Primeiro porque é um tema que não rende votos, a sua resolução não desperta paixões apesar de atravessar o rugby nacional de Norte a Sul, e mesmo que se pegue nele, vai levar muito tempo até que os resultados apareçam.
E os nossos dirigentes de tão preocupados com o seu sucesso imediato - mesmo que tenham que o afirmar através de políticas aventureiras e suicidas - esquecem-se que deveriam trabalhar na gestão dos atos correntes, mas sobretudo no resguardo e preparação do futuro.
Porque, contrariamente ao que eles pensam, o que é importante não é a sua vaidade, mas o nosso desporto, a nossa paixão.
Reparem que quando digo que o assunto se arrasta há anos, quero dizer muitos anos, dezenas de anos.
Recordo muitas vezes incidentes acontecidos no rugby português nos últimos 50 anos, que hoje se repetem e apenas surgem mais nítidos, fruto talvez da maior visibilidade que o rugby ganhou, não por mérito seu, mas pelo surgimento das redes sociais, que transmitem, como fogo na floresta, as notícias - as verdadeiras e as outras - a velocidades vertiginosas.
Jogadores ou dirigentes que agridem árbitros sempre houve, mas como os castigos aplicados em tempos eram de rigor extremo - levando ao afastamento definitivo dos agressores do nosso convívio - os potenciais prevaricadores ficavam nas covas, para não sofrerem as devidas sanções.
O problema dos insultos, das contestações, da má criação, das ameaças, das agressões, é de muito difícil solução, porque não é apenas um problema do rugby - é um problema generalizado de falta de educação, de falta de princípios morais, de ética, de respeito e consideração.
É, além do mais, o lendário problema de escorpião, que enterra o ferrão em si próprio, apenas porque essa é a sua própria natureza.
E por isso, mesmo sabendo que atacar os árbitros apenas vai trazer prejuízos para o valente agressor, este não consegue refrear-se e interromper a sua evidente estupidez.
Nada do que se disse tem a ver com o caso concreto que despoletou o momento que vivemos, antes se referindo aos fatos de uma forma genérica e tendo em consideração que não existe neste momento nenhum clube que possa afirmar em sã consciência, que do seu seio não sai nenhum dos atos atrás descritos.
E que se saiba, poucas são as iniciativas dos dirigentes clubistas para pôr um travão nisto, até porque começa a sentir-se no ar um certo sentimento de que quem não insulta um árbitro, não é um bom chefe de família - triste sina a nossa.
Talvez seja altura para que todos, todos os clubes, todas as Associações e a Federação, resolvam dar um chega para lá em quem não se saiba comportar - porque podem estar certos que por cada energúmeno que afastarem das suas fileiras, dez homens ou mulheres de bem se juntarão e reforçarão as suas hostes - e lancem uma campanha cívica que torne o rugby efetivamente diferente das outras modalidades desportivas.
Talvez seja altura para os dirigentes, dos clubes e dos orgãos dirigentes, darem o exemplo, pelo seu comportamento, pelo que dizem e escrevem, e que tenham consciência que se exercem funções num clube, podem muito bem ser chamados a representar o rugby nas Associações ou na própria Federação.
E se não derem hoje, no seu clube, provas de lucidez e educação, não serão com certeza, amanhã, as pessoas indicadas para terem as rédeas do poder nas suas mãos.
BEIRA MAR/RUGBY DA VILA DA MOITA
Recebemos esta madrugada um comunicado de resposta do Beira Mar ao comunicado da ANAR, que publicamos de seguida, e voltamos a pedir que não enviem comentários fazendo referência a casos concretos de discordância sobre aplicação de Leis ou comportamentos de árbitros, jogadores, dirigentes, enfim, seja de quem for, pois NÃO SERÃO PUBLICADOS.
O Beira Mar Futebol
Clube Gaiense, vem exercer o seu direito de resposta ao comunicado oficial da ANAR publicado hoje, dia 22/02/2013
Como nota prévia,e como
ponto de
honra
o
Beira Mar FC
Gaiense
REPUDIA e ABOMINA quaisquer agressões a agentes desportivos, sejam elas quais forem e em
que condições se apresentem.
Importa então esclarecer e controverter o explanado pela ANAR, baseado no
testemunho de uma única pessoa,
o sr
Arbitro Sebastião Petronilho, uma vez que
ninguém do BMFCG foi chamado a apresentar a
sua versão dos hipotéticos factos.
É bem verdade que no final do jogo o sr. Arbitro foi apupado pela
assistência que
estava em grande numero na bancada da Pista de Atletismo da Sobreda
onde se realizou
o jogo a
contar para o CN ll Divisão
zona Lisboa/Sul entre
o FCT e o BMFCG.
Segundo o mesmo, foi agredido, o que não podemos confirmar pois não vimos a
hipotética agressão.
O que vimos, foi no final do jogo, o sr Arbitro deslocar-se para a bancada, desviando-
se do percurso para os balneários, subir para a mesma, e tirar esforço dos adeptos
que nela se encontravam, e que é verdade lhe dirigiam palavras desagradáveis.
Mais, juntou as duas bandeirolas, com
o
propósito
de arma de
defesa, pois
manobrava-as como
se um
cassetete de um
agente da autoridade se tratasse.
Nesse momento, o delegado ao
jogo que
o
comunicado diz
ser passivo, tentou
acalmar os adeptos e pediu ao arbitro para que
fosse para a
cabine.
Mas o sr. Arbitro insistiu e, pasme-se !!!, subiu os 3 degraus que separam a pista e
da bancada
e
aí
entrou em
discussão
com as pessoas que
naquela
zona se
encontravam.
Como poderá um clube ser responsável por uma situação que o sr Arbitro criou ao ir tirar, na bancada, esforço dos adeptos, subindo para ela e colocando-se no meio dos espectadores?
Como poderá o delegado ao jogo e o presidente do clube impedir que o sr Arbitro suba para a
bancada por sua
livre iniciativa, para participar em discussão estéril?
Não é verdade que o Delegado ao jogo e Presidente, não tenham tentado segurar o sr Arbitro e pedindo inclusivamente
que
não fosse para a bancada ?
E mesmo assim, foi tirar esforço dos adeptos ?
Como pode
a ANAR
emitir um comunicado deste tipo
sem que haja da parte dos
supostos visados o direito ao
contraditório?
Como se emite
um comunicado deste
tipo sem
se
ouvir TODAS
as partes supostamente envolvidas, ou
será que só o depoimento do
sr. Arbitro é que é merecedor de
confiança
e só ele é considerada pessoa idónea?
Tentam denegrir a imagem do Clube, parecendo que se trata de um grupo de
arruaceiros, e que as pessoas
envolvidas no clube dão azo a que aconteçam incidentes ou
que os provoquem.
Por tudo isto, não pode ser o Clube sancionado por antecipação,
através de uma
tomada de posição concertada e corporativa, sem que se proceda
a uma averiguação séria dos factos, condenando-se na praça publica e prejudicando a imagem do clube
que é terceiro nos
factos apresentados.
Entretanto,
foi
hoje também emitida uma “nota de culpa” pelo Conselho Disciplina da
FPR, pelo que estando agora
abertas oficialmente as
averiguações
por este organismo, escusa-se para já o BMFCG emitir mais opiniões sobre o assunto, e se no final se provar o envolvimento directo
do
clube, é obvio que
será
com elegância que o BMFCG se
retratará junto dos hipotéticos ofendidos.
Moita, aos 22 de
Fevereiro de
2012
A Direcção
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