8 de março de 2012

PERDER É UMA CHATICE, MAS....

SE ALGUÉM LHE DISSER QUE ESTÁ CONTENTE E SATISFEITO depois de perder um jogo importante, e em especial, se nesse jogo puder estar em causa o futuro da sua equipa, num campeonato ou num apuramento, essa pessoa ou está louca ou está a mentir.

Mas, será correto encontrar um bode expiatório para a situação, apontar armas para terceiros e fazer como se a razão de todos os males fosse exógena e nada tivesse a ver com o próprio clube, com os seus próprios erros? Claro que não!


Ora é esta a situação a que assistimo todos os dias quando o Benfica perde com o Porto, o Sporting com o Marítimo, ou o Porto com o Gil Vicente - mas enfim, já vamos estando habituados à verdade de cada um, após cada jogo de futebol.

Infelizmente gostaríamos de poder limitar esta tendência ao futebol, mas não podemos, tal é o nível das conversas e comentários a que assistimos todos os fins de semana nos nossos campos de rugby.

Por isso a carta do Presidente do Loulé, depois da inesperada derrota em casa frente à FCT, ganha importância - não tanto pela ideia que nela transparece, mas mais porque Paulo Laginha teve a coragem de sair a terreiro contra a maré, e chamar a atenção para o que é importante: olhar para nós próprios, tentar aprender com os desaires, e corrigir o que há a corrigir, sem ter preocupações com os outros nem procurar neles as causas para os nossos erros ou defeitos, sempre com fair-play e respeito pelo adversário.

Para que conste, aqui fica parte da carta do comandante das forças algarvias, a quem aproveitamos para saudar e desejar um bom trabalho:

No passado sábado a nossa equipa sénior sofreu a sua primeira derrota da presente época, na disputa do Campeonato Nacional da II Divisão. 
Perdemos, não porque os nossos atletas não se tivessem esforçado o bastante, mas porque não conseguimos manter a frieza de espírito para aguentar o resultado quando ele nos era favorável. Perdemos, não porque o árbitro tenha desempenhado mal as suas funções, mas porque a equipa adversária soube aproveitar da melhor forma as nossas fraquezas. 
Por isso, o mau resultado do passado sábado impõe-nos a todos, enquanto desportistas que somos, a tomada de consciência da imperiosidade das seguintes ações: 
1.º Felicitar o FCT pela vitória arrancada a ferros em casa do adversário, quando a expectativa geral apontava para o resultado oposto; 
2.º Agradecer ao árbitro pelo empenho que colocou em manter disciplinado um encontro exigente, conseguindo que o mesmo decorresse em tom cordial e sem se tornar na “figura do jogo”; 
3.º Celebrar o desempenho dos nossos atletas que, certamente, mais do que ninguém, desejariam a vitória que acabaram por ver fugir, apesar do muito que batalharam para a atingir; 
4.º Trabalhar afincadamente em cada treino que está para vir, com a consciência dos erros cometidos, visando não apenas a melhoria da performance individual, física e técnica, mas também o reforço da unidade do grupo – mais novos e mais velhos, técnicos e dirigentes, sem excepções - para garantir um melhor desempenho técnico e táctico dentro de campo e o necessário fortalecimento dos já fortes laços que o une. 
É isto e nada mais o que se nos impõe fazer. 
Tudo o resto são fait divers que só servem para turvar a visão do horizonte que buscamos, distrair do objectivo a que nos propomos e abalar a serenidade que necessitamos manter.

Sem comentários!

Foto: Rugby Clube de Loulé

3 comentários:

Anónimo disse...

Muitos parabéns ao Presidente do Loulé por esta carta. Faz bem ao rugby português! Faz bem aos valores do rugby português que se estão a desvanecer.
No final da época passada a carta do Presidente do CDUL para os jogadores e para o próprio clube também nos mostrou esses valores.
Pena é que não hajam mais exemplos destes. Infelizmente são oásis no meio deste deserto.

Anónimo disse...

O rugby nacional tem muitos exemplos de "bem fazer". Felicito a iniciativa de mostrar e enaltecer o que temos de melhor.

Anónimo disse...

Pois é!
Uma pena, este tipo de postura ser cada vez mais rara no panorama do RUGBY nacional.
Quando a nível mundial cada vez mais dão ênfase aos valores e disciplina do RUGBY , tão bem explícitos no " Código do Jogo" , por cá vamos assistindo ás situações mais caricatas e menos explicitas .
Mas como o exemplo devia vir de cima ou de quem tem mais responsabilidades e não vem.
O que mais podemos esperar ?