16 de janeiro de 2010

AS LIÇÕES DE UMA ELEIÇÃO

UM ACTO ELEITORAL SEM PRECEDENTES, uma luta até ao ultimo minuto, com resultados surpreendentes, e que acabou por ser vencida, de virada, pela diferença mínima.

Hoje, o que é importante, é tentar compreender o que aconteceu.

E o primeiro facto de destaque foi a afluência às urnas.

Numa primeira fase, em Outubro/Novembro, procedeu-se à eleição de alguns dos delegados, e à nomeação de outros, e a apatia de certos sectores – jogadores e treinadores – parecia apontar para um absoluto desinteresse de quase todos perante o processo eleitoral.

Com menos de 70% dos 107 delegados a tomar posse dos seus cargos, tudo fazia crer que a afluência às urnas iria ser um desastre.

Não podia ser maior o engano! Dos 72 delegados, 70 votaram na primeira volta, e 71 (98,6%) na segunda. São números muito importantes, e fazem pensar que nem tudo é mau nos actuais Estatutos.

A título de exemplo, nas eleições de Novembro de 2007, onde Dídio de Aguiar foi reeleito para ocupar a presidência, votaram oito clubes, dos quais três da Divisão de Honra.

Ontem, votaram 23 clubes, entre os quais, todos os da Divisão de Honra.

Ou seja, por muito maus que os Estatutos sejam,conseguiram garantir aos clubes o exercício do seu direito básico, e os clubes corresponderam, em peso.

De tal forma responderam, que um outro facto tem que ser realçado. Na referida eleição de 2007, dos 167 votos presentes, apenas 46 (27,5%) foram para o candidato eleito. Os restantes 121 foram votos brancos.

Ontem não houve votos em branco e dos 71 votos presentes, o candidato eleito obteve 36 (50,7%). Ou seja, o novo Presidente da Federação obteve quase o dobro do apoio obtido pelo anterior.

Apesar desta diferença considerável, o novo Presidente, que se apresenta ao serviço com toda a legitimidade, vai encontrar um Rugby dividido, já que o candidato vencido recebeu 49,3% dos votos e, mais importante, cinco desses votos (7% do total, ou, se preferirem 14,3% dos votos do candidato derrotado), parecem ter vindo directamente de um grupo declaradamente insatisfeito com o novo Presidente – os árbitros.

Ou seja, o candidato vitorioso tem que entender o recado que o eleitorado mandou para Dídio de Aguiar e seus apoiantes:

Os clubes querem participar dos destinos da Federação, e não mais aceitarão serem discriminados, nem aceitarão um posicionamento arrogante e autista dos que, momentaneamente, controlam a instituição

E também não pode esquecer o recado transmitido pelos árbitros, que não parecem estar na disposição de serem esquecidos, ou pior, discriminados.

Assim, a Amado da Silva exige-se que cumpra o que prometeu, governando com todos e para todos.

E aos clubes, associações regionais, jogadores, treinadores e árbitros, que tem nas Assembléias Gerais o local próprio para se fazerem ouvir e imporem a sua vontade, exige-se que colaborem com os novos dirigentes na procura das melhores soluções, de forma civilizada e desportiva.

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