13 de outubro de 2013

TÉCNICO VENCE NO RESTELO AO COLO DE BIG JOE *

* António Henriques
A 4.ª jornada da DH foi marcada pelo triunfo do Técnico no Restelo (29-12).

Impulsionados pela fantástica exibição de Joe Gardener (curiosamente até foi a ronda em que menos pontos fez, apenas 9…), os engenheiros construíram um resultado que mesmo sem valer ponto de bónus lhes pode ter desde já garantido o apuramento para os ‘play-off’. 

CDUL, Direito e Agronomia venceram sem problemas e o CDUP manteve a Académica em seca de vitórias.

Quanto à liderança da tabela, vida de cronista não é fácil. 
Se Fernão Lopes ou Gomes Eanes de Zurara tivessem, no seu tempo, uma Federação como a Portuguesa de Rugby, dificilmente seriam tão reconhecidos. Segundo informação recebida, no princípio da semana, do presidente Amado da Silva, folga dá direito a 4 pontos. 
Segundo um dos seus vices, ontem no Restelo, a direcção federativa decidiu que ainda não será esta época que tal alteração surgirá. 
Ou seja, para o presidente, é Agronomia que segue na frente; para a sua direcção será o CDUL que comanda a par de Direito.

Optem por aquilo que lhes der mais jeito, tendo como base a tabela que apresentamos no final deste texto, elaborada com as devidas reservas...

E, já agora, rogo a alguém que saiba e mande, que possa esclarecer e informar todo o mundo qual é o regulamento que impera. Será pedir muito?


AGRONOMIA 38-12 CASCAIS 
Os agrónomos mantiveram o seu trajeto 100% vitorioso na Divisão de Honra graças a uma exibição que primou pela eficácia no aproveitamento dos mínimos erros do adversário, pondo a nu as diferenças existentes – e distintas respectivas ambições, bem entendido – entre as duas formações.
Entrada forte da equipa da Linha que cedo se colocou na frente à custa de três penalidades do irrepreensível José Abrantes, autor de todos os pontos do Cascais. 
Mas quando o quinze da casa começou a dominar as fases de conquista de bola pela avançada, libertando os seus velozes três-quartos, o cariz da partida mudava. 
E em curtos 10’ (entre os 25 e os 35), com três ensaios de rajada obtidos pelos membros do seu ‘três de trás’ (Mestre, Murteira e Serra), Agronomia virava o resultado para 19-9 – e não mais perderia o controlo do jogo.
A 2.ª parte iniciou-se com novo pontapé de Abrantes mas logo na resposta Martinus Hoffman fazia o seu terceiro da temporada (26-12), que praticamente arrumava a questão. 
E os ensaios Manuel Dentinho e José d’Alte serviriam apenas para confirmar o que já se sabia desde o apito inicial: Agronomia tem mais argumentos e melhor conjunto.


DIREITO 45-13 RC MONTEMOR 
Os alentejanos – que alinharam pela primeira vez com o ponta neozelandês
Katoa Fifita, que até marcou um ensaio na estreia – até fizeram os primeiros pontos em Monsanto, numa penalidade de João Bibe, mas depressa todo o seu empenho mostrar-se-ia curto e incapaz para travar o acumular de lances de perigo e consequentes ensaios dos advogados, que apresentaram um quinze Imberbe, com excepção de Gonçalo Malheiro, António Aguilar e Diogo Coutinho. 
Cinco ensaios até ao intervalo e outros dois na 2.ª parte (mais cinco conversões de Malheiro) construíram a estória de um jogo…sem estória.



BELENENSES 12-29 TÉCNICO 
A segunda vitória do Técnico frente a equipas do grupo A nesta época (o CDUP também foi derrotado na ronda inaugural) só foi surpresa para quem não esteve no Restelo e mostrou, para lá das conhecidas dificuldades azuis em construir um quinze robusto quando houver jogos das selecções nacionais de quinze e sevens, que os engenheiros – pelo menos enquanto puderem contar com ‘Big Joe’ –, têm legítimas aspirações e vão causar amargos de boca a muito boa gente.
A favor do vento, o Belenenses começou a perder (3-0, pontapé de Gardener aos 14’), mas após o amarelo mostrado ao pilar Carlos Lopes ao 22’ (placagem sem usar os braços) faria, dois minutos depois, o ensaio inaugural, quando o compacto abertura Jaime Freire, com uma simples simulação, rasgou de alto a baixo a defesa das Olaias (Gardener olhou para o lado…) tal como o Mar Vermelho se abriu diante de Moisés (7-3). 
Mas aí percebeu-se, para mal dos pecados azuis, que 13 de Outubro ia ser dia
de São Gardener, autor de uma das mais eficazes e estupendas exibições – atacando e evitando ‘in extremis’ três ensaios cantados – que recordamos ver, nos últimos anos, em relvados nacionais.
E rescrevendo o livro das estatísticas do rugby, com menos um homem os engenheiros iriam marcar dois ensaios, virando para 15-9. 
Primeiro, um míssil do abertura australiano subiu à estratosfera e ao descer, a oval ressaltou tantas vezes perante meia espantada equipa azul e aí, volúvel, escolheu cair (vã lá saber-se porquê) nos braços do centro Pedro Castro que só parou na área contrária.
Três minutos depois ‘Big Joe’ passou em pezinhos de lã por todos os (muitos) adversário que lhe surgiram pela frente e transmitiu ao defesa André Aquino, que em jeito de slalom gigante ultrapassou em zigue-zague mais uns quantos rivais – estou aqui, agora já não estou – num ensaio para ver e rever muitas vezes.
Os últimos 15 minutos da 1.ª parte seriam de intenso domínio do Belém, mas sem conseguir perfurar, uma vez que fosse, a coesa defesa visitante, dura a defender os ataques à volta das formações, a placar baixo e duro (a 3.ª linha Paramés, Bernardo Câncio e Egelmeer podia abrir uma farmácia tal a quantidade de nódoas negras que provocaram…) e a triturar a mêlée azul vezes sem conta.
Antes do intervalo foi a vez do árbitro Pedro Fonseca querer ser o protagonista, mostrando – mal – amarelo a dois engenheiros (Pedro Castro e Bernardo Batista) e um azul (Mirra) na sequência de lances que, com um mínimo de bom-senso, deveriam ter sido resolvidos com uma pequena conversa com os envolvidos e respectivos capitães. 
Há maneiras de dirigir jogos que os estragam. Felizmente não foi o caso.
No arranque da 2.ª parte Gardener continuou a distinguir-se da concorrência ao: falhar um fácil drop, anular novo lance de ensaio iminente e, com um fantástico passe de 25 metros, lançar Van Lieshout que ainda deu ao n.º 8 Niels Egelmeer para fazer o primeiro dos seus dois ensaios (22-7).
O Belenenses ainda reagiu, mas com problemas na mêlée, sem grande cabeça nem poder físico para causar mossa, só marcaria, em desespero, por Hugo Valente, numa falta jogada rapidamente à mão. 
E depois de duas penalidades desperdiçadas por Joe Gardener, o formação Madaleno fechou uma bela atuação, tricotando a defesa contrária e construindo o derradeiro ensaio para Egelmeer fechar um triunfo que abriu um amplo sorriso aos engenheiros, o que há largos anos não acontecia no Restelo.


CDUL 45-7 CRAV
O CRAV desceu à capital para dar, enquanto não foi dizimado por lesões, muito trabalho aos desfalcados vice-campeões nacionais, sem participantes na ronda inaugural da Amlin Cup entre os titulares. 
Com grande atitude e um coração para aí com oito ventrículos a bombar sangue, os minhotos, que começariam por sofrer um ensaio pelo pilar Diogo Fialho,
empataram (7-7) através de Joel Gomes e em alguns períodos encostaram mesmo os universitários às cordas. Mas os valores individuais dos lisboetas acabariam por fazer a diferença e em lances concluídos por Nuno Penha e Costa e Vasco Navalhinhas, chegaram ao intervalo a vencer por injustos 19-7.
Fustigados pelas lesões de José Maria Vareta, Afonso Vareta e Francisco Vareta (terão rogado alguma praga a uma das famílias que mais tem dado, ao longo dos anos, ao rugby nacional?), o CRAV terminaria o encontro com dois terceira-linhas jogando como centros e um médio de abertura adaptado. 
Quase que só faltou colocar um pilar a arrière… 
Sem compaixão, a melhor forma de mostrar respeito pelo adversário, o CDUL aproveitou para fazer mais quatro ensaios, com bis do veloz n.º 15 Tomás Noronha, que passou a liderar a tabela de marcadores de ensaios (6).

CDUP 22-7 ACADÉMICA 
A partida que encerrou a jornada foi prejudicada pelas más condições climatéricas (muita chuva e vento). 
Mesmo sem inúmeros titulares lesionados – hoje, com uma lesão grave no joelho ocorrida nos sevens da Gold Coast, Martim Ávila engrossou a lista da repleta enfermaria do CDUP que já incluía Rodrigo Figueiredo, Lourenço Matalonga, Manuel Brandão e muitos outros – os portuenses estiveram bem no 1.º tempo e com três ensaios venciam por 22-0 ao intervalo.
Numa 2.ª parte muito pobre, mal disputada, com muitos pontapés para fora e jogando contra o vento, a equipa de Marcelo d’Orey adormeceu e deixou a Académica tomar conta do jogo. 
Mas os pretos não souberam aproveitar a gentileza e conseguiriam apenas fazer um ensaio, insuficiente para evitar o quarto desaire noutros tantos jogos. 



7 comentários:

Anónimo disse...

O quarto ensaio do Técnico foi marcado pelo segunda linha Francisco Dias e não por Egelmeer. Obrigado.

Anónimo disse...

Já agora é importante citar que o técnico a nível colectivo foi muito superior tanto nos avançados como nos 3/4s e que um dos ensaios do belem foi penalidade rapida quando o arbitro tinha feito sinalética de mele e a equipa do tecnico estava toda de costas! Obrigado por trazerem a informação a público. (independentemente da profundidade do artigo).

Anónimo disse...

Não se entende este comentário sobre os Regulamentos... Existe o RGC e o RGC ! Eu explico:

Temos o Regulamento Geral de Competições e o Regulamento Geral do Cabé.

Na perspectiva legal - que vale o que vale na Julieta Ferrão - o regulamento em vigor é o RGC de 2012/2013.

Mas como quem manda e põe e dispõe a seu belprazer é o presidente Mal Amado, o gegulamento que vigora é o RG Cabé!

Esclarecidos?

Anónimo disse...

Boa primeira parte no Universitário!

Anónimo disse...

A Federação publicou o novo regulamento no inicio da época por isso é esse R G Cabe que funciona e não o da época anterior. A não ser que mais jeito ao mal amado o anterior .

Anónimo disse...

parabéns aos clubes da DH por conseguirem marcare 4 dos 5 jogos à mesma hora!!! É preciso uma pontaria!
Adorava ter visto mais do que um jogo

Anónimo disse...

Anónimo d1 14/Out 7:09 ... explica lá como é que um Regulamento pode entrar em vigoe alguns dias depois de se ter disputado a 1ª jornada do CN Divisão de Honra?

E já agora, para que servem os prazos previstos nos Estatutos e nos Regulamentos, quanto a alterações?