3 de setembro de 2016

A BANALIZAÇÃO DA EXCELÊNCIA - ARRANCA MAIS UM MUNDIAL

Com o impacto do Mundial 2015 ainda presente na mente de todos nós, já o Mundial 2019 deu os seus primeiros passos com a realização de jogos em todos os continentes com excepção da Europa, que se estreia hoje, com o encontro entre a Suécia e a República Checa.

As honras de abertura foram para o jogo São Vicente e Grenadinas contra a Jamaica, no dia 5 de Março deste ano, que terminou com a vitória dos jamaicanos por 48-0, e a partida contou para o apuramento nas Americas.

O segundo continente a entrar em serviço foi a Ásia, quando no dia 18 de Maio a Tailândia bateu o Guam por 25-16, a que se seguiu a Oceania, com a partida Fiji 23-18 Tonga, que teve lugar no dia 11 de Junho.

O quarto continente a entrar em acção foi a África, que viu Madagascar vencer a Zâmbia por 24-15, e hoje, finalmente, a Europa entra na corrida com a realização do já referido Suécia-República Checa, que vai acontecer em Enkoping, e que conta para a classificação da Conferência Norte 1 do Europeu.

Mas se o Mundial 2019 está ainda no começo, a World Rugby anunciou que quatro países confirmaram a sua candidatura à organização do Mundial 2023, com a apresentação dos respectivos dossiers, para o que a data limite era o dia 1 de Setembro.

Os quatro países que pretendem organizar o evento são a França, a Irlanda, a Itália e a África do Sul, e os seus documentos serão agora analisados por uma comissão nomeada pela World Rugby, que anunciará a 17 de Novembro quais são os candidatos que passam à fase final de apreciação das candidaturas, que se prolonga por um ano, com o resultado do seu trabalho e a escolha definitiva da sede do Mundial 2023 a ser anunciada em Novembro de 2017.

Curiosamente Portugal estreia-se no longo processo de qualificação quando, no dia 19 de Novembro, defrontar a Suiça em jogo do European Trophy, a realizar na Suiça.

BANALIZAÇÃO DA EXCELÊNCIA
A propósito desta sucessão de eventos, recordo tempos não muito distantes em que os amantes portugueses do rugby esperavam ansiosamente a realização do Torneio das Cinco Nações para terem a oportunidade de assistir a um grande jogo internacional, e todos as ocasiões eram aguardadas com ansiedade, quando havia uma digressão de uma das grandes equipas europeias ao Hemisfério Sul, ou quando Nova Zelândia ou Austrália visitavam a Europa.

Eram poucos os grandes jogos, mas era vibrante o interesse com que eles eram "devorados" por todos os que tinham o privilégio de poder ir a Paris ou a Londres assistir a um desses encontros.
Juntavam-se os tostões por longos meses, mas lá iam caravanas de portugueses a Twickenham ou ao Arms Park de Cardiff, absorvendo o jogo, o ambiente, os souvenirs...

Agora a situação é completamente diferente, e a sucessão de grandes eventos, de que destacamos o Mundial, o Seis Nações e o Rugby Championship, ou nos sevens, o Circuito Mundial, o Mundial ou os Jogos Olímpicos, ameaça fazer perder o interesse pelos eventos e a banalizar de tal forma a excelência das equipas, a qualidade dos jogos, a capacidade atlética dos jogadores, que é cada dia mais notada a distância que vai entre as equipas envolvidas nestas competições, e aquelas que jogam o rugby que está ao alcance do comum dos mortais.

E esta distância, o envolvimento financeiro que sufoca federações e jogadores, é um enorme risco que os amantes da modalidade devem ter em consideração, obrigando-os a lutar permanentemente, pela manutenção dos cinco princípios do rugby - Disciplina, Respeito, Integridade, Paixão e Solidariedade - em todas as manifestações que envolvam o rugby, em todas as relações em que um jogador ou simples amante do rugby esteja envolvido.
Com absoluta tolerância zero e punição exemplar dos que não respeitarem aqueles princípios, pois sem eles o rugby deixará de ser um desporto para passar a ser apenas mais um espectáculo.

1 comentário:

luis disse...

Caro Manuel, ainda so daqueles que, de vez em quando, assiste a grandes espectáculos ao vivo, o último durante o Mundial de Inglaterra.
Acompanho o Rugby desde os "heróicos" tempos do Cordeiro do Vale e o 5 Nações na RTP.
Julgo que a proliferação de grandes jogos de qualidade só pode ajudar a difusão e a popularidade do jogo, mantendo os seus elevados padrões de Honra, que julgo que se mantêm intactos. O Rugby num gueto seria o pior que poderia suceder-veja-se Portugal.
Pelo contrário, medite-se sobre a evolução da nossa modalidade designadamente a partir do chamado "Mundial de Mandela". Não há que ter medo da sementeira, eliminando-se de raiz as ervas daninhas.
Aqui não é banalização, é divulgação e formação.
Por divlgação, apenas uma nota: a dita "estação que deu a voz ao Rugby" (Sporttv), ao contrário de anos anteriores, em 2016 voltou ostensivamente as costas aos test-matches de Junho, ao Super Rugby e ao Rugby Championship. Lamentável. Resta aos apaixonados a net e...a pirataria!