3 de agosto de 2013

ESPANHA DESISTE DE PARTICIPAR NA AMLIN CHALLENGE CUP

A Federação Espanhola de Rugby anunciou há dias a desistência da participação da equipa Olympus Rugby na Amlin Challenge Cup, que tinha sido anunciada anteriormente.

Ontem foi difundido um comunicado da mesma FER onde se explicam as razões de tal desistência, e que consideramos importante que sejam do conhecimento geral em Portugal, para que, antes de nos atirarmos numa aventura semelhante, termos uma melhor noção do que ela implica.


De acordo com a FER, a ideia da participação de uma equipa composta por jogadores de diversas equipas da División de Honor, apenas surgiu após as melhores equipas de Espanha se terem recusado a participar individualmente na prova - acreditamos que pelos encargos financeiros associados a tal participação.

Naquela perspectiva, a Olympus Rugby seria uma espécie de uma selecção nacional B, onde se faria a rodagem de jogadores e se criaria uma base de trabalho para a selecção A, pelo que a FER solicitou o apoio financeiro da IRB e da própria ERC (que controla as competições europeias de clube), o que viria a ser negado.

Encontrando-se então a FER na situação de ter um orçamento de despesas de 250 mil euros, e nenhuma ajuda para animar a coluna das receitas, o caminho foi tentar encontrar um ou mais patrocínios que viabilizassem a participação, sendo que foi possível reunir apenas uma parte daquele valor (50 mil euros).

Além desta questão financeira - faltou reunir a módica quantia de 200 mil euros... - também a Associación de Clubes de Rugby se opôs àquela participação, já que haveria coincidência de datas com as competições nacionais espanholas, o que iria criar problemas com a cedência dos jogadores por parte dos clubes, já carregados com as responsabilidades das selecções nacionais de XV e de VII.

Perante a situação, a FER desistiu da sua participação, e a menos que surja um milagre financeiro, não haverá marcha atrás neste processo.

O QUE PODEMOS APRENDER
Esta aventura espanhola pode servir de exemplo do que não deve ser feito, e alertar os clubes e a própria FPR para o que um aventureirismo inconsequente pode trazer consigo.

A primeira nota importante, é o valor envolvido, que só por ele é superior ao orçamento global de qualquer clube nacional, e mesmo em termos de federação representa uma parcela muito importante das suas receitas.

A menos que um clube surja, apresentando as devidas garantias bancárias, que seja capaz de assegurar as suas responsabilidades perante o rugby nacional - participação nas competições nacionais, criação ou manutenção das suas escolas ou escalões de formação, entre outras - será impensável que a FPR assuma um encargo daquele volume, quando as carências financeiras do rugby nacional são tantas...

Por outro lado, a posição de afastamento dos clubes espanhóis, que têm participado com regularidade na prova, deve abrir os olhos aos que ainda defendem a orientação do rugby nacional - neste momento - para aquela competição, que traz despesa, mas não traz receitas associadas - patrocínios, bilheteira, prestígio - que a possa justificar.

O rugby português encontra-se numa fase complicada, procurando construir um edifício competitivo que até hoje não foi preocupação de nenhum executivo.

Amado da Silva, empurrado pelos clubes, já deu passos importantes nesse sentido, quando aumentou as duas divisões principais e determinou que ambas seguiriam o mesmo esquema competitivo - e o Mão de Mestre congratula-se com este facto e com o facto de ter sido o (um dos) primeiro a defender aquelas soluções.

Falta agora dar os passos seguintes, não apenas com a definição de uma estratégia para as equipas da 2ª divisão, emergentes e equipas B's, que deverá estar associado a uma "tabela" de obrigações a que os clubes envolvidos nas três categorias nacionais deverão cumprir.

Apenas a título de exemplo - ainda durante o verão voltaremos ao assunto, dando a nossa opinião de como começar a criar este "estatuto" - citamos a obrigatoriedade dos clubes das três principais divisões terem em competição equipas de sub-16 e sub-18, e terem também a obrigação de apresentarem um mínimo de jogadores por cada equipa em actividade.

Ou seja e sendo curto e bruto: o rugby português, neste momento, não precisa e deve rejeitar, qualquer aventura no sentido de participar nas competições europeias de clube, procurando antes privilegiar o incremento das relações com a nossa vizinha Espanha.

7 comentários:

Anónimo disse...

http://deportes.terra.es/patada-a-seguir/blog/2013/08/01/cancho-lleva-el-rugby-al-abismo/


era só traduzir literalmente para portugues e fazer uns retoques!!!!

e era portugal

Anónimo disse...

O comunicado da FER tb é importante porque permite tirar dúvidas - a quem as tenha - sobre como é que a IRB distribui as verbas, entre XV, sevens e feminino.

97% são para o XV.

Tb é interessante saber, preto no branco, qt é que a FER gasta por época com os sevens. Algo que em Portugal é encarado como não podendo ser do domínio público.

Anónimo disse...

Caro anónimo de 3 de Agosto de 2013, às 10:25,

Cuidado com o que lê. Não acredite em tudo, muito menos no tipo da Patada que está completamnente desacreditado em Espanha.

Eu não sei se o Cancho é bom ou mau presidente da FER, não faço ideia, mas consegue imaginar um comunicado da FPR a explicar tudo, preto no branco: qt ganham os jogadores dos sevens, outras despesas com os sevens e com outras actividades; a dizer de forma clara quem recebe e quem não recebe, mostrando que o da Patada é um difamador; o que se passou com a Amlin Cup; etc.

Eu não consigo. Nem com esta nem com as anteriores direcções. Não há comparação possível.

Anónimo disse...

Não concordo. Nas Assembleias Gerais da FPR é dada toda a informação que os delegados quiserem. Que me lembre nunca se fica sem respostas. Não se diz é na praça pública por razoes mais do que óbvias.

Manuel Cabral disse...

Quais são essas óbvias razões?

Anónimo disse...

Deve perguntar à FPR mas questões relacionadas com patrocínios privados e contratos individuais devem ser defendidos nos termos da proteção de dados. Fora isso creio que o relatorio e contas em conjunto com o orçamento dizem tudo, pelo menos é o que penso.
Eu até sei quanto ganham os jogadores da Academia. Ninguem esconde.

Anónimo disse...

Anónimo de 4 de Agosto de 2013 às 23:13,

Se sabe qt ganham os jogadores da Academia, por que é que não nos diz? Já agora diga tb quem são os jogadores que estão na Academia. Qual é o seu problema? Não percebo.

Na época passada, qd já era público qt é que ganhavam os jogadores de sevens da Espanha, EUA e Canadá, eu tentei saber qt é que recebiam os nossos e foi-me dito que isso era confidencial.

Estranhíssimo: em Portugal ser facílimo saber qt ganham espanhóis, americanos e canadenses e não se poder saber qt ganham os portugueses.

Razões obscuras não duvido que existam. Razões óbvias é que é claro que não existem.