31 de março de 2017

BOLAS CURTAS PASSEIA PELO 6 NAÇÕES *

* Eládio Ribeiro
Após mais um interessante 6 Nações, onde tivemos jogos onde os jogadores pareciam não saber as leis e pediam ajuda tática ao árbitro, ou jogos onde uma formação ordenada pode levar a 20 minutos de prolongamento, a verdade é que a versão 2017 deste torneio teve tanto de interessante como de pantomineiro.
Anunciado está também o melhor jogador do torneio, Stuart Hogg foi, pelo segundo ano consecutivo eleito e com quase um quarto do total dos votos.
Hogg torna-se apenas o segundo jogador a ganhar a distinção em anos sucessivos, tendo apenas O’Driscoll como antecessor nos anos de 2006 e 2007.
Na votação o segundo lugar foi arrebatado pelo terceira linha irlandês CJ Stander e em terceiro quedou-se Louis Picamoles, isto de uma lista inicial de 12 jogadores.


A Inglaterra terminou em primeiro com 19 pontos, incluindo 2 pontos bónus ofensivos e um defensivo, resultado da derrota na última jornada com a Irlanda que lhe tirou a possibilidade de um segundo Grand Slam seguido, algo que nunca conseguiu na era 6 Nações, e que no 5 Nações remonta apenas a 1991-1992.
Além disso os Ingleses tentavam quebrar o recorde dos All Blacks de 18 vitórias seguidas, mas a Irlanda mostrou ao mundo que os rivais da Rosa ainda não se encontram ao nível da seleção número 1 do ranking Mundial.
Irlanda, França e Escócia terminaram respectivamente nestas posições com os mesmos 14 pontos fruto de 3 vitórias e 2 derrotas, tendo as três seleções amealhado um ponto bónus ofensivo e um defensivo cada.
O fator de desempate na classificação final acabou por ser o diferencial de pontos sofridos e marcados onde Irlanda apresenta 49 pontos positivos, França acaba o campeonato com +17 pontos e a Escócia, fruto da pesada derrota frente aos Ingleses apenas conseguiu um saldo positivo de 4 pontos.

A Itália só averbou derrotas e teve um saldo negativo de 151 pontos.
O treinador Connor O’Shea disse ao longo do Campeonato que as dificuldades que encontrou no seio da Federação Italiana e no recrutamento de jogadores superou, pela negativa as suas piores estimativas.
E nem os planos estratégicos rebuscados, como o que apresentou frente a Inglaterra impediram os Azurri de “oferecer” o bónus  ofensivo a quatro dos seus cinco adversários (apenas Gales não marcou 4 ou mais ensaios).
Ainda assim a Itália chegou ao intervalo de 2 jogos a ganhar (Gales 7-3 e Inglaterra 10-5) e em situação de pontos bónus defensivo noutro (Franca 11-16) e apenas no último jogo do Campeonato frente a Escócia não houve nenhum ponto marcado pelos Azurri, quer na primeira, quer na segunda parte.

A Inglaterra foi a seleção que mais vezes cruzou a linha com 16 toques de meta nesta edição, com Irlanda e Escócia a partilharem o pódio na segunda posição com 14 ensaios cada.
Esta edição teve um total de 66 ensaios, o que dá uma média de 4.4 ensaios por jogo.
A introdução dos pontos de bónus não suscitou o rugby ofensivo “a la Rugby Championship” e quando comparados com 2016 os números são até piores, porque na edição do ano passado marcaram-se 71 ensaios, para uma média de jogo de 4.7.
Esta edição é também marcada por não haver um “top Try scorer” em destaque com o primeiro lugar a ser dividido por 8 jogadores, todos eles com 3 ensaios ao longo da prova.

A prova foi mais uma vez dominada pela bota dos chutadores e ninguém dominou mais alto que Camille Lopez e os seus 67 pontos marcados.
Owen Farrell ficou muito próximo do gaulês com os seus 63 pontos e apenas um ponto a separá-lo de Leigh Halpenny que concretizou 62 pontos.
Estes números tornam-se ainda mais relevantes se tivermos em consideração que todos estes pontos vieram das suas botas (0 ensaios entre os três chutadores).
Camille Lopez demonstrou uma eficácia fantástica com 25 chutos certeiros em 28 tentativas, uma percentagem de concretização de 89.2%.

Nota final para a disciplina que se manteve bastante boa durante todo o 6 Nações, onde os árbitros não tiveram de mostrar o vermelho em nenhuma ocasião e o cartão amarelo apenas foi mostrado por 8 vezes, com a Escócia e a Irlanda a terem 2 jogadores admoestados  e as restantes seleções a terem apenas um jogador a ter de se sentar no “sin bin”.

Em 8 jogos os árbitros não recorrem ao bolso e em apenas um jogo houve mais de um cartão, o França-Gales da última jornada, onde o prolongamento durou uns incríveis 20 minutos.


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