REGRESSA O CAMPEONATO... MAS NÃO O CAMPEÃO *

Após dois fins-de-semana de Taça, eis que está de volta a DH e logo com a jornada que assinala o final da 1.ª volta, recheada de duelos de fazer crescer água na boca (e já agora, com a invernia que se anuncia, também crescerá e enlameará os relvados…). Quando concluída, permitirá então um primeiro balanço da prova após todos se terem defrontado entre si.

Sendo uma ronda com as equipas a jogarem dentro de cada grupo, há duas formações que folgam, neste caso aquelas que já realizaram os nove jogos da metade inicial: o campeão nacional CDUL (grupo A), líder da tabela, e o CDUP (B), atual 4.º classificado a cumprir um belo percurso, pois encontra-se à frente de todas as equipas do seu grupo e ainda de duas do grupo A.

A ronda arranca já amanhã, sábado, nas Olaias (15.00), com o Técnico (7.º) a receber o Cascais (8.º) num jogo com vista para um lugar nos “play-off” do título. 
Os dois quinzes encontraram-se há duas semanas, na Guia, para os oitavos-de-final da Taça, tendo os engenheiros vencido por claros 46-8 numa exibição de grande nível e com oito ensaios.

Passou pouco tempo pelo que as equipas não deverão estar assim muito diferentes e portanto o favoritismo vai inteirinho para os da casa, vencedores de quatro das últimas cinco partidas efetuadas e que continuam a subir de rendimento. 
Muito por força da presença dos seus três neozelandeses, vidé a forma como o treinador-jogador Scott Uren e o n.º 8 Taione Vea combinaram de olhos fechados para o derradeiro ensaio no domingo passado e que arrumou em definitivo as esperanças do CDUP se manter na Taça.

Às 15.30 arranca na Coutada o jogo que coloca frente-a-frente CRAV (9.º) e Benfica (10.º), os dois últimos da tabela separados por cinco pontos – tantos quantos os somados pelos minhotos, já que os encarnados continuam, penosamente, a zero. 
Mas também o registo das duas equipas é bem distinto, pois o CRAV, para lá de ter conseguido bater, em casa, uma equipa do Grupo A (o Belenenses, por 30-20, à 4.ª jornada) marcou 16 ensaios e concedeu 30, enquanto o Benfica fez somente três e sofreu… 79 nos anteriores oito encontros. 
Ainda no sábado passado, diante do CDUL para a Taça, sofreu o primeiro de 15 ensaios no minuto inicial, aos três consentiria o segundo e antes da meia-hora já encaixara sete, para 61-0 ao intervalo…  

Com o Minho em “alerta vermelho” – mas da proteção civil –, claro que José Mendes Silva vai certamente convencer os seus jogadores de que é “agora ou nunca” para a estreia vitoriosa encarnada e logo no campo de um rival direto. 
Mas conhecendo o poder e a fibra do pack avançado de Arcos de Valdevez, parece-nos que será talvez pedir demasiado. 
E para presentes de Natal ainda faltam duas semanas...

Direito (2.º) vai até ao Sérgio Conceição (16.00) defrontar a Académica (6.º), num jogo entre duas equipas eliminadas nos “oitavos” da Taça e que assim dispuseram de duas semanas para acertar agulhas de desempenhos frouxos e que ditaram o seu afastamento da segunda competição nacional. 
Os advogados, que viram ser repostos – por agora e enquanto os diferentes recursos são analisados com vista à confirmação, ou não, dos castigos – os dois pontos retirados pela FPR devido à utilização, sem inscrição, de Francisco Lobo no jogo com o Cascais da 3.ª jornada sabem que, em caso de vitória, os três pontos que distam do líder CDUL serão ultrapassados – e o quinze de Monsanto conquista o título oficioso de campeão da 1.ª volta. 
Não dá direito a troféu… mas amacia o ego.

Ainda sem o seu striker-mor António Aguilar (um total de cinco ensaios marcados nos pouquíssimos jogos que realizou) nem Pedro Leal (ressentindo-se da entorse no joelho sofrida no Dubai e agravada em Port Elizabeth), mas já com o capitão Vasco Uva, que regressa recuperado de uma mão partida, e Adérito Esteves de volta à boa forma como mostrou na África do Sul, a equipa de Martim Aguiar vai constituir mais um desafio aos “pretos”, num osso bem duro de roer para uma equipa que, ao contrário de anos anteriores, vem mostrando “dentinhos de leite” incapazes de ferrar umas boas dentadas nos principais candidatos ao título. 
Ou estes 15 dias serviram para alterar algo no comportamento dos homens de Coimbra? 
Se sim, sábado à tarde é uma boa ocasião para o mostrar.

A jornada encerra domingo, no campo n.º 2 do Restelo (15.00), palco de um encontro aliciante, entre o 5.º classificado Belenenses, e Agronomia, colocada na 3.ª posição. 
E quem assistiu no sábado passado, perto dos dois bancos, ao jogo entre vizinhos e rivais, não poderá ter deixado de ouvir, no final de uma partida que os agrónomos venceram folgadamente e com justiça, o repto dos responsáveis azuis: domingo é que vão ver como elas vos mordem, não pensem que vai ser assim tão fácil, a gente no Restelo fala.   

E será com voz grossa que os azuis vão botar discurso? É que no sábado o Belenenses até começou melhor perante agrónomos que entraram adormecidos e como que empanturrados pelo triunfo nos “oitavos” da Taça sobre Direito. 
Mas perto dos 10 minutos os gritos vindos do banco (e algumas ameaças…) lá acordaram Agronomia. 
A avançada desatou a ganhar os combates no chão, o par de médios (que se conhecem como os dedos de uma mão) tomou conta do jogo, e quando Duarte Cardoso Pinto, o melhor 10 a jogar em Portugal, “abriu o livro” e começou a lançar as rápidas linhas atrasadas… os azuis recuaram, recuaram e só conquistaram terreno a subir as escadas a caminho dos balneários após o apito final do árbitro, logo logo a seguir a terem marcado o seu único ensaio na derradeira jogada do encontro. 

Os azuis já poderão contar com os reforços Diogo Miranda, Duarte Moreira e Francisco Vieira de Almeida para os três-quartos, mas o seu maior problema continua a ser o pack avançado. 
E sem Sebastião Cunha (apanhou cinco semanas de castigo que só terminam… após o jogo) nem Valter Jorge, não prevemos que o volte-face na relação de poder dos dois quinzes, em apenas oito dias, seja assim tão evidente…

PS: Se devido ao mau estado dos relvados algumas das previsões aqui feitas forem completamente desditas, os vossos comentários de protesto deverão ser enviados a São Pedro, que o Manuel Cabral, por agora, ainda não tem conta aberta no Céu. 
Mas já faltou mais.

* Texto: António Henriques     

Foto: António Simões dos Santos