31 de maio de 2012

ÉPOCA DE SEVENS - UM GUETO PARA ALIVIAR CONSCIÊNCIAS

COM UM SUSPIRO DE ALÍVIO CHEGA NO SÁBADO AO FIM A PENOSA ÉPOCA de rugby de XV, que foi marcada por uma incompreensível organização experimentalista, que acabou por ajudar ao afundamento do nosso rugby.

Não vale a pena voltarmos a analisar essas situações - que já foram aqui abordadas por diversas vezes - mas vamos antes olhar para o que se está a fazer em relação aos nossos sevens.

Quem olha para o calendário dos Nacionais que agora tomam forma, nos seniores, sub-18 e sub-16, vai pensar que existe um plano, uma estratégia, um desenvolvimento, e que isto é o culminar disso tudo.


Nada de mais enganador - se existe um plano, ele é incompreensível - se existe uma estratégia, ela precisa de ser revista urgentemente - se existe um desenvolvimento, ele é feito sem que se dê por isso.

E a falta deste plano, desta estratégia, deste desenvolvimento, vê-se este ano (como já se vira no ano passado) na melindrosa situação em que os Linces atacam o Grand Prix  da FIRA...

Mas da nossa seleção nacional falaremos em postagem a ele dedicada.

Mas vamos por partes, que essa história de atirar com muita coisa ao mesmo tempo para a nossa frente, apenas serve para ocultar a verdade.

Comecemos pelos subs - 16 e 18 - para questionar a altura do ano em que eles são disputados.

Na verdade a época como está organizada atira estas competições para uma altura do ano em que os estudantes (a enorme maioria dos sub-16 e sub-18 são estudantes) se deviam estar a concentrar nos seus exames, na preparação do seu futuro, e não a pensar em deslocações, que ocupam todo um fim de semana - para ir de Arcos a Lisboa, ou de Évora ao Porto, e disputar um torneio no sábado, não há domingo que chegue para descansar, estudar, concentrar nas tarefas escolares.

Ou seja, para início de conversa a época do CircuitoNacional de Sevens, não é adequada. Tem que ser repensada.

Depois, a FPR continua a entender que organizar uma prova - com o é sua função - é fazer um calendário e dizer aos clubes "agora que há uma data, organizem-se, e façam o torneio acontecer".

Nada de mais errado - isto é transferir as suas funções específicas e que até poderiam justificar o contingente de funcionários que constam das listas de profissionais ao serviço da FPR - já que os clubes podem sim, colaborar na organização, mas não devem nunca ser os primeiros responsáveis por competições oficiais.

E não vale a pena argumentar que o Regulamento Geral de Competições (não falamos de um Regulamento específico para estas competições porque ele não existe, ou se existe é de consulta reservada...) o autorizam, já que os acontecimentos mais recentes exigiam que a FPR tomasse as rédeas da questão, revertendo mais uma das suas decisões - como nos vem habituando há muito, dado o eterno carácter experimentalista das suas decisões em matéria de organização das competições nacionais.

Por outro lado, a característica voluntarista da participação nestas provas, leva à absurda situação de termos já neste fim de semana, uma etapa do Nacional de Sevens de Sub-18 com a alargada participação das equipas do CRAV (Clube organizador), Braga, Agrária e Bairrada...

Isto é apenas um exemplo do que se tem passado, e como ele há inúmeros, neste ano e nos anteriores...

Mas infelizmente o que vai acontecer este fim de semana em Arcos vai com toda a certeza acontecer em Abrantes, Bairrada, ou nos sub-16 na Moita do Ribatejo, em Coimbra ou na Lousã...

Mas não se preocupem muito, são apenas três semanas e depois o pessoal esquece-se e vai de férias, para em Outubro tudo voltar à mesma, ou, pior, surgir mais um pacote de experiências mal fundamentadas e feitas no tipo "navegação à vista"...

No que diz respeito ao escalão senior, as coisas parecem estar melhor organizadas, com um regulamento que parece claro, apenas merecendo um reparo, no que diz respeito à obrigatoriedade de participação (da competência do Regulamento Geral de Competições).

Na verdade, se a obrigação dos clubes que tem equipa a disputar a Divisão de Honra e a 1ª Divisão é clara e está contemplada no RGC (Art 8º -3.), já o mesmo não acontece com as equipas da 2ª Divisão, o que deixa muitas dúvidas quanto ao bom andamento dos chamados Torneios que fazem parte do Circuito Nacional.

A única questão que acho valer a pena ser mencionada é a falta de esclarecimento regulamentar quanto a promoções e rebaixamentos entre o Campeonato Nacional e os Torneios Nacionais.

Na verdade, como está apresentado, as equipas que disputam cada uma dessas provas, ou são sempre as mesmas respeitando o princípio que em cada ano se obedece à classificação do ano anterior (nada se diz quanto a promoções/relegações) ou, pior, será respeitada a classificação dos Campeonatos Nacionais de XV...

Para evitar posteriores problemas, era aconselhável que esta questão fosse clarificada definitivamente, fazendo a sua articulação com o RGC, e também que a obrigatoriedade de participação fosse alargada à segunda Divisão, pelo menos em relação aos oito primeiros classificados.

Mas atenção - a esta obrigatoriedade (dos clubes com equipas na DH, 1ª Divisão e 2ª Divisão), não pode corresponder o seu posicionamento nas diversas divisões (Campeonato Nacional de Sevens, Torneio Nacional de Sevens e Torneio Nacional de Sevens da II Divisão), que deve sim, refletir o comportamento e classificação conquistada por cada uma das equipas...

Nada deve poder impedir que uma equipa emergente, por exemplo, ou mesmo um clube que apenas queira disputar competições de Sevens, de vencer o TNS II Divisão, ser promovida ao TNS no ano seguinte, tornar a vencer, ser promovida ao CNS, e, quem sabe, sagrar-se Campeão Nacional de Sevens!

Se estas pequenas correções forem feitas, podemos dizer que no que respeita à organização, o problema está resolvido.

Fica apenas por discutir se este Circuito deve ser disputado em quatro finais de semana seguintes, se são quatro como este ano, ou cinco como no ano passado, e se esses fins de semana devem ser apenas no final (ou princípio) da época, ou se devem ocupar outros fins de semana, durante a época desportiva...

Para consultarem os resultados dos torneios e classificações dos Torneios do ano passado, cliquem aqui para o Campeonato Nacional e aqui para o Torneio Nacional da II Divisão

Foto: Fernando Nanã Soares

5 comentários:

Anónimo disse...

Os sevens não servem para nada, não percas tempo com isso.

Anónimo disse...

quem fala assim nao é gago

Anónimo disse...

É mais uma prova que os clubes é que fazem o trabalho todo e a federaçao faz os relatorios no fim do ano em que organizou os vários torneios de sevens.Mais respeito pelos clubes e pelas pessoas que gostam do rugby e que estao ao lado do rugby quando é preciso.É esta gente que vos dá trabalho mais respeito.

Anónimo disse...

Vão ser bonitos os Seven´s este ano, lá isso vão. Acaba o campeonato a 2 de Junho, com os jogadores pelo menos de 2 clubes a pensarem só no XV e uma semana depois, anda daí "prá borda" dum relvado um dia inteiro a fazer seven´s. ainda por cima 3 fins de semana seguidos com exames pelo meio. Serão verdadeiramente uns Seven´s de convívio.

Anónimo disse...

Parabens ao Mao de Mestre pelo excelente comentario, que poe a nu as fragilidades oerganizativas dqa FPR e o seu - cada vez mais patente - amadorismo.

Um verdadeiro experimentalismo saloio e um deixa anda bem portuges caracterizam aquela que tem vindo a ser a intervencao da FPR em toda esta epoca desportiva.

O comentario toca em pontos importantes e so vem sublinhar o que ja aqui muitos disseram sobre o Circuito Nacional de Sevens Feminino. Bastaria ter lido os comentarios, as falhas e lacunas identificadas e corrigir a situacao no sector masculino. Mas nao...

Surpreendente e ler comentarios a dizer que o sevens nao interessa nada, quando tem sido sobretudo no sevens que Portugal tem ganho visibilidade internacional. Desde 2007, no Campeonato do Mundo de XV, que de relevo se tem feito senao no sevens (e mesmo assim, perigosamente em plano descendente)?

Nao servirao estes campeonatos para ir alargando o numero de potenciais selecccionaveis? Para fazer despontar o gosto pelo rugby e trazer mais adeptos e praticantes?

Enfim... as nuvens negras ja surgem no horizonte do rugby portugues, a tempestade esta eminente. Esperamos que haja bom senso e que os responsaveis pelos destinos da FPR - todos e nao apenas o omnipotente e omnipresente presidente - acordem, tomem consciencia da gravidade do problea e emendem o rumo antes que o barco va ao fundo!