22 de maio de 2019

NO MEIO DA CRISE, VAMOS PENSAR E VER O QUE DEVEMOS FAZER

O rugby nacional atravessa uma das suas maiores crises de sempre, culminando um longo período de erros, incompetências e más decisões, podendo dizer-se sem medo de errar que o momento exige que todos, jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes, tenham por obrigação esquecer as rivalidades, as vitórias e as derrotas, e lutar pelo regresso do rugby a uma posição de destaque no desporto nacional, em virtude da sua obediência a um conjunto de valores que o deve manter como uma referência na educação e no desenvolvimento das gerações.


Por um lado temos a ponta do icebergue, que são as reclamações de alguns clubes sobre eventuais faltas de cumprimento de outros clubes, levando a sucessivas decisões do Conselho de Justiça que paralisam competições, em claro prejuízo da grande maioria que apenas pretende jogar.

Por outro lado temos tudo o que está debaixo de água, começando pelos sistemáticos incumprimentos da (quase) totalidade dos clubes, que utilizam jogadores que não podem utilizar, que não cumprem os prazos estipulados para as marcações dos jogos, que, em resumo, simplesmente não cumprem com o que está estipulado nos regulamentos.

Mas não são apenas os clubes, são os treinadores que se portam como perfeitos alarves à roda do campo, dos árbitros que não estudam nem se dedicam a conhecer mais do que todos os outros sobre as Leis do Jogo, dos dirigentes que não são isentos nas suas decisões defendendo os interesses deste ou daquele clube em detrimento do interesse geral, enfim, a verdade é que (quase) todos esqueceram por completo que o nosso jogo se deve basear na Disciplina dentro e fora de campo, no Respeito pelos adversários e pelos regulamentos, na Integridade que nos obriga a ser verdadeiros e aceitar a nossa responsabilidade, na Paixão que devemos ter pelo Jogo, e na Solidariedade que devemos a todos os que estão envolvidos na nossa modalidade.

E esqueceram também que é na obediência aos nossos Valores que encontramos a semente que devemos transmitir aos nossos miúdos, utilizando esses Valores como uma forte ferramenta pedagógica na formação do seu Carácter.

Então, aquilo que se depara a toda a comunidade do rugby é isto: a competição existe e ninguém quer acabar com ela, mas temos a obrigação não apenas de acreditarmos, obedecermos e transmitirmos os nossos Valores, mas também de fazer com que as competições se disputem dentro daqueles mesmos Valores.

Que cada um de nós pense nisto, e que o pesadelo que estamos a atravessar seja varrido do rugby em Portugal!


2 comentários:

Carlos Moita disse...

Enquanto o rugby não for mais importante do que os clubes o pesadelo continuará!

PFGFR disse...

Não sou ninguém no Rugby português, sou apenas um ex-jogador com a carreira passada na 2ª divisão, durante a década de 1990. A percepção que tinha nessa altura, e que mantenho ainda hoje, é que é necessário olhar para os clubes (emergentes, mas não só) fora das zonas de Lisboa e Coimbra. Fundei uma equipa na zona de Lisboa e, mesmo sendo nesta zona, durámos pouco. Agora imaginem o tormento que passa quem cria equipas mais longe. Mesmo as já estabelecidas, como é o caso do Loulé, que cada vez que joga fora tem de se deslocar umas centenas de quilómetros. Cidades como Aveiro e Faro (muita população, e muita dela jovem) deviam ser pensadas com um investimento sério. A Federação não pode ficar à espera que venham os clubes ter com ela. Pode e deve abordar clubes já estabelecidos no sentido de abrirem secções de rugby (p. ex., para os exemplos citados, SC Beira-Mar e SC Farense).
Cumprimentos a todos,
Paulo Rodrigues