Muito se tem falado ao longo dos anos, da questão da organização das competições principais em Portugal, atribuindo-se sistematicamente ao sistema competitivo as culpas pelo baixo nível do nosso rugby.
Falando apenas do que se passou nos últimos 15 anos (de 2000/2001 até esta época de 2014/2015) aquelas competições já sofreram nada menos que nove alterações, umas mais profundas, outras menos. (cf em www.historico.maodemestre.com, os quadros na parte final)
O QUE SE PASSOU DESDE 2000/2001
Na verdade, em 2000/2001 as duas divisões estavam juntas e começavam a ser disputadas por três grupos de quatro equipas, e numa segunda fase, em dois grupos de seis equipas.
No ano seguinte o esquema foi alterado e passou a uma primeira fase com dois grupos de seis equipas e uma segunda fase com três grupos de quatro equipas, e foi assim por dois anos.
Em 2003/2004 são criados dois grupos de oito equipas - funcionando como divisões independentes - em que jogam todos contra todos, e depois cada grupo de oito era separado em dois grupos de quatro equipas, jogando todos contra todos, discutindo uns os quatro primeiros lugares e os outros os lugares seguintes do 5º ao 8º.
Este sistema funcionou por mais uma época, para logo em 2005/2006 ser introduzido o sistema de playoff em substituição do round robin dos grupos de quatro.
Em 2007/2008 introduzem-se alterações, acabando a segunda fase para os últimos e passando as meias finais - que eram disputadas a uma volta - a serem disputadas a duas voltas.
O sistema de oito equipas na Divisão de Honra e outras oito na 1ª Divisão mantém-se até 2011/2012, sofrendo no entanto alterações em 2009/2010 e 2011/2012.
Em 2012/2013 a Divisão de Honra é alterada para 10 equipas, a que se seguiu em 2013/2014 o alargamento da 1ª Divisão.
Na presente época desportiva, deixou de haver playoff para os últimos na Divisão de Honra - na 1ª Divisão já não havia.
Ou seja, a facilidade com que se altera um modelo competitivo em Portugal tem muito mais a ver com a vontade momentânea de quem manda, do que com as necessidades efectivas do rugby nacional.
Como já vamos na segunda época com 10 + 10 equipas nas duas principais competições, é natural que haja a tentação da FPR em proceder a mais uma alteração, sem que no entanto haja qualquer justificação efectiva para isso - apenas porque apetece a quem manda e, infelizmente, os Estatutos e os Regulamentos autorizam...
A SITUAÇÃO ACTUAL
Claro está que a passagem de 8 + 8 equipas para 10 + 10 equipas, exigiu aos clubes um esforço suplementar,já que no conjunto houve mais quatro equipas a serem submetidas a um sistema mais competitivo.
Reparem que em 2012/2013 com a subida de mais duas equipas para a Divisão de Honra, era natural que houvesse um período de adaptação, já que essas equipas não estariam preparadas para essa evolução - e o mesmo aconteceu na Primeirona, com a subida de duas equipas para colmatar as vagas deixadas pelas que subiram à Divisão de Honra.
E o mesmo veio a acontecer no ano seguinte, com o alargamento da Primeirona, que forçou a subida de mais duas equipas da Segundona para a Primeirona.
Claro que só se podia esperar que estes alargamentos levassem alguns anos a ser assimilados, e, portanto haveria que aguardar alguns anos até que tudo se estabilizasse, e se começasse a tirar proveito das alterações introduzidas.
Agora é habitual ouvir dizer que o sistema de 10 +10 equipas tem contribuído para um abaixamento do nível das equipas, e dá-se muito como exemplo os casos da Académica, Agronomia e Belenenses, que teriam descido significativamente de nível.
Não quero entrar nessa questão do nível das equipas - pelo menos para já - mas apenas pergunto porque terá sido o sistema de 10 + 10 equipas o culpado disso?
Então se o sistema adoptado fosse de oito equipas, ou mesmo seis, ou até quatro, na Divisão de Honra, como isso teria impedido o abaixamento do nível dessas equipas?
Será que a ser verdade que aquelas equipas baixaram de nível, isso se fica a dever ao facto delas jogarem duas vezes por ano, com mais duas equipas que vieram de baixo?
Não brinquem com coisas sérias!
Amanhã voltaremos a este assunto, e vamos mostrar-lhe que, ao contrário da ideia que se pretende fazer passar, o alargamento da Divisão de Honra não aumentou o desnível entre as equipas, havendo mesmo um recuo percentual dos jogos em que uma equipa marca mais de 49 pontos.
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15 comentários:
Voltar atrás e reduzir o número de equipas nas duas competicões principais seria um disparate. A primeirona sobretudo tem mostrado bem como ser ambicioso dá resultados. A agrária desceu para a segunda, o que significa um retrocesso para aquele clube, mas as outras equipas desta competicao teem beneficiado imenso de ter uma competicao alargada. E há muita concorrencia à porta. É só uma questao de tempo até algumas das equipas do norte terem clubes maiores. famalicao, guimaraes, braga, etc, e outras só podem crescer. Isto leva uma geracao, mas daqui a uma década o panorama vai ser muito diferente. E matar a competicao nesta altura só vai atrasar este desenvolvimento. Joao Ejarque.
Pelo menos na DH as equipas deveriam ser obrigadas a apresentar 23 jogadores. O que se passa em nada dignifica a competição.
Na I divisão, após uma época em que as equipas deveriam apresentar pelo menos 20 jogadores, far-se-ia como na DH.
Por outro lado, quanto a mim, o problema do modelo 10+10 não é que ele leve a um abaixamento do nível de equipas como Belém, Agronomia e Académica. Penso que para quase ninguém o problema será esse.
O facto de essas equipas estarem (temporariamente?) com um nível mais baixo não é devido à DH ter 10 equipas. Argumentar a favor do modelo 10+10, mostrando que não é por causa desse modelo que há equipas que desceram de nível será, receio, combater um espantalho.
Concordo em geral que o modelo competitivo deve manter-se como está, com 10 equipas na DH e outras 10 na 1ª Divisão.
Os ideólogos que defendem um campeonato da DH com 6 equipas devem andar um pouco preocupados pois se fosse agora, históricos do rugby nacional lá iriam parar à segunda divisão (Académica, Agronomia, Belenenses, CDUP...2 destas 4).
Naturalmente, não é isso que queremos. Queremos um campeonato tal como está, com equipas competitivas, com jogos equilibrados, com mais espectadores (não abona para esse efeito ter vários jogos à mesma hora ou constantes alterações das horas dos jogos, como aconteceu nas últimas 2 jornadas com o Belenenses).
Hoje em dia, dos 10 clubes da DH só praticamente o Belenenses não tem campo próprio ou facilidades de utilização de campos e isso é um factor fundamental para o desenvolvimento: ter instalações que permitam trabalhar. E isso vai acontecendo aos poucos, até na 1ª Divisão. Só podemos acreditar que, com esforço dos clubes, a qualidade vai melhorar e a competitividade também.
Com o que não concordamos é com a constante alteração de regulamentos, como tem acontecidos nos últimos anos. Planeia-se uma época à luz dos regulamentos em vigor e, de repente, os regulamentos são alterados. Sabe-se lá para agradar ou fazer favores a quem.
Assim é que o rugby não aguenta, não evolui, não atrai público ou patrocinadores. Pelo contrário, dá azo a tricas, a esquemas menos transparentes, caminha para a futebolização.
Depois, é preciso que os regulamentos sejam cumpridos, não existem apenas para inglês (ou o IRB) ver.
Um exemplo: o RG Competições diz que as camisolas devem todas numeradas do 1 ao 23, indo ao pormenor dos tamanhos a utilizar. Porém, ou assistimos a camisolas sem número ou, o que é pior, a camisolas com o número 47 ou 56 como se viu no Sporting-Benfica deste sábado, o que é pior.
Querem que o rugby evolua? Criem estabilidade, credibilidade, dê-se apoio aos clubes fora de Lisboa, fazendo com que os Diretores Técnicos Regionais da FPR e outro pessoal do seu enorme staff se desloque pelo país e faça algo de útil que justifique os salários.
Isso das camisolas numeradas de 1 a 23 é um falso problema. Muitas modalidades dão a cada atleta um número que utilizam durante toda a temporada. Por exemplo aconteçe co frequência haver um número 11 (small) e logo na semana seguinte o 11 ser um atleta enorme. Quero com isto dizer que utilizando números de 1 a 23 cada equipa teria de ter 3 jogos de camisolas com cada número em 3 medidas....
O CDUL não tem campo próprio, nem facilidades de utilização de campos!!!
Fica bem dizer o contrário mas não é verdade!
O CDUL paga mais de 60.000€ por ano ao EUL, e aluga campos da mesma maneira que 22 amigos podem chegar ao EUL e alugar um campo para jogarem 11 contra 11.
Parem de inventar sff! Não digam asneiras! Lá por uma asneira ser repetida centenas de vezes não se torna verdade!
Meu caro,
Não é isso que dizem as Leis do Jogo do World Rugby (ex-IRB).
Nem sequer o RGC da FPR está a respeitar as Leis do Jogo, pois é omisso relativamente à obrigação de numeração de 1 a 23.
A continuar assim, ainda vamos ver as camisolas com o nome dos jogadores nas costas.
Adulterando um princípio fundamental do rugby, em que o coletivo prevalece sobre o individual, não há vedetas, ninguém merece destaque especial, a equipa é um todo e todos sem exceção devem trabalhar para a equipa.
Mas se acham que sim, que o rugby deve continuar no caminho da futebolização, venham de lá os nomes e os nºs 55 ou 99 nas camisolas.
Salvo erro, os clubes sem campo próprio, nem campo cedido pela autarquia (Montemor, CRAV) ou pela Universidade (Académica), são o CDUP e o CDUL.
Cascais e Montemor têm campos próprios (ou cedido pela autarquia, no caso do Montemor), mas são campos sintéticos.
O CDUP também joga em campo sintético.
Estes sintéticos não são dos mais adequados ao râguebi.
Agradeço que corrijam se houver alguma coisa a corrigir.
Os adeptos que defendem um campeonato da DH com 6 equipas não estão nada preocupados, porque NÃO defendem um campeonato com 6 equipas, desde que a sua equipa seja uma delas.
Defendem um campeonato com 6 equipas. Ponto.
«Com o que não concordamos é com a constante alteração de regulamentos, como tem acontecidos nos últimos anos. Planeia-se uma época à luz dos regulamentos em vigor e, de repente, os regulamentos são alterados. Sabe-se lá para agradar ou fazer favores a quem.»
O alargamento fez-se para agradar e fazer favores. Duvida disso, caro anónimo?
O problema não será o de 10+10, 8+8 ou 12+12, o que seria importante para o desenvolvimento era a obrigatoriedade de certos requisitos para cada uma das principais divisões. Uma sugestão: divisão principal obrigatoriedade de apresentar duas equipes por jornada /campeonato de reservas), quem não apresente perderia pontos para a primeira equipe, isto levaria a ter mais gente em competição e mais gente nos treinos, consequentemente maior qualidade e evitava que muitos miúdos e malta que não joga habitualmente, abandone e que as equipas fiquem apenas com os 20, 23 que habitualmente jogam. obrigatoriedade em apresentar campo de jogos e de treinos, para não andarem a treinar no jardim ou em locais que trazem qualidade de treino deficiente. começar a casa pelos alicerces evitaria que a mesma caia, outras ideias haveria mas as mais básicas são as mais necessárias no nosso rugby. antes de planos de jogo há que ensinar os skills básicos....
Para médicos, fisioterapeutas treinadores e jogadores:
http://www.lequipe.fr/explore/rugby-jeu-de-massacre/
Ainda não li o artigo todo, mas estou a achar de muito interesse.
Independentemente de se valorar o modelo competitivo ( 10 ou 6 equipas na DIvisão de Honra ) é importante ter-se a frieza e a perspicácia bastante na utilização dos argumentos. Ninguem com um mínimo de conhecimento da realidade do rugby nacional acredita que quer o Belenenses quer Agronomia não venham a classificar-se entre os cinco ou seis primeiros. Além disso , particularmente os agronomos, têm uma formação consistente o que assegura à partida um futuro risonho. É esta uma situação que deve ser analisada para se falar com propriedade do futuro das competições. É determinante. Alguém acredita que Clubes que não apostam na formação possam manter uma posição cimeira no rugby nacional? O Técnico por exemplo, sem equipas jovens competitivas, pode manter a atual posição ?
Na verdade apenas meia dúzia de Clubes estão preparados para para se manter nos proximos dez anos nos lugares de topo : CDUL, Direito, Agronomia, Cascais, CDUP, Belenenses e talvez a Académica.Esta é a realidade. Talvez também o Técnico se inverter a sua política de imediatismo e, mais tarde, o Benfica.
São estas equipas de fronteira que poderão desafiar os tais seis/sete Clubes melhor preparados.
Há depois um grupo de Clubes regionais que poderão progredir particularmente se tiverem a humildade e a inteligência de se juntarem para esse fim. Nesse grupo estão o CRAV, o Montemor, o CRE , a Lousã e a um nível imediatamente abaixo, o Loulé, o Setubal, o Santarem, o Caldas, o Rugby da Moita, o Setubal, o S. Miguel e o Sporting. Depois o Guimarães e o Famalicão e a Agrária, esta ultima com um trabalho meritorio que poderá dar frutos a médio prazo. Depois há outros Clubes, com trabalho árduo, mas ainda sem a consolidação que garanta uma competitividade exigivel em competições nacionais.
Há que ter a noção desta realidade antes de se propor o que quer que seja. Divisão de Honra com 10 Clubes? Está visto que só com o atual arranjo da utilização dos jogadores internacionais.
Não é uma decisão fácil, mas entendo que 6+6 poderá ser uma boa alternativa, com posterior 4+4+4, o primeiro grupo a disputar o titulo, o segundo a manutenção do grupo dos primeiros 6 e o ultimo grupo a disputar a permanencia. OU ENTÃO MANTENHAM O QUE ESTÁ.
O Tecnico não tem equipa sub 23 porque metade da equipa sénior é de facto sub 23 (de momento lembro-me de 12 jogadores). Não deixa muita margem de manobra para ter uma equipa competitiva. Os restantes jogam na equipa B. O técnico tem todos os outros escalões, com pior ou melhor desempenho, mas tem.
Em resposta ao comentário de 23/Dez às 00:33,
Já se percebeu que V. Exa advoga um campeonato a 6 equipas, não o diz claramente, mas chega lá na parte final do seu comentário.
Vamos por partes. Num campeonato a 6, como as coisas estão hoje (não ontem, nem amanhã), acha que o Belenenses e Académica não ficariam fora? Ou eventualmente Agronomia se continuar nesta intermitência?
Quando fala do Técnico é o que se chamar falar por falar. Se estivesse atento veria, por exemplo, que com exceção dos 2 estrangeiros que jogaram em Coimbra, 19 jogadores em campo vieram da formação? Isto sem contar com mais 7 lesionados, entre os quais um internacional sub-18. E que este clube além de ter equipas em todos os escalões de formação, tem ainda uma equipa B (ou satélite, se quiserem) em atividade?
E mais uma vez anda distraído ao dizer que as equipas são pouco competitivas. Poderá talvez dizê-lo em relação aos Sub-16 e Sub-18, mas é falso que o seja em relação aos Sub-14 e por aí abaixo, escalões em que nem sequer há grande preocupação com a competitividade, mas com a formação dos miúdos, enquanto jogadores e futuros homens. Além disso, não se quer ganhar por ganhar, mas formar jogadores... Mas, são todos formados no Técnico
Equipas há que preferem ir "assaltar " outros clubes, que acabam por formar bons jogadores e depois não recebem qualquer contrapartida quando estes são aliciados. Por isso percebe-se a atitude dos que se insurgem contra o Regulamento de Indemnizações por Transferência.
E já agora, com um campeonato a 6 equipas quer reduzir o rugby à quintinha de Lisboa?
Já basta o que basta, já basta o rugby estar a definhar para que alguém se atreva a colocar mais problemas a equipas como a Académica, o CRAV, o CDUP, o Montemor, que já os têm que baste!
Sem entrar em diálogo gostaria de lembrar ao postador das 20 e 35 que disse que o Tecnico se alrerasse a sua politica poderia chegar sustentadamente ao grupo da frente. Se é verdade que os escaloes mais jovens estão competitivos tanto melhor para o rugby nacional.Apenas comentei com base no que é publico e não me recordo de ver qualquer equipa do Tecnico nas fases finais desses escaloes e parece-me que este ano sucederá o mesmo.
Pelo contrário Agronomia é presença habitual sendo certo que até há pouco tempo, numa análise do MdM, era o Clube com melhores resultados nos ultimos dez anos, embora tenha baixado um pouco a nível dos séniores nos ultimos três anos. Mas a questão não se resolve com preconceitos ou com a defesa das quintinhas dos engenheiros, agrónomos ou outros.
É evidente que preferia um campeonato mais competitivo com uma reduçao de Clubes, mas se fosse possível. Não se pode centrar o rugby apenas em Lisboa, mas seria bom que o Porto e Coimbra e mesmo um Clube do Alentejo reforçassem a sua posição no rugby nacional.
O Campeonato, tal como está procura um equilibrio artificial como alguem já comentou. Essa é a realidade que se calhar é um mal menor.
Como se vê é fácil criticar. Mais dificil é encontrar soluções consensuais. Mas continuemos a pensar e desapaixonadamente apresentar alternativas
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