21 de setembro de 2010

EM PORTUGAL TUDO PREPARADO PARA O ARRANQUE DOS NACIONAIS


O PONTAPÉ DE SAÍDA DAS COMPETIÇÕES NACIONAIS vai ser dado este final de semana com a realização da primeira jornada da Divisão de Honra e da 1ª Divisão.

Um início de época que trás uma importante alteração no calendário a que todos estávamos habituados, e que vai condicionar muito do que se vai passar a partir de agora.



Trata-se da concentração das jornadas da duas principais divisões num período muito reduzido de tempo, e do início dessas competições, pela primeira vez pelo menos desde os anos 60 do século passado, antes do dia 5 de Outubro, tradicionalmente o dia dedicado à abertura das “hostilidades”.

Desta forma os nacionais mais importantes começarão já esta semana e vão terminar no dia 30 de Janeiro de 2011, ficando os meses de Fevereiro, Março e metade de Abril, destinados à atividade da seleção nacional por um lado, e a um Torneio Regional e uma Taça Patrocinador, de que ainda não se conhecem os contornos, por outro.

Estas decisões da direção federativa foram muito contestadas por alguns clubes, e eles na verdade tinham razão ao reclamar da forma como elas foram tomadas, sem a mínima consideração pela opinião expressa de muitos deles, e mesmo contradizendo declarações feitas numa reunião entre as partes.

Mas a concentração das competições só pode trazer benefícios para o rugby português, já que vai obrigar as principais equipas a prepararem-se adequadamente para elas, e a terem uma atitude dedicada e exclusiva, que muita falta nos faz.

Aliás não é por acaso que a Super 14/15 se joga toda seguida, e por algum motivo ela é a maior e melhor competição de rugby do mundo.

No que respeita ao início das competições em Setembro, acho que a questão também é simples: porque havemos de concentrar o núcleo duro da época, na altura do ano em que as condições climatéricas são as piores?

No entanto, embora concordando com o início da época em Setembro, acho que as competições principais deveriam manter o seu início após a Super Taça, e esta deve ser mantida no dia 5 de Outubro.

Aliás esta questão foi a principal causa do desagrado dos clubes, e não me parece que fosse assim tão difícil encontrar uma solução que satisfizesse as duas partes, bastando para tal uma atitude conciliatória e não de constante crispação.

Quanto à afetação dos melhores jogadores aos trabalhos da seleção nacional durante cerca de um mês e meio, no meio da época, era uma medida que já devia ter sido tomada há muito tempo, acompanhando as exigências do calendário internacional definido pela FIRA, ficando o êxito da empreitada dependendo do que vai sair dos trabalhos das seleções regionais e da tal Taça Patrocinador, que, teoricamente, ocuparão os restantes jogadores seniores.

Após esta Taça, será disputada a tradicional Taça de Portugal, até à Páscoa, para depois o tempo estar reservado para um mês inteiro de 7’s e, finalmente, Beach Rugby.

Não vou hoje entrar no mérito desta parte do calendário, pois as notícias sobre ele ainda não são suficientes para se poder fazer um juízo adequado.

Resumindo, a atual Direção do Presidente Amado da Silva trata o rugby nacional como uma cotada privada, e os clubes nacionais sem consideração nem respeito, mas que as medidas que tomou são as mais acertadas, isso posso apostar.

Com um pouco de cuidado, sem atravessar o rugby português como um elefante em loja de porcelanas, Amado da Silva teria conseguido o mesmo resultado, e, de bónus, um apaziguamento que tanta falta nos faz.

Agora que se anuncia a tomada de decisões sobre o formato das principais divisões, ficamos a aguardar a maneira como a direção federativa vai tratar do assunto, prontos, como sempre, para criticar ou elogiar da forma que a nossa consciência aconselhar, tendo sempre presente que qualquer Direção, qualquer Presidente, não ocupa o cargo para se servir ou para exercitar os seus desejos de domínio, antes servindo e conduzindo os destinos de uma modalidade que, mesmo nos tempos da Comissão Administrativa de Élio Jean Simonetti, soube respeitar a opinião e os interesses de quantos têm estado envolvidos com o jogo.

A par desta novidade lusitana, outra de maior alcance será vedeta na época que se avizinha.

Trata-se da tão falada (lá fora...) nova interpretação e rigor dada a algumas Leis, nomeadamente no maul e ruck, e as novas Leis, em particular no que diz respeito à placagem e ao placador.

Já se viu na Super 14, mas especialmente no Tri Nations, que toda uma nova dinâmica se associa a estas alterações, e quem não souber adaptar-se, vai sofrer as conseqüências dessa incapacidade.

Em França, os primeiros jogos foram complicados, apesar de todo um trabalho de divulgação e adaptação que foi feito por parte da FFR junto dos clube e dos árbitros, mas depois de algumas reclamações mais sonoras, agora tudo parece entrar em velocidade de cruzeiro e tanto jogadores como árbitros se vão “encaixando” na nova realidade.

Aliás tal era imprescindível, pois se a França quer ter alguma chance de disputar o Mundial de 2011 em pé de igualdade com as equipas do Hemisfério Sul, os seus clubes devem forçosamente tentar imitar o efeito All Black, e o sucesso do seu novo estilo.

Também nas tradicionalista Ilhas Britânicas chegam os ventos de mudança, e começa a ver-se aflorar um novo estilo no jogo de ingleses, galeses e irlandeses – os escoceses parecem estar ainda adormecidos - com um fluir e uma velocidade e continuidade pouco habituais daquele lado do Canal.

Em Portugal não vimos ainda algo ser feito neste sentido, com árbitros, treinadores e jogadores envolvidos na busca de um entendimento que permita as transformações que são já realidade um pouco por todo o lado, mas com certeza que a FPR deve ter um plano para resolver a questão.

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