28 de janeiro de 2014

CLUBES DIZEM NÃO A AMADO DA SILVA...

A iniciativa do Presidente da FPR de proceder a alterações de urgência na organização competitiva da divisão de topo do rugby nacional, e de criar um Clube de Elite à custa dos jogadores e do esforço formativo dos clubes, desabou como um castelo de cartas, quando, na reunião que teve ontem lugar na sede da FPR, os clubes das duas principais divisões nacionais disseram simplesmente que não ao responsável federativo.

Acompanhado do Director Técnico Nacional Tomaz Morais, do Director de Competições Ferdinando de Sousa, do Secretário Geral Mário Costa e do seu assessor pessoal, João Paulo Bessa, Amado da Silva viu a sua vontade de alteração do regulamento da DH sem um único apoio entre os 10 clubes da Divisão de Honra e dos cinco clubes da 1ª Divisão representados na ocasião.

Nem um para amostra! o que prova bem como a introdução desta facto na vida do rugby nacional, neste momento, foi mal visto pela generalidade dos clubes portugueses.

Mas o afastamento dos clubes das posições do Presidente da FPR ficou ainda mais vincado quando os clubes presentes se recusaram a aceitar o completo controle dos seus jogadores por parte do treinador da selecção nacional de seniores, abdicando da sua participação nas actividades dos clubes, debaixo do poder discricionário daquele treinador.
Esta tentativa de impôr a criação de um Clube de Elite dominando sobre todos os clubes nacionais, como se estes não passassem de clubes satélites, ou mesmo de meros fornecedores de matéria humana, não é nova, tem cerca de 30 anos e foi, mais uma vez recusada pelos clubes portugueses.

A tradição desportiva portuguesa assenta nos clubes, e é uma opção tão boa como qualquer outra, que não vale a pena trocar apenas porque alguém acha que uma escolha diferente poderia eventualmente dar melhores resultados.
Veja-se por exemplo o caso da França, de que estamos culturalmente muito mais próximos do que dos britânicos, dos neo-zelandeses ou dos americanos, e veja-se o poder dos seus clubes, e aquilo que eles fazem no que diz respeito a iniciação, formação, desenvolvimento, e alto rendimento, e digam lá se Portugal tem necessidade de trocar de sistema?
Não tem não. Apenas tem que dar aos clubes os meios de poderem crescer!

No meio disto tudo, surpreendendo os presentes, Amado da Silva informou que a federação iria passar a dar maior importância à selecção nacional de sevens, para o que haverá um forte apoio do Comité Olímpico Português, e os clubes aceitaram que venha a ser discutido um eventual e determinado controle do treinador nacional - que eu pergunto se será Frederico de Sousa ou Pedro Netto - sobre um grupo de jogadores que poderão passar a constituir o núcleo da equipa.

Esta é uma revelação anunciada com rigor clínico por Amado da Silva, que tantas vezes ao longo do seu consulado tem negado a separação entre as duas equipas - o que fez à minha frente achincalhando a situação em 2011, nas instalações do COP - e repetidamente afirmou que a prioridade seria sempre dada à selecção nacional de XV, ficando para os sevens o que restasse.
E basta olhar para as alterações feitas na equipa portuguesa que esteve em Las Vegas e vai estar em Wellington para ver o resultado da sua política, com a inclusão de quatro jogadores virgens e mais seis com pouca experiência, todos de uma só vez, num conjunto com, apenas dois jogadores experientes.
Esta questão nada tem a ver com o valor dos jogadores - tem a ver com a inadequada formação do conjunto!
Porque será então, esta mudança de agulha, a menos de sete dias do início da segunda parte do o apuramento para o Mundial de 2015?

Diz a sabedoria popular que uma pessoa consegue enganar uma vez, todas as pessoas, mas que não consegue enganar todas as vezes, uma pessoa...
Por isso Amado da Silva recebeu um bom recado - os clubes não vão aceitar que ele, com o poder que tem, avance com uma só das suas iniciativas apresentadas ontem, contrariando a opinião dos clubes, como já fez em diversas ocasiões no passado recente. A paciência tem limites.

28 comentários:

Anónimo disse...

O que eu acho é que os clubes ou as pessoas nos clubes têm demasiada paciência...

Uma Assembleia-Geral é quanto bastaria para correr com o Rei Amado da FPR!

Anónimo disse...

Já uma vez aquiodisse a estrégia para a continuação eternaé:
1-A qualificação para 2015
2- A conclusão das obras no EN
3- A qualificação para os JO
4- A qualificação para 2019
etc,etc,etc..........

Anónimo disse...

Atenção que a FPR pode construir a tal equipa de elite contra a vontade dos clubes, que poderá ser a justificação para a direção querer continuar!
Quanto a correr com Cabe da FPR, será que há alguém disponível para o lugar, dado o estado em que está a federação?

Anónimo disse...

não sou pró nem contra Cabé mas sou a favor do Rugby.
Ontem iniciou-se aquilo que pode ser uma revolução, aquilo que pode ser uma mudança. Como todas as revoluções existem agora duas vias a seguir. Aquela em que nada se discute, em que não existe plano e então vai-se cair na anarquia e depois com os diversos grupos, sem programa, a degladiarem-se entra-se na guerra civil e daqui muitas vezes só se sai com tudo em ruinas.
A outra via é as revoluções terem um programa, um plano e então das revoluções pode sair uma vida melhor.

Sinceramente espero que se acabem com as prepotências mas também com os privilégios que se dá a certos clubes de terem 45 jogadores a serem preparados para os momentos chave em que o clube nunca falha.

Espero que a partir de agora todos os clubes mas mesmo todos tenham igualdade de oportunidades, espero que a partir de agora todos os jogadores independentemente do clube onde jogam tenham oportunidade de serem observados, para em caso de duvida não serem sempre os mesmos do mesmo clube.
Espero que todos os clubes que são prejudicados pelo sistema, e são todos menos um, se unam e pensem o rugby que queremos para o futuro a médio e longo prazo. Que pensem o desenvolvimento do rugby, que pensem a formação, que pensem o rugby social, que pensem o rugby de competição, que pensem o rugby de elite e que pensem também as selecções.

Os clubes que criticam têm agora a obrigação moral de mostrarem as suas ideias, de as colocarem á discussão e de as discutirem com todos os clubes, mesmo com aquele que beneficiou do sistema.

Mais importante do que aquilo que se passou ontem e o que se passou ontem foi importantíssimo, é o futuro. Vamos discutir o futuro com calma, sem pressas e sem prazos limite absurdos. Vamos dar tempos razoáveis para a discussão mas vamos aproveitar esse tempo trabalhando e não dormindo para depois tentar fazer tudo á pressa e repetir novamente os mesmos erros.

Anónimo disse...

le portugais dans france

http://www.rugbydelisbonneaparis.blogspot.pt/

Anónimo disse...

Um assunto desta importância ser apresentado à pressa e no actual contexto (árbitros e jogadores com verbas em atraso) só podia acabar mal. E o comunicado da FPR parece quase uma provocação aos clubes.

É pena porque uma DH com 6 + 6 equipas é a única forma do nosso campeonato ser naturalmente (não artificialmente, como agora acontece) competitivo e de o rugby português melhorar o seu nível.

Agora é importante saber um mistério nunca revelado. O que é que os clubes pretendem?!

Mais apoio da federação é muito vago. Demasiado vago.

Mais apoio para a formação? Só os muito ingénuos é que caem nessa.

Já perguntei aqui, várias vezes, o que é que os clubes CONCRETAMENTE querem quando dizem mais apoio para a formação.

Claro que ninguém foi capaz de responder, porque com pouquíssimas excepções os clubes não quiseram saber do projecto As Escolas do Meu Clube para nada. Mas depois choramingam, claro.

Os clubes têm que dizer claramente o que é que querem e não apenas o que não querem.

Anónimo disse...

Caro Manuel Cabral,

Felizmente o senhor põe as coisas de forma clara.

Na sua opinião, nada a haver com os modelos britânicos neo-zelandeses (poderia ter acrescentado e dos sul-africanos e australianos), mas sim proximidade com o modelo francês onde os clubes têm imenso dinheiro (e ainda vão ter muito mais por causa do novo contrato das transmissões televisivas).

Eu penso de forma diferente e acho que o modelo francês não é transferível para países onde os clubes se debatem com falta de verbas para enfrentarem o profissionalismo, ou seja todos os países do mundo, com excepção da própria França e da Inglaterra.

Não é sequer transportável para a NZ, África do Sul, Austrália Gales, Irlanda e Escócia, quanto mais para Portugal.

Pedro S. Martins



Manuel Cabral disse...

Caro Pedro S. Martins,
A questão não é essa.
A questão tem a ver com a forma como o desporto está organizado nos países britânicos com base nas escolas e nas universidades.
Tem a ver que em Portugal não existe essa tradição de formação desportiva nas escolas ou nas universidades - tal como não existe em França.
Quer em Portugal, quer em França, quem faz e sempre fez a captação e a formação de base dos desportistas, são os clubes.
Não tem nada a ver com a capacidade financeira dos grandes clubes.
Tem a ver com os milhares de pequenos clubes, geralmente liderados por carolas que tratam de tudo, desde a organização aos treinos, das deslocações aos jogos, das inscrições ao apoio familiar que fazem aquilo que o estado não faz - captam, formam e preparam gerações de jovens que depois são lançados no desporto de competição.
Em França, como em Portugal.
A diferença é que os franceses souberam aproveitar essa teia e a partir dela organizar o seu desenvolvimento, enquanto em Portugal continuamos a preferir importar modelos que não estão nos hábitos nacionais, quer sejam baseados em escolas e universidades, quer sejam baseados em organizações regionais que se sobrepõem aos clubes.
Continuamos a esquecer que o clube, como forma de organização é a base do desporto nacional, e como não nos dedicamos a desenvolver o que temos de melhor - os clubes - vamos procurar em modelos que têm tradição noutras culturas, para tentar alterar aquilo que nos está no pelo - o amor aos nosso pequeno ou grande, clube!
Respondo aqui também ao anónimo que por diversas vezes já perguntou o que fazer para dar apenas uma opinião, que aliás foi já defendida pelo José Goulão nas nossas páginas - peguem nos técnicos que estão ao serviço da federação e espalhem-nos pelo país com objectivos bem definidos e apoiados administrativamente, para que eles trabalhem no campo e não na secretaria, e os resultados não tardarão a aparecer.
(continua)

Manuel Cabral disse...

Peguem num técnico e mandem-no para uma zona onde tenha sido feito algum trabalho de penetração junto das escolas (Através por exemplo do Projecto Nestum que se diz ter movimentado 30 mil jovens) forneçam-lhe apoio administrativo, e dêem-lhe um objectivo bem definido, por exemplo num determinado espaço de tempo deve surgir nessa zona um determinado número de clubes em actividade regular.
Agora se esse clube é formado de raiz, se fica ligado a outro clube com diversas modalidades que exista na região, isso pouco me importa.
O que me importa é que numa zona bem limitada surjam em actividade diversas equipas, ligadas a clubes - que são a forma tradicional de organização do desporto em Portugal - que possam ter competição entre si e não necessitem de viajar para Lisboa cada vez que querem jogar.
E também não me importa se isso é feito completamente de raiz ou aproveitando trabalho já desenvolvido pelos carolas locais - e existem zonas óbvias de expansão a aguardar um empurrão.
Basta olhar para a geografia do rugby português e ver onde será possível avançar com um trabalho desta natureza, que trará com certeza mais resultado do que aqueles que hoje se verificam.
Quanto ao apoio administrativo e organizativo, aproveitem os carolas locais, com ligações à comunidade e não se preocupem se eles são doutores, engenheiros, professores, ou se têm apenas o ensino básico - o importante é que eles sejam carolas, amem o rugby e estejam dispostos a tudo para levar os projectos para a frente. Só este diploma da vontade, disponibilidade e interesse é que contam!
(CONTINUA)

Manuel Cabral disse...

Este tema voltará a sEr tratado no Mão de Mestre muito em breve, e não vale a pena virem para aqui dizer que não se deve criticar, e sim dar ideias - basta lerem o Mão de Mestre desde Abril de 2009 para encontrarem centenas de textos de opinião, com ideias, sugestões, projectos.

E também não vale a pena comentarem que o timing deste post foi muito mal escolhido, já que o timing foi escolhido pelo presidente da FPR e foi aqui imediatamente denunciado, porque se estranhou que Amado da Silva tenha levantado uma questão desta natureza a uma semana do arranque do Europeu das Nações, e a quatro dias do fim do prazo para se procederem a alterações para a próxima época na Divisão de Honra.

O timing foi Amado da Silva que escolheu, e não podia pensar que os clubes ou quem se interessa pelo rugby nacional iria, mais uma vez, ficar calado porque o timing era errado.
Façam-me o favor!!!

Anónimo disse...

É impossível existir igualdade na Julieta Ferrão , pois essa palavra não é reconhecida por os senhores ASilva,TMorais,JPBessa,PNunes,MCosta etc
Em resposta ao anônimo das 23.35, existe um candidato as próximas eleições da FPR, mas como o senhor Julieta Ferrão disse ainda temos muito tempo e muita coisa para fazer.

Anónimo disse...

Bom dia,

Já se sabe a convocatória para o jogo de Portugal na Roménia?

Os jogadores não viajavam hoje?!?

BOA SORTE PORTUGAL

Anónimo disse...

Já existe um candidato.... O que sei é que já existem vários candidatos aos lugares remunerados da Federação. Alguns até já lá estiveram.

Anónimo disse...

Não vejo ninguém a querer chegar-se à frente. Dá a sensação que a maioria dos comentários negativos ao Cabé são feitos por ex-funcionários da Federação. Dialogo com muitos presidentes de clubes e não lhes sinto essa animosidade, razão porque se ele se candidatar pode voltar a ganhar. Se ele não alterar a "postura" em relação à selecção, deixando de estar só para aí virado (atenção que os clubes da DH abriram essa porta) não vou votar nele, mesmo reconhecendo que a nível de escolas, Sub-16, Sub-18 nunca estivemos tão bem como agora.

Anónimo disse...

Este e um problema bem português, tinha-se oportunidade de discutir o Rugby mas discutimos quem fica e quem sai, quais as cabeças a rolar, etc.

Tem-se a oportunidade de, estando em início de ciclo, repensar, reflectir, planificar e começar a executar uma estratégia. Tem-se a oportunidade de depois da discussão sobre o plano discutir sobre a estratégia, discutir qual a melhor equipa para a executar. O que se faz? pensar em fazer rolar cabeças, escolher outro para ir para lá, que provavelmente é alguém que não gosta do Cabé e do seu grupo. Estes depois de saírem fazem o mesmo que os outros lhes fizeram e começam imediatamente a conspirar e a minar. Resultado em vez de se fazer uma revolução libertadora, cai-se na guerra civil.

Enfim parece não existir em todos nós inteligência para mais, parece que não conseguimos ver além do óbvio e do imediato. Se calhar temos o rugby que merecemos.

Anónimo disse...

Caro Manuel Cabral,

Concordo que um modelo baseado nas escolas e universidades não faria sentido em Portugal. Não pensei que se estivesse a referir a isso porque não vejo ninguém a defender esse modelo para Portugal.

Por outro lado, não vejo incompatibilidade entre um rugby baseado nos clubes e a existência de uma equipa como os Lusitanos. Os jogadores dessa equipa claro que têm que vir dos clubes e com o acordo dos clubes.

Se a maioria dos clubes que poderiam fornecer jogadores a uma equipa como essa não estiver interessada, acho que não vale a pena insistir. São opções que os clubes têm que fazer e que têm a haver com o que cada um deseja para o rugby português.

Eu tenho alguma dificuldade em discutir este assunto porque, por um lado, gostaria que houvesse uma aposta na alta competição com uma DH com 6+6 e com uma equipa como a dos Lusitanos na Amlin ou na prova que lhe sucederá.

Por outro lado, se não houver dinheiro para essa equipa (e eu não sei se há), isto tudo pode acabar mal. Acho ainda que propor-se nesta altura, de repente, grandes mudanças revela que não há uma estratégia pensada.

Pedro S. Martins



Manuel Cabral disse...

Caro Pedro S. Martins
Esse é que é o grande problema! Porquê levantar esta questão a uma semana da campanha internacional?
Tudo se pode discutir, mas propôr assim, de repente, a quatro dias do final do prazo útil como apresentado, uma revolução encoberta como foi feito - a declaração do Presidente sobre a disponibilidade dos jogadores ser definida pelo treinador nacional é apenas a inversão completa dos valores em uso até agora - é uma perfeita inconsciência e tem todos os contornos de se tratar de uma mera manobra de diversão!
E é contra isso que eu me levanto! Golpadas já tivemos em demasia e é tempo de tratarmos dos assuntos com seriedade.

Manuel Cabral disse...

Ainda a propósito, Pedro S. Martins, você não vê ninguém a defender um modelo baseado nas escolas e universidades, mas vê a FPR a atirar para o ar um modelo baseado na selecção nacional e num Super Clube que irá matar o esforço desenvolvido pelos clubes nacionais ao longo de décadas.
E diga-me lá qual a tradição ou o apoio entre a generalidade dos clubes nacionais que um modelo desta natureza terá em Portugal.
Com eventual excepção de dois ou três clubes, todos os outros trinta e tal em actividade não querem saber disso para nada.
E esta é outra questão importante - o rugby português deve crescer apenas com o interesse de dois ou três clubes, ou deverá procurar o apoio e interesse da generalidade dos clubes nacionais?
Quero com isto dizer que se deve para a preparação dos melhores? Não de modo algum. O que não podemos fazer, igualmente, é abandonar tudo o resto e dedicarmo-nos apenas à selecção e aos Lusitanos, sob risco de acabarmos.
Continuamos em Portugal com uma visão social elitista do rugby, mas esquecemos que a força actual do rugby internacional se espalhou e hoje os mais poderosos ou os que estão na via real do crescimento, deixaram de ser socialmente elitistas, ou nuca o foram.
Como é o caso da França, da Argentina, da Nova Zelândia, ou para termos melhor ideia da comparação, como acontece com a Geórgia, a Roménia ou a Rússia...
Ora nós, que temos menos de 1500 jogadores em Portugal, queremos reservar 10% deles - os melhores - para consumo da federação. Claro que quando tivermos 15 mil jogadores, os tais 10% passam a ser apenas 1%, e aí talvez seja aconselhável pensar de outra maneira.
Porque haverá uma larga base de apoio humano, porque se houver essa base de apoio humano, haverá mais jogadores do nível de topo, e é provável que haja mais patrocinadores, mais dinheiro para utilizar, quer na captação, na formação ou na alta competição...
neste momento não passamos dum país miserável - em termos de número de jogadores de rugby e em valor dos seus meios financeiros - com a mania que somos gente rica...
E o resultado está à vista. Aventureirismo inconsequente, problemas financeiros que obrigam a que os pagamentos federativos sejam protelados, e o que fazemos? Enterramo-nos ainda mais!
Tem que se pôr um ponto final na megalomania e na ilusão.

Anónimo disse...

Caro Manuel Cabral,

Estamos de acordo que isto não é maneira de tratar de assuntos importantes. Não percebo esta tentativa de introdução de mudanças importantes ser feita assim, duma forma que até parecia de propósito para os clubes dizerem que não.

Não temos tradição de selecções regionais ou de franchises, mas não é isso o que se pretende (para alguns, poucos, talvez já tenha sido no passado).

Uma coisa é um campeonato de selecções regionais ou franchises substituir o campeonato de clubes, como prova mais importante do nosso rugby.

Como diz, não temos essa tradição e, além disso, essas equipas não teriam nem adeptos nem dirigentes dedicados, já para não falar nos problemas resultantes da distribuição muito assimétrica dos clubes pelas diferentes regiões.

Eu acho que na Europa não há muitos países com essa tradição. A Inglaterra não tem. Gales e Escócia não tinham, antes do profissionalismo e quanto à Irlanda, parece-me que eles sobrevalorizam muito o papel que as regiões no tempo do amadorismo.

Outra coisa é uma única equipa que funcione como o Bucaresti na Roménia. A prova máxima a nível interno é o campeonato de clubes. Os melhores jogadores jogam pelos clubes, no campeonato, e pelo Bucaresti na Amlin.

Claro que ficam com menos tempo para os clubes, mas é uma opção que tem a haver com a alta competição. O que eles recebem do Bucaresti é suficiente para viverem bem (tendo em conta o nível de vida dos romenos).

Sinceramente, não vejo relação entre isto e elitismo social; aliás, o próprio Manuel diz que não vê elitismo social no rugby romeno.

Elitismo desportivo? Sim, claro que não vão todos jogar nessa equipa, o que não é problema nenhum. Se calhar, o problema ia ser o oposto: arranjar 30 jogadores dispostos ao semi-profissionalismo, com direitos mas também com obrigações contratuais a cumprir. Até para alguns jogos da Amlin não conseguimos arranjar 23...

Enfim, isto tudo tem a haver com dinheiro, em Portugal não poderiam ser profissionais como na Roménia. Mas o dinheiro só vem com uma selecção competitiva (IRB, sponsors) e este é outro aspecto que me parece que em Portugal é pouco tido em conta.

Bom, este comentário devia ter sido melhor estruturado, mas fico por aqui.

Manuel Cabral disse...

Anónimo das 22:11
O que eu ponho em causa não é a equipa dos Lusitanos. Não vais encontrar em nenhum escrito meu, seja o que for quanto à equipa, ou a uma equipa deste tipo.
O que vês com certeza é contra uma equipa que se financia em verbas que não lhe foram destinadas.
Repara, agora diz-se que os Lusitanos só custaram 30 ou 40 mil euros, não sei ao certo. Eu até acredito que esse seja o valor das despesas com viagens e alojamentos, mas então e as outras despesas? Quem pagou aos técnicos? Quem pagou a utilização de instalações? Quem pagou as despesas de deslocação e alojamento interno? Quem pagou os equipamentos? Quem pagou os apoios (mesmo sendo poucos) aos atletas? Quem pagou todos os encargos inerentes a uma equipa desta natureza?
Uma coisa é certa - não foram as verbas indicadas. Será que os técnicos foram remunerados com verbas atribuídas, por exemplo aos treinadores das selecções nacionais?
O que verás com certeza é uma enorme desconfiança em relação a verbas que não foram claramente especificadas e financiadas. Porque cada minuto cada tostão que sendo destinado a outra função, tenha sido aplicado nesta equipa, foi indevidamente aplicado!
E se acompanhas o Mão de Mestre com regularidade, verás que nele não foi feita nenhuma crítica à selecção nacional, à composição da equipa dos Lusitanos, ou à escolha dos jogadores para a selecção de sevens.
E apenas nos revoltámos contra o oportunismo de quem, alegando pressa e necessidade de manter a normalidade, vem de supetão apresentar um projecto que carece de tempo, de calma e ponderação na sua eventual adopção.
Uma revolta que é extensiva às demagogias bacocas que se utilizam, do género "No meu entender, e no entender de algumas pessoas qualificadas auscultadas para o efeito, há uma necessidade imperiosa de reduzir o número de Equipas da Divisão principal".
Se não fosse grave, seria para rir... algumas pessoas qualificadas??? Quem são essas pessoas? Então o processo de auscultação já começou? Então para que se está agora a auscultar os clubes - afinal algumas pessoas qualificadas já deram a sua opinião!

Quanto ao elitismo social, basta ver a origem social dos membros das nossas selecções, sem considerar os portugueses que jogam em França.
Mais uma vez, nada contra o facto de jovens da classe média alta estarem na selecção - o problema é que a forma como as coisas estão organizadas impede que aqueles que não pertencem a essa classe, possam participar, pois não se podem dar ao luxo de viver do rugby...e viver em Lisboa!

Para concluir, utilizo as tuas palavras "Estamos de acordo que isto não é maneira de tratar de assuntos importantes. Não percebo esta tentativa de introdução de mudanças importantes ser feita assim, duma forma que até parecia de propósito para os clubes dizerem que não."
O que a ser verdade é ainda mais grave, e comprova que tudo não passou de fogo de artifício para desviar as atenções de outras coisas - apuramento para o Mundial, situação da arbitragem, incumprimento dos regulamentos, constituição inapropriada da selecção de sevens com apenas dois jogadores experiente, faltas de pagamentos, eventuais outros problemas de dinheiros que alguns comentadores já aqui abordaram, abandono do rugby regional, e da 2ª divisão, abandalhamento feito sobre o acordão do CJ sobre o Técnico B, e tantos outros.
Parece que se pretendeu criar uma onda de protestos para depois se poder dizer - viram? Não deixaram a selecção nacional trabalhar tranquilamente, aconteceu o que aconteceu...

Manuel Cabral disse...

Só mais um esclarecimento a propósito do que afirmo no outro comentário:
Mais uma vez, nada contra o facto de jovens da classe média alta estarem na selecção - o problema é que a forma como as coisas estão organizadas impede que aqueles que não pertencem a essa classe, possam participar, pois não se podem dar ao luxo de viver do rugby...e viver em Lisboa!
Até à duas semanas atrás havia despesas por liquidar a jogadores que vieram participar de jogos ou treinos da seleção nacional na época 2009/10!

Anónimo disse...

O anónimo das 22:11 sou eu, esqueci-me de assinar.

Pedro S. Martins

Anónimo disse...

Caro Manuel Cabral,

Eu disse "que até PARECIA de propósito".

O elitismo social é um problema antigo no nosso rugby (apesar de tudo, acho que tem melhorado nos últimos anos).

Eu não gosto de elitismo social porque é uma forma de elitismo que não se baseia no mérito, antes pelo contrário.

Mas o elitismo desportivo (talvez devesse arranjar outra expressão) não tem mal nenhum. Uns jogam mais que outros, sempre há-de ser assim. O que é importante é que haja lugar para todos e, na minha opinião, que os melhores possam desenvolver as suas capacidades a um nível que só se justifica para eles.

Mas o problema da cidade onde uma equipa como o Bucuresti se iria sediar é real. A equipa não pode andar de uma cidade para outra. Acho que teria que ficar na cidade onde se situam os clubes que dariam mais jogadores, no caso romeno é Bucareste, no caso português seria provavelmente Lisboa.

PSM

Manuel Cabral disse...

Pedro S. Martins
Só mais um esclarecimento: na Roménia a liga principal (Superliga CEC Bank) e a segunda liga (Diviza Nationala de Seniori) disputaram-se em 2013, entre 30 de Março e 5 de Outubro, ficando portanto todos os jogadores livres para o Bucaresti ou para a selecção nacional, o que não aconteceu em Portugal.

Luis Canongia Costa disse...

Antes do mais dizer que espero que Portugal possa sair de Cluj com um bom resultado. Vencer será difícil, mas temos de acreditar.

Tenho pena que o Samuel Marques não jogue (não sei se está lesionado como o Kevin Bardy) e era bom que a FPR pensasse no Thomas Laranjeira para médio de abertura.

Mas o que me fez escrever foram os posts do Pedro Martins sobre a Roménia. É que talvez o modelo romeno seja aquele que poderá resultar em Portugal, se houvesse dinheiro para isso.

Uma SuperLiga de 7 equipas (pois a divisão mais forte da Roménia, que tem mais clubes, mais jogadores, clubes mais fortes que Portugal só tem 7 equipas - e a segunda oito, e a terceira oito, abaixo as competições são regionais), uma equipa nas competições europeias reunindo os melhores jogadores a disputar as provas nacionais (Bucaresti Wolves) e uma política activa de exportação de jogadores. Organização das competições de modo a maximizar o potencial da equipa na Amlin e da Selecção.

A Roménia hoje em dia tem 87 clubes, menos de 10000 atletas federados, mais de metade sub-10, tendo pouco mais de 1000 jogadores seniores.

A pirâmide desportiva é clara, bem definida e competente.

Anónimo disse...

Luis, aí está um modelo que devíamos "copiar". Juntar os melhores apenas trará melhor qualidade.

Se à liga de 6, proposta pela FPR, juntássemos leis, como ter uma equipa (ou mais) em cada escalão de formação, ter treinadores formados pela FPR nos escalões chave (sub 14, 16 e 18) o rugby português iria evoluir. A isto juntávamos os lusitanos e certamente que teríamos uma competição bem estruturada e competitiva.

Infelizmente parece não haver uma mentalidade para isto.

Os dirigentes dos clubes têm que criar condições para o seu clube evoluir e não esperar que a FPR ou a selecção o faça. Se o Direito tem mais jogadores na selecção é porque o trabalho que lá é feito está a dar frutos. Os clubes têm que criar uma estabilidade própria e ter uma fonte de rendimentos (de jogadores e financiamento) pensada e estruturada (ex. Caldas).

Na Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Irlanda, Gales, Roménia, etc.. os jogadores têm contractos com a respectivas Federações (http://www.theguardian.com/sport/2013/may/16/brian-odriscoll-signs-deal-ireland) ou (http://www.southwales-eveningpost.co.uk/Welsh-Rugby-Union-look-contract-leading-Wales/story-20408305-detail/story.html), cá será difícil os jogadores terem contractos com os clubes pois estes ainda não têm visibilidade suficiente para atrair patrocínios (Quem fala de contractos profissionais, também fala de contractos semi-profissionais). Até lá os clubes devem procurar enriquecer a sua imagem junto dos media e trabalhar em conjunto no sentido de criar uma prova que ofereça visibilidade nacional... só depois disto é que poderá haver jogadores pagos pelos clubes (como em França).

Esta Liga de 6 parecia-me atractiva pois iria oferecer mais competitividade=mais publico, mais adeptos, mais visibilidade, mais patrocínios!! No entanto, as guerras com a FPR (seja quem for que esteja à frente) poderiam ser atenuadas se se criasse uma Liga de Clubes para gerir a Liga de 6. Ficando a FPR encarregue das selecções e das competições de formação (u14 e u16) e pré-competição (u18 e u23), sendo a gestão dos jogadores com contrato com a FPR ao abrigo das negociações da Liga de Clubes e FPR. Quem sabe 3 ou 4 anos após esta liga não aparecia um patrocinador grande que alimentasse o profissionalismo da Liga?? Agora profissionalizar ou semi-profissionalizar 12 clubes, com 30 jogadores... sem visibilidade, com campos vazios, com clubes sem rumo a tomarem decisões na hora, com clubes onde os jogadores tanto aparecem como desaparecem, etc... acho muito dificil.

Pode ser que um dia... quando uma ou outra pessoa olhar para o rugby no seu todo em vez de apenas para a sua quinta.

Anónimo disse...

Não se discute o valor ou não das alterações propostas, discute-se é a maneira como estas são impostas.

Sem qualquer tipo de preocupação com um rugby de base de ou de apoio, sem qualquer planeamento ou timing.

Ainda mal este modelo competitivo de 10+10 tem dois anos já se quer alterar tudo outra vez ? As coisas não melhoram por milagre e não é somente o modelo competitivo que vai resultar ou não.

O Universo de jogadores em Portugal e significativamente menor que na Roménia e a cultura dos jogadores é igualmente diferente, enquanto se justifica a distinção entre os jogadores que querem de facto tentar uma carreira no rugby e aqueles que são assumidamente amadores temos de nos perguntar. Quantos são os jogadores em portugal em idade universitária que querem fazer do Rugby carreira profissional ?

E aí está a falta de dinheiro e estrutura para possibilitar esta opção real, não há qualidade nem quantidade para um jogador de 19 anos pensar penhorar a sua vida em projetos destes sem que por trás haja já uma estabelecida base e financimaneto bem como visibilidade do desporto.

E o trabalho da FPR, antes de querer voar alto, devia ser só um trabalho de apoio técnico a clubes com especial incidência no desenvolvimento de escolas (esqueçam os projetos escolas e o nestum rugby.. tem de passar por fomentar escolas nos clubes em conjunto com promoção nas escolas a nível dos municípios ou freguesias de cada clube), com apoio técnico, logístico e organizativo e também promoção, divulgação e aumento da visibilidade em Portugal de forma a termos estádios cheios para ver rugby (estádios ? pelo menos os jogos da seleção deviam de estar cheios do público em geral não do setor especifico do rugby), quando se diz promoção, fazer do rugby desporto curricular, fazer do rugby uma atividade lúdica em pré escolar, fazer do rugby parte normal das notícias desportivas, fazer do rugby para além do futebol um desporto respeitado e apoiado em portugal.

Como estamos somos uma palhaçada a nível organizativo e federativo, não há legitimidade em nada, ainda há clubes com faltas de comparência, ainda há clubes com jogadores mal inscritos, clubes sem treinadores ou diretores técnicos com a formação exigida, clubes sem uma real estrutura associativa, e isto não é só na segunda divisão, ainda há falta de qualidade na arbitragem e fomento da formação desta como se pode ver pela greve dos àrbitros e não esquecer nunca de promover o rugby pelos seus valores.

É preciso rigor neste setores todos, mesmo que para isso se tenha de cortar clubes, não bastam números, é preciso qualidade e valores para se poder trabalhar a visibilidade e legitimidade do desporto, coisa que a FPR não tem feito nem tem querido saber estes últimos longos anos com o Foco exclusivamente na rugby de elite.

E por isto meus senhores é que se fala mal, é isto que a FPR se recusa a perceber ou então acha que é demasiado trabalho (com as competições entregues a duas pessoas que ainda dão ao dedo noutros setores não se pode querer milagreS) quando se pode tentar ter resultados fáceis. Quem é que se recusa a pensar o rugby pelo todo ? Eu digo que é a FPR que só pensar no seu "quintal" do rugby de elite.


Anónimo disse...

Concordo contigo, mas então a culpa de haver clubes com jogadores mal inscritos é da FPR? a culpa de haver clubes com falta de comparência é da FPR? a culpa de haver clubes sem treinadores formados é da FPR? é pura e simplesmente dos clubes. E é por haver clubes que fazem isso em divisões onde não deve haver tais discrepâncias (Honra e 1ª) que se deve criar uma liga mais fechada para aqueles que não o fazem e que levam este campeonato mais a sério (de uma forma mais profissional). Porque senão os clubes vão continuar a terem faltas de comparência, jogadores mal inscritos, etc.. porque não sofrem consequências pelo amadorismo das suas direcções.

Quanto ao timing. Porque é que é mau agora? Há muito por se decidir na DH. Se fosse no inicio da próxima época lá vinham os outros a dizer que agora é que os clubes iam buscar estrangeiros, etc...

Nunca houve nem haverá uma boa altura para apresentar esta proposta!