23 de fevereiro de 2013

ABERTA A CAIXA DE TODOS OS MALES

A situação da arbitragem em Portugal arrasta-se há anos, e não houve até agora quem tenha tido coragem para pegar no assunto e desenvolver as ações necessárias para a resolução do problema.

Primeiro porque é um tema que não rende votos, a sua resolução não desperta paixões apesar de atravessar o rugby nacional de Norte a Sul, e mesmo que se pegue nele, vai levar muito tempo até que os resultados apareçam.

E os nossos dirigentes de tão preocupados com o seu sucesso imediato - mesmo que tenham que o afirmar através de políticas aventureiras e suicidas - esquecem-se que deveriam trabalhar na gestão dos atos correntes, mas sobretudo no resguardo e preparação do futuro.
Porque, contrariamente ao que eles pensam, o que é importante não é a sua vaidade, mas o nosso desporto, a nossa paixão.

Reparem que quando digo que o assunto se arrasta há anos, quero dizer muitos anos, dezenas de anos.
Recordo muitas vezes incidentes acontecidos no rugby português nos últimos 50 anos, que hoje se repetem e apenas surgem mais nítidos, fruto talvez da maior visibilidade que o rugby ganhou, não por mérito seu, mas pelo surgimento das redes sociais, que transmitem, como fogo na floresta, as notícias - as verdadeiras e as outras - a velocidades vertiginosas.

Jogadores ou dirigentes que agridem árbitros sempre houve, mas como os castigos aplicados em tempos eram de rigor extremo - levando ao afastamento definitivo dos agressores do nosso convívio - os potenciais prevaricadores ficavam nas covas, para não sofrerem as devidas sanções.

O problema dos insultos, das contestações, da má criação, das ameaças, das agressões, é de muito difícil solução, porque não é apenas um problema do rugby - é um problema generalizado de falta de educação, de falta de princípios morais, de ética, de respeito e consideração.
É, além do mais, o lendário problema de escorpião, que enterra o ferrão em si próprio, apenas porque essa é a sua própria natureza.

E por isso, mesmo sabendo que atacar os árbitros apenas vai trazer prejuízos para o valente agressor, este não consegue refrear-se e interromper a sua evidente estupidez.

Nada do que se disse tem a ver com o caso concreto que despoletou o momento que vivemos, antes se referindo aos fatos de uma forma genérica e tendo em consideração que não existe neste momento nenhum clube que possa afirmar em sã consciência, que do seu seio não sai nenhum dos atos atrás descritos.

E que se saiba, poucas são as iniciativas dos dirigentes clubistas para pôr um travão nisto, até porque começa a sentir-se no ar um certo sentimento de que quem não insulta um árbitro, não é um bom chefe de família - triste sina a nossa.

Talvez seja altura para que todos, todos os clubes, todas as Associações e a Federação, resolvam dar um chega para lá em quem não se saiba comportar - porque podem estar certos que por cada energúmeno que afastarem das suas fileiras, dez homens ou mulheres de bem se juntarão e reforçarão as suas hostes - e lancem uma campanha cívica que torne o rugby efetivamente diferente das outras modalidades desportivas.

Talvez seja altura para os dirigentes, dos clubes e dos orgãos dirigentes, darem o exemplo, pelo seu comportamento, pelo que dizem e escrevem, e que tenham consciência que se exercem funções num clube, podem muito bem ser chamados a representar  o rugby nas Associações ou na própria Federação.
E se não derem hoje, no seu clube, provas de lucidez e educação, não serão com certeza, amanhã, as pessoas indicadas para terem as rédeas do poder nas suas mãos.

BEIRA MAR/RUGBY DA VILA DA MOITA
Recebemos esta madrugada um comunicado de resposta do Beira Mar ao comunicado da ANAR, que publicamos de seguida, e voltamos a pedir que não enviem comentários fazendo referência a casos concretos de discordância sobre aplicação de Leis ou comportamentos de árbitros, jogadores, dirigentes, enfim, seja de quem for, pois NÃO SERÃO PUBLICADOS.



 
O Beira Mar Futebol Clube Gaiense, vem exercer o seu direito de resposta ao comunicado oficial da ANAR publicado hoje, dia 22/02/2013

Como  nota  pvia,e  como  ponto  de  honra  o  Beira  Mar  FC  Gaiense  REPUDIA  e ABOMINA quaisquer agressões a agentes desportivos, sejam elas quais forem e em que condições se apresentem.

Importa então esclarecer e controverter o explanado pela ANAR, baseado no testemunho de uma única pessoa, o sr Arbitro Sebastião Petronilho, uma vez que ninguém do BMFCG foi chamado a apresentar a sua versão dos hipotéticos factos.

É bem verdade que no final do jogo o sr. Arbitro foi apupado pela assistência que estava em grande numero na bancada da Pista de Atletismo da Sobreda onde se realizou o jogo a contar para o CN ll Divisão zona Lisboa/Sul entre o FCT e o BMFCG.

Segundo o mesmo, foi agredido, o que não podemos confirmar pois não vimos a hipotética agressão.

O que vimos, foi no final do jogo, o sr Arbitro deslocar-se para a bancada, desviando- se do percurso para os balneários, subir para a mesma, e tirar esforço dos adeptos que nela se encontravam, e que é verdade lhe dirigiam palavras desagradáveis.
Mais,  juntou  as  duas  bandeirolas,  com  o  propósito  de  arma  de  defesa,  pois manobrava-as como se um cassetete de um agente da autoridade se tratasse.
Nesse  momento,  o  delegado ao  jogo  que  o  comunicado diz  ser  passivo, tentou acalmar os adeptos e pediu ao arbitro para que fosse para a cabine.
Mas o sr. Arbitro insistiu e, pasme-se !!!,  subiu os 3 degraus que separam a pista e da  bancada  e   entrou  em  discussão  com  as  pessoas  que  naquela  zona se encontravam.

Como poderá um clube ser responsável por uma situação que o sr Arbitro criou ao ir tirar, na bancada, esforço dos adeptos, subindo para ela e colocando-se no meio dos espectadores?

Como poderá o delegado ao jogo e o presidente do clube impedir que o sr Arbitro suba para a bancada por sua livre iniciativa, para participar em discussão estéril?

Não é verdade que o Delegado ao jogo e Presidente, não tenham tentado segurar o sr Arbitro e pedindo inclusivamente que não fosse para a bancada ?

E mesmo assim, foi tirar esforço dos adeptos ?

Como pode a ANAR emitir um comunicado deste tipo sem que haja da parte dos supostos visados o direito ao contraditório?
Como  se  emite  um  comunicado  deste  tipo  sem  se  ouvir  TODAS  as  partes supostamente  envolvidas,  ou  será  que   o  depoimento  do  sr.  Arbitro  é  que é merecedor de confiança e ele é considerada pessoa idónea?

Tentam denegrir a imagem do Clube, parecendo que se trata de um grupo de arruaceiros, e que as pessoas envolvidas no clube dão azo a que aconteçam incidentes ou que os provoquem.

Por tudo isto, não pode ser o Clube sancionado por antecipação, através de uma tomada de posição concertada e corporativa, sem que se proceda a uma averiguação séria dos factos, condenando-se na praça publica e prejudicando a imagem do clube que é terceiro nos factos apresentados.

Entretanto, foi hoje também emitida uma nota de culpa” pelo Conselho Disciplina da FPR, pelo que estando agora abertas oficialmente as averiguões por este organismo, escusa-se para já o BMFCG emitir mais opiniões sobre o assunto, e se no final se provar o envolvimento directo do clube, é obvio que será com elegância que o BMFCG se retratará junto dos hipotéticos ofendidos.

Moita, aos 22 de Fevereiro de 2012

A Direcção

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