12 de agosto de 2013

FRANÇA - O MAIS RICO E PODEROSO RUGBY DA EUROPA

Com o verão em pleno, levando grande número de portugueses para as praias e o campo, na procura de recarregarem as baterias tão atacadas durante todo o ano por notícias de fraude e má gestão, vamos aproveitar para voltar a falar do rugby francês, mas não sobre a sua componente desportiva, antes em aspectos relacionados com a sua condução e organização.

Começaremos aproveitando uma notícia que foi publicada no final de semana em www.lejdd.fr sobre os vencimentos dos jogadores de rugby naquele país, e ao qual já fizemos referência na nossa página do Facebook.


A propósito aconselhamos a que nos acompanhe nessa página também, já que algumas vezes é lá que avançamos com novidades, pela simplicidade e rapidez com que é possível fazê-lo, em contraposição aos mecanismos mais complexos que são impostos nas publicações feitas neste Portal.

Voltando à questão levantada pelos vencimentos em França, convém esclarecer que os clubes estão limitados a uma folha de pagamentos anual que não ultrapasse os 10 milhões de euros, e que o não cumprimento deste limite, pode levar a multas pecuniárias que chegam aos 2 milhões de euros...

Veja a lista dos 10 jogadores mais bem pagos em França (valores mensais), notando que cinco deles pertencem ao mesmo clube, o Toulon (Wilkinson, Habana, Hayman, Botha e Giteau) e que o francês com salário mais elevado - dos três não estrangeiros da lista - é o luso-francês Morgan Parra...


Convém também saber que existe um tecto máximo para os orçamentos dos clubes na casa dos 20 milhões de euros, apesar dele poder ser ampliado em casos bem justificados, como julgamos ser a situação do Stade Français, que tem um orçamento bem mais elevado que todos os outros clubes, em função dos valores envolvidos na administração do seu estádio próprio.

Mas para estas questões existe um organismo fiscalizador (DNACG - Direction nationale d’aide et de contrôle de gestion), que tanto autoriza (ou não) estes desvios ao previsto, como castiga quem não cumpre, seja através de multas, seja através de despromoção desportiva do clube.
Curioso verificar que a componente de ajuda (d'aide) aos clubes não foi esquecida, dando uma dimensão especial a esta comissão...

Quem estiver interessado em saber mais sobre as contas do rugby profissional francês, pode baixar o último relatório da DNACG, em pdf.

Vejamos a situação actual no que respeita aos clubes do Top-14, a categoria mais elevada do rugby francês:


Na tabela verifique que em Orçamento 2013-14, os valores constantes nas linhas do Agen e do Stade Montois, dizem já respeito (como assinalado) ao Brive e ao Oyonnax, equipas promovidas este ano por troca precisamente com aquelas outras duas.
Ainda em relação a Orçamentos, o aumento global entre 2012-13 e 2013-14 é igual a 6,87%, e, apenas para dar uma noção da grandeza, o orçamento global (2013-14) da entidade que é responsável pela organização da prova é igual a 72,1 Milhões de euros.

Repare agora que na coluna Classificação se apresentam as que foram obtidas pelas equipas na fase regular, e entre parênteses se indica quem acabou por ser o campeão e o finalista vencido.

No que diz respeito aos Estádios apresentados por cada equipa, falta dizer que o Bordeaux (na verdade Bordeaux/Bègles) apresenta o referido Stade André Moga, em Bègles, e o Stade Chaban Delmas (com mais de 34 mil lugares), em Bordéus, enquanto o Stade Français também apresenta dois estádios, sendo que o Stade Charlety foi a única casa da equipa durante os anos em que o Stade de France esteve a ser reconstruído (com mais de 80.000 lugares), e que o Racing Metro também o utiliza em alguns encontros.
Agora note que a média de assistência em cada partida da Top-14, em 2011-12, foi superior a 13.500 espectadores...

Se acrescentarmos a esta assistência - que no total representa mais de 2,6 milhões de espectadores - os 80 jogos transmitidos em directo em diversos canais desportivos, podemos calcular a quantas pessoas chegam as suas imagens, directa ou indirectamente.

Posto isto, é agora fácil entender porque o rugby francês de clube é o mais poderoso da Europa, com uma realidade bem diferente daquela que se vive em Portugal.
O que não impede que se tirem lições, e se tome consciência que não vale a pena pôr a carroça à frente dos bois...

Outra questão que vale a pena darmos uma vista de olhos e, sobretudo, pensarmos sobre ela, diz respeito às obrigações dos clubes que querem jogar em França.
Já falámos longamente nesta questão anteriormente - podem reler os nossos textos de Janeiro de 2010 sobre o País de Gales ou sobre a França, ou um mais recente publicado em Abril de 2011.

Para quem não queira viajar no tempo, deixamos aqui o quadro de equipas que os clubes de França são obrigados a manter, caso estejam interessados em disputar competições oficiais (como em Janeiro de 2010).


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