Final de semana de intensa actividade internacional para o rugby português, com a viagem do XV nacional a Baia Mare, para defrontar a Roménia no play-off de acesso ao Rugby Europe Championship 2019, e com a deslocação da seleção de sevens ao Quénia para disputar o Safari 7's.
Fruto de uma série de castigos aplicados pela utilização indevida de jogadores, a Roménia viu-se relegada para a última posição na tabela do Championship da época transacta, e aquela que devia ser a última classificada em função dos resultados em campo - a Alemanha - viu-se num repente promovida a uma inesperada terceira posição e consequente garantia de permanência na principal competição europeia de Nações por mais um ano.
Para conhecer um pouco melhor esta história consulte a edição do dia 16 de Junho do Mão de Mestre.
Mas lembremos um outro detalhe que é de grande importância para a trajetória da nossa seleção nacional nas competições da Rugby Europe e que diz respeito ao próprio play-off que Portugal vai disputar pela segunda vez consecutiva - no ano passado perdemos frente à Bélgica por 18-29.
Ainda no tempo da FIRA - Federation Internationale de Rugby Amateur - o campeonato correpondente ao actual Championship começou a disputar-se em 2000, e Portugal foi uma das melhores equipas durante mais de uma década, tendo mesmo vencido o campeonato em 2003-2004.
Ora acontece que durante todos esses anos - de 2000 a 2015 - o último classificado da então denominada Divisão 1A descia automaticamente à Divisão 1B e o vencedor desta subia para aquela.
Acontece que pela primeira vez em 2016 Portugal se viu relegado da Divisão 1A (Championship) para a DIvisão 1B (Trophy) e por simples coincidência!!! a partir desse ano o vencedor da Trophy deixou de subir automaticamente ao Championship, tendo que disputar um jogo de apuramento - o maravilhoso Play-off!!
Claro que se torna dificil compreender como Portugal embarcou nesta roubada, e nem é bom tentar entender, pois afinal tudo não passa duma quebra da importância lusitana no mundo do rugby...
Para essa quebra, diversos factores foram somados, e um dos mais importantes - a par da descida de divisão no Europeu de XV - é com toda a certeza o completo abandono a que os Linces foram votados!
Uma das melhores equipas do Mundo, jogadores de excelência, técnicos reconhecidos e apreciados nos cinco continentes, e de repente - oh tristeza!! - tudo se deixou perder.
Campeã da Europa de por oito vezes entre 2002 e 2011 a equipa nacional disputou as Séries Mundiais numa sequência que apenas teve fim em 2016 (depois de ter começado em 2000 - veja a história dos sevens nacionais aqui).
Será que a preparação dos Jogos Olímpicos de 2020 vai ser a forma de redenção da nossa equipa nacional de sevens?
Será que a participação no Safari 7's representa o início de uma nova (velha) visão do papel do rugby nacional no mundo do rugby, ou é apenas mais um passo sem consequências??
Vamos aguardar os próximos episódios, mas desde já avisamos que fundamentar o desenvolvimento dos sevens num hipotético apuramento para os Jogos Olímpicos de 2020, vai dar mau resultado com toda a certeza!
Onde estão os torneios nacionais - Lisboa Sevens, Arcos Sevens, Coimbra Sevens... - onde está o crescimento no números de clubes, de equipas?
Porque sem isso não vale a pena andarem a sonhar!!!
Existem hoje pessoas com competência e conhecimento para desenvolverem a variante, mas é preciso haver vontade!!!
Quanto ao desafio que Portugal enfrenta na Roménia neste final de semana, a nossa opinião é que não vamos enfrentar o último classificado do Champioship, vamos enfrentar o segundo melhor conjunto do Championship, e não vamos apresentar a melhor equipa que Portugal pode apresentar (faltam os portugueses a jogar em França e noutros países), então, acreditando que a lógica é Rainha, vamos com certeza sofrer uma pesada derrota.
Nada que ofenda, nada que faça quebrar a vontade de crescer e de ser cada vez melhor, mas se por ventura outra coisa acontecer podem crer que se trata de um acidente!!!
Na Alta Competição raras vezes acontecem surpresas, e neste caso Portugal está claramente no campo do óbvio perdedor...
Recorde-se que num outro play-off - de apuramento para o Mundial - os Lobos foram derrotados pela Alemanha a 16 de Junho por 16-13. E a Roménia está muitos furos acima dos alemães.
Só para fazerem uma ideia, antes da aplicação dos famosos castigos, a Alemanha era última da classificação do Rugby Europe Championship com zero pontos (não é gralha, eram mesmo zero pontos) e a Roménia era segunda com três vitórias e 14 pontos na tabela, atrás apenas da Geórgia...
Veja o Frente-a-frente entre Portugal e a Roménia, e pode consultar outros dados da nossa equipa representativa no hot-site que o Mão de Mestre lhe dedica.
A propósito da não inclusão no conjunto dos selecionados, dos portugueses a jogarem em França ou no Reino Unido, o Mão de Mestre contactou o responsável federativo pelos trabalhos da selecção, Jaime Carvalho, que nos informou que foram motivos profissionais e particulares que levaram às não inclusões referidas, e que a FPR vai fazer um comunicado sobre cada um daqueles portugueses a jogar no estrangeiro.
Aguardemos, mas desde já se lamenta que esse eventual comunicado não tenha sido feito até hoje dia 9 de Novembro às 17,00 h, a menos de 20 horas do jogo, pois a FPR há muito sabe que esses jogadores não seriam incluídos, e as verdadeiras razões dessas ausência.
Será que se vai perpetuar este tipo de relacionamento entre a selecção, os responsáveis e a comunidade do rugby nacional? Era bom que não, e que uma política de clareza e frontalidade fosse adoptada, evitando desgastes desnecessários para todos os intervenientes.
2 comentários:
Um pequeno reparo. A Alemanha que ficou em último no Championship não era a mesma que defrontou Portugal no playoff e que tinha todos os jogadores naturalizados. Essa, em meu entender, teria ficado, pelo menos, à frente da Bélgica.
Esta situação- ausência dos profissionais - é simplesmente incrível e inacreditável. Ainda por cima vei se escrito em outros sites que não foi possível incluir José Rodrigues - provavelmente o jogador de Portugal que trouxe a maior mais-valia estes últimos anos- por causa de impossibilidade de acordo relativamente ao caso de lesão??? Isto já parece "bruxedo" !
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