22 de novembro de 2009

RUGBY REGIONAL – A MOLA DO DESENVOLVIMENTO (Parte 1)

Com a recente visibilidade que o Rugby ganhou, em todo o mundo e em Portugal também, novos desafios são postos à administração do jogo, por forma a satisfazer a procura, e enquadrar todos quantos estão, ou virão a estar, envolvidos na nossa modalidade.
Na véspera de eleições para a Federação Portuguesa de Rugby, é tempo de pôr claramente, no papel, o que cada um pensa sobre algumas das questões mais importantes do nosso Rugby.
Pela minha parte, e conforme tinha prometido, vou começar abordando alguns aspectos relacionados com o desenvolvimento do Rugby doméstico, suas relações com as seleções, quer regionais, quer nacionais, e com as competições que considero adequadas.

Novos desafios exigem novas estruturas e novas competições, que possibilitem que se jogue mais em Portugal, já que apenas pela prática se consegue melhorar, e porque, em poucas palavras, é por isso que todos estamos aqui: porque jogamos, porque jogámos, ou porque ajudamos outros a jogar.

Na minha opinião, as Associações Regionais (AR’S) a par das tarefas a que se tem dedicado, e falando apenas na área das competições, deverão passar a organizar competições regionais de clubes, nos diversos grupos etários, em masculinos e femininos, que sejam a verdadeira mola do desenvolvimento regional.



Claro está, que não será possível, de imediato, organizar competições em todos aqueles escalões e gêneros, em todas as AR’S. Mas tem que ser encarado como objectivo a atingir, a curto e médio prazo, devendo o ritmo de cada AR’S ser estabelecido individualmente.

Isto leva-nos a outro aspecto fundamental da vida da AR’s, que passa pela definição de objectivos concretos para cada uma delas, e a atribuição dos respectivos subsídios em função do cumprimento ou não desses objectivos.

Por exemplo, se for atribuido a uma certa AR, como objectivo, o crescimento do numero de equipas do escalão sênior, de quatro (numero imaginário de equipas em actividade num determinado momento), para oito, no prazo de quatro anos, e chegados ao termo do prazo, o numero de equipas continuar a ser apenas de quatro, então, essa AR será penalizada nos subsídios que deveria receber nos anos seguintes, e a FPR deverá intervir na sua administração, por forma a corrigir as deficiências ou desvios da sua actividade.
Ou seja, uma AR que não cresça dentro dos critérios previamente definidos, além de perder recursos financeiros, poderá perder, ainda, a sua autonomia financeira e/ou administrativa.
Pelo contrário, as AR’s cumpridoras, aquelas que consigam cumprir os objectivos definidos, poderão receber mais verbas, e ter uma maior autonomia, em função de projectos mais ambiciosos que venham a apresentar.

No entanto, a actual divisão administrativa dificulta aquela organização de competições de uma forma equilibrada e harmoniosa, já que a AR do Sul apresenta um número de clubes e praticantes muito superior ao apresentado pelas AR’S do Norte e Centro.
Assim, e numa primeira fase, para que haja crescimento equilibrado, será necessário proceder à divisão da AR do Sul, da seguinte forma:




1. Mantém-se a Associação de Rugby do Sul, mas agora incluindo apenas as equipas de Portalegre, Setúbal (excepto Almada), Montemor, Elvas, Évora, Beja e Faro.
2. Cria-se a Associação de Rugby de Lisboa Oeste, englobado as equipas dos Concelhos limítrofes de Lisboa, na margem direita do rio Tejo, com excepção das equipas da Linha de Vila Franca de Xira
3. Cria-se a Associação Regional de Lisboa Central, englobando as equipas de Lisboa Cidade, parte de Setúbal (Almada) e Linha de Vila Franca de Xira.

As novas Associações serão compostas, numa primeira análise, pelos seguintes clubes, com actividade, num ou mais, dos escalões acima indicados:



AR Lisboa Central (7) – Agronomia, Belenenses, CDUL, Direito, Técnico, AEFC Tecnologia e Sporting de Sacavém.
AR Lisboa Oeste (6) – Belas, Benfica, Cascais, Oeiras, Rugby da Linha e St. Julians.
AR Sul (9) – CR Évora, Montemor, Elvas, Portalegre, Beja, Loulé, Vilamoura XV(?), Vitória FC e Beira-Mar Gaiense.

Como se pode ver, estas novas Associações serão constituídas sensivelmente pelo mesmo número de clubes que a AR Norte (7) e do CRR Centro (8).

Tive acesso nesta quinta-feira, através de mão amiga, ao Plano de Actividades da Seleção Nacional Sub-16.
Curiosamente naquele Plano, considera-se a organização de equipas regionais, também pela divisão dos jogadores da AR do Sul, duma forma semelhante àquela que eu proponho.

Para concluir, com esta nova divisão administrativa, apenas se vai confirmar no papel aquilo que já acontece na realidade, e dar margem para o crescimento das novas áreas regionais, que passarão a controlar a sua própria evolução, deixando de estar sujeitas a uma administração centralizada, e, por isso mesmo inibidora de desenvolvimento regional.

Por outro lado, consegue-se um certo equilíbrio entre as AR’S, que, acredito, seja fonte para o aparecimento de novos quadros competitivos. 

Mas disso, falarei amanhã.

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