5 de outubro de 2014

CASCAIS ENTRA COM PÉ DIREITO E VENCE NAS OLAIAS

A vitória do Cascais nas Olaias sobre um equipa do Técnico que esteve muito longe do que mostrou na época passada, é a nota dominante duma primeira jornada que mostrou claramente que o rugby em Portugal tem que arrepiar caminho.

Assistimos a três partidas desta jornada, e a ideia com que ficamos é que as equipas em geral não evoluíram, com a já referida excepção do Cascais, agora com o impulso que o apoio da GroundLink lhes parece ter trazido - recorde-se que no ano que passou o Cascais perdeu por duas vezes com o Técnico, e sempre por margens elevadas, não tendo conseguido marcar mais do que uma solitária penalidade.


TÉCNICO *12-17 CASCAIS
Ontem foi diferente, e embora apenas tenhamos assistido à segunda parte - o intervalo chegou com o Técnico na frente por 9-0 - foi clara a evolução da equipa da linha, que marcou dois ensaios, e defendeu o que tinha para defender quando os engenheiros tentaram por todos os lados virar o resultado que após o segundo ensaio esteve sempre nas mãos dos cascalenses.
Mas se o Cascais melhorou o mesmo não se pode dizer do Técnico e chegou a ser um pouco confrangedor ver tanta bola a cair das mãos, tantos erros individuais - inadmissível para uma equipa que chegou ao final da fase regular da prova em 2013-2014 na terceira posição.

BELENENSES 5-41* AGRONOMIA
Mas não foi apenas o Técnico que desiludiu, pois no primeiro jogo da tarde o Belenenses não
Foto: Mão de Mestre
conseguiu oferecer resistência a uma equipa de Agronomia que também nos pareceu pior que em anos anteriores, embora tenha também mostrado algumas novidades que devem ser registadas, nomeadamente o aparecimento de Flávio Martins - ex-Loulé - na ponta, marcando dois ensaios em força e velocidade e que se não se envaidecer com este repentino sucesso, pode vir a ter uma carreira muito interessante no rugby português.
Nos avançados registamos a exibição de Martin Hoffmann que se fartou de correr terreno, contrastando com muita gente que ainda não regressou das férias...
O Belenenses desiludiu também, e nem o regresso de Duarte Moreira na ponta serviu para alegrar quem se deslocou à Tapada na esperança de ver um bom jogo de rugby, mas que teve que se contentar em assistir a uma partida disciplinarmente sem problemas e com um ou outro rasgo individual...
Embora a vitória de Agronomia tenha sido incontestável, é bom notar que os 36 pontos de diferença foram muito superiores à diferença entre as duas equipas, que se quiserem lutar pelos lugares cimeiros da tabela, vão ter muito que trabalhar.

DIREITO *47-9 CDUP
Foto: Mão de Mestre
Em Monsanto Direito apresentou uma equipa desfalcada de... meia equipa, e o CDUP entrou bem no jogo, adiantando-se no marcador, mas foi sol de pouca dura.
Os advogados assentaram o jogo e mostraram como um clube que quer estar entre os primeiros tem que trabalhar, pois não apenas soube contrariar o desfalque já referido, mas ainda foi capas de apresentar uma equipa de Sub-23 que venceu também o seu adversário do fim de semana.
O CDUP apesar da derrota pesada continua a ter na sua equipa principal um conjunto notável de jogadores, em que o destaque vai para Martin Bettencourt e Rodrigo Figueiredo, que são a garantia que os resultados contra os seus iguais serão com certeza melhores.

ACADÉMICA *47-11 CRAV
Jogo sem história, com os estudantes a marcarem nove ensaios e a registarem o regresso às competições a sério de Rui Rodrigues após complicado processo de recuperação de uma grave lesão, num encontro que fica marcado pela polémica que rodeou a manutenção ou não dos minhotos na competição.
A Académica agora treinada por Jorge Sérgio Franco queixa-se de ter um plantel curto, mas apresentou  - e fez jogar - 23 jogadores, dando boas indicações quanto ao futuro, que passa claramente pela manutenção ao grupo dos seis melhores.
Quanto aos Arcos de Valdevez temos que dar tempo a que a equipa recupere do stress das conturbadas férias, para se saber como realmente se encontra.

CDUL *64-3 MONTEMOR
Foto: Luis F. Cabelo/Rugby Photo Store
No Universitário de Lisboa o actual campeão nacional não teve dificuldade em bater o Montemor por margem elevada, mas isso não pode desanimar os alentejanos, porque ou muito nos enganamos, ou CDUL e Direito vão passear a sua superioridade durante toda a época, e se conseguirem manter o interesse dos seus jogadores e o foco nos resultados, devem repetir esta época a final das duas anteriores, tal é a diferença entre estas duas equipas e todas as restantes.

A propósito disso, é justo comentar que quem defende uma super competição entre os seis melhores nacionais, não deve assistir a nenhum jogo em Portugal há muito tempo - quer ao vivo, quer em vídeo - porque simplesmente não existem seis melhores em Portugal.
Existem, isso sim, dois melhores - Direito e CDUL - e depois não há como, à partida, distinguir as restantes equipas.
E atenção, porque as melhores da 1ª Divisão não estão muito longe das outras oito da Divisão de Honra!
Claro está que podem sempre organizar um Super 2 e pôr CDUL e Direito a jogar um com o outro durante todo o ano...


 
Foto de Capa e Quadro: Mão de Mestre

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro MdM

Permita-me discordar de si, a diferença entre as oito melhores equipas da DH e as da Primeira Divisão e abismal, basta acompanhar os jogos da Primeira e da DH para ver que tudo e diferente desde a intensidade a velocidade, da leitura de jogo a técnica. Os jogos da pre-época valem o que valem mas os resultados extremamente desnivelados entre equipas da DH e da Primeira atestam o que digo.

Equipas como o Montemor ou o CRAV ao jogarem com as melhores da Primeira (Lousa, Évora e Benfica) poderiam ter jogos mais renhidos mas dificilmente a vitória lhes fugiria porque a experiência e o saber da DH fazem toda a diferença.

Não sei se o Rugby em Portugal está mais pobre, ou se este e o primeiro ano em que o rugby português caiu na real (depois da eliminação para o Mundial, depois dos maus resultados em Sevens, depois de experiências imbecis como os Lusitanos) e os clubes percebem que o modelo a seguir para o desenvolvimento do Rugby não e o do futebol, com a contratação de atletas estrangeiros mas teem que viver com o Que e nacional e apostar na elevação da qualidade do treino e da formação e no nível competitivo dos atletas. Aliás não e por acaso que CDUL e Direito partem na frente, isto acontece porque foram os dois clubes que a mais tempo iniciaram este percurso.

Este poderá ser o primeiro ano da evolução real e sustentada da Rugby Nacional, em que os clubes meditem e se decidam pelos modelos de desenvolvimento que mais se ajustem a eles, esperemos também, que a FPR ajude e quando chegar a hora não vá buscar um contentor de franceses que nada acrescentam ao que cá temos e com isso impedir o contacto internacional ao rugby nacional.

Anónimo disse...

Total concordância com a leitura que o MdM faz, na sequência desta primeira jornada.

A não ser que exista um cataclismo, Direito e CDUL lá estarão de novo a disputar a vitória no Campeonato Nacional da Divisão de Honra.

Também não parece difícil identificar quem serão os outros quatro que completarão os 6 de cima: Agronomia, Cascais, Técnico e Belenenses.

Depois lá ficarão CRAV, Montemor, CDUP e Académica a não ser que estas duas últimas equipas façam umas gracinhas...

É que há por aí muita inconsistência, como se viu no Técnico-Cascais.

De anunciado candidato ao título (entrevistas no Publico P3 e Record de) o Técnico revelou-se uma equipa confrangedora, sem ideias, sem ritmo de jogo e, pior, com uma condição física deplorável. Entre lesões e cãibras foi um vê se te avias.

A jogar 10 minutos contra treze, os das Olaias, não tiveram soluções, foram incapazes de dar a volta. Recomenda-se um verdadeiro treinador no banco, em vez daquele que por lá anda e não devia andar.

Quanto ao Cascais, apesar de reforçado, não parece ter capacidade para fazer grande mossa.

Ainda é muito cedo para tirar conclusões, mas pelo andar da carruagem, a qualidade ´do rugby nacional baixou uns furos.

Anónimo disse...

"Quanto ao Cascais, apesar de reforçado, não parece ter capacidade para fazer grande mossa."

Depende do que se entender por mossa, se for para competir pelo primeiro e segundo lugar, não tem capacidade mas o Cascais nunca disse que era candidato a estes lugares.
Se fazer mossa for intrometer-se pela luta pelo terceiro e quarto lugar, então não só pode como já esta a fazer claramente mossa (recorde-se que a época pesada foi sétimo sem nunca ter capacidade para se intrometer nos seis primeiros).

O Cascais está mais competitivo este ano e uns furos acima do que estava o ano passado mas presentemente ainda está uns furos abaixo de CDUL e de Direito.
Vamos ver como o Cascais vai crescer e evoluir á medida que a equipa se for conhecendo melhor e os reforços estrangeiros forem chegando.

Anónimo disse...

esta e a realidade do rugby português.

agora sim estamos na real.


Anónimo disse...

O Cascais não parece capaz de fazer grande mossa - a quem?! Pelos vistos, no Técnico já fez. E se no ano passado ganhou os 2 jogos com a Académica; o jogo em casa com o Belenenses; empatou no Porto com o CDUP; e esta época ganhou à Agronomia na Guia, no seu jogo de apresentação, talvez se possa admitir que venha a fazer mossa nesses também...

Anónimo disse...

Lá vamos voltar ao ram-ram de sempre... levantam-se as vozes dos velhos do Restelo, antevendo já a classificação final do Campeonato da DH, colocando, como é hábito as equipas da capital do império nas posições de honra... pode ser que um destes dias o tiro saia pela culatra...

Anónimo disse...

Caro MdM,

Apesar de respeitar a visão que apresenta, sugiro uma um pouco diferente: a redução de equipas concentraria o talento que se encontra disperso pelas 10 equipas. A tendência natural é os melhores jogadores passarem a representar as 6 ou 8 melhores equipas, não é?

Este estado de coisas actual, com o nível a decrescer todos os anos, é que deveria ser inaceitável. E os clubes já demonstraram que, com a FPR, não têm capacidade para assegurar, com qualidade, número suficiente de praticantes em diversos escalões...

José Silva disse...

A minha opinião é que as equipas chegam ao nível dos seus melhores jogadores e esses são os que trazem maior qualidade aos treinos e obrigam (naturalmente) os outros a melhorarem.

P.Ex. qualquer jogador da 1ª divisão que vá treinar numa equipa da DH, passado um ano estará mais forte. Pode até nem chegar a ter lugar nessa equipa, mas irá progredir.

O mesmo se passa a nivel de equipas.

Ou seja, um CRAV e um Montemor que andam lá por baixo, terão bem mais experiência que outras da 1ª divisão. O caso do CRAV não sei bem, mas o Montemor claramente está a apostar muito e quer tornar-se uma equipa da DH (vejam os resultados da formação e algumas contratações especificas). O Montemor precisa de mais uns anos/epocas para a formação chegar a uma equipa sub23 e depois aos seniores.

Acho que o Campeonato como está, com grupo A e B, é o ideal. As equipas "fracas" jogam com as "fortes" quando estas estão ligeiramente enfraquecidas. Isto tem duas vantagens: jogos um pouco mais disputados para as fracas e rodagem de jogadores para as fortes.

Completa estupidez é a FPR não permitir equipas B. E as equipas B deveriam poder participar nos Camp. Nacionais e subir até à divisão abaixo. Ou seja, era de todo benéfico para o nosso rugby haver Agronomias e Direitos B's na 1ª divisão. Mas claro que os clubistas não querem porque isto implicaria menos Loulés, S. Migueis e Santarens na 1ª divisão.

Aliás, se formos juntar todos os jogadores nas equipas da DH e 1ª divisão que não jogam e que poderiam fazer equipas B's, decerto teriamos material para mais uma divisão nacional - quer fosse Camp. Nacional de equipas B's, quer fosse haver mais uma divisão nacional e uma terceira divisão regional (actual 2ª) com equipas B's de Sportings, Loulés, CRAVs e outros! Ou porque não misturar essas equipas no CN de sub23

Deixar centenas de jogadores sem jogar e só a treinarem, além de não os motivar (e desistirem) também não eleva o nível. Porque ao fim de 4 meses a treinarem, quando são chamados, não têm ritmo e experiencia consistente de jogo.

Anónimo disse...

os sub 23 são de optima qualidade superam muitas vezes equipas de seniores.

tem de ser repensado o seu lugar na hierarquia do rugby nacional.

é certo que a qualidade baixou...

somente o cascais apostou forte mas não chega...
o direito com 6/8 caras conhecidas mais uns miúdos dos sub23 chega bem para essas novas potências .... "link"adas.

parece me infelizmente que o técnico baixou o nível do ano passado para épocas anteriores...

cascais bem fisicamente mas demasiado preocupados com agressões, assim com equipas de topo vao levar cabazes. vencer por pouco nas olaias não lhes da o titulo...de nada.

não concordo com a agronomia estar mais fraca. pelo contrario agastou jogadores que não treinavam e so iam jogar,esta forte e já despachou um belenenses a procura de si mesmo.

direito e cdul... serão como o mdm diz...e bem os eternos candidatos a vencer tudo.


o direito com os mínimos olímpicos com jovens desconhecidos e alguns titulares a garantirem os playoffs e quando a selecçao não joga... a vencer tudo( um pouco como o porto em 10 anos ganham 8 )


optima arbitragem da jales na moita, fez jus ao titulo de melhor arbitra nacional.
cabrita e afonso...ultrapassados neste momento por esta optima arbitra.

ainda se vêm arbitragens horríveis por estes campos fora, o ingles caseiro do algarve... estraga jogos e resultados...