26 de agosto de 2013

HONRA E GLÓRIA OU MAIS UMA AVENTURA

A cerca de um mês e meio do pontapé de saída da Amlin Challenge Cup (a 10 de Outubro) ainda não é conhecida a equipa que irá substituir os espanhóis da Olympus na prova, ou se, eventualmente, haverá um recuo (improvável) da Federação espanhola e a sua equipa reconfirmada.

O que se sabe é da tentativa que a Federação Portuguesa de Rugby levou a cabo, para conseguir que aquele lugar fosse ocupado por uma equipa nacional, constituída por jogadores da Academia federativa.


Nesse sentido o presidente Amado da Silva fez uma sondagem aos clubes da Divisão de Honra e da 1ª Divisão, tentando reunir o seu consentimento quanto a esta eventual participação, o que parece ter sido conseguido, embora sem a desejada unanimidade, em relação às equipas da divisão mais importante do nosso rugby, enquanto parece ter merecido o quase total desinteresse das equipas da Primeirona, e a oposição das que se pronunciaram.

E se não estranhamos o acordo das quatro ou cinco equipas que beneficiam directamente dos trabalhos da Academia - afinal uma participação naquela prova representa uma valorização dos seus activos... - já o mesmo não podemos dizer em relação às restantes que parecem apoiar a ideia, a menos que se perfilem no horizonte outras quaisquer compensações ou benefícios.

Afinal, estando os academistas concentrados nas já referidas quatro ou cinco equipas, quanto mais os seus atletas melhorarem, mais distantes elas ficarão das restantes equipas, o que representa para este segundo grupo, um prejuízo...

(Apenas para ilustrar esta afirmação, repare-se que a primeira convocatória para os trabalhos da selecção nacional, e de onde é natural que emane a dita eventual equipa, dos 47 convocados, mais de metade pertence ao CDUL (14) e Direito (10), seguidos pelo CDUP (6), Belenenses (5), Agronomia (4) Académica e Cascais (3) e um do Técnico e do Caldas).

Mas isto por si só não significa que a participação de uma equipa portuguesa na prova deva ser, aprioristicamente considerado um mal, como o oposto também é verdade, pois não existem dados que permitam classificá-la como um bem para o rugby nacional.

É natural que os clubes com maior participação de jogadores nesta equipa queiram ter a honra e a glória de participar numa competição europeia, mesmo sendo a glória distante e a honra duvidosa, mas a questão que se põe ultrapassa largamente o círculo da sua restrita - embora muito importante - influência, para atravessar todo o rugby nacional, com repercussões que irão com toda a certeza determinar o futuro próximo da modalidade no nosso país.

Daí a preocupação de Amado da Silva em conseguir o apoio dos clubes da Primeirona - o que não conseguiu - na tentativa de transformar uma acção que a poucos interessa num desiderato nacional.

Mas a verdade é que, mais uma vez, se tenta dar um pulo sem rede, e se esquecem os deveres e a lealdade que os clubes mais importantes têm perante todos os restantes, como se o rugby nacional fosse dividido em duas partes, que uma não dependesse da outra, e que os mais pequenos existissem apenas para compor a fotografia, e aos maiores tudo fosse devido e nada pudesse ser exigido.

O que, obviamente não está certo.

Mas, mesmo deixando para outra ocasião a avaliação da forma como se tem desenvolvido o trabalho da(s) Academia(s), não podemos deixar de perguntar como se irá processar o financiamento deste eventual equipa, mesmo se Amado da Silva assume o compromisso de que ele será encontrado fora do quadro normal e sem prejudicar o funcionamento e as actividades previstas para a próxima época.

Porque, sendo conhecidas as dificuldades financeira por que passa a FPR, por muito que Amado da Silva se comprometa, duvidamos seriamente que as responsabilidades a assumir não venham influenciar negativamente as necessidades do rugby nacional - afinal, se existem potenciais financiadores, onde eles têm estado?
Ou será que estão ali mesmo ao lado, à espera que a Federação Espanhola abandone o barco, para surgirem como salvadores da Pátria, investindo agora numa acção sem retorno, quando não se têm visto noutras acções que levam a imagem das nossas cores a plateias bem mais significativas?

E se existem patrocinadores esperando por uma oportunidade para avançarem com as centenas de milhares de euros que uma participação desta natureza exige - de acordo com a FER a participação custa cerca de 200 mil euros - e que, repito, não traz qualquer retorno, por que não os cativa a FPR para outros eventos de maior dimensão, e onde a glória que se procura está bem mais à mão do que nesta situação?

Mas mesmo que não se ponha a questão da glória - embora seja difícil entender que glória trarão os três jogos previstos para se disputarem em casa, frente ao Stade Français, ao London Irish e aos italianos dos Cavalieri Prato, por uma equipa que não é uma selecção nacional, mas também não é um clube - o que se pergunta é quem irá assistir aos jogos com a participação de uma eventual equipa portuguesa, quando as assistências aos jogos de clube em Portugal são tão pequenas, e nem sequer em relação à selecção nacional existe capacidade de mobilização que leve aos estádios mais que um par de milhares de adeptos - raramente pagantes...

Ou seja, mais uma vez se está a tentar avançar com uma acção que será completamente dependente de apoios ou patrocínios, mas que não vai gerar qualquer receita ou benefício que justifique que o futuro do nosso rugby seja empenhado à sua realização.

Vamos aguardar o que se vai seguir, com a decisão da ERC sobre quem ocupará o tal lugar em vazio, não sem antes completarmos este artigo com um outro a publicar ainda hoje.

Leia também DEVERES E LEALDADE PARA UM DESPORTO DIFERENTE.

7 comentários:

Anónimo disse...

post inutil e que so serve pa wncher choricos...
a ERC mais depressa deixa um grupo so com 3 equipas do q adiciona uma equipa lusa....

Anónimo disse...

Não deixo de ficar surpreendido com a forma como esta noticia é aqui anunciada.. no entanto, já não me espanta a opinião parcial.

A Academia portuguesa (e os clubes) começa a criar valores para os relvados nacionais. Basta pegar no exemplo do José Lima para perceber que há qualidade na formação em Portugal e como tal a academia deve ter uma actividade que nivele a qualidade dos seus jogadores por cima.

Lembro que os Sevens contêm jogadores que competitivamente estão acima dos outros, mas é preciso equilibrar uma equipa XV para que os resultados dos Lobos estabilizem nos primeiros lugares da Taça das Nações.

Com jogadores a actuar nos sevens e com muitos jogadores a actuar em França apenas tapamos o buraco da falta de competição intensa com uma manta rota. É preciso que o resto (Academia) tenha uma competição semelhante. Aqui pode (e muito bem) entrar a Amlin Cup!

Outra informação, caro Manel, é de que seriam disputados 6 jogos por ano (2 em Outubro, 2 em Dezembro e 2 em Janeiro - as datas já foram anunciadas há muito) não seria interessante falar dos benefícios duma participação na Amlin Cup para os Lobos que jogam em Fevereiro e Março a qualificação para o Mundial?

Não seria interessante falar da questão de se usar na Amlin Cup jogadores que levam já um grau de compromisso grande com a Academia? Ou mesmo jogadores que estejam tapados nos sevens (maioritariamente 3ª linha e três quartos) dando-lhes competitividade? Não é assim que funciona a equipa B da Argentina (Jaguares) ao participar na Vodacom?

Porquê criticar ou difamar (suavemente) uma boa iniciativa? Há jogadores para esta equipa! Há benefícios competitivos grandes! Apenas resta a questão do orçamento.. Mas mesmo assim a noticia podia ter sido dada com outra esperança e ser mais imparcial...

Anónimo disse...

Boa noite,

Olhando para o artigo acho que participar numa eventual competição europeia é por o carro à frente dos bois e em nada o rugby portugues ganharia com isso. Por várias razões:
1. Primeiro que tudo deviamos olhar para a nossa competição interna e torna-la competitiva. E torna-la competitiva nao é este modelo que temos. Aumentar para 10 equipas é nivelar o campeonato por baixo. O aumento de competitividade viria com a criação de um campeonato de 6+6+6 equipa e não duas divisoes de 10 equipas.
QUal o interesse em jogos que á partida se desnivelam por 50 pontos?
Qual o interesse para os jogadores das SN em jogar jogos em que fazem claramente a diferença e onde a oposição é claramente mais fraca quando depois vao para os jogos internacionais e o nivel e consideravelente superior?

2. Jogar uma competição deste nivel é até perigoso para os nossos jogadores nomeadamente 1as linhas. Ou acham que nos aguentamos com o Stade Français por ex?

3. Já assunto batido e debatido, mas o Rugby portugues tem que encontrar uma prioridade e nela apostar. E essa prioridade devem ser os Sevens.
Com melhores condições ( as que temos saõ nulas comparadas com os nossos adversarios)

4. Olhando para a convocatoria onde constam os nossos melhores jogadores teremos estrutura para uma competição europeia?
Para já nao temos datas disponiveis. Outra questão é que os nossos jogadores mais experientes e que trabalham nao tem com certeza disponibilidade para treinar e dexiar de trabalhar para participar numa competicao desta dificuldade.

5. Nao nos enganemos. Vendo qualidade nestas equipas tecnicas acho contudo que nos ultimos anos ao apostarmos sempre nos mesmos e em jogadores vindos de fora que nada trouxeram a SN cortamos o desenvolvimento de jovens jogadoresque mereciam ter tido oportunidades. Recordo a viagem a America do Sul onde alguns dos nossos jovens foram fazer turismo.

6. PAra tambem desenvolver o nosso rugby intramuros devemos cortar com esta politica de mandar vir todo e qualquer jogador que jogue em frança, vendo-se que muitos deles nao sao melhores dos que ca temos.

7. Veja se o exemplo do Guernika da ultima hora quis participar e depois implodiu.

8. Acho que a Amlin Cup é um passo muitas vezes maior que a nossa perna e que precisariamos de desenvolver muito o nosso rugby até em termos de numeros para podermos sequer equacionar uma participação



Anónimo disse...

Se a FPR aguentar o financiamento duma ida à Amlin Cup e não resvalar para o fundo do poço, ainda bem que há hipótese de uma equipa portuguesa estar presente.Começa por ser um prémio para os jogadores, alguns dos quais gerem ao segundo o seu tempo para poderem conciliar a sua vida com o rugby. E se lhes perguntares se estão entusiasmados com a ideia o que achas que te responderão?
Qual é o problema de levar uma cabazada de equipas muitìssimo mais fortes? Não é vergonha nenhuma...levámos mais de 100 dos All Blacks, alguém ficou envergonhado?
E a Primeira Divisão não gosta? Qual é o problema se a FPR continuar a honrar os seus compromissos.
Que post tão "a puxar para baixo" o teu...
Pessoalmente terei uma desilusão se não puder haver uma equipa portuguesa.

Anónimo disse...

em 12-13 os jogadores internacionais acabaram a época de rastos fisica e psicologicamente e só houve "europeu de XV" e 7´s. Se agora juntarmos a amlin como será este ano??!!! A questão, mais que financeira, é de quantidade/qualidade de jogadores que prestigiem ou tragam algum beneficio ao rugby português.Que ou quem beneficia e o quÊ com esta participação? Novos jogadores? Jovens jogadores? A levarem massacres fisicos e nos resultados? Os clubes que perdem durante mais uma serie de 6 jornadas os seus jogadores ? A competitvidade interna? não...nada disto! Não temos jogadores em qualidade/numero suficiente para estarmos nesta competição e o "rugby interno" vai pagar isto muito caro!Há que desenvolver o rugby internamente, alargar base, deixar que mais jogadores de qualidade apreçam (criar condições para isso), e quando os tivermos então sim, avançarmos para uma aventura deste gabarito! Só uma pergunta : se fosse assim tão bom, a Espanha teria desistido? Outra : sabem o que aconteceu aos clubes espahpois que lá andaram?

Anónimo disse...

Pois este post toca no ponto nevrálgico do Rugby Nacional. A Academia...os clubes da primeira divisão não apoiaram...os da DH acharam a ideia interessante.
Claro que acharam interessante, existe mais dinheiro para a preparação dos seus jogadores que são os únicos na famosa academia, cava-se o fosso no Rugby nacional e a academia que de academia tem muito pouco pois é um feudo de alguns clubes (existe até um que se dá ao desplante de dizer que aos jogadores jovens que se não forem jogar para esse clube nunca entrarão na academia nem jogarão nas selecções).
O que alguns clubes da DH têm a ganhar com esta participação parece-me óbvio agora o que o Rugby em Portugal tem a ganhar, aí já é mais difícil de explicar (daí talvez a oposição dos clubes da Primeira).
Espero que esta participação não acabe com todos os clubes a pagar um preço pela participação de jogadores de apenas alguns clubes e no aumento de competitividade apenas de dois ou três clubes.
No Rugby nacional existe os clubes eucalipto que sugam tudo á volta, espero que esta participação não seja dar apenas mais nutrientes aos eucaliptos do Rugby.

Anónimo disse...

O primeiro problema é o financeiro. Vários clubes espanhóis foram à falência depois de uma época na Amlin.

Por outro lado, o Olympus foi uma coisa feita à última hora, em cima do joelho (no 1º jogo tinham no banco um pilar lesionado...), não era a verdadeira selecção dos melhores a jogarem em Espanha, era uma trapalhada completa.

Mas a participação dos espanhóis custou sempre, com clubes ou com Olympus, entre 200.000 e 250.000 euros. Eu também não percebo donde é que esse dinheiro vai surgir. Acho que além do presidente da FPR ninguém percebe e isso é muito preocupante.

Quanto ao resto o que o rugby português precisa, se quiser ter um MÍNIMO de ambições ao nível do alto rendimento, é de uma divisão de topo apenas com 6 clubes, tanto me fazendo quem sejam esses clubes. Se, por exemplo, um deles viesse a ser o Caldas, por mim tudo bem.

Com uma divisão de honra com 6 clubes, se houvesse dinheiro, a participação na Amlin seria positiva.

Com esta DH demagogicamente apostada em nivelar por baixo, mesmo se houvesse dinheiro, a participação na Amlin, seria de utilidade duvidosa.