A revista Rugby World publica, na sua edição
de Novembro 2014, uma listagem de 25 ideias, métodos e produtos que alteraram o
jogo de Rugby Union ao longo dos anos.
Algumas alterações tiveram profundo impacto no
jogo, outras causaram apenas efeitos laterais.
Por ser de interesse geral e alargar, para
muitos, o seu conhecimento do jogo, aqui vai uma listagem das principais.
1-
Pontuação – Nos primórdios a pontuação era
apenas obtida através de pontapés. Após um ensaio (sem pontuação ) era obtido
o direito de tentar um pontapé aos postes. O “drop” era já e também uma
possibilidade para obter pontos. Na época 1891-92 foi introduzida a pontuação,
sendo atribuído ao ensaio 2 pontos e aos pontapés de penalidade e de
transformação 3 pontos. Na época seguinte o ensaio foi valorizado para 3 pontos
e o pontapé de transformação reduzido para 2 pontos. Este sistema subsistiu até
1971/72 quando o ensaio foi aumentado para 4 pontos o que se manteve até 1992,
data em que passou a vigorar a pontuação atual.
2-
Equipas com 15 jogadores – quando as primeiras
Leis do Jogo foram publicadas em 1846 na Rugby School, o nº de jogadores era de
20 por equipa o que durou até ao Varsity Match ( jogo anual, sempre realizado
em Dezembro, entre as Universidades de Cambridge e de Oxford ) de 1875, quando
foi fixado o nº de 15 jogadores, o que se mantem até hoje.

4-
Substituições – Até1968 as substituições não
eram permitidas. Se um jogador se lesionasse e tivesse que abandonar o terreno
do jogo a equipa acabaria o jogo apenas com 14 jogadores. Em 1968 a IRFB (
assim se designava, na época, a atual IRB ) decidiu autorizar a substituição de
jogadores lesionados. Em jogos internacionais, o primeiro jogador a ser
substituído foi Barry John no 1º jogo teste África do Sul- BritishLions de
1968. Foi substituído pelo irlandês Mike Gibson. As substituições táticas são
permitidas desde 1996 e desde 2002 existe a possibilidade de substituição
temporária de um jogador com sangue.
5-
Profissionalismo – Apenas em 27 de Agosto de
1995, na sua reunião em Paris, a IRB abriu o Rugby ao profissionalismo que até
aí se mantinha amador, apesar de já existirem pagamentos encapotados a
jogadores designadamente em França. Nessa altura, o então Presidente da RFU,
Bill Bishop, disse : “ o jogo nunca mais será o mesmo “. Como certo estava !
6-
Cartões Amarelos – 1995 foi o primeiro ano em
que apareceram os cartões amarelos, mas nesse tempo isso significava apenas um
aviso. O primeiro jogador a quem foi aplicado um cartão amarelo num jogo
internacional foi o inglês Ben Clarke. Em 2002 foi decidido que ao cartão
amarelo correspondia uma suspensão por 10 minutos ficando a sua equipa reduzida
a 14 jogadores, durante esse período.
7-
Transmissões Televisivas– O primeiro jogo a
ter transmissão televisiva foi o jogo do Torneio das 5 Nações de 1938,
Inglaterra- Escócia feita pela BBC. As transmissões televisas tiveram e
continuam a ter um forte impacto na divulgação e na popularidade que o jogo tem
alcançado.
Em Portugal a RTP iniciou
transmissões diretas dos jogos do
Torneio das 5 Nações nos anos 60 graças aos esforços de Serafim Marques
(“ Cordeiro do Vale”) que convenceu a administração da RTP da importância
desses jogos.
8-
Campeonatos do Mundo – Apenas em 1987 se
realizou o 1º campeonato do mundo, com a participação, por convite, de 16
nações. O primeiro vencedor da WebbEllis Cup foi a Nova Zelândia. Seguiram-se a
Austrália ( 2 vezes ), África do Sul ( 2 vezes ), Inglaterra e de novo a Nova
Zelândia em 2011.
Desde 1995 que o campeonato
do mundo é disputado por 20 nações.

10-
A Bola – o formato da bola pouco mudou desde
que as suas dimensões foram fixadas em 1892. Então a bola tinha 11 a 11 ¼
polegadas ( 279 a 286 mm ) e atualmente 280 a 300 mm, o que é praticamente o
mesmo. O que mudou foi o peso e a textura : enquanto no passado as bolas eram
de couro e, quando molhadas, muito escorregadias, hoje, as bolas são produzidas
em vários compostos de borracha e têm uma aderência muito superior.
11-
Mini Rugby – é a iniciação ao rugby para
milhões de jovens, rapazes e raparigas. Iniciou-se, na Grã-Bretanha e Irlanda
no anos 60, como meio de iniciação ao jogo para os jovens. As bolas são mais
pequenas e as dimensões dos campos são
adaptados à idade e ao número de jogadores. Normalmente vão de 5 a 13
jogadores, consoante as idades e as suas regras utilizadas variam de país para
país.
12-
Jogos Noturnos – o primeiro jogo com
iluminação artificial realizou-se em 1878 no campo de Salford tendo sido
utilizado luzes suspensas de torres com cerca de 11 metros. Os jogos noturnos
foram-se multiplicando com o decorrer do tempo e são agora prática comum.
13-
Árbitros Neutrais- Nos primeiros tempos os
jogos eram dirigidos pelos capitães de equipa. Em 1874 a RFU introduziu a
presença de juízes (“umpires” ). Com o aumento de competitividade nos jogos
internacionais foi decidido, em 1885, designar árbitros neutrais passando os “
umpires” a fiscais de linha, mas ainda com os capitães a terem uma capacidade
de interferência. A partir de 1982 os árbitros passaram a ser os únicos
decisores. As modernas Leis do Jogo concedem aos árbitros de rugby vastos
poderes sobretudo na área disciplinar, bem superiores aos de outras modalidades
desportivas.
14-
Capacidade de Representação internacional – De
acordo com as regras da IRB podem representar um país os naturais desse país,
os filhos ou netos de naturais desse país e aqueles que tenham 3 anos de
residência consecutiva nesse país. No caso de Portugal, além das condições
atrás indicadas a legislação atual exige ainda a nacionalidade portuguesa. Até
2000 os jogadores podiam representar mais do que um país se satisfizessem as
condições indicadas. Houve casos de internacionais por mais que uma nação. Esta
possibilidade terminou em 2000 com uma nova resolução da IRB que impede um
jogador que tenha representado um pais possa
vir a representar outro. Uma vez que o Comité Olímpico Internacional
limita a participação nos Jogos Olímpicos apenas a nacionais desse país,
passará a haver de novo a possibilidade de representar o país de nacionalidade,
desde que não tenham participado em jogos internacionais num período de pelo
menos 18 meses. Esta abertura poderá ser utilizada, p. ex., por nacionais das
ilhas do Pacifico, Samoa, Fiji, Tonga, que tenham já jogado por outro país.
15-
Cobertura dos campos – O Millenium Stadium em
Cardfiff foi o primeiro estádio de rugby a ser dotado de um teto retrátil. O
primeiro jogo disputado com o teto fechado foi o País de Gales- Austrália
disputado em 2001. Ambas as equipas têm de concordar com o fecho do teto. Há
apenas um campo, Forsith Stadium em Dunedin, na Nova Zelândia dotado com um
teto permanentemente fechado.
16-
Video árbitros – esta inovação foi testada na
Austrália em 1999 e introduzida no torneio Super 12 de 2000. A sua aplicação
tornou-se prática comum nos jogos das grandes competições internacionais
possibilitando ao árbitro recorrer ao vídeo árbitro para decidir sobre situações
junto à área de meta ou em caso de jogo violento. Mas o vídeo árbitro apenas
responde à pergunta do árbitro cabendo a este a decisão final. Os árbitros (
principal e assistentes ) comunicam entre si através de intercomunicadores e
alguns já transportam camaras vídeo. Em Portugal ainda nunca foi utilizado o
vídeo árbitro.
17-
Pisos em relva artificial – Desde 1959 que o
estádio de Murrayfield em Edimburgo na Escócia, está dotado de uma sistema de
aquecimento no sub-solo, usando tubagens onde circula água quente. Foi
instalado para permitir que o relvado estivesse em boas condições durante o
rigoroso inverno naquelas paragens. Uma inovação mais recente, foi a colocação
de relva artificial nos campos de rugby. A sua utilização para jogos das
grandes competições foi autorizada pela IRB em 2012, desde que a superfície
satisfaça as respetivas normas.
18-
Camisolas – Até finais do Sec. XX as camisolas
de rugby eram feitas em algodão o que as tornava muito pesadas com a chuva.
Agora são feitas em poliéster, elastane e outros tecidos leves com sistemas que
transferem para o exterior o calor da transpiração. Em Portugal foi o RC Lousã
o pioneiro na utilização destes materiais, agora de uso comum.
19-
“Kicking Tees “ – No passado os chutadores
faziam um pequeno buraco no solo ou usavam um monte de areia para colocar a
bola antes de efetuar um pontapé. Nos anos 90 uma pequena peça em plástico
começou ser utilizada, facilitando a
tarefa dos chutadores e a satisfação dos tratadores dos campos.
20-
Análise Video– Desde o advento do profissionalismo
que se vulgarizou a utilização de analistas vídeo. Usando esta tecnologia
é possível fazer a análise das equipas, dos jogadores individualmente e
dos adversários. Poderá ter limitado alguns dos mistérios do jogo mas no rugby
profissional é indispensável maximizar as possibilidades de vitória.
21-
GPS – um sistema aplicado para fins militares
e comerciais desde os anos 90 passou a ser utilizado pelo Rugby há cerca de dez
anos. Permite analisar para cada jogador, a sua velocidade média e de ponta e
verificar o seu estado de fadiga durante um jogo. Muitos jogadores colocam uns
pequenos sensores por baixo da sua camisola o que permite aos treinadores
seguirem nos seus computadores, a respetiva performance.
6 comentários:
Excelente! Nunca imaginei que o "Cordeiro do Vale" que me acompanhou durante as transmissões televisivas da minha infância e adolescência fosse um pseudónimo...
Caro Pedro Ribeiro. Obrigado pela apresentação a todos nós duma listagem de 25 ideias que ajudaram a evolução do nosso desporto. Já agora e sem querer meter a foice em seara alheia, só para te dizer que no ponto 18 a apresentação das novas camisolas justas não foi só em Portugal, mas sim em todo o mundo. Nenhum clube até essa data tinha utilizado as camisolas justas. Recordo o "gozo" que demos quando as apresentámos pela primeira vez no "teu" Lisboa Sevens 2002. Recordo igualmente que o Serevi, um minuto depois de as ter tocado, veio dar os parabéns pela ideia e que o Olgário Borges DT na altura, uma semana depois pediu-me uma camisola para enviar à Mitre como modelo. Portugal foi a primeira selecção mundial a utilizar essa "abencerragem" num torneio de Sevens.
Nunca pensei que pudessem vir a ser utilizadas no Rugby de XV, mas entretanto foram descobertas novas fibras que lhes deram uma resistência que aquelas primeiras não tinham.
Já agora para informar que essas camisolas foram feitas pela Tadeu & Francelina em lycra da natação.
José Redondo
Caro Pedro Ribeiro
Excelente artigo. Na linha das conversas que já tive consigo sobre o jogo.
Um abraço
Nuno Fradinho
Caríssimo Eng Pedro Ribeiro grande artigo, este documento pode e deve ser usado para a divulgação da nossa modalidade.
Parabéns ao MDM (Manuel Cabral) pelo excelente trabalho que tem feito pela divulgação do Rugby.
Lencastre
Acabei de receber um telefonema da Deolinda Marques, casada com o Serafim Marques (Cordeiro do Vale, o mítico homem do râguebi em Portugal). Morreu esta madrugada.
Pediu-me a Deolinda, antiga funcionária da RTP, para dar a notícia. O Serafim merece ser recordado.
Maria João Tovar
Maria João Tovar, obrigado pelo seu cuidado e carinho. Também nós recebemos essa triste notícia, e não podíamos deixar de lembrar esse bom amigo que nos deixa.
http://www.maodemestre.com/2017/04/o-rugby-fica-mais-pobre-com-partida-de.html
Enviar um comentário