-0)
O Técnico conseguiu o resultado mais desnivelado da época ao arrasar com 15 ensaios um RC Montemor que surgiu nas Olaias já como que derrotado à partida. Os engenheiros, que ao intervalo venciam por 52-0, atuaram em jeito de jogo-treino na maior parte dos 80’, e para sorte dos alentejanos, os seus três neozelandeses, depois dos estragos todos que fizeram, saíram muito cedo do jogo, o que impediu que o resultado atingisse os três dígitos.
Menção para os ‘hat-tricks’ obtidos pelo centro António Marques e pelo ponta André Arrojado e os bis de Jonathan Kawau e Sam Henwood. Este, mesmo só tendo chegado a Portugal em finais de outubro, isolou-se na liderança dos marcadores de ensaios da DH (10), numa época em que a equipa das Olaias, mesmo sendo 4.ª classificada, tem o melhor ataque da prova e igualmente também o melhor marcador: Duarte Marques, que com as 8 conversões de sábado, soma agora 183 pontos – mais 60 (!) que o 2.º colocado, Rodrigo Ribeiro (Cascais).

CDUP 13-15 CDUL * (1-2)
A concluir a ronda o CDUL foi a Leça da Palmeira bater o CDUP com grandes dificuldades e até com laivos de injustiça face à boa exibição dos portuenses, que se apresentaram em campo apenas com 18 jogadores no boletim de jogo. Tudo isto numa partida disputada sob condições muito difíceis, que inclusivamente obrigaram o árbitro, na 1.ª parte, a interromper a partida por algum tempo devido ao forte granizo que caía e coloria de branco o relvado sintético.
Foi aquilo que se pode designar por um ‘jogo-não‘ dos campeões nacionais, não por falta de atitude ou sobranceria, mas por manifesto desacerto que resultou na talvez pior exibição da época, recheada de erros e deficiências técnicas. Com muita garra e grande união dos seus homens, o CDUP começou na frente (3-0, Francisco Vareta), viu-se ultrapassado por ensaios do pilar João Almeida e do centro Francisco Appleton, mas ainda marcaria na 1.ª parte através do seu formação Carlos Sottomayor, para um resultado ao intervalo de 12-10 para os forasteiros.
No 2.º período o tempo até melhorou – mas as exibições das duas equipas é que não. Vareta ainda colocaria o CDUP por cima (13-12), mas aos 70’ Pedro Cabral não desperdiçou o pontapé de penalidade que daria o triunfo final (15-13) mantendo, a muito custo, a invencibilidade do CDUL na prova. Muito por força da penalidade falhada, já mesmo no derradeiro lance do encontro, por Francisco Vareta, que em 10 chutos daquela posição falhará, digamos, um. Infelizmente foi aquele.
* Inversão de jornada


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