26 de dezembro de 2014

O SISTEMA COMPETITIVO - CONTRIBUIÇÃO PARA MELHORAR 5

Continuamos hoje a nossa viagem através do rugby nacional, longe de pretendermos ser exaustivos na divulgação dos seus números - isso compete à FPR - mas sem abdicarmos do nosso direito a fazer uma leitura desses mesmos números, em especial quando sentimos que aquilo que se divulga, ou a forma como se divulga, não pretende mais do que justificar acções, medidas tomadas, muitas vezes de uma forma experimentalista e sem qualquer fundamentação.

Não vamos entrar agora nesta questão, mas não deixamos de referir a situação do Regulamento de Indemnizações por Formação, que foi agora suspenso pela Direcção da FPR, fazendo crer que essa sua acção vinha corrigir um erro do passado, que urgia emendar, mas esquecendo de referir que aquele Regulamento foi introduzido no verão de 2010, quando o Presidente da FPR já era Amado da Silva, e que a sua introdução fazia mesmo parte do seu plano de candidatura.


Ou seja, a Direcção da Federação, que já tinha na frente o actual Presidente, elaborou um Regulamento experimental, que agora, face às diversas vicissitudes de que enferma - como se diz no comunicado que o suspende - foi obrigada a suspender.

Como tem ocorrido frequentemente em relação às introduções feitas no nosso rugby pelas direcções de Amado da Silva, que experimenta, e depois é obrigado a fazer marcha atrás - e são tantos os exemplos! - e de que esta do RIF é apenas um exemplo.

Mas voltando ao tema que estamos a abordar, vamos hoje falar dos números do rugby nacional, tendo como base os relatórios oficiais da Federação, e considerando os anos de 2005/06 até 2012/13, último relatório disponível.

Dividimos esta análise em dois grandes Grupos, o primeiro reunindo os dados de 2005/06 até 2009/10, e outro a partir de 2010/11.
Considerámos assim dois anos de referência (ANO BASE 1 e 2) e fizemos, no primeiro Grupo, a comparação entre o ano em curso e o ano anterior, e entre o ano em curso e o Ano Base 1 - 2005/06.
Claro está que em 2006/07, estes valores são iguais, pois o ano anterior é o ano de 2005/06.

Depois, no segundo Grupo´mantivemos estas comparações - ano anterior e Ano Base 1 - mas acrescentámos a comparação com o Ano Base 2 - 2009/10.

Dividimos os números pelos respectivos escalões etários, mas acrescentámos uma última coluna à direita do quadro, onde apresentamos os números totais apenas dos escalões competitivos - Sub-16, Sub-18, Sub-20/Sub-21 e Seniores.

Assim você pode ter uma melhor noção do que aconteceu realmente ao rugby competitivo nacional, onde os números são mais difíceis de manipular, já que a eles tem obrigatoriamente que corresponder uma realidade em termos de equipas participando em competições oficiais, onde não se pode tirar um número do chapéu, como num passe de mágica...

E pode também comparar estes números com o número de equipas em actividade que ontem publicámos, para ver que, provavelmente, o número de jogadores seniores nesta época de 2014/15 deve voltar a cair, já que em termos de equipas em actividade regressámos ao mesmo número de equipas que em 2010/11.


O que de mais importante se pode tirar destes números resume-se ao seguinte:

SENIORES
De 2005/06 a 2009/10, o número de jogadores seniores subiu de 749 para 1039, ou seja, um crescimento de 38,72%.
De 2009/10 a 2012/13 o número de jogadores seniores subiu de 1039 para 1256, ou seja, um crescimento de 20,89%

SUB-18 + SUB-16
De 2005/06 a 2009/10, o número de jogadores sub-18 mais os jogadores sub-16, subiu de 723 para 1536, ou seja, um crescimento de 112,44 %.
De 2009/10 a 2012/13 o número de jogadores sub-18 mais os jogadores sub-16, subiu de 1536 para 1731, ou seja, um crescimento de 12,69 %.

ESCALÕES DE COMPETIÇÃO
Em termos gerais, o rugby português nos escalões de competição, cresceu de 2005/06 a 2009/10 cerca de 94,20% (de 1586 a 3080 jogadores), e entre 2009/10 e 2012/13 o crescimento foi de 18,51% (de 3080 jogadores para 3650).

Ou seja, o ritmo do crescimento do rugby português desce de 94% num período de quatro anos para 18,51% nos quatro anos seguintes.

A este ritmo, dentro de poucos anos a crescimento do rugby nacional corre o sério risco de parar!

Agora que demos uma vista de olhos pela situação em que nos encontramos, e porque julgamos poder contribuir para melhorar o nosso sistema competitivo, vamos concluir esta série de artigos com a apresentação de uma sugestão que pode conciliar interesses diversos e assim conduzir a uma melhoria do nível do rugby praticado em Portugal.

Esteja atento.

5 comentários:

Anónimo disse...

Uma vez mais, parabéns ao MDM pelo trabalho exaustivo de pesquisa e apresentação de dados.

Com este tipo de informação, os arautos de que tudo vai bem no reino de sua majestade não podem vir com a propaganda do costume.

Os factos são estes, os números não podem ser manipulados, a propaganda que é feita e que o mais provável é voltar a aparecer aquando da recandidatura não tem ponta por onde se lhe pegue.

A FPR faria um grande serviço ao rugby apresentasse assim como assim uns números, uns quadros, umas tabelas, onde mostrasse digamos, nos últimos 5 anos, o que pagou em ordenados, avenças e por aí fora, qual a dívida existente e a evolução da mesma, valores de patrocínios recebidos, verbas recebidas da IRB e onde foram empregues, etc.

Era bom não era?

Quanto aos regulamentos, estamos falados pois além do experimentalismo, aventureirismo e pelos vistos certos favores, o que é notável é a forma como rapidamente a FPR e o seu presidente sacodem a água do capote.

Votos de umas boas festas

Duarte disse...

Também dou os parabéns ao MdM (apesar de, na minha opinião, comparar o incomparável, quando fala do equilíbrio entre clubes na DH), mas a FPR não vai precisar de manipular números nenhuns para poder dizer, com verdade, que 2012/13 foi a época em que houve maior número total de jogadores inscritos, maior número de séniores, de sub-séniores, de sub18, de sub16, de sub14 e maior número de jogadoras.

Faltam os números de 2014/15 e esses é que poderão não ser tão favoráveis à FPR, não sei.

Anónimo disse...

A analise puramente ligada aos numeros parece ser correcta, ja as consideracoes pessoais parecem enviesadas "A este ritmo, dentro de poucos anos a crescimento do rugby nacional corre o sério risco de parar!"

Estas consideracoes nao levam em conta o "boom" pos 2007 que naturalmenteabrandou e leva menor fulgor nom mediatismo, nao fazem caso da crise financeira que retirou tantos potenciais patrocinadores e orgaos da autoridade local e nacional de investirem numa modalidade que nao esta sequer no top 5 das modalidades colectivas praticadas....

Por isso mesmo estragar tao belo trabalho com afirmacoes destrutivas e opinioes pessoais torna o trabalho algo redutor, como se se quisesse provar alguma coisa.

Miguel de Castro

Anónimo disse...

Retirado da entrevista publicada no jornal Publico ao Secretario de Estado da Juventude e do Desporto:

Mudando de tema, que balanço faz da aplicação da Lei do Mecenato desportivo?
Acho que ela peca pelo desconhecimento. Normalmente até se pensa que ela não existe. Na realidade, as empresas que apoiem o desporto têm benefícios fiscais, com deduções que podem oscilar entre os 20% e 30%. O que é preciso é que os próprios dirigentes desportivos conheçam a lei e saibam quais são os mecanismos para a sua aplicação. A Fundação do Desporto, que tem um estatuto de utilidade pública, tem vindo a contribuir para o seu conhecimento e tem conquistado patrocinadores ao seu abrigo. Este ano, distribuiu 750 mil euros captados em patrocínios. Agora, é preciso que os sinais de retoma económica se mantenham.


Acho que se os clubes souberem trabalhar poderemos vir a ter mais Groundlinks... Os clubes so tem que se mexer.

Miguel de Castro

Manuel Cabral disse...

Miguel Castro às 19,29
A sua observacão sobre as opiniões pessoais talvez estivessem certas se este fosse o site da FPR ou de outra pessoa qualquer.
Acontece porém que o Mão de Mestre SEMPRE se afirmou independente e pessoal, pelo que a par das notícias que dá - muitas delas deveriam ser dadas pela FPR - transmite também a opinião pessoal daqueles que aqui escrevem.
Nós sabemos que há algumas pessoas incomodadas com o que aqui se tem denunciado ao longo dos últimos (quase) cinco anos, mas isso não nos incomoda.
Nem isso nem as tentativas de calar, por exemplo os jogadores ou treinadores das selecões de falarem para o MdM.
Não vai ser por aí que nos calam. Nem pela via financeira, já que sempre fomos e continuamos a ser deficitários na nossa actividade, nunca tendo recebido um tostão que fosse de qualquer organismo oficial.
Portanto não vai ser por aí que nos conseguem calar.