7 de fevereiro de 2014

DESENVOLVIMENTO, PÚBLICO E PATROCÍNIOS ANDAM DE MÃO DADA *

* Paul Tait
Mudanças significativas aconteceram na administração de rugby argentino deste o Campeonato do Mundo de 2011.
Aquele ano foi o último em que os Pumas não disputaram um torneio anual fora do América do Sul. 

Punha-se a questão de saber se a Argentina estava ou não pronta para preparar um futuro profissional para o seu rugby.
A UAR tinha a reputação de ser totalmente anti-profissional e se Argentina não conseguisse mudar para uma forma de rugby profissional, a sua participação no Rugby Championship podia ser breve.

A administração precisava encontrar uma fórmula para conquistar a confiança dos três membros de SANZAR. 
Ou seja, Argentina tinha que mostrar que poderia ter controle absoluto nos seus jogadores para participar no torneio e, com tempo, teria que ter condições de financiar a sua presença e não precisar mais do IRB.
Assim o UAR tinha que atrair patrocinadores para sustentar os custos da administração e investir no futuro para contratar os melhores jogadores para eles voltarem para a Argentina e não continuarem jogando no diferente calendário europeu.

A auto-suficiência está-se aproximando rapidamente com a inclusão da Argentina no Super Rugby, onde terá uma equipa para jogar a partir de 2016. 
Isto será confirmado pelo SANZAR no dia 20 de Fevereiro e trará um aumento significante de renda dos direitos de televisão pela UAR e um mercado significativamente maior do que existe atualmente.

Em outras palavras o valor do mercado de rugby na Argentina e Super Rugby crescerão. 
Mesmo que isso possa significar que os membros atuais de Super Rugby tenham que dividir seus lucros entre os demais integrantes também significará que o tamanho do bolo aumentará e, assim, lucros maiores serão obtidos. 
De facto, desde a sua entrada no Rugby Championship a UAR evoluiu substancialmente com lucros de $100 milhões de pesos.

Participar num torneio respeitável chamou a atenção do público, com mais pessoas assistindo os jogos na televisão e frequentando os estádios. 
Em geral a assistência aos jogos foi notável. 
A UAR também conseguiu chamar a atenção de patrocinadores novos e a tendência é crescer com o Super Rugby. 
O website afirma que a marca Puma é hoje muito mais poderosa por causa do Rugby Championship.

A explosão de marketing resultou em muito mais do que na troca da Adidas pela Nike. 
O campeonato nacional de clubes tem a ICBC como patrocinador oficial, o torneio de Sevens é conhecido como A Copa Renault e na Argentina o Rugby Championship é conhecido como o Personal Rugby Championship. 
Além de ter a Nike e a Personal como grandes patrocinadores, a VISA continua como o patrocinador principal na camisa dos Pumas.

A ESPN também é um contribuidor significativo tanto como a marca de cerveja Quilmes, Gatorade, Medicus e QBE. 
Todos são patrocinadores oficiais do rugby Argentino. 

A UAR também tem fornecedores oficiais e apoiantes, incluindo a Bacardi, Deloiutte, Dove, Gilbert e Samsung entre outros. 

Ou seja, fica mais forte o argumento da Argentina sediar o Mundial de 2023, com a garantia da sua solidez financeira. 
Combinado com o crescimento da popularidade do desporto, o aumento do número de jogadores num país com uma população de mais de 40 milhões e um mercado em crescimento oferecem um argumento convincente para acabar com a politica do IRB de sediar o Campeonato do Mundo, a cada oito anos, no Reino Unidos da Grã Bretanha e Irlanda do Norte.

2 comentários:

Anónimo disse...

TECNICO B 26-24 FCT

Anónimo disse...

Tenho lido e relido este texto com algum interesse e tentado encontrar algum tipo de paralelismo com Portugal mas não tenho conseguido.

O que aqui se diz e eu concordo é que aumento da qualidade dos atletas, aumento de publico e aumento de receitas andam de mão dada.

Como é que isso se consegue? em minha opinião aumentado o numero de jogadores nos escalões de formação e a dispersão do Rugby pelo território Nacional.

Em segundo por existir uma politica estável ao longo de anos que privilegie a formação e a elevação do seu nível em desfavor das selecções de topo.
Poder-se-á dizer que assim se irá aumentar a diferença entre o nosso rugby e o rugby que se pratica lá por fora, poderá inclusive acontecer a descidas de divisão e isso é verdade, a hipótese que isso aconteça é bem real.
O que vai acontecer é que com o aumento do numero de praticantes, e em Portugal actualmente eles estão a diminuir, a base onde se poderá ir buscar jogadores de elite irá aumentar no futuro. Assim como irá aumentar o numero de pessoas ligadas ao rugby enquanto conhecedores e adeptos: Assim como se poderão estabelecer competições nacionais competitivas e em que nas divisões de base os clubes não tenham que gastar tanto dinheiro em deslocações (deslocar uma equipa 300km pode custar 600€).

Posteriormente e com essa base alargada de jogadores e adeptos e o numero de adeptos é muito importante para os sponsor, pode-se começar a pensar em sponsors de maior peso (eles aparecem se virem retorno do investimento), se a isso aliar-mos o gradual aumento da capacidade competitiva, o sucesso terá muito maiores hipóteses.

Para eu isto aconteça é preciso uma Direcção Técnica Nacional focada no fomento da modalidade e na formação, é preciso uma direcção da FPR que não seja populista e que consiga resistir aos adeptos (que falam muito, que têm opinião sobre tudo mas que geralmente se ficam por aí e quando chega a hora de arregaçar as mangas "metem a cabeça entre as orelhas" e vão para casa) que naturalmente querem vibrar com grandes resultados e é preciso que se viva um clima de paz institucional onde todos os agentes da modalidade estejam em sintonia com este desígnio.

Em abono da verdade existe os VII em que atingimos um nível que seria pena perdermos e como esta é uma variante mais adaptada ao jogador português, talvez pudéssemos apostar mais nos VII em termos de condições e fazer com que estes fossem uma "válvula de escape" para os desejos dos adeptos e simultaneamente fosse usada para chamar jovens á modalidade. Talvez aqui pudéssemos fazer o esforço de ter seis ou sete jogadores "profissionais" ao serviço da FPR e que fossem o core da equipa e depois mais um conjunto de jovens jogadores que treinavam com estes e que iam rodando e ganhando experiencia competitiva.

É isto possível em Portugal? actualmente não creio, não vejo esforço no fomento da modalidade, nem no aumento de atletas e clubes, nem investimento na qualidade da formação como um todo(não confundir com aquilo a que chamam academias, que além de terem qualidade duvidosa, a selecção de quem lá entra é igualmente duvidosa).
Para alem da região e Lisboa em que os clubes fazem um excelente trabalho na captação de jovens, existe o Alto Alentejo onde aparecem uma série de clubes a desenvolver trabalho (não sei se concertadamente ou se de forma desligada) e o projecto do Caldas (que parece o mais evoluído que existe em Portugal e que alia um Sponsor principal e vários secundários, alguns deles empresas de escala Europeia e parece também ter preocupações no aumento de espectadores), tirando isto não existe mais nada de dimensão regional.
O preocupante disto é que estes projectos resultam das vontades dos clubes envolvidos e não de uma visão estratégica de topo, não recebendo qualquer colaboração da FPR.

Temo que ainda não tenhamos batido no fundo do poço e que ainda demoremos alguns anos até nos conseguirmos levantar, a esperança é que quando de lá sairmos sejamos mais fortes, mais inteligentes e mais competitivos.