23 de dezembro de 2014

O SISTEMA COMPETITIVO - CONTRIBUIÇÃO PARA MELHORAR 2

Vimos no primeiro artigo desta série que em 15 anos houve nove alterações ao sistema competitivo das divisões principais do rugby português, e é obvio que a alteração significativa que se iniciou em 2012/2013 ainda não se estabilizou completamente, pois implicou um esforço muito grande de crescimento, particularmente em relação às equipas que subiram da Segundona para a Primeirona, e ainda àquelas que subiram da Primeirona para a Divisão de Honra, mas em menor grau.

Um dos argumentos mais utilizados pelos que querem justificar que a Divisão de Honra está muito desequilibrada e que deverá ser reduzida, é o suposto número de cabazadas que acontecem na Divisão.


No entanto, a verdade é que o percentual de jogos em que uma equipa marcou mais de 49 pontos, tem diminuído consistentemente desde que a principal divisão nacional foi alargada para 10 equipas.

De facto, em 2009/2010, com oito equipas na competição, para um total de 56 jogos registaram-se resultados superiores a 49 pontos marcados por uma equipa em 21 jogos, representando 37,5% do total.

Nos dois anos seguintes o número de jogos nessas circunstâncias baixou para 12, ou seja, 21,4% do total.

Em 2012/2013, com o aumento para 10 equipas e do número total de jogos para 90, aumentou o número de jogos com mais de 49 pontos marcados, mas em percentagem, houve uma redução de 21,4 para 21,1%.

No ano seguinte o percentual voltou a baixar, desta vez para 20%, e este ano, com 49 dos 90 jogos já realizados, apenas houve oito jogos com números muito desnivelados, o que corresponde a 16,34% do total.

Ou seja, uma significativa diminuição.

Então, se hoje há um maior equilíbrio do que havia em 2009, porque se quer voltar a reduzir o número de equipas da Divisão de Honra?
Será a justificação aquilo que se diz, que as equipas da Divisão de Honra perderam nível?

Voltamos a dizer que isso é conversa da treta! 

A redução do número de equipas não vai fazer aumentar o nível das que ficarem na Divisão de Honra.


E ENTÃO A PRIMEIRONA?
Fizemos o mesmo trabalho em relação à Primeirona, fechando a tabela a meio da prova, na 9ª jornada com a primeira volta concluída, e os resultados apontam no mesmo sentido, embora na primeira época do alargamento se tenha verificado um aumento das cabazadas - não se esqueça que subiram, em dois anos, quatro equipas da Segundona para a Primeirona, o que foi um choque muito grande para essas equipas.

Na verdade, dos 21 jogos da época 2013/2014 em que uma equipa marcou mais de 49 pontos, em 14 deles as equipas que sofreram esses pontos foram precisamente as quatro promovidas em 2012/2013 e 2013/2014 - Agrária de Coimbra (5), Loulé (4), São Miguel (4) e Sporting (1).

Mas se na época passada esse efeito se sentiu bastante, pelo contrário esta época o percentual de jogos desnivelados diminuiu significativamente e a sua percentagem reduziu-se para 15,55, com 50% dos jogos realizados.


Para concluir, não encontramos nos números da Divisão de Honra, nem nos números da Primeirona, alguma coisa que justifique a redução do número de equipas participantes, antes pelo contrário!

Continuaremos a falar deste assunto, analisando comparativamente os resultados e classificações da Divisão de Honra em 2013/2014 e 2014/2015, aproveitando o facto da competição ter, nas duas épocas, os mesmos intervenientes. Esteja atento.

9 comentários:

Anónimo disse...

Quando havia 8 equipas na DH o calendário não era condicionado; as equipas não estavam divididas em 2 grupos. Com a introdução desta condicionante, tentou-se criar artificialmente um maior equilíbrio.

Anónimo disse...

Bom dia, Sr Mão Mestre

Excelente trabalho.
Desejo um Feliz Natal.

O Polvo


Anónimo disse...

costuma-se dizer que contra factos não há argumentos.

Os números apresentados provam isso mesmo, ou seja, que, apesar de tudo, o equilíbrio parece ser a nota dominante. E que as ditas «cabazadas» têm tendência a diminuir.

Se olharmos para outros campeonatos tipo a Premiership inglesa ou o Top 14 francês verificamos que é normal aparecerem equipas a marcar mais de 40 pontos por jogo.

Nada de anormal, portanto.

Volto a bater na mesma tecla. O que o rugby português precisa é de estabilidade, de Regulamentos que não andem constantemente a ser alterados ou, até, suspensos, para que tudo pareça que estamos no reino dos céus ou para não atrapalhar as recandidaturas.

Parabéns ao MdM pelo seu trabalho na recolha e publicação destes elementos, das estatísticas. Este sim um trabalho muito meritório ao serviço do rugby nacional.

Votos para que continue assim em 2015

Anónimo disse...

Li com atenção o que foi escrito nos teus artigos e comentarios feitos. Gostava de colocar uma questão. O que fazer com a segundona e as equipas emergentes? Não será necessário uma visao global do panorama sénior? Como tu ja assisti a muitas fórmulas. Já aqui defendi o Encontro Nacional do Rugby! Para mim defenderia 3 divisões de 8 equipas e outra dividida em centro/norte e lisboa/sul, onde colocaria as equipas mais fracas/emergentes/novas equipas que quisessem começar. Nas 3 divisoes jogariam todos contra todos e depois as 4 primeiras e as 4 ultimas jogariam, a 2 voltas,o que da 20 jogos por epoca mais a Taca de Portugal, apurando assim o vencedor e o que descia. Na última divisão jogariam a 2 voltas e depois os 2 primeiros fariam meias finais e final. O vencedor trocaria com o ultimo da 3 serie. Deixo esta proposta a discussao no Mão de Mestre.
Boas festas e um feliz ano novo.

Duarte disse...

Contra factos não há argumentos. E o facto é que se está a comparar o que não é comparável: campeonato com 8 equipas SEM calendário condicionado com campeonato com 10 equipas COM calendário condicionado.

O formato actual tem calendário condicionado para que haja mais equilíbrio. Foram os próprios mentores deste formato que o disseram. Mas é claro que se trata de um equilíbrio artificial.

Anónimo disse...

Boa noite, eu próprio já defendi a redução de equipes para divisões reduzidas, no entanto começo a acreditar que este modelo poderá nem estar totalmente desajustado, agora uma coisa é certa, temos que aceitar um modelo por um período de tempo que nos permita tirar conclusões, no fim desse período deveremos reflectir e ai sim analisar a continuidade ou não do modelo adoptado, não podemos é de dois em dois anos mudar de modelo, haja bom censo...

Anónimo disse...

Para concluir este trabalho com muito de opinião pessoal pouco fundamentada com observação in loco e com comparações que não se podem comparar ,
1 a maioria dos cruzamentos das equipas A e B acontece com que as melhores equipas apresentam uma segunda equipa e muitos jogadores sem rotinas e competição , o que leva um maior nivelamento dos resultados - artificial
2 - muitas equipas não conseguem ter o número completo de jogadores num jogo - 23
3 - algumas das equipas mais fracas são favoráveis a uma redução para poderem jogar realmente jogos mais competitivos e com reais possibilidades de vencer , tornando assim mais fácil motivar e mobilizar jogadores , público e até patrocinadores .

Estes são alguns que vejo no terreno durante os fim de semana e que os números não traduzem com justiça , os números podem ser um indicador mas não podem estar cruzados com a realidade , só assim se poderá chegar a uma conclusão fundamentada .

Anónimo disse...

Parece-me que este assunto está a ser debatido em dois lados. Pelo que é dito é bem visivel a divisao de opinioes. Todos têm alguma razão, mas nenhuma das propostas apresentadas tem toda a razão. Os dados estatísticos apresentados são muito incompletos. Os tecnicos da FPR têm esse estudo completo e é com base neles que supostamente faz as suas propostas ao Presidente. Seria bom que essa informação fosse publicitada para que outros pudessem reflectir e apresentarem propostas.
Li num dos comentarios feitos que haverá meia duzia deClubes estaveis e que garantem a continuidade a mecio prazo. Parece-me muito importante que essa analise se faça antes de tomar qualquer decisão. Não se pode conceber um Campeonato apenas pensando no ano seguinte. É preciso garantir que se vai optar por um campeonato equilibrado, com equipas competitivas, com Clubes que tenham campo proprio ou pelo menos possam marcar os jogos livremente, que tenham duas equipas seniores e que compitam em todos os restantes escalões. Parce-me indispensavel. E sendo assim quantos Clubes estão preparados para o escalão principal ?
Vamos ponderar e distinguir o rugby de competição do rugy social que deverá ter o seu espaço.

Duarte disse...

Quantos clubes querem jogar na DH?

Dos 10 que lá estão esta época, apenas 9. Como se sabe, o CRAV preferia não estar na DH.

Dos que estão na I Divisão, o Lousã, pela voz autorizada do seu presidente, já disse que não quer.

O Benfica, pela voz autorizada do seu director técnico e treinador dos séniores, já disse que se tiver que ser sobem à DH, mas que, por enquanto, acham que essa subida seria prematura.

O Caldas não quer.

O Évora não sei.

O Sporting quer.

Ou seja 10 clubes, na melhor das hipóteses 11, caso o Évora queira jogar na DH.

Que sentido faz uma DH com 10 equipas quando só 10 ou 11 a querem disputar?