Aproveitando a interrupção da Divisão de Honra, o Mão de Mestre ganha fôlego para fazer um necessariamente curto e obviamente despretensioso balanço do que até agora nos deu a refundada prova máxima do calendário nacional, olhando igualmente para o que ainda falta disputar.
Com 13 jornadas já realizadas, julgamos que é unânime a opinião (com exceção das vozes do contra que não chegam ao céu e a que já nos habituámos…) de que este novo modelo competitivo trouxe benefícios à modalidade, pois ao contrário de anos anteriores, irá manter todas as equipas focadas na principal competição ao longo de oito-meses-oito, praticamente sem paragens significativas e envolvendo jogadores jovens que, noutras circunstâncias, dificilmente acederiam tão depressa a palcos de notoriedade.
E tudo isto só pode redundar em progresso para o rugby português.
Há equipas mais beneficiadas com estas alterações? Há.
E outras mais prejudicadas? Indubitavelmente.
Poderá o modelo sofrer ajustamentos? Pensamos que sim.
Mas tudo isso não deveria servir para o habitual bota-baixismo nacional. Não deveria…
Em termos telegráficos:
CDUL – Apesar de duas comprometedoras escorregadelas no seu EU Lisboa (Belenenses e CDUP) e de ter algumas vezes alinhado com uma linha de três-quartos sem nenhum dos habituais titulares, tem passeado a sua superioridade, até por que o plantel é vasto e as chegadas (tal como a de David dos Reis, na época passada…) de Seti Filo e Daniel Faleava deram peso e maturidade a uma avançada onde Tiago Girão tem estado insuperável – até a chutar.
Contudo, quando a montanha começar a empinar nos jogos decisivos, a falta de Pedro Cabral vai fazer-se sentir.
Direito – Derrotados nas duas voltas pelo CDUL, somando ainda um desaire no Restelo e tendo visto deduzidos dois pontos, os advogados continuam no entanto a primar pela consistência, sendo uma equipa que só é batida se o rival estiver, nesse dia, a 100%.
Claro que estão distantes os tempos, mais ou menos recentes, em que dominava a seu bel-prazer o rugby português, mas convém não pôr à beira do prato a equipa de Monsanto.
Com os Vascos a puxar a carroça, os pés afinados de Pipoca, a velocidade e ratice de Aguilar e Adérito, e a irreverência de Varetas, Vilelas & companhia, as notícias do passamento desta versão 2013 de Direito são, notoriamente, exageradas….
Belenenses – A equipa que maior golpe sofreu nos primeiros meses da época com a perda do seu timoneiro, é o quinze feijão frade da DH pelas duas caras que apresentou.
Quando alinha completo cá atrás e com o pack empenhado, é um regalo para a vista, um pesadelo para os adversários e é aposta segura para estar na final.
Quando desfalcado pelas seleções e com avançados em modo deixa correr o marfim, lutaria bravamente pela manutenção.
O que vale aos azuis é que, nos jogos decisivos, deve ter disponível a sua face radiosa…
CDUP – A aposta nos escalões mais jovens compensa e está a dar frutos.
A dupla Xixa/Marcelo, que tanto fez pelos Lobos nos relvados dessa Europa, continua – um a preparar sub-18 e sub-21, e outro a usá-los mais à frente com cabeça e método – a servir o rugby português.
Esta é a lição dos portuenses, que mesmo quando desfalcados têm encontrado soluções para colmatar ausências de vulto.
Estão no 4.º lugar e merecem-no.
As constantes chamadas de atletas seus às seleções não são por favor.
Um lugar no play-off seria da mais elementar justiça.
Técnico – A equipa que mais subiu de uma época para outra, fruto de uma direção jovem e interessada, que está a tentar virar uma página cinzenta no rugby das Olaias.
Com estrangeiros de bom valor que têm sabido integrar-se e elevar o nível dos companheiros (então animicamente passaram de noite escura para sol cintilante…), a equipa tem conseguido bons desempenhos e ótimos resultados.
Aguentarão o ritmo até ao fim?
Para bem do campeonato era bom que sim.
Agronomia – O quinze que mais baixas apresenta relativamente a 2011/12 (devido a lesões graves, abandonos, Erasmus, motivos profissionais,…), com naturais reflexos na sua prestação, marcada por seis derrotas em 11 jogos.
Se conseguisse, nesta 2.ª fase da temporada, recuperar alguns dos ausentes, talvez Duarte Cardoso Pinto não se achasse tão só e a equipa se afirmasse como um sério antagonista.
Se não, dificilmente fará história nesta edição da prova.
Académica – Ora aqui está a grande desilusão da primeira metade da época, onde somou só quatro vitórias em 11 jogos.
Ao deixar de contar com assinalável número de estrangeiros que constituíam a coluna vertebral do quinze, os pretos têm exposto debilidades insuspeitas, em especial no plano anímico – e a crença sempre foi um ponto forte de todas as equipas de Coimbra! – mostrando dificuldades em mandar no jogo e indo-se abaixo à primeira contrariedade.
Tem o melhor marcador de pontos da DH (Francisco Serra) e o segundo melhor marcador de ensaios (Sérgio Franco).
Mas nem assim a equipa se contagia de entusiasmo.
Ainda irá a tempo de salvar a época? Pode, mas tem que dar ao pedal…
Cascais – O clube mártir do campeonato, tal a inusitada quantidade de lesionados.
Tal como o equipamento que enverga, a equipa é verdinha e os excelentes Francisco Sousa e Miguel Lucas são claramente de menos para levar a nau a bom porto.
Terão que apostar tudo no play-off da descida para se manterem entre os grandes.
CRAV – Tem constituído uma agradável surpresa e é uma das razões pelas quais o alargamento da prova valeu a pena.
Em Arcos de Valdevez já ninguém passa a sorrir, como Belenenses e Cascais sentiram bem na pele.
O n.º 8 espanhol Jorge Molina é o líder dos marcadores de ensaios (12), destacando-se numa equipa que Nuno Vaz transformou em algo mais do que um mero bom pack com um grupo de outros companheiros à volta.
No Minho mora agora um quinze de corpo inteiro.
Cuidado…
Benfica – Anos e anos de subaproveitamento da formação, camionetas de estrangeiros de duvidoso valor, afastamento das suas origens, veterania e abandono de muitos que andaram épocas com a equipa às costas e desencanto de muitos, só podia redundar nisto: 11 jogos, zero pontos, três ensaios marcados e 90 consentidos.
José Mendes Silva (não lhe façam uma estátua, não…) há largos meses que bem tenta, mas a tarefa é mais dura que fazer a Grécia voltar aos mercados.
Quatro meses depois já se detetam algumas melhorias no candidato n.º 1 à descida.
Mas como tudo se resolverá numa, ou em duas, partidas…
E o que nos reservará o futuro?
Faltam sete jornadas, com as próximas cinco – disputadas em plena realização da Taça Europeia das Nações – a servirem para um medir de forças entre equipas dos grupos A e B, concluindo-se a prova com duas rondas em que se defrontam equipas dentro do mesmo grupo e que irão afinar os últimos detalhes quanto a quem defronta quem na fase final do campeonato.
Pese embora a maioritária presença do contingente francês (mas isso só na seleção de XV), em termos de jogadores selecionáveis nos próximos dois meses (tendo em vista as convocatórias já feitas e antes de eventuais lesões, quebras de forma, etc.), poderemos dividir assim as equipas quanto ao plantel à disposição dos seus técnicos:
Muito afetadas
CDUL e Belenenses, em especial nos três-quartos, e Direito
Assim-assim
CDUP, devido aos sevens
Pouco ou nada afetadas
Todas as outras
Também para terem uma ideia de que os duelos entre grupos não serão favas contadas para os favoritos, até agora por cinco vezes equipas do grupo B pregaram partidas ao grupo A:
Conseguiram-no CDUP (derrotou CDUL e Agronomia), Técnico (venceu a Académica), Cascais e CRAV (ambos bateram o Belenenses).
Ora tendo em conta que seis equipas já têm praticamente o seu destino marcado – CDUL, Direito e Belenenses vão discutir o título, enquanto Cascais, CRAV e Benfica vão decidir a manutenção –, restam quatro formações sem futuro ainda definido.
Face ao avanço que disfrutam, CDUP e Técnico, equipas do grupo B metidas entre gente graúda, só precisam de vencer uma ou duas partidas contra rivais do grupo A para garantirem, desde logo, presença nos play-off do título, sendo que os seus duelos com a Académica (a 9 de fevereiro recebe o CDUP e um mês mais tarde, o Técnico) serão absolutamente decisivos.
Em princípio, a Agronomia bastará “controlar” a equipa de Coimbra, replicando os seus resultados, pois sete pontos de vantagem dão-lhe uma almofada pontual suficientemente confortável.
Já quanto aos pretos, a receita para aceder à luta do título é fácil de enunciar:
Têm que se encher de brios e, numa assentada, vencer os próximos cinco jogos contra os adversários do grupo B.
E resolver tudo, de uma vez por todas e mais uma vez em casa, a 23 de março contra os agrónomos.
Mas lá que ainda falta correr muita água, ai isso falta…
*Texto: António Henriques
3 comentários:
José Mendes Silva (não lhe façam uma estátua, não…)??????????????????????????????????????????????????????????????????
Mas o que é que o José Mendes Silva fez para merecer tal feito?
Somente porque é "amigo" do autor do texto?
Em vez de falarem, olhem para os outros clubes e trabalhem... Uma estatua a quem nada evolui... Os mesmos séniores que ainda lá estão, jogavam 10 vezes melhor no ano passado...
Esta matou-me de rir...
Eu vi os Séniores este ano por diversas vezes e ri-me da evolução deles... Foi evolução negativa...
Uma estatua... Valha-me todos os santinhos...
De facto é estranho como é que o treinador duma equipa com 0 pontos em 13 jornadas merece uma estátua. É verdade que já mostrou o seu valor na Divisão de Honra, mas este ano não fez mais do que qualquer outro faria: mandar os 15 jogadores que aparecem ao sábado para dentro de campo.
Sem comentarios...
O proprio texto revela bem o porque do Benfica estar como esta...
E verdade que o Jose Mendes Silva tem creditos firmados, mas nao estao ja fora de moda?
Como se pode construir o futuro com treinadores ultrapassados, que fizeram grandes feitos, mas que claramente pararam no tempo e nao evoluiram?
Nao se admite que semana apos semana nao haja melhoria nenhuma...
Estatua? Sem duvida, pelo que fez, nao so no benfica mas pelos outros clubes onde foi campeao... Agora por o que fez ano, claramente tem de se afastar e dar lugar a outro.
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