3 de abril de 2014

AINDA A QUESTÃO DA COMPETITIVIDADE DOS CAMPEONATOS

Muito se tem falado e escrito nos últimos tempos sobre a questão da competitividade dos campeonatos nacionais, com clara preocupação sobre a Divisão de Honra, mas tocando também na 1ª Divisão.

Para ajudar a compreender a situação, o Mão de Mestre resolveu organizar um quadro onde se possam ver os resultados mais desequilibrados que tiveram lugar nessas duas divisões, nos últimos anos, embora, como qualquer critério, também o nosso possa ser contestado.

Estabelecemos como critério que serão considerados "desnivelados" todos os jogos em que uma das equipas marcou mais de 49 pontos, independentemente dos pontos marcados pelo seu opositor.


Verificamos assim, que entre as equipas da Divisão de Honra, de 2009-2010, até ao final do mês de Março de 2014, foram sete as equipas que em algum momento do período referido, foram derrotadas sofrendo mais de 49 pontos.
Elas foram o Técnico (24 vezes), o Benfica (19), o CDUP (12), o CRAV e o Montemor (6) e a Académica e o Cascais (5).

Da mesma forma verificamos que foram também sete os clubes que neste período conseguiram vitórias marcando 50 pontos ou mais.
Foram eles o CDUL e o Belenenses (em 17 ocasiões cada um), o Direito (15), a Agronomia (14), a Académica (8), o Técnico (4) e o CDUP (2).

Resumindo, dos 330 jogos analisado, registaram-se resultados com mais de 49 marcados, em 77, ou seja, em 23,3% doo total dos encontros.
Note-se que em relação a 2013-2014, o número de jogos total e com resultados de mais de 49, se referem até à jornada 16ª (total de 72 jogos realizados), faltando realizar ainda 18 jogos.
Reparem ainda que a média dos jogos desnivelados é fortemente afetados pelos resultados de 2009-2010, quando o seu total chegou a 37,5 dos jogos realizados.

Já em relação à Primeirona foram mais os clubes (11) a vencer com mais de 49 pontos marcados - Lousã (10), Évora (9), Cascais (7), Caldas, CRAV e Montemor (6), Benfica (4), Setúbal (3), CDUP (2) e Agrária e Sporting (1) - e foram outros 11 a perder sofrendo os mesmos 50 ou mais pontos - UTAD (16), Agrária (10), Santarém (9), Loulé (5), São Miguel (4), Caldas e Setúbal (3), e Évora, Lousã, Montemor, e Rugby da Linha (1 derrota por mais de 49 pontos).

Do total dos 303 jogos, registaram-se resultados com a marcação de mais de 49 pontos em 54, ou seja em 17,8% dos desafios.
Em relação a 2013-2014, o número de jogos total e com resultados de mais de 49, se referem até à jornada 16ª (total de 80 jogos realizados), faltando realizar ainda 10 jogos.

Quanto à influência do alargamento das divisões neste tipo de resultados, verificamos na Divisão de Honra que, embora não tenha havido aumento percentual no seu valor, aumentou o número total de jogos naquelas circunstâncias, no primeiro ano, mas é natural que neste segundo ano esse número seja reduzido, já que dificilmente se registarão seis resultados desnivelados, nas três jornadas por realizar.

Na primeirona sentiu-se o impacto do alargamento de forma mais significativa, mas isso não é de estranhar já que se tratou do primeiro ano e acreditamos que para o segundo ano o impacto venha a reduzir-se, como aliás aconteceu (ou parece estar a acontecer) na Divisão de Honra.

Fique com o quadro que elaborámos para si:


4 comentários:

João Santos disse...

Bom trabalho de pesquisa. São trabalhos construtivos como este que ajudam a compreender o Rugby em Portugal, e contribuem para quem quiser estudar este fenómeno, o possa fazer sem "ruidos"
Parabéns Manuel Cabral

Anónimo disse...

Muito bom, parabéns.

António Ferreira Marques disse...

Boa análise baseada em pesquisa.
É este tipo de estudos que poderiam (deveriam na minha opinião) ser também objecto de trabalhos na academia do desporto, no caso universitário português nos Institutos Superiores de Motricidade Humana e Desporto.
O desenvolvimento de qualquer modalidade e também no caso particular do Rugby tem que se alicerçar, entre outros aspectos obviamente, em bases de disponibilidade de técnicos desportivos, que não podem ser só os que resultam da experiência de antigos praticantes.
Suportados por trabalhos científicos as decisões de gestão de competições seriam, certamente, mais seguras, percebidas e compreendidas e por consequência com maior probabilidade de êxito,
Questão a discutir num Forum do Rugby???

Anónimo disse...

Muitos parabéns são este tipo de análises que nos fazem compreender e detectar as falhas por forma a que se possa evoluir. À muito anos que nos EUA, nos mais diversos desportos, trabalham desta forma, felizmente já vamos dando alguns passos neste campo. Um trabalho invisível mas muito importante.

LP