1 de dezembro de 2014

‘POR…MAIORES’ DE DIREITO DERAM VITÓRIA NA GUIA *

* António Henriques
A 9.ª jornada da DH realizada neste fim-de-semana fica marcada pelo primeiro desaire do Cascais, que assim se viu ultrapassado por Direito, que ao vencer na Guia subiu ao 2.º lugar a 4 pontos do líder CDUL, agora a única equipa invicta na prova.

Destaque ainda para o triunfo do revigorado Técnico na Tapada, que permitiu aos engenheiros distanciarem-se um pouco mais dos agrónomos. Ao mesmo tempo que se aproximam da equipa da Linha com quem poderão travar uma interessante batalha pelo 3.º lugar.

Em Montemor e numa semana de entronização mundial do cante alentejano, coube ao Belenenses trautear de forma um pouco mais afinada, o que lhe valeu somar uma valiosa vitória – apenas a sua 2.ª no campeonato.

E a ronda fecharia com um triunfo concludente (e inesperado face à sua dimensão) do CDUP sobre uma Académica que continua muito irregular, o que lhe valeu subir a uma posição de acesso aos play-off.

AGRONOMIA 7-26 TÉCNICO (1-2)
O Técnico deu seguimento à má onda atualmente perseguida por Agronomia, ao impor a 4.ª derrota consecutiva aos agrónomos – algo nunca visto neste século em jogos para o campeonato para os homens da Tapada – graças especialmente aos dois ensaios obtidos já nos derradeiros 20’ de jogo e que, finalmente, distinguiram as duas formações.
Num terreno pesado e difícil, mesmo numa 1.ª parte com algum ascendente da equipa da casa, muito
Foto: António Simões dos Santos/Rugby Photo Store
por força de uma ligeira supremacia do seu pack avançado, os visitantes estiveram na frente (6-0) até ao último lance dos 40’ iniciais, quando uma precipitação do abertura Kane Hancy permitiu uma interseção de António Pena Monteiro para o ensaio inaugural que, convertido, levou as equipas para os balneários com 7-6 favoráveis aos da casa.
No 2.º tempo o jogo mudaria de feição, com o Técnico a surgir com superior cabeça e mais dominador por força da melhoria da sua avançada (belo jogo do pilar internacional Bruno Rocha e do 3.ª linha Manuel Ferreira, que devido aos seus 17 anos não pode alinhar na sua posição preferida, a de pilar) e com os pontapés táticos de Hancy e a atividade do n.º 8 Henwood a mexerem os cordelinhos do jogo.
E perante o notório estoiro físico rival, os ensaios finais de Bernardo Baptista e Kirisome Laulala – a que se juntou a tremenda eficácia do Duarte Marques, autor de 16 pontos (4 penalidades e as conversões dos ensaios), aumentando o seu pecúlio para 124 na prova – deram justiça final a uma partida ganha pela melhor equipa.
Que, para calar algumas vozes, acabaria a contenda com uma série de muito jovens jogadores… todos portuguesinhos da Silva.                        

CASCAIS 12-18 DIREITO (0-2)
No sintético da Guia assistiu-se a uma partida bem disputada, marcada pela forte ventania que se fazia sentir e na qual o Dramático, mesmo perdendo pela primeira vez na prova, vendeu cara a derrota.
E como se esperaria num duelo 2.º e 3.º classificados – com este diminuído face às importantes ausências de cinco jogadores presentes nas etapas de Dubai e Port Elizabeth do circuito mundial de sevens –, o jogo acabaria por ser resolvido por pormenores que nestas circunstâncias costumam fazer toda a diferença. E fizeram.
Mais experientes e a favor do vento, os advogados entraram melhor e a dominar perante um adversário primordialmente na defensiva.
E a tal questão dos por…maiores viria ao de cima logo na 1.ª parte e no primeiro ensaio do encontro quando um alinhamento sob introdução da equipa da casa perto da sua área foi incrivelmente roubado e seria concluído em ensaio por João Correia, na sua estreia a marcar na prova.
Ao intervalo os advogados lideravam por 13-6, mas logo após o apito de recomeço tiveram que suportar uma fortíssima reação do quinze da casa, que haveria de encostá-los em cima da sua linha de ensaio uma, duas, três vezes.
Mas em todas essas ocasiões a inépcia do Cascais seria contrariada pela inexpugnável defesa de Monsanto.
Com o vento pelas costas Bernardo d’Eça ainda acertaria uma penalidade de 50 metros (!), para 9-13. Mas num lance de contra-ataque bem gizado – outro pormenor… – os vice-campeões nacionais chegariam ao ensaio do triunfo, com João Vaz Antunes a marcar, à ponta, o seu 5.º ensaio da época, alargando para 18-9.
E um novo pontapé de Bernardo d’Eça apenas valeria o bónus defensivo, pois sabidões e calejados, os homens de Martim Aguiar passaram os derradeiros minutos a controlar a partida, sem mácula, arrancando uma vitória perante um adversário duro e difícil de bater, mas que mostrou ainda ser um conjunto em fase de natural crescimento.       

CRAV 5-47 CDUL (1-7)
Como se esperava, a deslocação dos campeões nacionais até ao Minho foi cumprida sem problemas ou acidentes – e em automática ‘via verde’.
Ao intervalo o CDUL já vencia por 19-0 fruto de  três ensaios e na 2.ª parte cedo garantiria o ponto de bónus, concluindo a função com um total de sete ensaios, com bis de Geordie McSullea e mais um ensaio para o líder dos marcadores da prova, Gonçalo Foro (já leva 7) e o quinto para um dos recentes internacionais portugueses, o excelente Tomás Appleton.
Menção final para os 17 pontos conseguidos por Pedro Cabral, graças a 6 conversões e um ensaio.  

RC MONTEMOR 23-30 BELENENSES (3-3)
Num jogo aberto, equilibrado, recheado de reviravoltas no marcador, e que poderia ter caído para qualquer um dos lados, os azuis foram mais felizes – apesar da sua eficácia continuar a marinar por níveis demasiado baixos.
A equipa do Restelo entrou forte e determinada a resolver cedo a partida.
E com mais posse de bola e domínio territorial, atingiria o intervalo com confortável vantagem (17-6) graças a ensaios de Pedro Rocha e Melo e  Vasco Pope, ambos obtendo cada qual o seu 4.º na prova (e Poppe a marcar pela 3.ª jornada consecutiva!).     
No 2.º tempo o Montemor entrou decidido a dar a volta ao texto e graças ao labor da sua avançada, com dois ensaios, virou para 18-17. 
Aí valeu aos lisboetas a entrada do treinador João Uva que, com a concomitante passagem de Maxi Jordan para médio de abertura, permitiu ao Belenenses retomar as rédeas do jogo. 
Pontapés de Manuel Costa (fez 15 em pontapés) e um ensaio – exatamente, quem haveria de ser? – de João Uva, esperto a enganar toda a oposição à saída de um ruck, passaram os azuis para o comando por 30-18. 
Um derradeiro esforço daria novo ensaio dos alentejanos que, do mal o menos, lhes deu o justo ponto de bónus defensivo – o seu primeiro nesta DH.
CDUP 32-3 ACADÉMICA (3-0)
A jornada fechou em Leça da Palmeira com um resultado surpreendente face ao desnível final favorável à equipa da casa, provando que a pesadíssima derrota sofrida há uma semana, nas Olaias, se tratou simplesmente de um mau dia no escritório para a jovem mas prometedora equipa de Miguel Moreira.
Equilíbrio nos primeiros 20’ (3-0, 3-3, 6-3, e pretos a falharem nova penalidade), altura em que o CDUP dispara para a vitória com três penalidades do regressado – e mais recente internacional dos portuenses – Rodrigo Figueiredo, autor de 17 pontos à custa de afinados pés, para 15-3 no descanso.
Já a 2.ª parte não teve estória face ao evidente abaixamento da equipa de Coimbra, cujo estoiro físico se deve ter escutado na velhinha Torre da sua Universidade e que seria muito bem aproveitado pelo adversário para construir lances sobre lances de perigo.
E com ensaios de Francisco Vieira, João Belo e Gonçalo Marques, concluiria uma exibição bem agradável com um triunfo gordo por 32-3 e que só pecou por não ter valido o merecido ponto de bónus.
Mesmo assim permitiu a ultrapassagem na tabela ao seu rival, encontrando-se agora as duas equipas com os mesmos pontos, mas com vantagem portuense pelo êxito desta tarde.

        

9 comentários:

Anónimo disse...

Para começar os nossos agradecimentos aos clubes - especialmente Agronomia - por esta oportunidade de marcação desfasada dos jogos, o que permitiu ir à Tapada e a Cascais.

Na Tapada, ao contrário do que o articulista refere, não me parece que tenha havido superioridade de Agronomia na 1ª parte. Houve sim um maior domínio do Técnico que não soube aproveitar e apenas concretizou 6 pontos, não indo para o intervalo a ganhar já que o seu jogador Hancy demorou eternidades a pontapear, que conduziu à interceção e ensaio à ponta muito bem transformado.

A segunda parte foi mais do mesmo, com o Técnico sempre a dominar mas apenas a alargar o resultado depois da entrada do ponta Batista, que veio rasgar a defesa adversária sempre que tinha a bola.

O resultado é fraco, para quem passou quase 70 minutos no meio campo adversário. Agronomia está uma sombra das grandes equipas, sem soluções de jogo, sem frescura física, sem pontapeador. A linha de três quartos não assusta ninguém. O nº 10 não vai lá e o combativo Mira ainda acertou 2 em 4. Pergunta-se se o arriére Murteira não seria melhor opção?

Na Guia, jogo ventoso e pouco esclarecido, sendo que o Direito foi sempre a melhor equipa, apesar das baixas. Não fora a legião Groundlink e este Cascais andaria a fazer pela vida nos 4 de baixo.

Na teoria dos "ses", se fosse agora, o Técnico teria facilmente ganho ao Cascais, se isto continua assim, temos finalistas antecipados e, se cá nevasse fazia-se cá ski! Mas as coisas são o que são e vamos ver se o campeonato anima.

E parabéns ao excelente trabalho do Mão de Mestre, que viu o seu post ser ontem objeto de copy/paste no jornal Record que, na notícia sobre rugby, escreveu 34 linhas sobre a falta de comparência do Benfica e do Santarém (muito importante, portanto) e 8 linhas sobre a vitória do Direito em Cascais, limitando-se depois a publicar a tabela classificativa da DH. Enfim...

Anónimo disse...

Agronomia, CDUP e Belenenses as grandes decepcoes.

CRAV, Academica e Montemor dentro do que era esperado, tal como noutro patamar, Tecnico, CDUL e Direito, este uns furos abaixo. A equipa ja nao esta para o jovem e o que vai safando as debilidades e ir sacar jogadores a outras equipas.

Nao se pode dizer que o Cascais seja uma surpresa, pois com o conjunto de reforcos que recebeu outra coisa nao seria de esperar. Caso contrario estaria no grupo de Academica e CDUP.

E para fazer esta analise nao foi preciso pedir ajuda ao polvo.


Anónimo disse...

Jogo muito bem disputado na Guia com incerteza até ao fim. Direito a justificar a vitória por força da sua defesa muito bem montada e da eficácia no aproveitamento das oportunidades. Ao Cascais faltou-lhe alguma calma e discernimento nas ocasiões em que encostou o adversário à linha de ensaio.
Parabéns ás duas equipas pela grande entrega (pena não haver fiscais de linha, tanto mais que até estavam, pelo menos dois, árbitros a assistir à partida...).

Anónimo disse...

Falam nos 15 pontos marcados pelo Manel Costa do Belenenses e então os 18 marcados pelo João Santos??

Anónimo disse...

Fala-se da legião Groundlink no Cascais e da legião estrangeira do Técnico, nem vou discutir isso mas vou perguntar uma coisa, quantos jogadores o Direito tem no seu XV que não foram formados no Direito, neste caso alguém fala numa legião de jogadores roubados? e no caso do CDUL que entre aportuguesados e estrangeiros também são uns quantos, alguém fala numa legião de expatriados? não se fala, nem se deve falar, cada equipa tem as suas estratégias de desenvolvimento competitivo e isso é saudável, ou alguém pensa que o rugby competitivo apenas pode sobreviver com a formação interna? clubes de topo podem e devem ir buscar jogadores a outros clubes, em Portugal ou no estrangeiro e com eles ter equipas mais competitivas e assim fazer evoluir o rugby da sua formação interna.
Um caso pratico de que isto resulta e que o contacto com jogadores mais evoluídos faz o rugby evoluir, vejam o caso do Caldas, antes da Groundlink andava a lutar entre a segunda divisão e a primeira, hoje está confortável na primeira metade da tabela, alguém duvida que isso se deveu ao contacto dos jogadores da formação com um conjunto de jogadores tecnicamente mais evoluídos?

A pirâmide competitiva tem que se estabelecer em Portugal e ela vai-se estabelecendo. Existem clubes que serão essencialmente formadores e clubes que serão clubes de topo e irão recrutar, cada vez mais aos clubes formadores e ao estrangeiro.

Clubes como o CDUL, o Direito, o Técnico e este ano o Cascais podem ir buscar jogadores a qualquer clube (falando outro dia com o NT fiquei espantado com alguns dos nomes de jogadores de topo do rugby nacional que se ofereceram para irem para a Groundlink). Isso é bom. Acredito que nos próximos anos a mudança de clube passará a ser a regra e não a excepção em Portugal, o rugby actual envolve demasiados sacrifícios, demasiado esforço para que jogadores de nível superior e que queiram evoluir fiquem em clubes de formação apenas por amor á camisola. Eles sabem que assim dificilmente terão hipóteses (afinal não é esse um dos argumento que o Direito usa, e bem, para convencer jogadores com potencial quando os quer ir buscar?)

Anónimo disse...

Só choradeira e treinadores de bancada malta, deixem se disso.

Acho muito bem os clubes terem jogadores estrangeiros nas equipas, trazem experiencia e novidade, é uma mais valia para o rugby português.

Sabiam que em Espanha qualquer clube pode ter os jogadores estrangeiros que quiserem? podem ser 15 20 30 os que forem..e sabem porque? Para depois se poderem nacionalizar para poderem representar Espanha, já que não tem hipoteses de representar o próprio país e querem jogar a nivel internacional…

Deixem de chorar, e chorem mais pelo formato do campeonato e pela direcão da FPR.

Anónimo disse...

anonimo das 12:20
isso tem adiantado muito aos clubes espanhois! nao so continuam a levar no lombo dos "pessimos" clubes portugueses, como uma data deles tem aberto falencia a pala de tantas contrataçoes e tantos sonhos.

Por muito que o rugby portugues esteja fragilizado, o exemplo espanhol e tudo menos a soluçao. Primeiro porque ao contrario do estado espanhol, que apoia (e muito!) tudo quanto e modalidade (e isso nota-se, veja-se por exemplo o basketball espanhol), em portugal tudo o que nao for futebol nao interessa. Segundo porque mesmo com os apoios que o rugby espanhol recebe, com clubes com pressupostos anuais milionarios, os clubes continuam sem um nivel competitivo superior ao nosso (veja-se a taça iberica), ja para nao falar das dificuldades financeiras que muitos dos que mais investiram enfrentam agora

Anónimo disse...

Pois mas nem oito nem oitenta. Não faz mal nenhum ao rugby português contratar dois ou três bons jogadores estrangeiros para fortalecerem as suas equipas.Acho mesmo que é fundamental. Mas têm que ser jogadores realmente de valor muito superior aos nacionais.
Neste momento a grande decepção é a Agronomia que inexplicavelmente perde jogos atrás de jogos quando no meu entender tem um dos três melhores planteis e um dos melhores packs.
Repare-se se a Agronomia mantivesse o nível habitual dos tempos do Engo Amado da Silva, tudo estaria na mesma, com um Cascais e um Técnico mais fortes mas ainda longe do CDUl e do Direito.
O Belenenses é a outra desilusão mas vai subir muito, não se iludam.
Em resumo, o Campeonato ganharia muita competitividade se o Belenenses e a Agronomia voltassem ao normal.
Vamos a isso.

Anónimo disse...

Cascais tendo melhorado muito principalmente a qualidade na quantidade dos seus jogadores mostrou que ainda não está pronto para discutir o titulo terá que se conformar em discutir o 3 lugar com o técnico.
Agronomia de desilusão em desilusão não ganha e joga muito pouco fica a ideia de que não sabem o que fazem no campo.
Belenenses como é possivel uma equipa que nos ultimos 5 anos discutiu sempre o titulo estar a jogar para ficar entre o 7 e o 8 lugar e não venham com histórias de que perderam muitos jogadores pois os mesmo já havia acontecido nas épocas anteriores e os dos sevens sempre estiveram nos sevens raramente jogavam, apenas 2 vitórias contra os 2 ultimos classificados no caso do Montemor não fosse a desistência do Caldas e estaria na 2 divisão venceu apenas por um ensaio e ironia das ironias de ambas as vezes marcado pelo seu treinador/jogador(que não jogava há mais de 3 anos) que netra a 15 minutos do fim e faz os ensaios, esta equipa não tem quaiquer principios de jogo, mal organizada defensivamente pior do ponto de vista ofensivo, muito previsivel, jogadores recebem bolas parados, sem linhas de corrida, não constroem mais de 2 fases, pauoérrimo nos alinhamentos e formação ordenada enfim um verdadeiro descalabro.
Este fim de semana jogo de vida ou de morte para o Belenenses perde em casa com o Cdup e diz adeus á possibilidade de discutir o 6 lugar, o que seria uma vergonha