26 de janeiro de 2015

TÉCNICO IMPÕE-SE NA GUIA EM JORNADA QUE VAI DAR QUE FALAR… *

* António Henriques
A 14 .ª jornada da DH, toda disputada em sintéticos, fica marcada pelo triunfo que o Técnico foi arrancar a Cascais e que pode ser decisivo para a decisão final quanto ao 3.º lugar – não esquecer que o Dramático tem 10 pontos a mais, mas falta-lhe defrontar CDUL e Direito na 2.ª volta, equipas que os engenheiros já defrontaram …e com quem perderam.

Mas também a vitória caseira do CRAV frente à Académica não só permitiu aos minhotos ultrapassarem o Belenenses na 8.ª posição, fruto da 10.ª derrota azul no campeonato (!), como pode mesmo ter já resolvido de vez a época para a equipa de Arcos de Valdevez, pois dificilmente vemos como o RC Montemor pode recuperar 9 pontos nas jornadas que faltam disputar.

Esta jornada pode também fazer correr muita tinta, pois o CDUP defrontou Direito sob protesto (entendam mais abaixo qual a razão) e quando as outras equipas perceberem o que aconteceu, não vão faltar reações…

AGRONOMIA 25-16 BELENENSES* (4-1)
Assistiu-se no Jamor a um jogo fraco e com pouco ritmo, com as duas equipas a apresentarem-se muito desfalcadas: agrónomos sem uma 1.ª linha sólida e azuis que continuam cheios de problemas para formar uma equipa consistente (com a ausência de Diogo Miranda envolvido nos sevens nacionais, o par de centros apresentado no quinze titular foi formado pelo treinador João Uva (!) e
A equipa da casa mandou nos primeiros 40 minutos e com ensaios de Neil Manley e Gonçalo Barros, vencia ao intervalo por 15-9.
por um Duarte Moreira que pouco treina, para lá de terem recorrido a Jaime Freire como médio de abertura…).
Logo no início do 2.º tempo os azuis até passaram para a frente com um ensaio do ponta Tomás Zuquete (15-16) mas, mais experientes e empenhados, os agrónomos (onde também já saíra por lesão o influente Marthinus Hoffmann) voltaram a superiorizar-se, materializando esse domínio com mais dois ensaios (António Duarte e António Pena Monteiro) que levaram a um justo triunfo… e que atirou com o Belenenses para o penúltimo lugar da tabela!

*inversão de jornada

RC MONTEMOR 3-60 CDUL (0-10)
Algo não vai realmente bem no râguebi português quando uma equipa formada quase exclusivamente por sub-23 – com duas ou três exceções – visita uma formação da DH e vence por 10 ensaios a zero!
Mas foi isso precisamente que aconteceu na Frigideira de Montemor, numa partida de sentido único e em especial no 2.º tempo no qual os universitários obtiveram 7 ensaios.
Com 9 marcadores diferentes, uma palavra para Martim Megre, único que bisou no terceiro triunfo conseguido pelo CDUL nesta edição da prova fruto de 10 ou mais ensaios.

CRAV 30-23 ACADÉMICA (4-3)
Os pretos chegaram a Arcos de Valdevez de peito feito e nos primeiros 20’ estiveram por cima do jogo, atingindo uma vantagem de 10-0, com um ensaio de Tomás Pinto (que marcaria de novo mais à frente) e pontapés de Manuel Pinto dos Santos. 
Mas a equipa de Coimbra, que voltou a surgir muito remendada – com uma enfermaria repleta por 11 lesionados, Sérgio Franco foi obrigado a adaptar e improvisar o par de centros, o n.º 15, etc., etc. – cedo seria vergada por uma rija equipa minhota onde sobressaiu a grande altura o três-quartos centro argentino Juan Pablo Joya, autor de dois fantásticos ensaios de praça a praça – já leva 5 na DH –, para lá de ter construído outros dois, fazendo realmente poucos amigos entre os homens de Coimbra, cidade que deve evitar nos próximos tempos…
No descanso o CRAV já dera a volta para 18-13 e chegaria a disfrutar de confortável avanço (30-18). 
Mas um derradeiro assomo dos visitantes permitiria ainda, a 5’ do fim, a obtenção do 3.º ensaio, vital para o primeiro ponto de bónus defensivo da Académica e que permite aos pretos recuperarem o 6.º lugar voltando a ocupar uma posição de play-off. 

CDUP 16-31 DIREITO (1-5)
Esta foi uma partida jogada sob protesto por parte do CDUP devido ao facto dos advogados – desfalcados pelas muitas presenças nas seleções de quinze e sete – terem alinhado com 3 atletas vedados por se encontrarem envolvidos na seleção nacional de sevens que prepara as próximas duas etapas do circuito mundial (sob contrato federativo, Nuno Sousa Guedes e José Maria Vareta – não terão ido antes visitar a família e já que estavam por perto, aproveitaram para calçar as chuteiras e passar umas bolas? – e João Vaz Antunes), ao contrário do que fizeram todas as outras equipas do campeonato, incluindo o próprio CDUP que não chamou João Belo.
Mas talvez haja alguma explicação para esta putativa desobediência dos regulamentos e estamos ansiosos por ouvi-la ou lê-la…
Quanto ao encontro nas quatro linhas propriamente dito, Direito marcou logo aos 2’ por Luís Portela, mas depois seria sujeito a forte domínio do quinze da casa que acampou nos 22 contrários, mas desperdiçando inúmeras ocasiões para marcar atingiria os 40’ na frente por apenas 6-5, com pontapés de Francisco Vareta.
Mas já em tempo de compensação um ensaio de Pedro Rosa levaria os advogados para os balneários no comando, por 12-6.
Na 2.ª parte o poderio lisboeta acabaria por ditar lei e apesar do CDUP ter marcado pelo 2.ª linha Miguel Rodrigues, os advogados impuseram-se com toda a naturalidade e através de novo ensaio de Luís Portela, outro de António Ferrador (o seu 7.º na prova) e ainda um ensaio de penalidade, concluíram esta sempre difícil deslocação com o máximo possível de pontos.

CASCAIS 24-32 TÉCNICO (2-5)
A jornada encerrou com a partida mais aguardada do fim-de-semana e que, apesar das muitas ausências de parte a parte, constituiu um jogo equilibrado, entretido, muito agradável de seguir, com bom ritmo e belos pedaços de râguebi entre duas equipas que procuraram jogar e mostraram a razão de estarem a cumprir boas temporadas.
Frente a um Cascais que alinhou com uma avançada fragilizada sem grande parte dos seus habituais titulares, por motivo de lesão ou presença no jogo frente aos English Students, os engenheiros também se apresentaram com uma 1.ª linha de recurso, onde até um jogador sub-18 e o 3.ª linha Bernardo Câncio tiveram que fazer uma perninha, o que ajudou ao autêntico ‘banho de mêlée’ dado pelos cascalenses que, pelo contrário, foram subjugados nos alinhamentos.
Mas no meio de tanta ausência os visitantes puderam contar com o seu trio de neozelandeses – e nele esteve a chave do sucesso conseguido pela turma das Olaias, pois as arrancadas de Sam Henwood e Jonathan Kawau e o efetivo comando do jogo do abertura Kane Hancy (para lá de merecer destaque mais uma excelente atuação, particularmente no capítulo defensivo, do centro Lourenço Pyrrait) foram essenciais para a supremacia do Técnico, em especial no 2.º tempo, que resultaria num justo triunfo.
Enquanto a equipa da Linha, como tática primordial, usava e abusava dos pontapés altos testando a captação de bolas altas pelo ‘três de trás’ adversário – que até foi correspondendo bem ao exame –, os engenheiros marcaram por duas vezes até ao intervalo por intermédio de Kawau, uma delas numa soberba cavalgada ‘à ITM Cup’, onde o flanqueador kiwi está habituado a atuar. 
Pela equipa da casa só penalidades coloriam o marcador até ao descanso, conseguindo 12 pontos pelos pés de Facundo Gimenez e Rodrigo Ribeiro, que consolidou o seu 2.º lugar na lista dos melhores marcadores da DH, com 106 pontos.
No 2.º tempo e pese embora o Cascais tenha marcado por duas vezes (José Conde e Frederico d’Orey), os neozelandeses continuaram o seu show particular, somando perfurações e ultrapassagens da linha de vantagem contrária, arrastando atrás de si toda a equipa visitante, que com ensaios de Pyrrait, Henwood e António Marques (este fazendo uma maldade-maravilha a um adversário) saíram da Guia com uma vitória bonificada… e reduzindo para 10 pontos a distância que separa as duas equipas na tabela classificativa. Para lá da vantagem no confronto direto com o rival na luta pelo 3.º lugar (32-24 contra os 12-17 da 1.ª volta).

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