24 de junho de 2016

CLUBE MANIFESTA-SE CONTRA ESTRATÉGIA FEDERATIVA

Com a Assembleia Geral à vista os clubes começam a manifestar a sua posição contrária à estratégia federativa de tentar resolver os problemas do rugby nacional com medidas cosméticas no topo da pirâmide, deixando ao abandono a base e o rugby das regiões.

Agora foi o Rugby Vila da Moita que em comunicado manifestou o seu receio sobre as consequências dessa política (?) e dada a importância do que ali é dito, o Mão de Mestre transcreve na íntegra o referido comunicado.


COMUNICADDO DO RUGBY VILA DA MOITA
Estamos a viver um período de gestação do maior erro estratégico dos últimos anos, que irá afetar irremediavelmente o futuro do Rugby em Portugal.
A direção da FPR está a promover reuniões regionais para apresentar o seu projeto de competições para os seniores da divisão de honra, da 1ª divisão e para os escalões sub 16 e sub 18. Deste modo fomos convidados a estar presentes no passado 20 em Évora para que os clubes do sul ouvissem o que a direção da FPR se prepara para levar á Assembleia Geral.

Como ponto prévio, é obvio que a direção da FPR tem toda a legitimidade para propor novos rumos para o Rugby Nacional. Só o facto de o fazer, tem pela nossa parte, todo o apoio. É necessário repensar a modalidade depois de cairmos em quase todas as frentes europeias e mundiais.

O Rugby Vila da Moita não está de acordo com a proposta de organização apresentada e discutida, especialmente para a 1ª divisão e sub 16 e sub 18, e está perplexo por, naquela reunião, o sr. presidente afirmar em resposta a uma questão do Borba que " para a 2ª divisão não tenho resposta"

Vamos por partes:
O que nos foi apresentado foi o discurso da venda de um modelo que serve única e exclusivamente alguns clubes, os maiores de Portugal, e este modelo proposto vai somente responder ás necessidades de 4 ou 5 clubes que dominam na divisão de honra.

A maior revolução vai afetar precisamente a divisão onde o maior equilíbrio se vem notando, a 1ª divisão.
Pretende-se que sejam integradas 6 equipas B da divisão de honra - aqui apresentadas por sub 23 - que entrariam diretamente para o CN 1ª Divisão sem outro critério que não o administrativo.
Numa competição desportiva tem de ser o mérito desportivo a promover ou a despromover as equipas após as respetivas competições, jamais as decisões administrativas se podem sobrepor ás desportivas.

Pretende-se, a rogo de uma hipotética competitividade, secar o desenvolvimento dos clubes fora do " circulo universitário de Lisboa". O caminho que temos vindo a constatar é o fortalecimento de 2 equipas no panorama nacional, e uma constante perda de qualidade de todas as outras, e a solução peregrina de colocar os sub 23 de "caras" na 1ª divisão é a certidão de óbito dos outros clubes.

A querer, e bem, fazer-se algo para se criar maior competição em Portugal, pensa o RVM que se deve começar pela base: a desprotegida e mal tratada 2ª divisão.
Se os sub 23 evoluírem no CN 2ª divisão o nível desta competição aumenta, permite que em vez de só subir o campeão possam subir os 2 primeiros classificados, e por mérito, essas equipas possam lutar pelo titulo e simultaneamente a sua progressiva integração no escalão intermédio.

Damos assim mais qualidade e dignidade á 2ª Divisão e por inercia maior competitividade á 1ª divisão a medio prazo

Mas o modelo agora proposto para os sub 16 e sub 18 é ainda mais radical.

O Vila da Moita questionou, na referida reunião o modelo dos campeonatos de sub 16 e sub 18 e, foi explicado que existe um grupo de trabalho que está a estudar o assunto, mas já têm conclusões, as seguintes:

 Os clubes serão divididos por quatro grupos:
Grupo A 10 equipas a jogar um campeonato nacional
Grupo B 10 equipas a jogar num campeonato nacional
Grupo C as restantes equipas que jogarão regionalmente sevens.
Grupo D as equipas Bs do grupo A.

Com esta aproximação os clubes que não se classifiquem para o grupo A e B passarão a não poder competir em XV o que a medio e longo prazo irá inevitavelmente tornar-nos deficitários em atletas da 1ª e 2ªs linhas
Como podem os clubes "periféricos" motivar jovens atletas mais pesados e lentos para uma variante onde eles não se sentem competitivos?

Curiosidade:
Para os escalões sub 16 e sub 18 há o grupo D para equipas B, para os seniores as equipas B são integradas na 1ª divisão...

Outro assunto que foi abordado tem a ver com os custos de inscrição nas competições, que ao que parece será suportado pelos valores que transitarão das participações de seguro que têm vindo a ser atribuídos ás equipas abaixo de sub 14, e que essa verba será fundamental para a arquitetura do novo projeto.
Na pratica vai ser a Formação ser castigada por valores que a curtíssimo prazo tornarão a sobrevivência desses escalões impossíveis de gerir.

Meus caros,
O RVM está totalmente aberto á discussão dos modelos competitivos, desde que se cumpram os seguintes requisitos:
  • Toda e qualquer alteração agora em discussão só poderá entrar em funcionamento na época desportiva 2017/2018
  • Não haja tratamento de favor a qualquer clube ou equipa. As subidas ou integrações deverão ser validadas por competência desportiva.
  • Todo o processo de funcionamento competitivo terá como filosofia a meritocracia e deve ter como topo as Seleções nacionais de cada escalão, depois uma estrutura competitiva em pirâmide onde a ultima divisão será sempre os alicerces donde emergirão as equipas que irão, através de subidas ditadas por competições, ocupar os lugares cada vez mais seletivos na hierarquia desportiva.
  • Paralelamente ao desenvolvimento sustentado das equipas de 7's, onde deverá haver competições próprias mais alargadas - não faz sentido a nossa maior competição de seniores ter 3 jornadas e as outras competições apenas 1 jornada !!! - fazer alargar a competição de XV a todo o território, de forma a se "produzirem" atletas para todas as posições de jogo.
O  RVM espera que todos os clubes procurem estar presentes nas reuniões de preparação para a AG, e nesta não haja faltas injustificadas.
É o futuro de RUGBY que está em jogo

Saudações desportivas
RVM - a Direção

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