Enquanto os Lobos aceleram a sua preparação, o Outono Internacional, chegou! E começa em grande, com cinco jogos na semana, todos de grande calibre. Hoje, terça-feira, e na sexta-feira serão jogados dois desafios entre equipas inglesas de primeira grandeza, contra equipas “representativas”, que mais não são que equipas internacionais, disputando jogos aos quais as respectivas federações não atribuem “caps” – o símbolo britânico concedido aos jogadores, em jogos entre seleções nacionais principais.
Hoje, em Gloucester, a Austrália joga com a equipa local, numa comemoração de um outro jogo aqui realizado há 110 anos, frente, dessa feita, à equipa do Condado, quando os Wallabies venceram por 16-3, na primeira digressão de uma equipa australiana à Europa.
Nessa época não se chamava Wallabies à Austrália, e a imprensa britânica tentou colar um nome à equipa, que, no entanto, foi unanimemente rejeitado pela comitiva – os “Rabbits”, em clara alusão à invasão da Austrália por aqueles roedores, no início do século passado. E foram os próprios jogadores que, em votação interna, escolheram o nome pelo qual a seleção australiana ainda hoje é conhecida.
Depois de mais uma derrota frente aos All Blacks, para a Bledisloe Cup, os Wallabies vão tentar reencontrar-se e preparar a série de quatro jogos com as Home Unions – Inglaterra, Irlanda, Escócia e Gales – na tentativa de conseguir a vitória em todos eles, o cobiçado Grand Slam. Aliás, esta é, desde
Gloucester tem, a par destas memórias, outras mais recentes relativas à Austrália, e que dizem respeito ao facto de, em anos recentes, Richard Tombs, Jason Little e Jeremy Paul, todos internacionais australianos, terem vestido a camisola do clube.
Hoje vestem essa camisola, pela primeira vez, o pilar Salesi Ma’afu, o segunda linha David Dennis, o terceira linha Mitchel Chapman, o ¾ centro Tyrone Smith e o defesa Kurtley Beale.
Na sexta-feira, por seu lado, os Springboks, também como equipa “representativa”, vão defrontar os Leicester Tigers num jogo que servirá de rodagem para o desafio frente à França, na próxima semana.
Fiquei bastante impressionado com as obras que o estádio onde os Tigers jogam, Welford Road, está sofrendo, e que o transformará num dos melhores recintos de Inglaterra. Como vão longe os dias da RWC 1991, quando visitei o local para assistir a um Nova Zelândia- Itália da fase de apuramento da prova (31-21 para os Blacks), e pude constatar que, naquela altura, o estádio não tinha as mínimas condições para um jogo internacional.
Finalmente no fim de semana, três jogos internacionais de grande nível. Em Twickenham, a Inglaterra recebe ao Wallabies, que hoje rodam no Kingsholm Stadium. De resultado sempre incerto, a vantagem pende para a Austrália, que dos 36 encontros já realizados ganhou 21, empatou um e perdeu 14.
Depois disso, no domingo, é a vez do País de Gales receber no Millennium Stadium, os All Blacks, naquele que será o 33º encontro entre as duas equipas, e nos quais apenas em seis a vitória pendeu para os galeses, com um empate e 25 sucessos neo-zelandeses.
Deixei para o fim o jogo que nós esperamos com mais ansiedade. Aquele que vai pôr frente a frente os nossos Lobos e a Namíbia. Aquele jogo que marca o início de um ano fundamental para as aspirações portuguesas. Um ano em que a par do seu destino na qualificação para a RWC 2011, Portugal põe em jogo a sua ascensão nos degraus do prestígio internacional. A classificação para a fase final daquela competição, significa que a evolução dos Lobos é consistente, e que a nossa equipa se firmou num patamar que parecia até à poucos anos improvável.
Portugal entrou num nível de competição, onde não basta a atitude nem a qualidade. É preciso aliar, a estes factores, os resultados. Passou – e foi muito importante – o tempo das vitórias morais, de perder de cara erguida, de nos fazer ficarmos orgulhosos, apenas por estarmos lá.
Hoje queremos tudo isso, queremos continuar a chorar ao ouvir a Portuguesa, queremos sentir que somos um Povo, uma Nação, orgulhosos do seu passado.
Mas queremos mais, e se é certo que os jogadores são quem mais tem trabalhado para esse fim, também é certo que os sacrifícios têm atingido a todos, até pela simples razão de que sendo poucos os recursos, para que existam condições para a nossa seleção trabalhar, outros projectos tem ficado na gaveta.
Nesse sentido, o jogo com a Namíbia é exemplar. Depois de três derrotas nos anos 90, uma década depois do último jogo, como nos vamos comportar perante os africanos?
A Namíbia está numa situação semelhante à nossa, na corrida por um lugar na próxima RWC. É hora de sabermos se somos capazes. A Namíbia é uma equipa do nosso campeonato. E nós, seremos uma equipa do campeonato da Namíbia
Eu acho que sim, acho que somos capazes. Acho que estamos preparados para dar mais um passo na lenta subida dos degraus do sucesso. Porque é isso que os Lobos são uma equipa de sucesso!!
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