13 de outubro de 2019

TERMINOU FASE DE GRUPOS DO MUNDIAL 2019*

*Pedro Sousa Ribeiro
O campeonato do mundo 2019 terminou a fase de grupos com a definição das nações que vão participar nos quartos de final. O cancelamento de três jogos devido à passagem do furacão Hagibis no Japão foi um ponto negativo no desenrolar da competição, especialmente o jogo França-Inglaterra que iria definir o 1 º e 2º do grupo C e consequentemente o emparelhamento de dois jogos dos quartos de final. 
Não se compreende que a World Rugby não tenha preparado um plano B para tais situações sabendo-se que nesta época do ano a probabilidade do Japão ser atingido por furacões não é negligenciável.

A surpresa foi a classificação do Japão, ou talvez não, para os quartos de final, depois de duas merecidas vitória sobre a Irlanda e a Escócia.

O campeonato tem sido um sucesso desportivo e comercial. 
Quando foi tomada a decisão de atribuir ao Japão a organização havia dúvidas sobre a sua viabilidade comercial. Mas as expetativas da World Rugby sobre esse aspeto têm sido não só atingidas, mas até ultrapassadas. 
As lotações dos estádios têm sido quase totalmente preenchidas e, no início do campeonato, mais de 90% dos bilhetes para os jogos já haviam sido vendidos. Por isso é provável que no final se venha a ultrapassar os 95% de ocupação dos estádios.

Ponto de especial controvérsia tem sido algumas arbitragens. 
Arbitrar rugby é uma função difícil. Os árbitros presentes no Japão são os mais capazes e que se prepararam intensamente para este campeonato e todos estiveram sujeitos a reuniões diversas em que as últimas instruções do World Rugby foram exaustivamente explicadas e analisadas no sentido de encontrar uma homogeneidade de decisões. 
No entanto algumas áreas tem sido fonte de dificuldade. A World Rugby deu instruções claras para limitar a jogo perigoso que possa afetar a imagem do rugby. Essa é uma preocupação fundamental da entidade que gere o rugby mundial de modo a preservar o futuro do jogo. 
Em algumas áreas tem sido posto em causa a participação de jovens no jogo, com base na sua potencial perigosidade. E a World Rugby tem tentado contrariar essas posições. Daí a enfase na penalização do jogo perigoso especialmente na área da placagem alta que afeta a zona da cabeça do placado. 
Mas em alguns casos têm sido tomadas decisões contraditórias apesar do apoio importante do vídeo árbitro. Os árbitros têm-se preocupado com as placagens altas e com o jogo no chão, mas tem dado menos atenção aos fora de jogo em situações de maul e ruck permitindo situações claras de fora de jogo o que facilita a ação das defesas e limita o espaço disponível para lançar ataques pelas. linhas atrasadas. E isto dificulta a movimentação da bola facilitando a defesa e limitando a sua circulação e consequentemente a espetacularidade do jogo. 
Sendo o jogo ao pé de especial importância não tem ainda dado atenção suficiente aos jogadores que pressionam a defesa e que muitas vezes partem de uma situação de fora de jogo, ao saírem à frente do chutador.

No jogo moderno o jogo ao pé é de importância fundamental para bater defesas mais pressionantes o que tem sido utilizado por muitas equipas. Mas tem de ser executado com elevada precisão sob pena de dar a bola ao adversário possibilitando contra-ataques demolidores. 
Nesta área viu-se também o reaparecimento do pontapé de ressalto, gesto técnico de elevada dificuldade e que, se utilizado com propriedade pode vencer jogos. E isto numa altura em que alguns propunham a sua abolição.

Jogos como Nova Zelândia-África do Sul, País de Gales-Austrália, Japão-Escócia foram de elevada intensidade e proporcionaram espetáculos de alto nível. 
Das equipas do chamado Tier 2 apenas Japão e Fiji mostraram que podem ombrear com qualquer outra seleção e, Fiji, se não fora a inesperada derrota com o Uruguai, tinha todas as possibilidades de disputar um lugar nos quartos de final. 
Por outro lado, as equipas menos cotadas não deram sinais de evolução e de se aproximarem das equipas mais poderosas e mesmo, em alguns casos, tiveram uma evolução negativa sendo o caso mais saliente o Canadá que esteve longe de prestações em campeonatos anteriores.

Mas esperemos agora pelos quartos de final onde nos esperam jogos de grandes emoções e com resultados imprevisíveis.

Sem comentários: