10 de fevereiro de 2013

FRANÇA ISOLADA PARA GANHAR A COLHER DE PAU *

Segunda jornada do Torneio da 6 Nações, que vê a França isolada na última posição, com duas derrotas, perdendo agora em casa, com Parra no banco e uma equipa sem imaginação.
A Itália não conseguiu manter a onda vencedora e sucumbiu aos pés, e às mãos, os escoceses, enquanto os ingleses confirmam a sua atual superioridade num jogo de grande exigência física, derrotando a Irlanda no seu próprio reduto.


Escócia 34-10 Itália
A Itália regressou ao passado na viagem à Escócia onde foram derrotados por números "à antiga".
As suas principais armas não funcionaram e a formação ordenada escocesa colocou muita pressão em Castrogiovanni que acabou por sucumbir e os oito italianos viram-se muitas vezes a recuar.
Orquera não foi capaz de manter o nível exibicional que demonstrou contra a França e acabou por "matar o jogo" para os escoceses com um mau passe que só parou na sua área de ensaio.
A Escócia recuperou bem da derrota frente aos rivais ingleses e o "holandês voador" Visser evitou dois adversários para ensaiar aos 28 minutos com 13-0 ao intervalo.
Na primeira parte os italianos foram incapazes de real perigo e de visitar o 22 adversário.
A abrir a segunda parte o estreante Matthew Scott (excelente exibição) ensaiou também após jogada originada num alinhamento em que Maitland furou a defesa italiana.
O sangue latino dos italianos começou a ferver e numa incursão ao 22 adversário Orquera procura isolar um companheiro mas o defesa Stuart Hogg intercepta o passe e corre sozinho mais de 90 metros para o ensaio, o flanker Zanni ainda tentou perseguir o escocês em desespero mas nada a fazer.
Sean Lamont confirmou uma sólida exibição e com um delicioso pontapé que ele próprio foi buscar ensaiou pela 2ª vez no torneio, a Itália estava já derrotada.
Só no minuto 78 a melée italina, finalmente, produziu o desejado efeito com o inevitável Parisse a encontrar o seu flaker Zanni para o ensaio.
Final 34-10 com a Escócia a produzir algumas jogadas de belo efeito com uma excelente estreia de Scott no centro e Lamont e Visser também em bom plano.

França 6-16 País de Gales
O jogo começou um pouco atípico (quase chato de se ver) em comparação aos outros jogos do torneio.
As defesas sobrepuseram-se sempre ao ataque mas os franceses pareceram levar vantagem nas fases estáticas.
Sem Warburton lesionado o velho guerreiro Ryan Jones ocupou o seu lugar e capitão de muitas batalhas liderou os avançados galeses com uma mistura de juventude e experiência.
A França jogava em casa o seu orgulho depois da derrota frente à Itália e Michalak converteu uma penalidade a 45 metros a que Halfpenny respondeu para uns meros 3-3 ao intervalo.
Destaque para Faletau de Gales e Bastareaud de França que sempre que pegavam na bola eram precisos dois ou três adversários para os travar.
A segunda parte trouxe mais calculismo com os franceses a dependerem muito do poder das suas linhas atrasadas e os galeses a conquistarem terreno graças à bota acertada de Dan Biggar.
Biggar faz esquecer Rhys Priestland que rompeu o tendão de Aquiles esta época.
O relvado não ajudou também e era "descascado" em cada melée.
Os pontapés calculistas de Biggar viriam a dar frutos quando encontrou um espaço atrás da defesa francesa que o ponta George North foi buscar para garantir a vitória da sua equipa em França.
Halfpenny, excelente mais uma vez, adicionou a difícil conversão.
O defesa viria a confirmar a candidatura francesa à colher de pau com mais uma penalidade dois minutos depois aos 74 minutos para o 6-16 final.
A França parece um pouco à deriva com algumas escolhas questionáveis: Michalak não trouxe imaginação e improviso, Parra começou no banco novamente e não tem tido muito tempo de jogo, o gigante 2ª linha do Perpignan Taofifenua não tem provocado o impacto esperado quando sai do banco e a França até começou a recuar na formação ordenada, o ponta Fall autor de um ensaio contra a Itália saiu ao intervalo e deu lugar a Trinh-Duc que é abertura.
Gales sai moralizado depois de 20 minutos iniciais desastrosos que custaram o jogo frente à Irlanda.

Irlanda 6-12 Inglaterra
O jogo de Domingo decidia o líder do Torneio à segunda jornada e à semelhança do França - Gales houve poucos pontos e muito calculismo.
O histórico do rugby Jeremy Guscott definiu o jogo no final como uma partida de xadrez jogada por gladiadores.
De resto a fisicalidade marcou o encontro, só para homens de barba rija, ver um hard man como Courtney Lawes perder os sentidos devido à sua própria placagem, diz tudo.
O jogo começou com ligeiro ascendente da Irlanda com mais posse de bola e terreno mas Farrel garantiu os primeiros três pontos logo aos dois minutos após boa carga de Twelvetrees que penalizou os placadores.
As condições atmosféricas também não ajudaram com muitas bolas a escaparem das mãos, especialmente dos irlandeses.
Farrel escapou a um amarelo por placar sem bola e o pilar irlandês Cian Healey pisou o tornozelo de Dan Cole num ruck, também escapou à disciplina, numa ação que podia ter consequências desastrosas para o inglês e resultou em mais uma molhada, veremos se não será ainda citado.
A primeira parte viria com 0-6 para os ingleses mas na segunda parte a pressão continuou e o flanker James Haskell viu então um amarelo por falta num ruck.
Os irlandeses cresciam em confiança e ainda empataram o jogo mas do lado oposto o capitão coragem Robshaw liderou o seu pack à revolta e durante a inferioridade numérica a os ingleses meteram seis pontos no marcador, por Farrel, contra apenas três de O'Gara (empatando o jogo) que substituiu Sexton devido a uma lesão muscular.
Lawes também sucumbiu à pancada que levou na cabeça e acabou por sair também, não sem antes anotar mais duas belas ceifadas, impressionante a capacidade física do jovem inglês mesmo com uma concussão.
Tuilagi também entrou mas não provocou o impacto desejado.
Ainda assim já com 15 em campo os ingleses aproximaram-se dos 22 irlandeses mas nunca foram capazes de chegar ao tão desejado ensaio.
O'Gara foi muito pressionado pelos ingleses e foi incapaz de conquistar terreno com o seu pontapé, os flankers O'Brien e O'Mahony sempre difíceis de parar, conquistavam metros para quebrar a defesa inglesa.
O resultado acabaria no 6-12 com a Inglaterra agora a ter o momentum para vencer o torneio, a recepção à desastrosa França é já o próximo jogo.

Tabela:


6 Nações sub-20
Os jovens irlandeses estiveram melhor que os seus séniores e bateram a congénere inglesa por 16-15 contrariando a vantagem dos visitantes ao intervalo (3-9).
A Escócia bateu a Itália com três ensaios convertidos contra dois, final 30-17.
Já no Domingo o País de Gales foi a França bater os locais por 27-13 com três ensaios na 1ª parte a serem mais que suficientes.

6 Nações Feminino
As francesas com quatro ensaios bateram as galesas reduzidas a 0.
32-0 final não deu hipótese às visitantes.
A Irlanda venceu sem espinhas as rivais inglesas por 25-0 com destaque para o hattrick de Miller.

*Texto: Ricardo Mouro
Quadros e Fotos: www.rbs6nations.com

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