26 de outubro de 2014

MUNDIAL DE RUGBY - COMO SE ESCOLHE O PAÍS ORGANIZADOR? *

*Paul Tait
A intenção de mudar o nome do IRB para World Rugby - como aconteceu no Velho Continente com a mudança de FIRA-AER para Europe Rugby - mostra a importância da expansão e com isso a realização dos mundiais de rugby vai, cada vez mais, ser possível em países diferentes. 

O Campeonato do Mundo de 2015 será o oitavo mundial e o quarto na Europa, quarto no País de Gales e o terceiro na Inglaterra. 

Entre as possibilidades para 2023 o melhor candidato é a Argentina, o único semifinalista na história da prova que não recebeu jogos num Mundial.
Para a Argentina conseguir sediar o evento o país terá que ganhar votos de membros do IRB Council. 

O Council é uma organização não democrática em que alguns membros tem votos, outros dois votos mas a maioria nenhum. 
A balança de poder não está a favor da Argentina, mas os argumentos para a Argentina sediar o evento são tão fortes que, no fim, o país deve ter o apoio necessário para derrotar as alternativas da Africa do Sul, Austrália, França e Irlanda - quatro países interessados em receber o Mundial, mas quatro que já receberam um ou mais torneios.

As decisões são democráticas?
Não. No total, o IRB conta com 121 federações, entre elas 102 são membros que fazem parte do Ranking Mundial IRB e o resto são membros associados. 
Apesar de haver um grande número de países que jogam rugby à volta do planeta, o número que tem o poder de votar é significativamente limitado. 
O IRB Council conta com 28 votos, entre eles dois são do presidente e do vice.
Os 26 restantes são de países membros ou de autoridades regionais. 
Entre estes apenas 12 países tem o direito de votar.

Então quem pode votar?
As seis regiões definidos do IRB tem um voto cada. 
A ARFU (Asia), CAR (África), CONSUR (América do Sul), FIRA (Europa), FORU (Oceanía) y NACRA (América do Norte) todos tem o mesmo poder no IRB Council. 
O restante dos votos estão nos mãos de doze federações que são potencias mais tradicionais de rugby.

Cada um tem um voto?
Não. Argentina, Canadá, Itália e Japão tem um voto cada, mas os outros que votam tem dois. 
Em outras palavras, Africa do Sul, Austrália, Escócia, Inglaterra, França, Irlanda, Nova Zelândia, e País de Gales tem o dobro do poder de tomar decisões do que a Argentina, Canadá, Itália e Japão. 
Em termos de poder, isso significa que mais de 60%, ou uma maioria direita esta nas mãos de oito países.

Os votos têm por base a quantidade de jogadores por país?
Não. O País de Gales tem 64.114 jogadores mas o Canadá conta com 129.131 e os Estados Unidos com 1,4 milhões. 
Argentina e Fiji conta com 127,214 e 156,140 jogadores respectivamente e ambos tem mais jogadores que o País de Gales. De fato, segundo os própios dados do IRB, os Estados Unidos tem mais pessoas jogando rugby do que Escócia, França, Irlanda, Nova Zelândia, País de Gales e África do Sul combinados. 
Noutras palavras, não existe nenhuma correlação entre o poder de voto e o número de pessoas que jogam rugby por país.

Então está baseado em quem jogou em todos os Mundiais?
Não. O fato que os EUA e Fiji não terem jogaram no mundial de 1995 nada tem a ver com a falta de votos. 
Além dos países já mencionados, a Roménia jogou em todos os mundiais de rugby mas não tem um voto.

Está baseado os resultados nos Mundiais então?
Não a Roménia tem um percentagem de vitórias muito melhor do que a Japão. A Roménia venceu um jogo em todos os mundiais, excepto em 2011, mas Japão só ganhou um jogo na sua história. O Japão derrotou o Zimbabué no Mundial de 1991 e empatou com o Canadá nos Mundiais de 2007 e 2011.
Mais um exemplo concreto é Irlanda e Argentina. A Irlanda nunca chegou às semifinais de um Campeonato do Mundo mas a Argentina já, em 2007 quando terminou em terceiro lugar. O melhor Mundial da Escócia foi em 1991 quando terminou em quarto lugar, numa Copa que não contou com a África do Sul.

Está baseado na população?
Não. O fato de ter países fortes em rugby com populações pequenas como Fiji, Samoa e Tonga não justifica eles não terem o direito de votar. 
Se a população realmente fosse a justificação os EUA teriam, pelo menos, um voto. A Roménia tem uma população de 21,790,000 habitantes, ou seja mais do que Escócia, Irlanda, Nova Zelândia e País de Gales combinadas. Além disso Argentina conta com uma população maior do que estas quatro e a Austrália juntos.

Esta baseado na quantidade de membros por região no IRB?
Não. Como foi mencionado antes cada região tem um voto e quando se considera o número total de votos por região não existe uma correlação entre a distribuição de votos por região e membros por região. A Oceania, por exemplo, conta com 12 membros no IRB e a Ásia com 16. No IRB Council a Oceania tem os votos da FORU, Austrália e Nova Zelândia mas a Ásia tem votos da ARFU e Japão. Em outras palavras Oceania conta com 5 votos e Asia 2.

Esta baseado na categoria dos nações?
Não. Se a sistema de Tiers utilizado pelo IRB fosse a razão Argentina e Itália teriam o mesmo poder que Escócia e Inglaterra - dois votos cada. Por outro lado, Canadá e Japão são membros do Tier 2 e tem o direito de um voto mas há outros do mesmo nível que não podem votar.

No que está baseado então?
História. As federações da Irlanda, Escócia e País de Gales formou o IRB em 1886 e a Inglaterra entrou em 1890. África do Sul, Austrália e Nova Zelândia entraram em 1948 e a França em 1978. Argentina, Canadá, Itália e Japão foram admitidos em 1991, depois da primeira Copa do Mundo em 1987.
Com as mudanças durante os anos os oito membros mais antigos chegaram aos dois votos cada. Esses mesmos países são os que foram sede de todas os mundiais desde 1987 até 2015. 
Japão 2019 representa a primeira mudança e haverá mais. A intenção do IRB de mudar o seu nome para ser conhecido como 'World Rugby' é uma forte indicação que a estrutura de poder e das decisões vão mudar.

A Argentina poderia obter os votos necessários? 
Sim. A Argentina atualmente tem um voto e sem dúvida receberá o voto da CONSUR. Em Abril de 2013 o presidente do IRB disse que Argentina e Itália passariam a ter dois votos cada. Argentina é um país em que o IRB tem um grande interesse e tem relações fortes atualmente com países poderosas incluindo os membros de SANZAR além da França, Canadá, Itália e NACRA.










1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente é como no futebol e na formula 1 e mais alguns desportos, tudo é dirigido pela mafia e corruptos, se tens dinheiro nao ha problemas se nao comes os restos e os restos é zéro.