23 de janeiro de 2015

CASCAIS E TÉCNICO ENFRENTAM-SE COM O PÓDIO EM VISTA *

* António Henriques
Num sábado gordo em termos competitivos, pois para lá do CDUL receber em casa os russos do Enisey (EU Lisboa, 13.00) na qualificação para a edição 2015/16 da Challenge Cup, também a seleção nacional defronta no mesmo palco (18.00) os English Students, no habitual jogo de preparação e que usa abrir as hostilidades internacionais dos Lobos antes da Taça Europeia as Nações que arranca no 1.º fim-de-semana de fevereiro, realiza-se a 14.ª jornada da DH com duelos cruzados entre equipas dos dois grupos, pelo que não haverá lugar a folgas.

Claro que este modelo competitivo de campeonato foi pensado exatamente para não haver paragens quando joga o quinze de Portugal, mas pensando que também no sábado a Sport TV transmitirá em direto (13.00 e 15.15) dois decisivos jogos da Taça dos Campeões, pergunta-se: quem preferirá acompanhar os jogos da DH com todo este manancial de râguebi à nossa disposição? Não se poderia ter agendado algumas partidas para domingo? O que se vai deixar de ver? Quais as prioridades? Decisões difíceis…

Eis o programa completo desta 14.ª jornada que se disputa toda no sábado e onde se destaca claramente o duelo na Guia, entre Cascais e Técnico, vital para definir o 3.º lugar final:

AGRONOMIA-BELENENSES (Estádio Nacional, 15.00)
No jogo da 1.ª volta englobado na ronda inaugural, os agrónomos cilindraram os azuis por 6 ensaios a 1 (41-5).
A partir daí a equipa do Restelo só desiludiu os seus adeptos pois apenas venceu por duas vezes, situando-se num inimaginável, no início da época, 8.º lugar e vai apresentar-se em campo vinda de uma folga que se seguiu a uma série de três desaires consecutivos.
Já Agronomia surgirá moralizada e empenhada em terminar em grande uma temporada que começou em jeito de “tem-te não caias”, em especial depois do robusto triunfo, sem discussão nem pontos sofridos, em casa do CDUP, que a coloca só a 4 pontos do Técnico e com hipóteses de o ultrapassar nesta jornada. 
À equipa de João Moura faltarão 4 elementos chamados à seleção (divididos igualmente por avançados e três-quartos), o que poderá equilibrar um pouco as coisas, até porque o Belenenses não terá mesmo ninguém a representar Portugal (até onde já chegou esta equipa do Restelo…), mas qualquer resultado diferente de uma vitória agrónoma seria grossa surpresa.

CRAV-ACADÉMICA (Arcos de Valdevez, 15.30)
Difícil deslocação da Académica ao Minho, onde mora o penúltimo classificado mas que se costuma transcender quando joga no remanso do lar. 
Só para recordar, na época passada os pretos suaram para vencer por 12-10 (apesar de não terem marcado qualquer ensaio e sofrido um!) e face ao que está em jogo – provável entrada nos 6 da frente que acederão ao play-off – e às dificuldades para a equipa de Coimbra montar um quinze minimamente confiável, achamos que o técnico Sérgio Franco não se importaria nada de assinar desde já um resultado idêntico.
Mas atenção, que esta equipa do CRAV, como aconteceu na última partida na Coutada (folgado triunfo perante o RC Montemor, por 40-13), se a deixam engatar e permitir que o seu pack “meta a quinta” é um cabo dos trabalhos…

RC MONTEMOR-CDUL (Montemor-o-Novo, 16.00)
Tal como se viu na última jornada, mesmo um sub-CDUL recheado de jogadores inexperientes nestas andanças, e aqui e ali assistidos pela sapiência e matreirice de um Pedro Cabral, um Tiago Girão ou um Eduardo Acosta, é suficiente para derrotar para aí metade das equipas participantes nesta DH.
Ora o último classificado na tabela, mesmo jogando em casa, não constituirá exceção à regra da flagrante superioridade dos campeões nacionais, que em dia de afrontarem o campeão russo vão somar no Alentejo o seu 13.º triunfo consecutivo na prova.

CDUP-DIREITO (Leça da Palmeira, 18.00)
Mesmo com cinco ausentes na seleção, os advogados são claramente favoritos para manterem o seu quase imaculado percurso na prova, na qual só têm uma derrota sofrida frente ao CDUL. 
A equipa da casa tem igualmente Rodrigo Figueiredo e Carlos Sottomayor envolvidos no jogo com os English Students e tentará pelo menos inverter a tendência fortemente negativa dos únicos dois jogos realizados este ano (com Cascais e Agronomia) em que sofreu um total de 10 ensaios e marcou apenas 3. 
Este não será, em princípio e como se diz na gíria, um jogo do campeonato dos portuenses, pelo que até um ponto de bónus defensivo saberia a mel para os homens de Miguel Moreira.

CASCAIS-TÉCNICO (Guia, 20.30)
É pena que aquele que será um dos dois ou três mais aguardados e interessantes encontros até ao final de toda a fase regular se realize: a) às 20.30 de um sábado; b) no mesmo dia que um jogo da seleção nacional, o que vai obrigar as equipas a jogarem desfalcadas de 7 jogadores (4 do Cascais, todos avançados, e 3 do Técnico); e c) a começar pouco depois de se concluir a estreia de Portugal em 2015, o que para um pobre escriba como o que se assina, o impede de assistir a um jogo que não queria perder por nada.
Mas foi assim que quem de direito decidiu, está decidido.
Na época passada Cascais foi dócil freguês dos engenheiros que venceram os dois duelos realizados para a DH, por 30-3 e 65-0. 
Mas com o triunfo arrancado pela equipa da Linha nas Olaias logo na ronda inaugural (17-12), estava dado o mote para uma temporada bem distinta, em especial para os lados de Cascais.
E assim tem acontecido, pois a formação de João Bettencourt apenas foi derrotado pelos gigantes CDUL e Direito na 1.ª volta, percurso quase idêntico aos engenheiros que perderam também apenas os jogos feitos com os dois favoritos (mas já os defrontaram em 4 ocasiões, referentes às 2 voltas) – para lá do tal desaire inicial em casa.
Ou seja, estamos a falar de duas equipas nitidamente superiores aos restantes adversários e que irão discutir, palmo a palmo e entre si, o último lugar no pódio. 
E estes 80 minutos serão assim decisivos, pois nova vitória cascalense resolve de imediato a equação.
Sem metade do seu pack titular (capitão Francisco Sousa, 2.º melhor marcador de ensaios da DH, com 8, incluído), o Cascais vai entrar fragilizado. 
Mas os engenheiros não terão seu o melhor pilar (Bruno Rocha), num sector que, completo, já de si é uma dor de cabeça… e ainda faltarão dois três-quartos (Tomás Brandão e Bernardo Baptista) noutro sector onde a qualidade propriamente não abunda.
Na semana passada o Cascais mostrou que está em forma ao marcar, pela 1.ª vez, mais que 6 ensaios num jogo, enquanto que por sua vez o Técnico perdeu em Monsanto mas mostrou conseguir acompanhar, ao longo da maior parte dos 80 minutos, o ritmo forte imposto por Direito.
Em resumo, apesar de todas as circunstâncias que o rodeiam, eis um belo jogo em perspetiva.

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