26 de agosto de 2013

DEVERES E LEALDADE PARA UM DESPORTO DIFERENTE (actualizado)

A participação na Amlin Challenge Cup por si só não é um mal, mas também não é um bem - como referimos em artigo anterior - mas quando se insiste em beneficiar um grupo restrito de equipas deixa de ser facultativo determinar quais são os seus deveres perante a comunidade, por forma a que aqueles benefícios se possam justificar.

Não é um tema novo, mas voltamos agora a ele, perante a oportunidade, para que haja um ponto de partida para esta questão, que se baseie no que já existe, tentando cimentar as bases da evolução do rugby nacional.

É por aí que vamos começar - pelo que existe - apresentando mais um quadro elaborado com base nos dados disponíveis e oficiais (*).


Daqui se pode ver que todos os clubes da Divisão de Honra apresentam equipa de Sub-16 e de Sub-18, enquanto nos Sub-21 só Montemor, CRAV e Cascais (neste caso substituída pela equipa B) não estarão representados, e que com a excepção do CDUP - que acreditamos estará em vias de resolver a situação - todos as restantes têm ou apresentam campo próprio - sob sua administração - para a realização dos seus encontros.
Já no que respeita à manutenção de equipas B's, apenas o CRAV, o Técnico (que também apresenta Sub-21) e o Cascais, o fazem.

Já na Primeirona, apesar de da situação não ser má - nos sub-16 apenas Sporting e Vitória de Setúbal, e nos Sub-18 apenas Sporting e Santarém não apresentam equipas - já no que respeita a apresentação de uma segunda equipa senior apenas acontece em metade do universo (Caldas, Évora, Loulé, Lousã e Sporting a acreditar nas intenções demonstradas nas inscrições feitas ou publicitadas por responsáveis dos clubes), enquanto quatro dos participantes ainda não dispõem de instalações próprias.

Benfica e Sporting, dois nomes grandes do desporto nacional, e o Évora, jogam em campos alugados, sem qualquer intervenção na sua administração, enquanto o Santarém espera ver a situação resolvida muito em breve, com a entrega do novo campo que se espera aconteça com a maior brevidade.

Quanto à Segundona a situação é bem mais complicada, e dá indicações preciosas sobre onde e em que áreas a intervenção federativa se deveria fazer sentir, por forma a garantir que os clubes que participam realmente nas competições nacionais, têm condições para o fazer.

Das 16 equipas listadas apenas cinco apresentam campo próprio, outras cinco têm equipas de Sub-16 e somente três as têm nos Sub-18, sendo que nenhuma delas possui uma segunda equipa de seniores, com o alarme a tocar na Lousada, onde com 19 jogadores inscritos em 2012-13, não deve ter sido fácil chegar ao final da prova...

QUAL O PRÓXIMO PASSO?
Perante a situação que se descreve, fácil é estabelecer objectivos - que se devem transformar em obrigações com muita brevidade - estando claro que a manutenção de equipas de sub-16 e sub-18 terá que ser um dos primeiros, com um trabalho de apoio importante da estabelecer pela Federação - ora aqui está um bom trabalho para as Academias e para os técnicos ao seu serviço!.

Por outro lado a questão dos campos ainda é determinante para o crescimento da modalidade, e se na Segundona poderá haver recurso à (fértil...) imaginação dos responsáveis dos clubes, já o mesmo não se pode dizer no caso da Primeirona e da DH, onde simplesmente deverá ser imposta a obrigação de apresentação de campo próprio, ou com garantias de controlo/participação na sua administração, o que nem sequer parece assim tão difícil, já que das 20 equipas apenas duas parecem ter mais dificuldade em resolver o problema.

Mas concentrando esta nossa análise nas equipas das duas principais divisões, é importante que se estabeleçam obrigações com maior rigor, e é nesse sentido que apresentamos o quadro a seguir, onde se pode ver o que estará em falta em cada situação.


Começando pela rigorosa obrigatoriedade de apresentação de equipas de sub-16 e sub-18, verificamos que nos mais velhos apenas o Sporting não apresenta equipa, o que provavelmente se ficará a dever ao recente regresso à actividade, mas já nos Sub-16 verificamos que cinco equipas estão em falta, o que urge resolver.

Quanto à questão dos campos, já a referimos mais acima, mas acreditamos que é uma questão fulcral para que o rugby nacional ganhe consistência e atraia mais atletas e espectadores.

Incluímos uma obrigação respeitante aos árbitros, em que as melhores equipas deverão participar no aumento do seu número (e por via disso, na sua qualidade) já que não se pode esperar que estes intervenientes no jogo nasçam espontaneamente como os cogumelos.
Esta apresentação obrigatória já foi praticada em Portugal nos anos 70, e muitos dos que hoje dirigem a modalidade, depois de longas carreiras com o apito, apareceram na direcção das partidas por indicação dos seus clubes, e nada de mal aconteceu por isso.
Assim, as equipas da DH e da Primeirona devem sim, ser obrigadas a apresentar candidatos aos cursos de arbitragem, em termos e condições a serem definidas pelos orgãos próprios, não podendo os clubes ficar alheados dos problemas deste sector.

Finalmente falamos da questão das equipas seniores, incluindo os sub-21 e as equipas B's.

Quanto à DH o passo a seguir é tornar obrigatória a apresentação de equipas de sub-21, o que não parece difícil de conseguir quase de imediato, e também de equipas B's, elevando para três o total de equipas seniores, e um total de jogadores devidamente inscritos na FPR de 100, número ainda baixo para as necessidades das três equipas, mas já razoável.

Quanto às equipas que disputam a Primeirona a obrigatoriedade seria estendida à existência de uma segunda equipa de seniores, o que parece até ser intenção de grande número delas, quando cinco das 10 já o vão fazer (ou têm essa intenção) sem a tal serem coagidas, e o número mínimo de jogadores inscritos deverá subir aos 70.

Portanto, como temos defendido ao longo do tempo, antes da honra e glória que uma eventual participação em competições europeias pode trazer, os clubes mais importantes devem pensar desde já em cumprir com as suas obrigações, e em manter uma lealdade/cumplicidade/humildade com as restantes equipas e clubes que conduza o nosso rugby para um futuro estabelecido em bases sólidas e não em aventuras.

O estabelecimento de um esquema desta natureza iria com certeza dar aos clubes uma orientação sobre como deve e para onde ele deve ser conduzido, ao mesmo tempo que imporia à federação e seus técnicos a mesma orientação, definindo onde eles deveriam intervir e quais os resultados que seriam esperados dessa intervenção, impedindo a nomeação de Directores Técnicos Regionais para áreas onde o rugby não existe, ou existe em volume reduzido, quando ali mesmo ao lado clubes carecem de apoio técnico e organizativo, mas vão crescendo e se vão multiplicando...

(*) O quadro original foi substituído, já que continha um erro ao dizer que o Técnico não tinha equipa de Sub-18, o que não corresponde à verdade. Pelo lapso (no segundo quadro esse erro já não aparecia) pedimos desculpa.
Também aproveitámos para fazer a correcção quanto à equipa de Sub-21 do Cascais, que nos informaram ter sido substituída pela equipa B e não se apresentam as duas conforme dissemos, tendo procedido também a esta alteração no segundo quadro.

4 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde Manuel,

posso confirmar que Cascais não tem sub21. Foi substituido por equipa B.

Abraço.

Anónimo disse...

NOTA:
EUL não é do CDUL; 1ºde Maio não é do São Miguel; Campo onde joga o Vitória é Municipal.
Cumprimentos
Francisco Esteves (escusa de publicar)

Anónimo disse...

Tornar obrigatória a existência de uma equipa sub 21 ou uma equipa b pode ser uma ideia interessante. Contudo exigir ambas parece-Me demasiado. Porque nao nos podemos esquecer que nem todos os jogadores inscritos participam activamente em todos os treinos. Logo o numero de inscritos pode dar uma imagem demasiado positiva sobre a realidade dos clubes.

Anónimo disse...

não está correcto aforirmar que :
e que com a excepção do CDUP - que acreditamos estará em vias de resolver a situação - todos as restantes têm ou apresentam campo próprio - sob sua administração - para a realização dos seus encontros.
O CDUL joga em campos alugados ao EUL sendo a administração dos mesmos da unica responsabilidade do EUL.
A situação do CDUL é igual, por exemplo, À do Sporting ou FCT que tambem aí alugam campos.
Cumprimentos,
JMCaupers