5 de novembro de 2009

A MONTANHA PARIU UM RATO



Com a eleição de delegados de (alguns) praticantes e árbitros, terminou a primeira fase da renovação estatutária imposta pelo poder político.
Tal fase processual só chegou a bom termo, graças à intervenção do, ainda, Presidente da Assembléia Geral, Pedro Lynce de Faria. Na verdade, sem as notas e esclarecimentos por ele divulgadas, acredito que, ainda hoje, praticamente ninguém teria entendido como, a partir de agora, o sistema de funcionamento do principal órgão colectivo da FPR, se irá processar.
Infelizmente, à produção de tal documentação, não se seguiu a devida divulgação e esclarecimentos junto aos potenciais interessados.
Como muito bem me lembrou um velho companheiro destas andanças do melão,
“Sempre que sai uma nova lei no País que envolva os diversos agentes económicos, é usual as diversas confederações, associações, etc. e inclusive os próprios organismos oficiais que estão envolvidos nas alterações, reunirem em vários pontos do País para darem formação, explicarem e tirarem duvidas aos diversos agentes económicos.
Foi assim com o IVA, IRS, IRC, IMI, IECs, etc. etc.”


Era imperativo que tal tivesse acontecido neste caso também.

Mais do que uma alteração sectorial, os Estatutos da FPR são a Lei Fundamental da nossa comunidade. Sem que as pessoas a entendam, sem que aprendam a utilizá-la, continuaremos dependentes de alguns, poucos, que a interpretam, podendo até, eventualmente, utilizá-la em favor de alguém ou de algum grupo específico, em prejuízo dos interesses daquela comunidade.

O Presidente da A.G. fez tudo o que podia fazer, e muito mais do que devia. Terão os restantes orgãos e responsáveis, feito o que deveriam ter feito?

Obviamente, não!

Os resultados da eleição falam por si. Dos potenciais eleitores dos jogadores e árbitros que se apresentaram ao voto, num total de 425, apenas 20, fizeram uso do seu direito. Ou seja, menos de 4,8% dos potenciais eleitores – note-se que não estão incluídos neste número os jogadores da categoria senior masculina, com excepção dos sub-21, nem os treinadores – elegeram mais de 9% do total dos delegados à A.G.

Claro está que a primeira responsabilidade desta situação vai para a imposição de um modelo estatal, para substituir o anterior sistema, sem ter em consideração as particularidades e interesses do rugby, e das pessoas que constituem a nossa comunidade.

Depois, contas deveriam ser pedidas a quem tinha obrigação de promover o esclarecimento da própria comunidade, face às enormes alterações verificadas.

Não podemos pedir contas às associações de jogadores e de treinadores, que não existem.
A ANAR alguma coisa fez, e conseguiu que 30% dos seus associados estivessem presentes ao voto. Com especial destaque para a sub-categoria dos Árbitros Internacionais, que conseguiu o voto de 50% dos inscritos. Pena é, que apenas houvesse dois inscritos...

Mas que dizer da abstenção da própria FPR, e das Associações Regionais, que deveriam ter intervindo diretamente juntos dos jogadores e treinadores, em substituição dos inexistentes órgãos de classe?
Depois destes resultados inesquecíveis, como vão justificar que os três jogadores candidatos – um como suplente – tenham sido eleitos com um total de seis votos? E que os restantes sub-grupos de jogadores tenham ficado completamente alheados do processo?


Como já afirmei por diversas vezes, os dirigentes desportivos são eleitos, nomeados ou contratados para servirem os praticantes, árbitros, treinadores e adeptos. Quando o não fazem, não estão a respeitar o seu mandato, nem a satisfazer as expectativas daqueles que os elegeram, nomearam ou contrataram.

Como na vida real, julgam-se as “coisas” e as pessoas, pelos resultados que apresentam.
E, no caso desta “coisa”, a montanha pariu um rato!

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