26 de outubro de 2014

CDUL GANHA ‘DE REMONTADA’ E DEIXA-SE APANHAR PELO CASCAIS *

* António Henriques
Voltou a não haver surpresas na 4.ª jornada da DH que decorreu ao longo deste sábado – e o que é que será preciso para elas acontecerem e darem um pouco de sal e pimenta a um campeonato que está assim a modos que chato e tão, mas tão, previsível? – com todos os favoritos a triunfarem com maior ou menor dificuldade.

Novidade foi o facto do CDUL, diante do Técnico e pela primeira vez, não ter feito ponto de bónus (e quanto a ter somado os quatro da vitória já lá iremos…), o que lhe valeu ser apanhado pelo Cascais que segue de vento em popa e contrariando aqueles que não anteviam grande evolução na sua associação com a GroundLink.

Refira-se ainda que com o triunfo caseiro do RC Montemor que permitiu bónus defensivo ao CRAV, passou a haver apenas uma equipa sem qualquer ponto na prova, se não considerarmos os que lhes são atribuídos quando não jogam: o CDUP.

CDUL 37-28 TÉCNICO (4-3)
Grande susto apanharam os campeões nacionais diante de engenheiros que, inesperadamente, surgiram reforçados por Joe Gardener como médio de abertura e – o que não será alheio a essa circunstância – realizaram a sua melhor exibição da época e que por muito pouco não saíram do Universitário de Lisboa com um surpreendente (e merecido?) triunfo. 
Mas o ’forcing’ final do CDUL que virou dos 13-28 para os finais 37-28 em pouco mais de 10 minutos, acabaria por manter a invencibilidade – que não o máximo de pontos na DH – muito também pela excelência dos pontapés de Tiago ‘John Eales’ Girão, que na ausência do lesionado
Foto: Luis Cabelo/Rugby Photo Store
Pedro Cabral, meteu 4 transformações e 3 penalidades, num total de 17 pontos!
Com as equipas encaixadas e iguais no marcador (6-6), Bernardo Canas adiantou os da casa, mas antes do intervalo Miguel Oliveira deixava tudo de novo equilibrado, para 13-13 no descanso.
Na 2.ª parte, face à fraca atitude dos universitários e sempre mais empolgado e metido no jogo, o Técnico, com ensaios dos manos Marques, António e Duarte – que prossegue na liderança dos marcadores da prova, pois com os 15 pontos somados já tem um total de 69 – distanciou-se para 28-13 que muitos pensariam já não poder ser invertidos. Enganaram-se.
Com a saída por lesão do forte e dificilmente ultrapassável três-quartos centro das Olaias, Kirisome Laulala e, do outro lado, com a entrada do n.º 9 internacional Francisco Pinto de Magalhães (que deu um andamento bem diferente do conseguido por Francisco Bastos), o cariz do encontro mudou por completo.
A 15’ do final e aproveitando uma pausa, o regressado de castigo capitão Gonçalo Foro (jogador do ano para a FPR) chamou os seus jogadores e espicaçou-os: “Há três anos que não perdemos um jogo em casa. Se continuarem a jogar desta maneira, este recorde vai acabar hoje e agora. É isto que querem? E frente ao Técnico?”. Não quiseram e o resultado viu-se…
Ensaios de McSullea, do próprio Foro e pontapés de Girão aproximaram as equipas mas seria já em cima do final que os campeões nacionais fariam o 4.º ensaio que, injustamente, retiraria – do mal o menos – o bónus defensivo aos engenheiros. 
‘Up and under’-marca-Gardener (parece que a bola desce devagarinho, de pára-quedas) seria apanhado por Tomás Noronha nos 22, com pedido de marco. O ponta do CDUL jogou rapidamente à mão, e passando por tudo quanto lhe apareceu pela frente: toda a equipa adversária incluindo suplentes, um vendedor de queijadas de Sintra e duas babás em uniforme que passeavam carrinhos com bebés ao sol lisboeta, solicitou ao pé, quem haveria de ser?, o seu capitão Foro, que depois de no último 25 de abril ter marcado um poker de ensaios ao Técnico, voltaria a enterrar, sábado, o derradeiro prego no caixão rival. Segue aviso: convém não passar pelas redondezas das Olaias… 

BELENENSES 11-43* DIREITO (1-6) (Troca de campo)
A partida de Monsanto foi mais uma daquelas a que nos vamos habituando nesta DH. Pouco ritmo de parte a parte, muitas paragens, o quinze mais forte a garantir cedo o triunfo e o respetivo ponto de
Foto: João Peleteiro
bónus perante a incapacidade adversária, passando de imediato a travar às quatro rodas, acumulando erros, falhando passes e gerindo o que resta jogar a fazer contas aos minutos que faltam como um enorme fardo que há que atravessar. Se possível sem lesões.
O Belenenses até marcou primeiro, por Manuel Costa (autor dos 11 pontos vistantes), mas depressa os advogados impuseram a lei do mais forte perante azuis muito verdinhos. E com ensaios de Adérito Esteves, Vasco Fragoso Mendes, Pedro Leal e João Silva, atingiriam o descanso na frente por 29-11.
O 2.º tempo constituiu um pobre espetáculo face ao ritmo devagar-devagarinho-parado que mais interessava aos do Restelo, tendo Direito lá conseguido marcar por mais duas vezes, com bis de Adérito e VFM.
Mesmo assim o episódio mais destacado dos derradeiros 40’ aconteceria do lado visitante, com a entrada perto do final do treinador-flanqueador azul João Uva, cujas duas ou três faltas realizadas no solo em pouco mais de 5’ de jogo esgotaram a paciência da árbitra do ano, Filipa Jales, que lá lhe mostrou um amarelo, enviando-o de volta para o banco, desta feita não o dos responsáveis, mas sim, o do pecado (sin-bin). De onde não pode dar instruções. Ou pode? 

RC MONTEMOR 29-22* CRAV (4-3)
Num jogo renhido e bem disputado, mas que não precisaria de tantos amarelos como os mostrados pelo árbitro (foram 5? 6? ou mesmo mais?), o que praticamente nunca permitiu que as equipas tivessem oportunidade de se defrontar 15 contra 15, os alentejanos marcaram primeiro (7-0), mas atingiriam o intervalo a perder por justos 17-7, com os minhotos a marcarem num ensaio de interseção por Juan Pablo Joya e noutro de penalidade.
Na 2.ª parte o CRAV esteve quase sempre na frente (17-14, 22-14, 22-19), mas a maior experiência dos homens da casa seria crucial para o desfecho final, pois aproveitando o facto de nos último 20’ os visitantes estarem sempre com 14 homens em campo, acabariam por dar a reviravolta no marcador com uma penalidade e um ensaio na denominada ‘bola de jogo’, quando se esperaria que a igualdade a 22 pontos iria prevalecer. 

CDUP 13-30* CASCAIS (1-4) 
O Cascais foi até Leça da Palmeira – onde na época passada deixou dois pontos por mor do empate 14-14 – mostrar que, pelo menos enquanto não lhe aparecerem pela frente adversários com maior índice de dificuldade, não vai mesmo facilitar e somou a quarta vitória consecutiva (e, mais
Foto: CB Fotos
importante, terceira fora de casa!). Só para terem uma ideia do seu crescimento, nos jogos equivalentes da temporada transata a equipa da Linha tinha somado 6 pontos. Agora fez…19. Capice?
Bom início de jogo dos cascalenses que marcaram um ensaio logo a abrir por intermédio de Rodrigo Ribeiro, autor dos 13 pontos conseguidos pela sua equipa na 1.ª parte, que concluiu a vencer por 13-3. 
O CDUP, que mostrava grandes dificuldades nas conquistas estáticas de bola (touches e mêlées), mas de posse da bola conseguia encadeamentos interessantes e até algo perigosos, reagiu bem ao ensaio inaugural. Mas na 2.ª parte acentuar-se-iam as dificuldades físicas do quinze da casa, aproveitadas pelo Cascais para conseguir mais três ensaios: de novo por Rodrigo Ribeiro, autor de 20 pontos (e já tem 57 na prova), Miguel Lucas e um ensaio de penalidade.
Com quatro ensaios a zero e perante a travagem dos visitantes, foi então ocasião do CDUP adiantar-se no terreno e abrir jogo, o que lhe proporcionaria o ensaio de honra. 
E o jogo terminaria com os portuenses em busca do segundo – que negaria o bónus ao quinze da Linha –, o que não conseguiriam devido à inflexível defesa contrária, cujos números não enganam: é a melhor da prova, pois apenas concedeu três ensaios em quatro jogos.


11 comentários:

Anónimo disse...

O Joe não jogou nada. "o que não será alheio a essa circunstância" ahah foi completamente ao lado

Anónimo disse...

Como é possivel com a diferença de valores individuais entre as equipas, o Cdul ver-se aflito para vencer este tecnico que se limitou a lutar e que não merecia realmente perder.
Não se pode ser treinador de um Clube e jogador ao mesmo tempo(vide Belenenses) e tambem não se pode nem devia ser permitido estar como treinador da seleção Nacional(ainda que como adjunto) e treinar um clube com pergaminhos do Cdul, que tristeza de exibição sem qualquer conceito de jogo os avançados uma lástima, enfim ou foi apenas por acaso a vitória do Cdul no campeonato, ou este ano algo vai muito mal.

Anónimo disse...

Excelente a participação do Cascais até ao momento. e não se deve apenas aos reforços(claro que vieram ajudar até mais pela quantidade) do que pela qualidade, senão vejamos o unico que jogava na divisão de honra era Rafael, todos os outros competiam no Caldas, com o devido respeito não é a mesma coisa.Estão é a trabalhar bem e tirar dividendos do fraco nivel apresentado por Cdul, Tecnico,e o miseravel Belenenses

Anónimo disse...

Grande jogo de rugby, pelo menos em animação, ritmo, incerteza no resultado.

A meu ver, a diferença está no "banco". Não no banco que dá apoios e patrocínios, mas no banco de suplentes.

Enquanto no Técnico a manta é curta e começa a ficar com buracos, face a tantas lesões (após 4 jogos, que se passa?)do lado do CDUL há muitos e bons jogadores prontos a entrar em campo e a manter elevado o ritmo de jogo.

Alguns não chegam sequer a jogar durante a época, ou fazem 1 ou 2 jogos apenas. Enfim, são opções pessoais. Bem poderiam ser titulares noutras equipas, mas preferem aquecer o banco ou a bancada.

Por isso, parabéns ao CDUL e também ao Técnico pela excelente atitude demonstrada equipa a quem faltaram também pernas!

Aproveito para voltar a perguntar: não faria mais sentido que os clubes tivessem equipas B, que jogariam logo a seguir ao jogo das A (como nos bons velhos tempos), permitindo mistos de experiência e de juventude, em vez de continuar com estas famigeradas experiências de campeonatos de sub-21 ou sub-23?

Última nota sobre jogadores estrangeiros. Pelos vistos calaram-se as vozes contra o Técnico, pois há por aí várias outras equipas a jogar com tantos ou mais estrangeiros que os das Olaias.

Anónimo disse...

Caro anónimo das 10.00H tem toda a razão quando o Caldas correu com eles, não tinham onde cair mortos, tiveram que andar a mendigar um clube que aceitasse que eles treinassem.
Graças a Deus que o Cascais é um clube simpático e por caridade aceitou que eles por lá treinassem e a FPR, atenta ao problema, também deixou que quatro ou cinco deles integrassem os trabalhos das Selecções Nacionais (para quem diz que a FPR não está atenta aos problemas dos jogadores aqui está um exemplo do contrário).

O Cascais para que a quantidade fizesse realmente diferença já pediu e foi aceite, que jogasse com 18 jogadores, se continuassem a jogar 15 contra 15 a quantidade não se notava.

Agora mais a sério, escusam de vir tentar dividir ou criar problemas, o Cascais é um grupo coeso e onde todos sentem que são importantes. Sabemos qual é o "nosso campeonato" e não entramos em euforias pelo lugar que ocupamos mas também não pedimos desculpas, estamos lá por mérito próprio e só saímos de lá por mérito de outros que provem ser mais fortes.

Anónimo disse...

Para o senhor das 9h57…

Rennie…Fazia te bem!!!
Chora Chora Chora que vão te ouvir.
Deves ter alguma coisa contra o Campeão Nacional não?

Abraços poem te bom!!!

Anónimo disse...

Caro MM
Uma pequena precisão: o resultado do Técnico-Académica da 3 jornada foi 29 -11 e não 20 - 11 como aparece indicado no quadro de resultados e em consequência na contabilização de pontos marcados do Técnico na tabela da classificação.
Abs



Manuel Cabral disse...

Anónimo das 21,45
Obrigado pela chamada de atenção. Os quadros já estão corrigidos.
Abraço

Anónimo disse...

O Montemor este ano não se deve aguentar... Os reforços têm muito pouca qualidade!! Pena o ponta não jogar em outra equipa mais poderosa, no entanto nota-se que vai dando uma grande alegria à equipa... que se mantenha assim!!

Anónimo disse...

Anónimo das 09:57, a direcção do CDUL, o treinador do CDUL e até os adeptos devem estar preocupadíssimos com a tua análise.

Primeiro e como diria o outro, não é como se começa, é como se acaba.

Mas mesmo assim, apesar desta miséria toda o CDUL foi o Campeão Nacional com este mesmo treinador que tu dizes que é péssimo, tem 19 Campeonatos conquistados, está em 1º lugar no Campeonato desta época apesar do miserável início de época que tu descreves, é de longe a equipa que marcou mais ensaios = 25 em jogos, é o clube que tem o maior número de jogadores inscritos na FPR em todos os escalões, etc ... etc ... PÁRA TUDO por causa de ti.

Está tudo Péssimo e vai haver chicotada psicológica já! Obrigado por nos teres aberto os olhos.

Anónimo disse...

Pelo que vi trocaria esse ponta por qualquer jovem promessa. De realçar a união que o Montemor tem vindo a demonstrar