9 de janeiro de 2014

ENCARAR O RUGBY ASSUMINDO AQUILO QUE ELE É

Um novo ano aí está e com ele vêm alguns momentos determinantes no rugby português e vamos hoje abordar um deles, sem a pretensão de sermos exaustivos, antes pretendendo levantar os problemas e deixar que cada um pense pela sua cabeça, não nos coibindo, no entanto de dar a nossa opinião ou podendo vir a sugerir algumas vias de solução das questões que sejam postas em cima da mesa.

A escolha do Mão de Mestre recaiu sobre um assunto, que está agora na ordem do dia, após a realização da Assembleia Geral do passado dia 3 de Dezembro, com grande importância no nosso futuro como grupo social, como conjunto de indivíduos que vivem os mesmos problemas, contribuem para o objectivo comum, e que se regem por um conjunto de normas ou princípios comuns.

OS ESTATUTOS DA F.P.R.
Como é do conhecimento geral foi nomeada na última Assembleia Geral uma comissão de revisão dos Estatutos federativos, por iniciativa do Conselho Geral e com o apoio da própria direcção da FPR, composta por João Ataíde, Carlos Gaspar, António Costa e Pedro Fragoso Mendes.

Esta comissão deverá ter tido a sua primeira reunião ontem, dia 8 de Janeiro, exactamente quatro anos após a primeira volta das primeiras eleições feitas ao abrigo dos actuais Estatutos, que a prática veio mostrar necessitarem de uma profunda mexida.

O Mão de Mestre não podia deixar de dar a sua opinião sobre esta matéria, e ela aqui fica com a esperança que o trabalho que vai ser realizado seja reflexo daquilo que o rugby é, ou deveria ser, e não daquilo que a moda ou a ambição desmedida querem que ele seja. 

A revisão que agora está em preparação deverá ter como principal fundamento o facto de que o rugby em Portugal é propriedade dos seus praticantes e adeptos, e que os dirigentes da FPR devem manter sempre presente que dirigem a modalidade no interesse daqueles praticantes e adeptos.

Além disso, deve definir de forma inequívoca que a base de todo o desenvolvimento é o rugby nacional, jogado pelos clubes e pelas escolas, e o respeito pelas tradições, pelos companheiros e pelos adversários.

E deve ainda definir que a constituição de seleções nacionais de grande nível competitivo é parte integrante do processo de expansão, consolidação e sustentação do próprio Jogo, mas que deve ser encarada como o resultado do trabalho feito ao nível dos clubes e regiões, e não como razão de ser da existência do rugby organizado no País.

Nos próximos anos, o rugby amador e o rugby profissional existirão em simultâneo, e da relação entre aquelas duas vertentes, depende o futuro de uma modalidade que deve, em qualquer circunstância, ser, prioritariamente, um meio colectivo de diversão, entretenimento e convívio, onde os princípios morais – a que nós chamamos o Espírito do Rugby – prevaleçam sobre os interesses econômicos, competitivos e individuais, da mesma forma como o rugby amador deve ser prioritário em relação ao rugby profissional.

Esta deverá ser a grande missão, transmitir às novas gerações, este conjunto de princípios e tradições, que recebemos das gerações mais antigas, seja como jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes ou simples adeptos.

Atendendo ao que se disse é importante que que fique bem vincado que o Rugby deve muito de seu encanto ao fato de ser jogado de acordo com o texto das suas Leis e dentro do espírito com que elas foram escritas.

A responsabilidade de garantir que assim seja, não reside apenas num indivíduo – envolve treinadores, capitães, jogadores, árbitros, dirigentes e amantes da modalidade, em geral

É através da disciplina, controle e respeito mútuo, que o espírito do jogo floresce, e, no contexto de um jogo fisicamente tão exigente como o rugby, estas são as qualidades que forjam o companheirismo e sentido de fair play, indispensáveis ao contínuo sucesso e sobrevivência do rugby.

O principal exemplo destas qualidades transparece na aceitação, sem discussão, das decisões dos árbitros, por mais controversas que elas possam ser.

E no respeito dos adeptos de uma das equipa em confronto, em relação aos adeptos da outra.

Podem ser tradições e virtudes antiquadas, mas resistiram ao teste do tempo e, em todos os níveis em que o jogo é praticado, continuam a ser tão importantes para o futuro, como têm sido ao longo da sua longa e distinta história.

O Espírito do Rugby é o conjunto dos elementos fundamentais em que o jogo se baseia, e que permitem aos participantes identificar de imediato o carácter do jogo e o que o torna distinto como desporto.

O resultado do trabalho da Comissão que agora foi nomeada, não terá os efeitos desejados a menos que consiga repassar estes princípios para o seu texto, e este sim, é o grande desafio que deve estar sempre presente.


10 comentários:

Anónimo disse...

Claro está ! Os princípios do RUGBY estão totalmente desvirtuados em Portugal. Aliás basta e ir aos campos de jogos ao fim de semana para perceber . Onde estão os cavalheiros tão apregoados, o respeito por todos os intervenientes na partida , o civismo em geral e o apoio à modalidade em geral. Não percebendo que com atitudes irreflectidas estão a matar o jogo que tanto dizem que gostam. Desconhecendo ( ou não recordando) por completo os princípios do jogo ( já alguém leu o " código do jogo " ) e o que o levou a escolher esta modalidade, que quer-se tão diferenciada , exactamente por esses princípios e respeito pelo próximo. Estamos a definhar a modalidade que tanto gostamos.
Também é verdade que quem detém o poder de decisão ( todos os órgãos sociais da FPR e seus técnicos ) nada fazem para inverter este marasmo na modalidade . Parecendo , mesmo , que é melhor para o desenvolvimento da modalidade esta constante indisciplina e faltas de civismo presenciadas todos os fim de semana . É melhor ( mais fácil ) assobiar para o lado que tomar medidas exemplares de forma a eliminar os prevaricadores ( e são todos : jogadores , treinadores , dirigentes , árbitros e público) . Mas tomar decisões é difícil e não é para todos .

Anónimo disse...

Melhor exemplo , não há ! Do estado do nosso rugby ! Um jogador expulso no jogo de terça-feira ( Agronomia - cdul) está na convocatória para os lusitanos!?!?!
Valores !!!! Diz o mão de mestre .... Quais !!!!

Anónimo disse...

No que respeita aos valores e ao espírito do rugby, o problema já é antigo. De nada vale a retórica quando a prática a contradiz.

Regularmente lá vem o discurso sobre os valores e etc, mas quando se trata de aplicar esses valores aos que dominam o rugby português, nada. Só silêncios, só "não falem do que não sabem", só hipocrisia. E os casos são tantos e tão vergonhosos (não vou dar exemplos, nem vale a pena, de "castigos", de processos "perdidos", de entrevistas sabujas a "desculpar" quem fez o inaceitável, etc).

Façam-se os discursos que se fizerem, por mais bonitos que eles sejam, quando os jovens vêem que o que compensa é estar do lado dos "fortes" (a amigalhada sem pricípios), porque a esses nada acontece e ainda levam homenagens e condecorações, toda a gente percebe - ou deve perceber - a importância a dar ao blablabla.

No dia em que um dos "importantes" (um dos amigalhaços envolvido em comportamentos miseráveis) for punido com o mesmo critério com que é punido um desconhecido, não serão precisos discursos.

Então, e só então, todos perceberão que os apregoados valores do rugby português finalmente começaram a existir. Por enquanto não existem, são uma treta para enganar incautos.

É tão simples como isto, mas é fácil perceber porque é que esse dia não vai chegar tão cedo.

D.

Anónimo disse...

Os jogaores expulsos no Agronomia-Cdul foram: Marthinus Hoffman e Duarte Foro. Onde estão eles na convocatório dos Lusitanos??é tanta a necessidade de criticar que cega algumas pessoas..

Anónimo disse...

Caso não tenha visto, no site da FPR o n 17 é o Duarte Foro ou será mais um erro?
Os princípios a muito que se acabaram, pois quem os tinha deixou de os ter , embora fale e diga que os tem.
O problema é que as pessoas não estão de boa fé e não respeitam os valores que lhe ensinaram .

Manuel Cabral disse...

A propósito da convocatória de jogadores expulsos, vejam que na convocatória de 9 de Dezembro sai o nome do Duarte Fora, mas na listagem do Facebook da Federação em https://www.facebook.com/fpr.pt?fref=ts com data de hoje ele foi substituído.
É possível que a convocatória emitida em 9/jan estivesse pronta antecipadamente, e só depois se tenha procedido a essa alteração.

Embora concorde que as questões de ética são muitas vezes escamoteadas, creio que nesse aspecto a FPR não tem infringido as disposições.

Manuel Cabral disse...

Anónimo das 02:09
Acho que se deve agir para alterar o estado das coisas, e é nesse sentido que escrevi este texto.
Nada fazer, continuar a dizer que está mal e fechar os olhos, isso não!
Somos contra o estado a que se chegou, somos consistentemente a favor do cumprimento dos Estatutos e Regulamentos, e somos ainda contra o torcer do que está determinado, contra o tal espírito do jogo.

Manuel Cabral disse...

Comentário a um comentário anónimo não publicado.
O comentário não publicado discorda de parte dos nomeados para a Comissão de Revisão, no que está no seu inteiro direito, e até faz sugestões alternativas, no que continua no seu direito, e se o comentário se limitasse a isso, com certeza seria publicado.
O problema é que quem faz o comentário, a coberto do anonimato, faz acusações e considerações sobre as pessoas que não se coadunam com a lisura que entendemos dever estar presente nestas conversas.
Faz o anónimo ainda alguns comentários sobre o Presidente da FPR e a direcção federativa que pecam do mesmo mal.
Enquanto quem comenta não se souber comportar, muitos comentários continuarão a seguir o caminho do lixo, tenham eles a orientação que tiverem, como tem acontecido até agora.

Anónimo disse...

No site da FPR, no meu PC, o n. 17 é o João Almeida!

Manuel Cabral disse...

Comentário sobre arbitragem não publicado.
Agradeço a ideia e informo que está em curso...dentro de dias deve haver notícias...
Agradeço ainda que entres em contacto através de
http://www.maodemestre.com/p/contacte-nos.html