25 de março de 2017

CASSIANO NEVES DESFAZ TABU E ANUNCIA FORMATO DAS COMPETIÇÕES

Numa entrevista centrada na situação de falência iminente da Federação Portuguesa de Rugby, Cassiano Neves levantou a ponta do lençol de silêncio que tem coberto o novo formato das competições nacionais, embora deixe permanecer a dúvida sobre o momento em que esse novo formato será implementado.

Com um vamos ter no futuro que não estabelece um calendário, Cassiano Neves sempre adiantou que o modelo competitivo passa pela redução da Divisão de Honra de 10 para oito equipas, mantendo as mesmas 10 na Primeirona, o que significa que duas equipas serão relegadas de forma extraordinária de cada uma das duas principais divisões.


Agora falta saber se este modelo vai ser aplicado já em 2017-2018 - o que pode levantar sérias questões relacionadas às expectativas que os clubes tinham quando a presente época se iniciou - ou apenas em 2018-2019, com todos os intervenientes nas competições da próxima época a saberem como tudo se desenrolará.

Realmente será muito complicado nesta altura do campeonato dizer, por exemplo, ao Montemor que afinal desce de divisão, ou dizer ao Évora que afinal, mesmo vencendo a Primeirona, não subirá à Divisão de Honra, ou em alternativa, substituir o 8º classificado deste ano, pelo campeão da Primeirona, ou obrigando as equipas a um play-off de última hora, para saber quem fica em que divisão...
São muitos ses e muita discussão, revolta e descontentamento em cima da mesa.

Não vamos aqui discutir neste momento o mérito destas alterações - mesmo que os benefícios sejam realmente discutíveis - mas apenas levantar a questão da oportunidade.

Cassiano Neves diz e muito bem - o que nem sempre acontece... - que o rugby nacional ficou partido ao meio nas últimas eleições e - dizemos nós - ele não teve nem engenho nem arte para encaminhar a comunidade na via da paz e da reconciliação.
Será que o presidente da Federação vai lançar o novo formato já para a próxima época, criando mais focos de desconforto e de revolta contra a sua gestão?

Porque não é só entre a Divisão de Honra e a Primeirona que haverá problemas. Também entre a Primeirona e a Segundona os efeitos se sentirão, já que com a redução de 20 para 18 equipas nas duas primeiras divisões, teremos entre as duas divisões secundárias os mesmos problemas que teremos entre as duas principais...

Ou seja, se Cassiano Neves quer fomentar as boas relações entre os clubes e os jogadores, e aliviar o pesado ambiente que se vive no rugby nacional, só lhe resta anunciar agora um sistema completo de competições, incluindo todos os detalhes da fase de transição, que entrará em pleno funcionamento em 2018-2019.

Não queremos terminar sem comentar a forma que Cassiano Neves escolheu para dar a conhecer o formato futuro das competições nacionais, preferindo utilizar um jornal diário de circulação nacional, em vez do meio natural e específico do rugby - o site oficial da Federação Portuguesa de Rugby - o que é no mínimo uma forma estranha de dar a conhecer decisões de tanta relevância para o nosso rugby.
Mesmo sem outras considerações, fica claro que o presidente da FPR acha que ningué dá a mínima para o orgão oficial da entidade... Porque será?

Começámos este artigo referindo que a entrevista de Cassiano Neves se centrou na situação de falência iminente da FPR, mas na verdade Cassiano Neves tem dito isso em todas as entrevistas que deu desde que é presidente da FPR, ao mesmo tempo que a anterior direção deixa escapar nas redes sociais que deixou uma situação invejável do ponto de vista financeiro.

Mas a única coisa que importa salientar desta entrevista, é que as receitas da FPR baixaram com Cassiano Neves - entre apoios, patrocínios e publicidade - de 2,5 milhões de euros para 1,4 milhões...
E em vez de assumir o catastrófico erro de deixar cair a seleção nacional de XV e a seleção nacional de 7's, Cassiano vem dizer com uma aura de ingenuidade, que foi enganado pela World Rugby que nos retirou 90 mil euros, que eles até tinham concordado com a ideia de descer do Championship para o Trophy......
E o outro milhão de quebra, foi de quê? Esse é que é o verdadeiro buraco das nossas contas - que se mantém na casa dos 600 mil euros, segundo Neves - que se fica a dever claramente à quebra de interesse por um desporto que não conseguiu manter a sua equipa representativa no segundo escalão europeu, e que atirou a sua seleção de sevens da elite mundial para o completo esquecimento - os sevens vão ficar reduzidos a um nacional de emergentes.

Curiosa esta opção da FPR - a Divisão de Honra tem que ser reduzida de 10 para oito equipas, para que haja menos jogos, logo menos despesas, mas os emergentes vão passar a ter uma competição nacionalizada, como diz Cassiano Neves.
O atual presidente não tinha conseguido acabar com os emergentes, mas vai agora fazer um esforço nesse sentido...

5 comentários:

Francisco Rocha disse...

Uma vergonha de entrevista que deixa claro a falta de preparação e de capacidade deste senhor . Podemos dizer que o futuro será muito sóbrio com o continuar desta direção , sem ideias e projectos , fala que muito se tem feito mas ninguém sabe o quê.

Cai por terra os apoios de quem foi o seu mentor , que queria um campeonato a 6 equipas e que este apoiava incondicionalmente , onde está o rumo ?? varia em função do vento .

Só alguém muito ignorante pode pensar que os apoios se mantinham quando os resultados desportivos foram desastrosos , nesta presidência conseguiu-se baixar apoios e cair patrocínios , para quem tinha uma carteira cheia de dinheiro esta revelou-se vazia .
Percebe-se que agora o seu alvo será a carteira dos clubes através das inscrições , como é que os clubes podem colocar o seu dinheiro em alguém que não soube e não sabe gerir o actual ? quer fazer dos clubes seu financiador para perpetuar os disparates que tem cometido .

Uma estrutura improperada e sem currículo , mantendo o seu grupo de amigos impreparados a conduzir os destinos da FPR , basear num tal de Ian e no seu amigo lunático Varela os destinos das seleções só podia dar no que deu , a competência fica à porta .
Quando fala em falência e de reduções feitas , existem muitas ainda por fazer , para que ter um treinador de sevens a tempo inteiro ? um treinador adjunto a tempo inteiro ? administrativos aos magotes ? diretores professores que fazem ? muito ainda para cortar , se é para ser amador não se precisa de tanta gente .

Os professores e treinadores que voltem aos clubes para desenvolvemos e que colaborem de forma voluntária ou parcial , muito se pouparia certamente .

Por fim tenho a ideia que este senhor começou a atirar a toalha ao chão , só desculpas e sem soluções , começasse a ver que o tal de D.Sebastião não senão alguém que colocou o ponto final no rugby nacional .

Duarte disse...

Caro Manuel Cabral,

Há algum sítio na Net onde seja possível aceder a essa entrevista?

Manuel Cabral disse...

https://www.publico.pt/desporto/noticia/do-ponto-de-vista-orcamental-vivemos-uma-falacia-insustentavel-1766310

Duarte disse...

Muito obrigado!

Duarte disse...

Isto vai acabar com a FPR a perder a sua autonomia e com a intervenção da WR.