9 de fevereiro de 2015

CAVALEIROS A TRÊS OBSTÁCULOS DE FAZEREM UM PERCURSO LIMPO

As derrotas do Benfica e do Sporting marcaram a jornada da Primeirona, com destaque para os cavaleiros, já que o Santarém continua a manter um percurso 100% vitorioso no novo campo da Escola Prática de Cavalaria, onde já bateu o São Miguel, o Caldas, o Loulé, o Sporting, o Vila da Moita e agora o Benfica, faltando-lhe apenas vencer o Vitória na próxima jornada, o Évora na 16ª e a Lousã no último dia da prova, para poder registar nas paredes do seu clube o feito extraordinário!

Com esta sucessão de vitórias o Santarém subiu ao quinto lugar, por troca com o Caldas, e está apenas a dois pontos do Sporting.


Quanto aos buldogues, a vitória sobre o rival Sporting tem um sabor a desforra duma certa final que ia fazendo o São Miguel ficar mais um ano na Segundona, não tivesse havido o alargamento da Primeirona a criar um lugar para o segundo classificado daquele ano daquela divisão.
Recorde-se que dos sete jogos já realizados entre as duas equipas, esta foi a segunda vitória do São Miguel.

Entretanto na frente a Lousã continua só com vitórias ao bater o Caldas, e o Évora aproximou-se um pontito do líder ao derrotar o Loulé com bónus de ataque, mas está ainda a oito pontos dos beirões, enquanto no Vale da Rosa o Vila da Moita bateu o Vitória pela margem mínima, valendo aos sadinos o ponto de bónus para se ir afastando da lanterna vermelha que é transportada pelos algarvios.

CALDAS RC 6-14 RC LOUSÃ (0-2)
Desta vez começamos pelo fim.
Após um jogo intenso, disputado e lutado, com ambas as equipas a respeitar o Rugby naquilo que é a sua essência - dar tudo pela vitória - foi bonito de ver os jogadores, equipas técnicas, fisios e arbitragem reunidas, no Bar do Rugby, a assistir ao jogo dos Lobos. 
A feijoada e o acompanhamento liquido ajudaram, mas não foram determinantes.
Quanto ao jogo. 
Tarde excelente para a prática da modalidade. Quer o Caldas quer o Lousã com algumas ausências, mas empenhadas com as melhores equipas disponíveis.
Entrada forte e concentrada dos Pelicanos, culminada, aos 5 min. com um pontapé de ressalto do seu abertura, após várias iniciativas de ultrapassagem da linha de vantagem protagonizadas pelo seu jovem 3/4 centro e sequências dos avançados Caldenses.
Reagiram os Beirões, mas o jogo desenrolou-se numa toada de paragem e resposta no meio campo, até aos 20 min, com os Pelicanos muito agressivos nas ações defensivas, apenas se registando um pontapé de penalidade falhado pelo abertura da Lousã.
Os 10 minutos seguintes foram Pelicanos. Várias fases na linha de 22 m da Lousã e o ensaio varias vezes à vista - os Beirões recorrendo à falta - três penalidades cedidas nos 5 metros, mas também muito bravos a defender a sua linha de meta.
Aos 26 minutos e numa mêlée de introdução do Caldas uma forte pressão sobre o seu formação resultou num ganho de bola, seguida de penetração rápida e ensaio do Lousã, entre os postes, e consequente transformação - 3-7 para os visitantes, talvez injusto para o jogo Caldense, até ao momento.
Até final da 1ª parte manteve-se a toada de parada e resposta, ainda que com ascendente do Lousã, equipa mais poderosa fisicamente e cujo padrão de jogo potência esta característica. 
Os Pelicanos defenderam com coragem e muita garra, apanágio do espírito de quem tem o Rugby como referência.
Na segunda parte entrada forte da Lousã a querer mostrar porque lidera o Campeonato. 
Não surpreendeu a obtenção do segundo ensaio, também transformado, aos 7 minutos, fruto de uma boa penetração da linha de 3/4 após trabalho dos avançados..
Quando se esperava o acelerar do jogo da Lousã, talvez fruto das substituições entretanto efetuadas, mas sobretudo pela réplica dos Pelicanos, resultou um jogo muito disputado, sobretudo a meio campo.
Na segunda metade da 2ª parte os Caldenses beneficiaram de três pontapés de penalidade, tendo convertido apenas um, aos 35 minutos, enquanto o Lousã beneficiou de uma oportunidade, também falhada, tendo nestas situações privilegiado o jogo à touche, contudo sem êxito, bem contrariados pela defesa brava e corajosa dos Pelicanos.
Vitória justa do Lousã mas a atitude e o jogo Pelicano mereceriam, talvez, o ponto bónus.
Como referido, a parte mais brilhante foi a 3ª, demonstrando que o Rugby é um desporto de Homens.

CR ÉVORA *34-0 RC LOULÉ (6-0)**
Foto: Thani Assiz
Numa tarde fria mas com muito público assistiu-se a um jogo entre equipas com intenções bastantes distintas. 
A equipa do Rugby Clube de Loulé procura a manutenção e para isso todos os pontos são vitais enquanto que a equipa de Évora já tem a sua posição praticamente definida. 
Isso notou-se na forma como o jogo decorreu. 
A equipa de Loulé a jogar muito com o coração e pouco com a cabeça enquanto que a equipa de Évora a jogar inteligentemente e a aproveitar os erros da equipa da casa. 
A equipa da casa por várias vezes chegou aos 22 metros adversários mas nunca conseguiu sair de lá com pontos, enquanto que a equipa de Évora das vezes que lá foi conseguiu marcar pontos. 
A equipa Louletana sentiu dificuldades nas fases estáticas, em especial, nas formações ordenadas, o que a impediu de criar mais situações de obtenção de pontos. 
Com 0-19 ao intervalo, a equipa de Évora conseguiu uma vitória totalmente justa e sem contestação.
RC SANTARÉM 13-9* BENFICA RUGBY (1-0)
Conforme referimos na abertura do texto, foi uma importante vitória do Santarém que coloca a equipa no quinto lugar apenas a dois pontos do Sporting, bem integrada num grupo de quatro conjuntos em luta por três lugares no play-off: Sporting (29 pontos, 4º lugar), Santarém (27, 5º), Caldas (25, 6º) e Vila da Moita (24, 7º).
Um pouco mais distante, mas ainda dentro da corrida, segue o São Miguel, agora com 20 pontos na 8ª  posição.
Os cavaleiros não começaram bem a prova, sofrendo quatro derrotas nas quatro primeiras jornadas, mas a partir daí recuperaram bem, vencendo logo na quinta jornada o Vitória em Setúbal (até agora a sua única vitória fora de casa), e perdendo apenas para o Évora e a Lousã, fora em ambos os casos.
Com duas partidas para disputar fora - São Miguel e Caldas - e três para completar os jogos em casa - 
Vitória, Évora e Lousã - o Santarém tem nas partidas fora os encontros mais importantes para garantir a presença na fase final da competição.
Note-se que a equipa escalabitana é uma das quatro integrantes da Primeirona que somam mais vitórias que derrotas, o que as coloca numa boa posição para esta ponta final da fase de apuramento da prova, apesar de ser um dos dois conjuntos que não conseguiram até agora nenhum ponto de bónus.

CR SÃO MIGUEL 10-3* SPORTING RUGBY (1-0)
O São Miguel é a outra equipa sem bónus na tabela classificativa, o que, claramente, a prejudica em termos do seu posicionamento na tabela - aliás como acontece com o Santarém - mas conseguiu uma saborosa e importante vitória sobre o Sporting, que a coloca quase na discussão do play-off, e seguramente mais longe da despromoção.
Foi numa tarde solarenga e fria com algum vento que os buldogues receberam os leões num jogo importante para ambos os conjuntos por razões diferentes, em particular para os da casa que ainda vivem sob a ameaça da descida de divisão.
Entrou com vontade o Sporting mas embateu numa aguerrida defesa buldogue que foi controlando as operações começando a empurrar os leões para o seu meio campo e desde muito cedo se percebeu que o São Miguel estava mais forte controlando o jogo em todas as suas fases.
O jogo desenrolava-se quase exclusivamente no meio campo sportinguista e muitas vezes dentro dos seus 22m.
Os visitantes muito aguerridos defensivamente foram aguentando o ímpeto do adversário e quando não o conseguiram foram os da casa que por manifesta desconcentração não o alcançaram. Pontualmente os leões lá saíam do seu meio campo mas o domínio buldogue não se traduziria em pontos tendo o intervalo chegado com 0-0 no marcador também por alguma inépcia na marcação de algumas penalidades de fácil conversão.
Na 2ª parte o jogo manteve o seu cariz até aos 10 min onde o Sporting converteria uma penalidade colocando-se na frente do marcador.
Imediatamente na resposta o São Miguel marcou o seu ensaio numa jogada individual dos seu nº8 convertida superiormente.
O Sporting uniu-se e começou a disputar o jogo e a criar também algumas situações de perigo tendo o jogo a partir deste momento ficado mais equilibrado com ataques consistentes por parte de ambos os conjuntos.
Mas foi o São Miguel que aos 65 min encerrou o marcador com uma penalidade de 40 metros bem convertida.
No final assistiu-se a uma pressão do Sporting que não viria a traduzir-se em pontos fruto também de uma grande concentração defensiva por parte dos homens da casa.
Foi um jogo intenso, nem sempre bem jogado onde a vitória assenta bem aos buldogues em particular pelo domínio absoluto na 1ª parte.
VITÓRIA RUGBY *23-24 RUGBY VILA DA MOITA (3-2)
Um derby regional é sempre um derby, e este jogo teve de tudo:
Alternâncias no marcador foram 7, ensaios (5), penalidades transformadas (6), transformações (2) cartão amarelo (1) e muitos, muitos nervos á flor da pele.
Mas vamos perceber que jogo foi este, em que o vencedor consegue a vitória na bola de jogo, com um final dramático como há muito não se via.
O jogo começou com as equipas a baterem-se muito entre as linhas de 22, não criando situações de finalização, até que há uma mellée a 5m da área de validação do RVM, e o poderoso pack sadino, com facilidade entra dentro da área e marca um ensaio típico de avançados.
Respondeu o RVM com 2 penalidades convertidas de quase meio campo, até que o Vitória aproveita um pontapé de penalidade sobre o final da 1ª parte e coloca-se de novo em vantagem com uns merecidos 8-6. Só nos primeiros 40' houve 3 alternâncias no marcador.
Mas para aperitivo, não esteve mal, agora na 2ª parte chega o prato principal, com um jogo louco a ser servido pelas 2 equipas que decidiram jogar mais abertas á procura de uma vantagem que lhes desse a vitória.
E o RVM atirou-se para a frente conseguindo nova vantagem de 11-8 fruto de um ensaio do seu nº 15, e quase de imediato o Vitória marca um ensaio a papel químico do que havia marcado na 1ª parte - ai, ai, aquelas mellées da Moita deixam muito a desejar...- , para logo de seguida, nova penalidade transformada pela Moita e nova vantagem por um ponto para a equipa de azul.
A partir daqui o Vitória carregou no acelerador e num ápice volta o resultado a seu favor, primeiro por uma penalidade e logo de seguida por um ensaio transformado.
Parecia que a história acabava aqui, o Vitória estava confortável com os seus 9 pontos de vantagem.
Até que alguém pergunta ao árbitro quanto tempo faltava, 3 minutos avisa o António Moita, e de uma touche junto á linha de 10m dos de Setúbal, resulta uma penalidade que o RVM decide jogar á mão e dessa jogada resulta um bonito ensaio, logo transformado. E a 1 minuto do final o resultado indicava 23-21.
Então venha de lá esse aperitivo, que por aqui é o nosso Moscatel, é que faltava um minuto e na reposição de bola em jogo o RVM ganha uma penalidade perto da linha de 10m do Vitória, descaído para os bancos de suplentes.
E vai mesmo daqui: pontapé que passa mesmo, mesmo a centímetros do travessão, oferecendo a vitória aos homens da Moita.
O Vitória garantiu um ponto de bónus defensivo, com todo o mérito, e o Vila da Moita conseguiu uma importante vitória que lhe permite continuar a sonhar com o play-off final.


** Realizado em Loulé

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